PROJETO DE LEI Nº 18/2014 Deputado(a) Catarina Paladini
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- Felícia Moreira Maranhão
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1 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, terça-feira, 10 de fevereiro de PRO 1 PROJETO DE LEI Nº 18/2014 Reconhece como de relevante interesse cultural e ambiental o Balneário dos prazeres, popularmente conhecido como Praia do Barro Duro e a colônia Z3, em Pelotas. Art. 1º. É declarado de relevante interesse cultural e ambiental a o Balneário dos prazeres, popularmente conhecido como Praia do Barro Duro e a colônia Z3 em Pelotas. Parágrafo único: O Município de Pelotas, onde se localizam estas áreas, poderá requerer acesso aos programas de incentivo cultural e de preservação do meio ambiente junto a esfera Estadual e Federal que busquem a preservação da orla, a reabilitação ambiental da fauna e da flora para proteção à biodiversidade, a melhoria das condições de vida e de trabalho da colônia de pescadores Z3, a recuperação e revitalização das áreas afetadas por erosão, o engordamento do Balneário dos prazeres, popularmente conhecido como da praia do Barro Duro, a criação de local específico para o recanto dos orixás buscando maior liberdade para as práticas religiosas, implementação de melhorias aos veranistas e criação de trilhas ecológicas visando ampliar e incentivar o ecoturismo na região. Art. 2º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Sala das Sessões, em JUSTIFICATIVA O presente Projeto de Lei objetiva declarar como sendo de relevante interesse cultural e ambiental o Balneário dos Prazeres, popularmente conhecido como Praia do Barro Duro e a colônia de pescadores Z3 em Pelotas. O Município de Pelotas, onde se localizam estas áreas, poderá requerer acesso aos programas de incentivo cultural e de preservação do meio ambiente junto a esfera Estadual e Federal que busquem a preservação da orla, a reabilitação ambiental da fauna e da flora para proteção à biodiversidade, a melhoria das condições de vida e de trabalho da colônia de pescadores Z3, a recuperação e revitalização das áreas afetadas por erosão, o engordamento do Balneário dos Prazeres, popularmente conhecido como da Praia do Barro Duro, a criação de local específico para o recanto dos orixás buscando maior liberdade para as práticas religiosas, implementação de melhorias aos veranistas e criação de trilhas ecológicas visando ampliar e incentivar o ecoturismo na região. Através de recentes pesquisas e levantamentos realizados por técnicos da FURG, os estudos efetuados nas praias que compõem o Saco do Laranjal, ficou evidenciado que a Praia do Barro Duro é a que sofre os mais graves processos erosivos (a análise da variação da linha de costa mostrou que esta praia sofre taxas erosivas próximas a 1,04 m/ano). Para a revitalização da área foi proposto pelos profissionais da FURG o engordamento com a construção de espigões de madeira. Como fator causador desta degradação ambiental, os técnicos dizem acreditar que a alta mobilidade da face praial e do pós-praia deve-se ao fato da existência de transporte paralelo à costa, que retira sedimentos destas partes do perfil, principalmente quando o nível das águas da Laguna se eleva, modificando
2 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, terça-feira, 10 de fevereiro de PRO 2 os locais de atuação de ondas. O transporte paralelo ocorre pela presença de correntes longitudinais que são formadas na praia devido à incidência oblíqua de ondas na costa. Outro fator que influencia nas variações da porção subaérea da Praia do Barro Duro é a presença de cúspides praiais, deixando a praia com uma topografia rítmica bastante evidenciada, modificando constantemente a largura do pós-praia. Na recuperação, ao invés da utilização de estruturas de engenharia pesada, a obra de engordamento de praia seria uma boa alternativa para o preenchimento e revitalização da Praia do Barro Duro, pois desta forma se manteria a forma natural e a estética da praia. As atividades recreacionais e comerciais seriam mantidas e até mesmo poderiam ser potencializadas, gerando maiores recursos tanto financeiros quanto sociais para a comunidade local e para o município, pois a praia estaria maior e com um aspecto mais agradável. E ainda, pelo aspecto de preservação do meio ambiente, a mata de figueiras do local estaria preservada. Segundo os técnicos que efetuaram a pesquisa, pelos estudos granulométricos dos sedimentos através da coleta de amostras ao longo dos perfis batimétricos, foi verificada a existência de duas fontes de areia a uma distância de aproximadamente 4,5 km da Praia do Barro Duro. Maiores estudos a respeito destas fontes de sedimentos seriam necessários para verificar se a fonte supriria o volume necessário para o preenchimento da praia. Como geralmente ocorre a perda do material do engordamento e para que a manutenção da obra não seja efetuada em períodos muito curtos, seria adequada a adoção de uma solução mista, fazendo-se a obra do engordamento juntamente com a construção de espigões de madeira. Os espigões funcionariam bem neste tipo de praia de forma a reter o sedimento, já que foi constatado um transporte paralelo a praia. Entretanto, será necessário um estudo mais aprofundado para obtenção de dados de transporte de sedimentos, ou seja, da deriva litorânea líquida nos locais a serem engordados. Os locais mais indicados para a obra seriam aqueles situados em frente à mata nativa, principalmente por serem os locais de uso intensivo da Praia do Barro Duro pela população. Deste modo, a obra protegeria as árvores e também incrementaria o uso da praia pelos banhistas. Os estudos, as análises e os levantamentos de dados feitos neste trabalho podem auxiliar para a realização de futuros programas de gerenciamentos costeiros, não somente nos locais estudados como também em outras áreas estuarinas, principalmente da margem oeste da Laguna dos Patos, que atualmente sofrem problemas erosivos semelhantes. Um programa de gerenciamento costeiro para estas localidades seria importante, pois em vista do grande potencial turístico, sua orla está sujeita a uma intensa ocupação futura e, ainda, por