Graça Morais. ˈ O Rosto do Medo ˈ O ROSTO DO MEDO

Transcrição

1 Fotografia: Miguel Silva O ROSTO DO MEDO No momento em que se questiona o destino do planeta perante as imagens de caos e desumanidade que nos chegam todos os dias, a exposição da pintora Graça Morais, O Rosto do Medo, é um apelo à força e energia do Homem perante todos os desafios. Ao longo da sua carreira, Graça Morais tem-nos surpreendido com o profundo equilíbrio entre a expressão das suas raízes, que cultiva com uma dimensão poética encantatória, e a lucidez da sua visão universal que assume com a consciência de uma responsabilidade ética sem concessões. E em ambos os polos nucleares da sua temática, é bem patente a autenticidade e a força emotiva manifestadas em cada obra, qualquer que seja o suporte e a dimensão, na composição, no desenho, na pintura, e até na narração implícita que está presente em cada figura ou simples sinal.

2 Graça Morais prossegue assim, através da pintura e do desenho, o seu diálogo com a Humanidade, apelando à consciência do tempo histórico que atravessamos e dos riscos que nos ameaçam. A nossa permanente colaboração com a pintora Graça Morais, tem contribuído para um notável enriquecimento da Arte Pública, com os seus painéis em azulejo situados um pouco por todo o país, e fora de Portugal numa das principais estações de metro de Moscovo, em lugares públicos frequentados pelas populações que com eles convivem diariamente. ( ) É o medo que se instala e é mais forte do que a capacidade de resistir. A violência nunca é legítima, mas deixa-nos sem possibilidade de resposta. Podemos muito pouco. Os focos de guerra multiplicam-se. E se há ameaças, há refugiados e há egoísmos. Como poderemos responder? Como poderemos resistir? Isoladamente somos impotentes. E a Arte não tem resposta porque a humanidade ainda não a encontrou. Mas há inquietação. E a indiferença gera a angústia. Há rostos de medo que não podem deixar de ser vistos e os artistas não os podem esquecer. ( ) ( G.O.M. ) A colaboração do Dr. Guilherme d Oliveira Martins nesta publicação sobre a exposição, que apresenta um conjunto de obras recentes, entre o desenho, a pintura e a presença do azulejo, transmitindo-nos uma visão própria sobre o conjunto das obras e a sua oportunidade, tem um significado muito especial que queremos sublinhar e agradecer. Ana Viegas e Tiago Montepegado Galeria Ratton A Galeria Ratton agradece o apoio da Fundação Millennium BCP Lisboa, Maio 2016 Rua da Academia das Ciências, 2C Lisboa Tel./Fax: galeriaratton@sapo.pt

