UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO AS REALIZAÇÕES DO ACUSATIVO ANAFÓRICO NO PORTUGUÊS EUROPEU E BRASILEIRO: UM ESTUDO DIACRÔNICO

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO AS REALIZAÇÕES DO ACUSATIVO ANAFÓRICO NO PORTUGUÊS EUROPEU E BRASILEIRO: UM ESTUDO DIACRÔNICO Antonio Anderson Marques de Sousa 2017

2 AS REALIZAÇÕES DO ACUSATIVO ANAFÓRICO NO PORTUGUÊS EUROPEU E BRASILEIRO: UM ESTUDO DIACRÔNICO Antonio Anderson Marques de Sousa Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós Graduação em Letras Vernáculas da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro como quesito para obtenção do título de mestre em Letras Vernáculas (Língua Portuguesa). Orientadora: Profª. Drª. Maria Eugênia Lammoglia Duarte Rio de Janeiro Fevereiro de 2017

3 Marques de Sousa, Antonio Anderson. As realizações do acusativo anafórico no português europeu e brasileiro: um estudo diacrônico / Antonio Marques de Sousa f. Orientador (a): Prof.ª Dr.ª Maria Eugenia Lammoglia Duarte. Dissertação (Mestrado em Letras Vernáculas Língua Portuguesa) Universidade Federal do Rio de Janeiro, Centro de Letras e Artes, Faculdade de Letras. 1. Acusativo anafórico 2.Variação e Mudança gramatical (objeto nulo). I Marques de Sousa / Antônio II - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Letras, 2016 III. Título. ANTÔNIO ANDERSON MARQUES DE SOUSA

4 As realizações do acusativo anafórico no português europeu e brasileiro: um estudo diacrônico Antonio Anderson Marques de Sousa Orientadora: Professora Doutora Maria Eugenia Lammoglia Duarte Dissertação de mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requesitos para a obtenção do Título de Mestre em Letras Vernáculas (Língua Portuguesa). Examinada por: Presidente, Profª.Drª. Maria Eugênia Lammoglia Duarte (UFRJ) Profª. Drª. Mayra Cristina Guimarães Averbug (ISERJ/ETEAB) Profª. Drª. Juliana Esposito Marins (UFRJ) Prof. Gilson Costa Freire (UFRRJ) - SUPLENTE Prof. Humberto Soares da Silva (UFRJ) - SUPLENTE Rio de Janeiro Fevereiro de 2017

5 Agradeço a Deus pela vida e pela saúde! AGRADECIMENTOS Agradeço a minha Diva orientadora, Maria Eugenia Lammoglia Duarte, pela excelente orientação! Muito obrigado, profe linda! Saiba que você é, para mim, uma linguista incansável, genial e linda! Muito obrigado pelos puxões de orelha e pela paciência. Muito obrigado à banca pelas sugestões que foram muito importantes para o enriquecimento do trabalho! Muito obrigado Juliana, Mayra, Humberto e Gilson. Muito obrigado, Euvanir e Anastacio! Mãe, você é um exemplo de mãe guerreira e mulher! Pai, você é um exemplo de homem guerreiro, trabalhador e pai amoroso! Amo muito vocês! Muito obrigado, Bismarck, pela força, pelo incentivo e pelo companheirismo ao longo dos sete anos de Letras! Te amo! Muito Obrigado, amiga Sara! Você tem sido uma amiga maravilhosa! Agradeço a Deus por ter conhecido você! Muito obrigado, amiga Dayane, minha rainha das arábias! Você é muito especial para mim! Muito obrigado, amigo Davidson! Nossas conversas sobre linguística e sobre a vida foram bastante enriquecedoras! Muito obrigado, querida Filomena! Ter feito Sintaxe com você foi um divisor de águas na minha vida! Muito obrigado por tudo! Sinto muito carinho por você! Muito obrigado às pessoas que me deram força ao longo dessa caminhada. Perdoemme, caso tenha esquecido o nome de alguém! iv