possuir importantes áreas de preservação ambiental. Após implementação das melhorias inseridas neste PL poderá ser criado o parque ecológico da Mata do Barro Duro e Totó nos moldes da criação do Parque Estadual de Itapuã, localizado em Viamão/RS, criado através do Decreto nº , de 11 de março de 1991 e declarado como Unidade de Conservação (UC) da natureza através da Lei Federal n /2000. Sendo que a após a criação deste parque a área ficou bem mais controlada e conservada, continuando, porém, aberta ao público e estimulando o turismo na região. A partir do momento em que houver uma efetiva preservação da orla com a consequente reabilitação ambiental da fauna e da flora para proteção à biodiversidade, haverá melhoria das condições de vida e de trabalho da colônia de pescadores Z3 onde ocorre a pesca artesanal em que a relação com a natureza pouco transformada é intensa. Por estar localizada as margens da Lagoa dos Patos, a Colônia de Pescadores Z3 é uma área de extrema importância ao ecossistema da Região Sul do Brasil. Cercada por matas nativas e exóticas, banhados e lagoas, no ambiente de inserção produtiva da Z3 encontram-se diversas espécies da fauna e da flora brasileira.
3 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, terça-feira, 10 de fevereiro de PRO 3 A Pesca artesanal é praticada diretamente por pescadores profissionais, com o objetivo comercial, associado à obtenção de alimento para as famílias dos participantes, ou com o objetivo essencialmente comercial, utilizando embarcações de pequeno porte, principal característica dos pescadores da colônia Z3. A criação de local específico para o recanto dos orixás buscando maior liberdade para as práticas religiosas é uma reivindicação antiga justa e legítima dos seus praticantes, revestindo-se de direito constitucionalmente amparado pelo rol dos direitos e garantias individuais, disposto expressamente no Art. 5º da Carta Magna ao dispor que Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; [...]. A implementação de melhorias aos veranistas e criação de trilhas ecológicas visando ampliar e incentivar o ecoturismo na região são benefícios que alcançam toda a região sul do Estado visto que o turismo torna a região de Pelotas ainda mais atraente e convidativa. O fato desta região ser uma Área de Preservação Permanente - APP, só aumenta a responsabilidade dos gaúchos em revitalizá-la, já que comprovadamente está sendo prejudicada, degradada e pouco preservada. Segundo o atual Código Florestal, Lei nº /12, Art. 3º[...] II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. O Código Florestal brasileiro, no seu art. 4º, estabelece como áreas de preservação permanente: I - as faixas marginais de qualquer curso d'água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: a) 30 (trinta) metros, para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura; b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; c) 100 (cem) metros, para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de: a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d'água com até 20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros; b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas; III - as áreas no entorno dos reservatórios d'água artificiais, decorrentes de barramento ou represamento de cursos d'água naturais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento; IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d'água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45, equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior declive; VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; VII - os manguezais, em toda a sua extensão; VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;
4 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, terça-feira, 10 de fevereiro de PRO 4 IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação média maior que 25, as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d'água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação; X - as áreas em altitude superior a (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação; XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta) metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado. As áreas de preservação permanente (APP), assim como as Unidades de Conservação visam atender ao direito fundamental de todo brasileiro a um "meio ambiente ecologicamente equilibrado", conforme assegurado no art. 225 da Constituição e não restam dúvidas de que as atividades humanas, o crescimento demográfico e econômico causam pressões ao meio ambiente, degradando-o. Desta forma, visando salvaguardar o meio ambiente e os recursos naturais existentes nas propriedades, o legislador instituiu no ordenamento jurídico, entre outros, uma área especialmente protegida, onde é proibido construir, plantar ou explorar atividade econômica, ainda que seja para assentar famílias assistidas por programas de colonização e reforma agrária. As APPs se destinam a proteger solos e, principalmente, as matas ciliares. Este tipo de vegetação cumpre a função de proteger os rios e reservatórios de assoreamentos, evitar transformações negativas nos leitos, garantir o abastecimento dos lençóis freáticos e a preservação da vida aquática. Diante do exposto, espera-se por parte do Parlamento gaúcho o reconhecimento como sendo de relevante interesse cultural e ambiental o Balneário dos Prazeres popularmente conhecido como Praia do Barro Duro e a colônia Z3. Estas são as justificativas para a aprovação e implementação deste dispositivo legal. Sala das Sessões, em Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia Legislativa do Estado Nesta Casa O Deputado signatário requer, com base no art. 178, 5º, do Regimento Interno da Assembleia Legislativa do Estado, o desarquivamento do(a) PL , que Reconhece como de relevante interesse cultural e ambiental o Balneário dos Prazeres, popularmente conhecido como Praia do Barro Duro e a colônia Z3, em Pelotas.
5 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, terça-feira, 10 de fevereiro de PRO 5 Sala das Sessões, em 5 de fevereiro de Deputado Catarina Paladini
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