O PROCESSO DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA, NO DISTRITO FEDERAL PODE E DEVE CONTINUAR.

Transcrição

1 O PROCESSO DE REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA, NO DISTRITO FEDERAL PODE E DEVE CONTINUAR. A Medida Provisória nº 759, de deveria ter sido aprovada no Plenário da Câmara Federal, na noite do dia 17 de maio de No momento em que o Presidente da Câmara Federal, Deputado Rodrigo Maia, se preparava para anunciar o processo de votação do Projeto de Conversão da MP 759/2016 foi divulgada a notícia do Jornal O Globo, no sentido de que o dono da empresa JBS teria gravado uma conversa com o Presidente Michel Temer, o que motivou grande tumulto entre os Deputados Federais e a sessão foi encerrada, imediatamente. Diante da gravidade da notícia, poderemos estar preparados para a possibilidade de que, no âmbito da Câmara Federal ou no Senado Federal, caso confirmados os fatos, não se terá mais clima político, para aprovação da MP 759/2016, que deverá ser votada até o dia 1º/06/2017, sob pena de perda da sua eficácia. O artigo 62, 6º e 7º, da Constituição Federal, que disciplina a adoção da Medida Provisória dispõe que: 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subseqüentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional. Caso a Medida Provisória nº 759, de 2016, não seja convertida em lei, em razão da perda da sua eficácia, neste caso, não há qualquer motivo para que o processo de regularização fundiária, no Distrito Federal, seja interrompido, porque em nosso ordenamento jurídico existem 02 (duas) normas, uma Federal e outra Distrital, que disciplinam o processo de VENDA DIRETA dos lotes de terrenos regularizados de propriedade do Distrito Federal e da TERRACAP.

2 De fato, no âmbito Federal existe a Lei nº 9.262/96, cujo artigo 3º, 2º dispõe que: Art. 3º As áreas públicas ocupadas localizadas nos limites da APA da Bacia do Rio São Bartolomeu, que sofreram processo de parcelamento reconhecido pela autoridade pública, poderão ser, no todo ou em parte, vendidas individualmente, dispensados os procedimentos exigidos pela Lei nº 8.666, de 21 de junho de º Poderá adquirir a propriedade dos lotes, nos termos do caput deste artigo, aquele que comprovar, perante a Companhia Imobiliária de Brasília - Terracap, ter firmado compromisso de compra e venda de fração ideal do loteamento, prova esta que deverá ser feita mediante apresentação do contrato firmado com o empreendedor do loteamento ou suposto proprietário, além da comprovação de que efetivamente pagou, ou está pagando, pelo terreno, através de cópias dos respectivos cheques e extratos bancários, ou comprovação de que tenha pago o terreno com algum bem que estava em sua esfera patrimonial. (grifamos) Esta Lei Federal nº 9.262/96, é importante que todos saibam, foi declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal, quando do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº /DF e isto significa dizer que as disposições contidas no artigo 3º, 2º, daquela Norma Federal obriga a todos e tem efeito vinculante para os órgãos do Poder Judiciário e do Executivo, conforme assim determina o artigo 102, 2º, da Constituição Federal. Em palavras mais audíveis, nenhum presidente de empresa pública, juiz de direito, desembargador ou governador do Distrito Federal poderá descumprir o que foi decidido no acórdão expedido pelo Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº /DF, sob pena de reclamação a ser requerida contra quem, desafiar o comando daquela decisão Colegiada o infrator. Com relação aos demais lotes de terrenos regularizados e localizados fora da APA da Bacia do Rio São Bartolomeu, no âmbito do Distrito Federal, aplica-se a Lei Distrital nº 954/95, que dispõe: Art. 1º Fica a Companhia Imobiliária de Brasília - TERRACAP autorizada a alienar, nos termos da presente Lei, terras públicas no território do Distrito Federal situadas nas zonas urbanas, de expansão