6 RESUMO Este trabalho apresenta um estudo comparativo entre as gramáticas do Português Brasileiro (PB) e do Português Europeu (PE), analisando a expressão do acusativo anafórico em peças de teatro escritas nos séculos XIX e XX. A opção pelo termo acusativo no lugar de objeto direto (OD) se deve ao fato de que os ODs não são os únicos constituintes marcados com caso acusativo. Os sujeitos de miniorações e de orações subordinadas reduzidas de infinitivo de verbos sensitivos (ver, ouvir), causativos (fazer) e de permissão (deixar) também recebem caso acusativo e estão suscetíveis à variação no PB. As formas variantes consideradas são: o uso do clítico acusativo, de ele acusativo, de um SD anafórico e de uma categoria vazia (ON), atestadas em inúmeros trabalhos empíricos com base no PB e PE em suas modalidades oral e escrita. A nossa amostra de peças teatrais brasileiras e portuguesas dos séculos XIX e XX estão distribuídas em sete períodos cronológicos. Os dados foram coletados e codificados conforme a metodologia da Sociolinguística Variacionista e processados pelo programa estatístico Goldvarb X (SANKOFF, TAGLIAONTE & SMITH, 2005). Os pressupostos teóricos que embasam nosso estudo vêm da Teoria da Variação e Mudança Linguística, de Weinreich, Labov & Herzog (1968), associada ao componente gramatical que vem dos trabalhos realizados à luz da Teoria de Princípios e Parâmetros sobre o Parâmetro do Objeto Nulo (Raposo, 1986; Cyrino, 1994; 1997; Duarte e Costa, 2013, Cyrino e Matos, 2016), o que nos garante o levantamento de grupos de fatores que restringem a realização do fenômeno em análise e orienta a busca de respostas para os problemas levantados pela Teoria da Variação e Mudança relativas à (i) restrição, (ii) implementação, (iii) transição e (iv) encaixamento. Isso contribui para a identificação de uma eventual mudança paramétrica em curso. Os resultados apontam para dois sistemas opostos em relação à alta produtividade do clítico acusativo de terceira pessoa no PE, ao contrário do seu desaparecimento no PB. Quanto ao objeto nulo, os resultados apontam que sua ocorrência, tanto no PE quanto no PB, obedece às restrições observadas por teóricos, entre as quais a existência de um antecedente fora dos limites do período em que se encontra o acusativo em análise e a preferência pelo traço semântico [-hum]. Entretanto, no PB, o índice de objetos nulos é muito mais alto do que no PE e já se expande por antecedentes com o traço [+hum]. Quanto à ocorrência do objeto nulo dentro de ilhas sintáticas e com seu antecedente dentro do mesmo período, embora atestada em ambas as amostras, ela é muito mais rara em PE do que em PB. Diante dos v

7 resultados, podemos dizer que o PB exibe uma gramática [+Objeto Nulo], enquanto o PE, uma gramática [-Objeto Nulo]. Palavras-chave: variação e mudança; princípios e parâmetros; acusativo anafórico; objeto nulo; clítico acusativo. ABSTRACT This work aims to present a comparative study between the grammars of Brazilian Portuguese (BP) and European Portuguese (EP), analyzing the expression of the anaphoric accusative in theater plays written in the 19th and the 20th centuries. The use of accusative instead of direct object (DO) is due to the fact that DOs are not the only constituents marked with accusative case. Subjects of small clauses and infinitive clauses, complement of sensitive verbs (see, hear), causative verbs (make) and permission verbs (let) also receive accusative case and are susceptible to variation in BP. The variants considered are the use of the accusative clitic, of the nominative pronoun he in accusative function, the anaphoric DP and the null object, attested in several empirical analyses based on spoken and written BP and EP. Our sample comprises Brazilian and Portuguese plays of the 19th and the 20th centuries, distributed in seven chronological periods. The data were collected and coded according to the methodology of Variationist Sociolinguistics and treated by the statistical program Goldvarb X (SANKOFF, TAGLIAONTE & SMITH, 2005). The theoretical assumptions underlying our study are the Theory of Variation and Change, by Weinreich, Labov and Herzog (1968), associated to a grammatical component coming from the Principles and Parameters on the Null Object Parameter (Raposo, 1986; Cyrino, 1994;1997; Duarte e Costa, 2013, Cyrino e Matos, 2016), which guarantees the choice of factor groups that constraint the realization of the variable phenomenon under analysis and guide the search for answers to the problems raised by the Theory of Language Variation and Change, related to (i) constraints, (ii) implementation, (iii) transition and (iv) embedding. This will allow the recognition of an eventual parametric of change in course. The results show two opposite grammars with respect to the high productivity of the 3 rd person accusative clitic in EP and its extinction in BP. As for the null object, the results show that its occurrence in both systems obeys the constraints observed by formal studies, among which the existence of an antecedent external to the sentence showing a null object under analysis and the preference for the semantic vi