3 Curriculum Vitae Graça Morais nasce a 17 de Março de 1948 em Vieiro, Trás-os-Montes, distrito de Bragança. Licenciada em Pintura pela Escola Superior de Belas Artes do Porto no ano de Exposição da série O Rosto e os Frutos na Sociedade Nacional da Belas Artes em Lisboa em 1980 e Mapas e o Espírito da Oliveira, que expõe em 1984 e 1985 nos Museus de Arte Moderna de São Paulo e Rio de Janeiro. Em 1985 expõe a série Erotismo e Morte na Universidade de Granada, Espanha e "O Erótico e o Sagrado" na Imprensa Nacional - exposição com apresentação da monografia "Graça Morais, Linhas da Terra" de António Mega Ferreira, Edições Imprensa Nacional - Casa da Moeda. Em 1987 expõe a série "Evocações e Êxtases" na Galeria 111. Ainda nesse ano colabora com José Saramago na ilustração de Livro de Poesia O Ano de 1993 publicado pela editorial Caminho. Em 1988/89 estadia artística em Cabo-Verde a convite do Embaixador José Fernandes Fafe que deu origem a exposições em Cabo-Verde e em Portugal. Em 1989 expõe azulejo no Palácio Fronteira e na Galeria Ratton. Em 1990 exposição da série O Mundo à Minha Volta na Kimberly Gallery, Washington e na Scott Alan Gallery, Nova York. 1991, recebe o prémio SocTip - Artista do Ano e participa com a Galeria Ratton na exposição ICEP em Madrid. Em 1994, exposição antológica na Galeria Municipal Mitra, em Lisboa e participa com a Galeria Ratton numa exposição colectiva organizada na Fundação Snug Harbour em New York. No ano de 1995 criou figurinos e cenários para a peça "Ricardo II", de Shakespeare, no Teatro D. Maria II, em Lisboa. Participa com a Galeria Ratton na colectiva Waves of Influence, sobre cinco séculos de azulejaria portuguesa, nos Estados Unidos. Em 1997 realizou a exposição de painéis em azulejo Cães na Galeria Ratton em Lisboa. 1997, exposição antológica Memória da Terra, Retrato de Mulher na Culturgest em Lisboa, e no Museu Soares dos Reis no Porto, comissariada por Professor Fernando Pernes. Ainda no mesmo ano, foram publicados os livros Graça Morais, com textos de Vasco Graça Moura e Sílvia Chicó, edição Quetzal/Galeria 111, com o patrocínio do BPI e As Escolhidas, Graça Morais, de Manuel Hermínio Monteiro (Edit. Assírio & Alvim). É editado em Paris pelas Éditions Signature um álbum de litografias Couleurs de la Terre com texto e poemas de José Saramago, Sophia de Mello Breyner Andresen, Nuno Júdice, Vasco Graça-Moura e Pedro Tamen. Inaugura painéis de azulejos na estação de Bielorrússia do Metropolitano de Moscovo com a Galeria Ratton. Margarida Gil realiza o filme "As Escolhidas", tendo como base entrevista e obras de Graça Morais. Em 1999, realizou as exposições "Sete Tapeçarias" na Galeria Tapeçarias de Portalegre em Lisboa; e a exposição de painéis em azulejo "Anjos da Montanha" na Galeria Ratton em Lisboa. "Geografias do Sagrado" foi apresentada no Pallazo Geremia e Pallazo Trentini em Trento (Itália) e no Palácio Foz em Lisboa, comissariada por Fernando de Azevedo. No mesmo ano é realizado, Na Cabeça de uma Mulher está a História de uma Aldeia, documentário de Joana Morais, sobre a vida e a obra de Graça Morais. No ano 2000, apresentou desenhos e pinturas da série "Terra Quente Fim do Milénio" na Galeria 111. Em 2001, apresentou a mesma exposição em Paris, no Centro Cultural da Fundação Calouste Gulbenkian e "Deusas da Montanha" na delegação de Paris do Instituto Camões e Terra Quente Fim do Milénio no Centro Cultural da Fundação Calouste Gulbenkian

4 em Paris. Nesse mesmo ano é incluída por José Augusto França no livro 100 Quadros Portugueses no Século XX e é publicado o livro Orpheu e Eurydice de Sophia de Mello Breyner Andresen, edição Galeria 111, com pinturas suas. Em 2002 expõe na Galeria 111, em Lisboa, a série A Idade da Terra com texto de Maria Velho da Costa. É publicado O Reino Maravilhoso, de Miguel Torga, publicações Dom Quixote, com pinturas suas. Em 2003 exposição antológica A Terra e o Tempo no Museu da República Arlindo Vicente, em Aveiro. O Anjo de Timor, de Sophia de Mello Breyner Andresen, Ed. Ceneteca, com pinturas da artista é publicado. Em 2004 é publicado pela Editora Quetzal O segredo da Mãe, de Nuno Júdice sobre pinturas de Graça Morais. Exposição antológica de inauguração da Galeria Mitra em Lisboa. Residência artística em Sines em 2005, inauguração do Centro de Artes de Sines com a exposição Os olhos azuis do mar com edição de um catálogo/livro com texto de António Mega Ferreira e fotografia de Augusto Brázio. É editado o livro Uma Geografia da Alma (Bial). Exposição Retratos e Auto-Retratos no Centro Cultural de Cascais, comissariada por Sílvia Chicó. Entre 2006 a 2008 realiza-se a exposição itinerante Graça Morais na Colecção da Fundação Paço d Arcos Pintura, desenho e azulejo a 2006 nas Galerias Torreão Nascente da Cordoaria Nacional em Lisboa, Galeria do Palácio de Cristal, Biblioteca Municipal Almeida Garrett, Porto. Catálogo com texto de Cristina Azevedo Tavares e Diálogos com a Terra, pintura e desenhos, na Galeria Ratton. Em 2007, realizou uma exposição integrada nas comemorações do nascimento de Miguel Torga, sob o nome de In Sofrimento com a organização da Cooperativa Árvore no Museu Municipal Edifício Chiado, Coimbra. Expôs ainda duas séries, Silêncios na Biblioteca Municipal de Chaves e no Museu Municipal de Amadeo de Souza-Cardoso e Orpheu e Eurydice nos Paços da Cultura de S. João da Madeira e na Casa da Cultura da Trofa; ambas com a organização da Cooperativa Árvore. Em 2008 e 2009 expôs nas galerias Diário de Notícias, em Lisboa e Jornal de Notícias, no Porto, uma série de Pinturas e Desenhos criados no verão de Catálogo com texto de Manuel António Pina. No mesmo ano realizou uma exposição na Galeria 111, no Porto. Desde 2008 o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais em Bragança, tem organizado de forma permanente e continuada sob comissariado do seu Director Jorge da Costa e / ou em colaboração com outras instituições, exposições da obra da pintora Graça Morais. Em 2009 realizou a exposição A Máscara e o tempo desenho e pintura na Galeria Ratton em Lisboa. Em 2010 integra a exposição Colectiva Azulejo Ratton. Tradicional e Contemporâneo na Expo Shanghai Em 2011 expôs Tempo de cerejas e Papoilas, Trás-os-Montes 2011 azulejo e pintura na Galeria Ratton em Lisboa. Em Maio de 2016, apresenta na Galeria Ratton a exposição O Rosto do Medo. Desde 1974 até 2009 realiza e participa numa centena de exposições individuais e colectivas, dentro e fora do País. Destacando no ano de 2009 a exposição Anos 70 Atravessar Fronteiras, no CAM-Fundação Calouste Gulbenkian. Em 2008 foi inaugurado o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais em Bragança, com uma exposição em permanência de obras da Artista, representativas das várias séries entre 1982 e Lisboa, Maio 2016 Rua da Academia das Ciências, 2C Lisboa Tel./Fax: galeriaratton@sapo.pt