3 urbana e rurais, que estejam ocupadas por parcelamentos passíveis de regularização. Art. 4º A avaliação da terra nua a ser objeto de alienação será feita, separadamente, pela TERRACAP e por outra entidade avaliadora integrante da administração pública, preferencialmente a Caixa Econômica Federal, prevalecendo, como preço, a média aritmética entre os dois laudos, correndo as despesas à conta da primeira. 1º Os custos decorrentes da avaliação de outra entidade avaliadora que não a TERRACAP, bem como das custas decorrentes do registro cartorial, serão incorporados ao valor de venda do imóvel. 2º Na avaliação de que trata o caput deste artigo serão desconsideradas as benfeitorias e a valorização decorrente de implantação de infra-estrutura já realizada. 3º O preço da venda, resultante da média aritmética das avaliações, será publicado durante 03 (três) dias consecutivos no Diário Oficial do Distrito Federal, com as devidas informações sobre a existência ou não de ocupante e benfeitorias. Art. 5º Poderão adquirir lotes ou parcelas de terras públicas nas áreas de que trata esta Lei àqueles que se habilitarem perante a entidade competente da administração pública e comprovarem: I - residência no Distrito Federal há, pelo menos, 05 (cinco) anos; II - não serem proprietários, promitentes compradores ou cessionários de imóvel residencial no Distrito Federal. 1º As restrições do inciso II deste artigo não se aplicam ao proprietário que, comprovadamente, tenha cedido ou prometido à venda imóvel residencial de sua propriedade. (RENUMERADO - Lei nº 2.284, de 07 de janeiro de 1999) Esta Lei Distrital nº 954/95, exceto o artigo 2º, e 2º do Artigo 5º (introduzido pela Lei nº 2284/99) foi declarada constitucional pelo Conselho Especial do TJDFT, conforme acórdão da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº A Companhia Imobiliária de Brasília TERRACAP, em data de 27 de abril de 2017, fez publicar no Diário Oficial do DF, a Resolução nº 243, de , que dispõe sobre regras para alienação de imóveis de sua

4 propriedade em processo de regularização fundiária e urbana de interesse específico, e aquela empresa pública, informa que, além de cumprir a Lei Federal nº 9262/96, aplicará também no mencionado processo de venda, a Lei Distrital nº 4.996/2012, cujos artigos 2º, 3º, 4º e 5º dispõem que: 2 Para fins de regularização fundiária nas cidades consolidadas, oriundas de programas de assentamento promovidos pelo Distrito Federal, fica autorizada a doação dos imóveis do Distrito Federal aos atuais ocupantes nos casos em que a ocupação for mansa e pacífica há pelo menos cinco anos e um dia na data da publicação desta Lei. O interessado para o fim de contar o prazo exigido neste artigo. pode acrescentar ao período de sua ocupação o de seus antecessores, contanto que sejam contínuos. 2 O disposto no caput não se aplica ao ocupante que seja proprietário de imóvel urbano nos termos do art. 329, II da Lei Orgânica do Distrito Federal. Art. 3 Fica autorizada a regularização, por meio da doação, de imóveis do Distrito Federal de até duzentos e cinquenta metros quadrados aos atuais ocupantes de parcelamentos informais consolidados, previstos na Estratégia de Regularização Fundiária de Interesse Social do Plano Diretor de Ordenamento Territorial, que cumpram, comulativamente, os seguintes requisitos: I- ter renda familiar de até cinco salários-mínimos: 1l- não ter sido beneficiados em programas habitacionais do Distrito Federal; III - comprovar que residem no Distrito Federal nos últimos cinco anos, mesmo que não seja no endereço a ser regularizado; IV - não ser e nem ter sido proprietários, promitentes compradores ou cessionários de imóvel residencial no Distriro Federal; V - não ocupar área com restrição urbanística e ambiental nos termos da legislação vigente. Art. 4 Os ocupantes dos imóveis que não atenderem ao disposto nos arts. 2 e 3, caput e incisos de 1 a IV, têm direito à regularização fundiária, mediante o pagamento de valor correspondente à avaliação realizada com base em critérios específicos para fins de regularização e nas condições definidas por ato do Poder Executivo, desde que não sejam proprietários,

5 promitentes compradores ou cessionários de outro imóvel no Distrito Federal. Art. 5 Para o ocupante que seja proprietário, promitente comprador ou cessionário de outro imóvel no Distrito Federal, é garantido o exercício do direito de preferência quando da licitação do imóvel a ser regularizado. Parágrafo único. O direito de preferência de que trata este artigo pode ser exercido em relação a um único imóvel. Sendo assim, não será por falta de Lei que o processo de regularização fundiária dos núcleos urbanos consolidados, no perímetro do Distrito Federal, poderá ser interrompido, visto, que as Leis que regem a venda direta de imóveis públicos regularizados, em especial a Lei Federal nº 9262/96 e a Lei Distrital nº 954/95 (exceto o artigo 2º, e 2º do Artigo 5º, introduzido pela Lei nº 2284/99) foram declaradas constitucionais e obrigam a todos, e têm efeito vinculante para os órgãos dos Poderes Judiciário e Executivo (art. 102, 2º da CF/88). A aplicação correta destas duas leis, resolverá a questão habitacional, para a metade da população do Distrito Federal. Brasília-DF, 17 de maio de MÁRIO GILBERTO DE OLIVEIRA OAB/DF 4.785