8 feature [-hum]. However, in BP, the rates of null objects are much higher than in EP. As for the occurrence of a null object inside a syntactic island and with an antecedent inside the same sentence, even though attested in both samples, it is much less frequent in EP than in BP. Our results allow the conclusion that BP exhibits a [+Null Object] grammar and EP, a [-Null Object] grammar. Key words: variation and change; principles and parameters; anaphoric accusative; null object; accusative clitic. vii

9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO...1 CAPÍTULO I - O que sabemos sobre o acusativo anafórico panorama de pesquisas sincrônicas e diacrônicas O que dizem as pesquisas sincrônicas sobre a língua oral O que dizem as pesquisas sincrônicas sobre o processo de aprendizagem dos clíticos e sobre a escrita dos indivíduos mais letrados O que dizem as pesquisas diacrônicas sobre a representação do acusativo anafórico...14 CAPÍTULO II - Fundamentação Teórica A Teoria de Princípios e Parâmetros A Sociolinguística Variacionista A Sociolinguística Paramétrica - o que é e como se utiliza O objeto nulo em português: considerações sobre sua natureza em PB e PE...36 CAPÍTULO III Metodologia Métodos para o estudo da mudança A amostra Os grupos de fatores Refinando objetivos e hipóteses...58 CAPÍTULO IV - Análise dos resultados A análise para o Português Brasileiro Acusativo retomando um antecedente oracional em PB Acusativo anafórico com antecedente não-oracional em PB...62 viii

10 4.2. A análise para o Português Europeu Acusativo retomando um antecedente oracional em PE Acusativo anafórico com antecedente não oracional em PE Análise do acusativo anafórico em PB e PE (SD anafórico excluído) A análise comparativa...97 CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DAS PEÇAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ix

11 LISTA DE GRÁFICOS DO CAPÍTULO I Gráfico 1: Distribuição do O.D. anafórico segundo a escolaridade (Fonte: Averbug, 2000)...13 Gráfico 2: Objeto nulo oracional ao longo do tempo em PB e PE (COSTA, 2011)...17 Gráfico 3: Objeto nulo com antecedente não-oracional ao longo do tempo em PB e PE (COSTA, 2011)...17 Gráfico 4: Distribuição das variantes ao longo do tempo na amostra de Soledade (2011)...18 LISTA DE GRÁFICOS DO CAPÍTULO IV Gráfico 1: A representação dos objetos que retomam antecedentes oracionais (PB)...61 Gráfico 2: A representação do acusativo anafórico com antecedente não oracional (PB)...63 Gráfico 3: A distribuição dos acusativos nulos (vs preenchidos) segundo os feixes de traços [+hum/+esp], [-hum/+esp] (PB)...71 Gráfico 4: A distribuição dos acusativos nulos (vs preenchidos) com antecedente em contexto precedente, fora do período em que se encontra o objeto em análise (PB)...78 Gráfico 5: A representação dos objetos que retomam antecedentes oracionais (PE)...82 Gráfico 6: A representação do acusativo anafórico com antecedente não oracional (PE)...84 Gráfico 7: A representação do acusativo anafórico com antecedente não oracional no PB (SD anafórico suprimido)...93 Gráfico 8: A representação do acusativo anafórico com antecedente não oracional no PE (SD anafórico suprimido)...93 Gráfico 9: O clítico neutro em PB e PE ao longo do tempo...98 Gráfico 10: O objeto nulo com antecedente oracional em PB e PE ao longo do tempo...99 x