5 Está representada com tapeçarias executadas pela Manufactura de Tapeçarias de Portalegre na Assembleia da República, Câmara Municipal de Lisboa, Universidade Técnica de Lisboa, Montepio Geral Lisboa, Fundação Mário Soares (Lisboa), Pousada de São Bartolomeu, Bragança e colecções particulares. Intervenções artísticas em painéis de azulejos com produção Ratton Cerâmicas (Galeria Ratton) no Edifício sede da Caixa Geral de Depósitos em Lisboa (1993), na Estação de Bielorrússia do Metropolitano de Moscovo (1997), no Centro de Astrofísica e Planetário do Porto (1999), na estação de comboios do Fogueteiro, Seixal (1999) e na Estação de Metropolitano da Amadora, Falagueira (2002). Painéis de azulejos no Mercado Municipal de Bragança (2002), na Biblioteca Municipal de Carrazeda de Ansiães (2000), na Caixa de Crédito Agrícola de Bragança e no Teatro Municipal de Bragança (2003), nas Escolas Monsenhor Jerónimo do Amaral (2002) e na Miguel Torga em Bragança (2007). Destacam-se ainda os painéis em azulejo no Viaduto de Rinchoa / Rio de Mouro (2002) e na Central Hidroeléctrica de Vilar de Frades em Vieira do Minho (2007). Ilustrou e colaborou com poetas e escritores, como: Agustina Bessa-Luís; José Saramago; Miguel Torga; Sophia de Mello Breyner Andresen; Pedro Tamen; António Alçada Baptista; Manuel António Pina; Nuno Júdice; Clara Pinto Correia; José Fernandes Fafe; António Osório; José Carlos de Vasconcelos, entre outros. Graça Morais está representada em várias colecções privadas e públicas: Assembleia da República, Millennium BCP, Banco Espírito Santo, Banco Português de Negócios, Culturgest, Fundação Mário Soares, Cooperativa Árvore, Fundação Luso-Americana, Caixa Geral de Depósitos, Caixa de Crédito Agrícola de Bragança, Ministério da Cultura Museu de Serralves, Ministério das Finanças, Museu de Angra do Heroísmo, Museu Municipal de Vila Flor, Museu Abade Baçal de Bragança, Museu Anastácio Gonçalves em Lisboa, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil, C.A.M. Fundação Calouste Gulbenkian, Colecção da Fundação Paço D Arcos, Colecção Manuel de Brito, Colecção do Centro de Arte Contemporânea Graça Morais.