12 Gráfico 11: O clítico acusativo com antecedente não-oracional (SDs) em PB e PE ao longo do tempo Gráfico 12: O objeto nulo com antecedente não-oracional em PB e PE ao longo do tempo LISTA DE TABELAS DO CAPÍTULO I Tabela 1: Realizações do acusativo anafórico na fala de analfabetos...10 Tabela 2. Realizações do acusativo anafórico na fala de indivíduos com dois níveis de escolaridade...10 Tabela 3. Realizações do acusativo anafórico na fala de indivíduos com três níveis de escolaridade...10 Tabela 4. Realizações do acusativo anafórico na fala de indivíduos com nível universitário...11 Tabela 5. Realizações do acusativo anafórico na escrita brasileira e portuguesa (Freire, 2005)...14 Tabela 6: Distribuição de objetos nulos vs preenchidos (Cyrino, 1994)...15 LISTA DE TABELAS DO CAPÍTULO III Tabela 1: Distribuição das peças brasileiras por período de tempo...50 Tabela 1: Distribuição das peças portuguesas por período de tempo...51 LISTA DE TABELAS DO CAPÍTULO IV Tabela 1: Grupos de fatores selecionados para a realização do acusativo anafórico no PB...69 Tabela 2: Distribuição dos acusativos nulos (vs preenchidos) segundo o traço do referente ao longo das sincronias no PB...70 Tabela 3: Distribuição dos objetos nulos e expressos segundo a função da oração em que o acusativo está...73 Tabela 4: Distribuição dos objetos nulos e expressos segundo o padrão estrutural e função do antecedente...75 Tabela 5: Grupos de fatores selecionados para a realização do acusativo anafórico no PE...86 Tabela 6: Distribuição dos acusativos nulos (vs preenchidos) segundo o traço do referente ao longo das sincronias no PE...87 xi

13 Tabela 7: Distribuição dos acusativos nulos (vs preenchidos) segundo o padrão estrutural e a função do antecedente ao longo das sincronias no PE...89 Tabela 8: Grupos de fatores selecionados para a realização do acusativo anafórico no PB após supressão do SD anafórico...94 Tabela 9: Grupos de fatores selecionados para a realização do acusativo anafórico no PE após supressão do SD anafórico...96 LISTA DE TABELAS DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS Tabela 1: Realizações do acusativo anafórico no texto teatral de 1992 (Marques de Sousa, 2017) e na fala carioca Tabela 2: Realizações do acusativo anafórico no texto teatral de 1992 e na fala do PE xii

14 INTRODUÇÃO O objeto de estudo desta Dissertação diz respeito às realizações do acusativo anafórico usualmente referido como objeto direto (OD) anafórico certamente um dos fenômenos variáveis morfossintáticos mais investigados no âmbito dos estudos linguísticos no Brasil. Optamos pelo termo acusativo, no lugar de OD, uma vez que outra função sintática também pode receber o caso acusativo. Além do OD, o sujeito de orações subordinadas reduzidas de infinitivo que funcionam como complemento de verbos causativos como mandar, fazer; de verbos sensitivos como ver, ouvir e de verbos de permissão, como deixar recebem caso acusativo, conforme vemos abaixo: (1) José - Sim, minha senhora, e o Sr. D. Abade mandou comigo [um reverendíssimo] i, que ficou na sala à espera. Florência- Fá-[lo i entrar]. (O noviço, Martins Pena, 1845) (2) Luísa - Vai ver quem é. (Eulália vai, mas volta logo.) Eulália - [O Senhor Doutor Martins] i. Luísa - Manda-[o i entrar]. (As doutoras, França Júnior, 1889) (3) Deixa [ele chorar], deixa [ele sofrer] Deixa [ele saber] que eu tô curtindo pra valer. (Deixa ele chorar, Anitta, 2015) Os exemplos (1) e (2) foram retirados de peças de teatro brasileiras do século XIX, que constituem parte da amostra utilizada neste trabalho. Neles, os sujeitos das orações subordinadas destacadas entre colchetes recebem caso acusativo do verbo da oração mais alta na hierarquia sintática (a principal), uma vez que o infinitivo é impessoal, não tendo a flexão que atribua caso nominativo ao seu sujeito. Isso é claro no uso do clítico acusativo o. No entanto, ao compararmos os dados das peças com o exemplo (3), retirado de uma música popular da atualidade, verificamos que em vez do acusativo o, usa-se preferencialmente o pronome nominativo ele para representar o acusativo anafórico. Naturalmente, trata-se do ele acusativo, muito comum no português brasileiro falado, um fenômeno já descrito por Câmara Jr. (1972), e em franca 1

15 implementação na escrita (cf. DUARTE, 2013), particularmente no contexto sintático ilustrado em (1) e (2) e no que mostramos a seguir. Trata-se do sujeito que se encontra dentro de uma minioração, como mostram os exemplos em (4) e (5): (4) Leo eu senti imensamente a morte d[o rapaz], porque [o] achava muito simpático. (= achava [o simpático] = achava [que ele era muito simpático]) (O hóspede do quarto nº2, Armando Gonzaga, 1937) (5) Acho [ele simpático]. (= acho [que ele é simpático]) Nestes casos, temos sujeitos selecionados pelo adjetivo simpático, que não pode lhes atribuir caso nominativo. Assim, o SN sujeito recebe caso acusativo do verbo sublinhado, podendo aparecer sob a forma de clítico o ou de ele acusativo; esta é razão pela qual o adjetivo é referido tradicionalmente como predicativo do objeto, que é, na realidade, o predicativo do sujeito de uma minioração. Todos esses casos são referidos na literatura gerativista como instâncias de Marcação Excepcional de Caso. Nos demais casos, o elemento que recebe acusativo é, de fato, um objeto direto, como ilustramos em (6) e (7): (6) Carlos - [Os mineirinhos] i entrarão aqui e hão de levar por força alguma coisa - esse é o seu costume. O que é preciso é enganá-[los] i. (O noviço, Martins Pena, 1845) (7) Paulo - Enquanto eu fui comprar cigarros, [Rosa] i subiu pelo elevador e o elevador enguiçou com [ela] i lá dentro. Você quer ver se o Nanico tira [ela] i de lá? (Um elefante no caos, Millôr Fernandes, 1955) Além dessas estratégias para expressar o acusativo anafórico - clítico acusativo o(s), a(s) e o pronome nominativo ele(s); ela(s) em função acusativa - temos mais duas formas alternativas: o sintagma determinante anafórico (SD) e o objeto nulo (ON), a variante inovadora, que, gradualmente, amplia os seus contextos de realização, conforme mostram pesquisas sincrônicas, como Omena (1978); Duarte (1986;1989); Freire (2000), entre outros; e pesquisas diacrônicas, como Cyrino (1994), Soledade (2011) e Marques de Sousa (2015). 2

16 O SD anafórico e o ON são exemplificados, respectivamente, a seguir: (8) Cristóvão - Enquanto aqui estiverem hospedados [os americanos] i ninguém quer ser criado desta pensão. A cidade inteira está farta de saber que não se pode aturar [essa gente] i. (No coração do Brasil, Miguel Falabella, 1992) (9) Dolores - Eu tenho pra mim que [esse navio] i já partiu há muito tempo, ó, e tonta da Margareth tá esperando [Ø] i no cais. (No coração do Brasil, Miguel Falabella, 1992) Este trabalho tem por objetivo principal apresentar uma análise diacrônica das realizações do acusativo anafórico em uma amostra constituída de peças de teatro escritas ao longo dos séculos XIX e XX no Brasil e em Portugal, distribuídas em sete períodos cronológicos. Objetivamos, portanto, realizar um estudo diacrônico que acompanhe a variação entre as quatro formas de realização do acusativo anafórico, comparando o comportamento do PB e do PE em relação ao fenômeno. No caso do PB, trata-se de confirmar o que se tem apontado nos estudos sincrônicos e diacrônicos; no caso do PE, trata-se de uma investigação empírica que pode confirmar ou infirmar o que os estudos teóricos têm apontado, particularmente no que diz respeito à ausência do ele acusativo e às restrições ao ON. Em relação ao PB, acreditamos que nas sincronias passadas (século XIX e início do século XX), haja um sistema linguístico mais próximo do português europeu, isto é, um sistema com predomínio de clíticos retomando antecedentes não oracionais (SDs). Também imaginamos que, no PB das primeiras sincronias, haja a variação entre o ON com antecedente oracional e o clítico neutro, um fenômeno já apontado por Cyrino (1994), como veremos no capítulo 1, sobre a revisão de estudos anteriores. Ainda em relação ao PB, esperamos que nas sincronias mais recentes (principalmente a partir da segunda metade do século XX e com destaque para o último período de 1992, que tem apresentado resultados muito próximos à fala espontânea na análise de outros fenômenos) haja o desaparecimento completo do pronome clítico que recupera um antecedente oracional, isto é, esperamos a extinção do clítico neutro. É esperada a ampliação dos contextos de uso do ON para a retomada de um SD, bem como é esperada a expressiva redução do uso de clítico acusativo nesses contextos e o 3

17 aparecimento do pronome nominativo em função acusativa uma particularidade do PB. Em relação ao PE, acreditamos que, tanto nas sincronias passadas (século XIX e início do século XX) quanto nas sincronias mais recentes, haja um sistema robusto de clíticos acusativos, com uma expressiva ocorrência ao longo dos sete períodos. Nossa hipótese é que haja ocorrência de ON neutro (oracional) em variação com o clítico neutro e maior resistência ao ON com antecedente não oracional em relação ao uso mais frequente do clítico. Imaginamos que não haja nenhuma ocorrência de pronome nominativo em função acusativa, reforçando a ideia de que seja uma particularidade do PB. Em relação às sincronias mais recentes do PE, esperamos que haja a persistência do clítico acusativo como a estratégia mais expressiva de realizar o acusativo anafórico, especialmente quando retoma SDs lexicais. Também contamos ainda que de forma moderada com a ampliação dos contextos de uso do ON que retoma um antecedente não oracional. Essas hipóteses são inspiradas por análises para o PB oral (OMENA, 1978; DUARTE, 1986; 1989, entre outros; e na análise comparativa PB-PE nas modalidades oral e escrita de FREIRE, 2000; 2005). Esta dissertação está assim organizada: o Capítulo1 retoma diversas pesquisas realizadas com base em amostras escritas e faladas do PB e do PE, que serviram de pontos de partida a este trabalho. Em 1.1 retomamos, primeiramente, as pesquisas sincrônicas com base na fala; em 1.2 as pesquisas com base na escrita e na aprendizagem dos clíticos e finalmente, em 1.3, retomamos estudos diacrônicos do PB e do PE. O Capítulo 2 é dedicado ao quadro teórico que sustenta a pesquisa, tanto no que se refere à teoria linguística que descreve e explica o fenômeno quanto ao modelo de estudo da mudança utilizado. Como mostraremos, utilizar pressupostos da Teoria de Princípios e Parâmetros como o componente gramatical para aplicar o modelo de mudança variacionista ajuda a responder aos problemas empíricos propostos pela Teoria da Variação. O Capítulo 3 descreve os procedimentos metodológicos para a realização do trabalho, incluindo uma breve apresentação sobre a dimensão temporal no estudo da mudança, uma descrição da amostra utilizada e o levantamento dos grupos de fatores a partir do quadro teórico e dos resultados apresentados nos capítulos 1 e 2. Terminamos esse capítulo com um refinamento dos nossos objetivos apresentados na Introdução com 4

18 as perguntas que buscaremos responder. No Capítulo 4, apresentamos a análise dos resultados, comparando o comportamento do PE com o PB. Seguem as Considerações a que a pesquisa permitiu chegar. 5

19 Capítulo 1 O que sabemos sobre o acusativo anafórico panorama de pesquisas sincrônicas e diacrônicas 1.1. O que dizem as pesquisas sincrônicas sobre a língua oral Nesta seção, apresentamos um panorama geral dos estudos que investigam o clítico acusativo e as suas formas variantes, relacionando-as, necessariamente, aos condicionamentos tanto estruturais quanto sociais. Por meio da retomada dos estudos pioneiros e também dos estudos mais recentes, apresentamos quatro tabelas que revelam o panorama geral desse fenômeno linguístico variável em diferentes regiões brasileiras. Na linha histórica dos estudos variacionistas sobre a representação do acusativo anafórico na fala brasileira, a análise de Omena (1978) registra-se como o estudo pioneiro. Com base na fala de adultos em processo de alfabetização, todos alunos do MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) do RJ, Omena revela que (i) o clítico em função acusativa estava completamente ausente na fala dos entrevistados; (ii) o pronome nominativo não era a única estratégia de representação do acusativo anafórico; (iii) o índice de realização do ON (referido pela autora como anáfora zero, em conformidade com o suporte teórico funcionalista utilizado) superava bastante o de pronomes nominativos, que eram favorecidos quando precedidos por antecedentes com o traço [+humano]. Já o chamado ON era altamente favorecido quando seu antecedente exibia o traço [-humano] e apresentava a mesma função. Em Duarte (1986;1989), com base em uma amostra de fala paulistana, contemplando três níveis de escolaridade e três faixas etárias, confirma-se a completa ausência do clítico acusativo tanto em indivíduos com baixa escolarização quanto em alunos de Ensino Médio, oriundos da classe média. Além do clítico, do pronome nominativo (a que a autora se refere como pronome lexical) e do ON, Duarte também inclui em sua análise uma nova variante: o SD anafórico, com especificador modificado ou não, com o mesmo N ou um epíteto (aquele cara, o danado), pois a autora observa que essa parece ser uma estratégia de esquiva ao pronome nominativo e ao clítico acusativo. O pronome nominativo é uma variante desprestigiada e combatida pela 6

20 escola e mídia, enquanto o uso do clítico acusativo, tão distante da fala espontânea, pode soar pedante. Para não soar pedante ou demasiado despreocupado com o uso da língua, o falante opta pelo SD anafórico como uma estratégia de esquiva. Naturalmente, o falante menos exposto à escola, faz uso diferenciado ou menos frequente dessa estratégia. Além disso, mesmo que o SD anafórico possua propriedades discursivas - como orientar a argumentação e expressar a atitude do falante em relação a um tema - que as outras estratégias do acusativo anafórico possam, à primeira vista, não ter, é relevante incluí-lo nesta análise, já que, além de ser uma estratégia de esquiva às demais variantes (clítico ou pronome nominativo), ele possui a propriedade anafórica de retomar um referente do texto ou do contexto pragmático, assim como as outras estratégias. A autora também atesta uma clara preferência pelo ON (63%) em detrimento do clítico (apenas 5%). Também no cômputo geral dos 1974 dados analisados, os pronomes lexicais representam 15% e os SDs anafóricos, 17% do total de ocorrências. A seguir, apresentamos alguns condicionamentos estruturais levantados pela autora que serão levados em conta nesta pesquisa: I) Fatores de ordem morfológica: o tempo e a forma verbal Os pronomes nominativos são fortemente condicionados por tempos verbais simples, pelo imperativo e pelas locuções verbais. Os baixos índices do clítico estão restritos aos tempos simples do indicativo (próclise com o presente e o passado) e enclítico ao infinitivo, em que a presença de um onset silábico permite a reestruturação silábica do vocábulo fonológico em questão (o que pode explicar um dos contextos de maior recuperação do clítico acusativo na escrita). Os objetos nulos e os SDs anafóricos são aparentemente pouco influenciados por esses fatores. II) Fatores de ordem sintática: a transitividade verbal e o estatuto sintático do elemento que recebe caso acusativo Objetos nulos são favorecidos em padrões oracionais S V OD e S V OD OI (OBL), desde que o complemento oblíquo seja um SP simples, isto é, não oracional (Coloquei [Ø] na mesa). 7

21 Nas estruturas com dois argumentos internos do tipo S V OD OBL, em que o complemento oblíquo é oracional, o OD é [+humano] e controla o sujeito da subordinada, o que favorece fortemente o uso do pronome ele acusativo (Obriguei ele i [a PRO i sair do apartamento]) note-se que não se trata do contexto descrito a seguir o acusativo aqui é um OD - mas favorece igualmente o preenchimento com ele acusativo por conta do traço semântico. Em estruturas complexas, isto é, em construções em que o elemento que recebe acusativo NÃO é um objeto, mas o sujeito de uma minioração ou de uma oração completiva infinitiva de verbos causativos, sensitivos e de permissão, a preferência recai sobre os pronomes lexicais, especialmente se associados a um referente com o traço [+humano], tal como mostramos em relação às estruturas S V OD OBL acima. III) Fator de natureza semântica Os pronomes lexicais são altamente favorecidos por antecedentes com o traço [+humano], especialmente se associado a estruturas complexas, como mencionado acima e a estruturas em que o objeto controla o sujeito da completiva oblíqua, com verbos de três lugares, como obrigar, convencer, ensinar, ajudar, lembrar, etc).. A seguir, os fatores extralinguísticos contemplados por Duarte (1986; 1989) em sua análise: I) Escolaridade Não interfere na preferência pela categoria vazia, que é alta e regular entre os diferentes níveis. O SD anafórico incide mais na fala dos mais escolarizados, o que pode ser interpretado como uma estratégia de esquiva tanto ao pronome nominativo quanto ao clítico, em estruturas simples. Os pronomes lexicais são mais realizados pelos falantes menos escolarizados, mas em índices muito abaixo do ON. O clítico acusativo está ausente na fala dos indivíduos com nível básico de escolaridade e na fala dos alunos de Ensino Médio e é de uso baixíssimo nos demais níveis, limitando-se, como já dissemos, a estruturas simples, o que mostra que o falante letrado, embora leve o clítico para sua escrita, faz uso muito 8

22 parcimonioso dele na fala. Isso explica a avaliação do clítico como forma pedante, como mostram os testes de avaliação dessa variante por Duarte (1986;1989). II) Faixa etária Há, de modo geral, equilíbrio da distribuição das variantes, quando se leva em conta a distribuição de acordo com a escolaridade, com exceção dos baixos índices de clíticos, restritos à fala dos mais letrados, e aos índices de pronome ele, um pouco mais frequentes na fala dos menos escolarizados em estruturas simples. III) Estilo Na fala espontânea, há preferência pela categoria vazia, conforme relatado acima. Na fala de uma pequena amostra de novelas, utilizada pela autora a título de comparação, há preferência pela categoria vazia, com índices muito próximos aos da fala espontânea. Nas entrevistas de TV, cresce o índice de SDs anafóricos, que chegam a se equilibrar com os objetos nulos, o que confirma a hipótese da autora acerca dessa estratégia. Há ainda aumento do uso do clítico acusativo, que alcança 11%, e redução expressiva do ele acusativo. Os dois únicos casos foram encontrados em uma estrutura complexa (que é o termo usado por Duarte para se referir às ocorrências de marcação excepcional de caso). Dando continuidade à retomada de estudos prévios, são apresentados a seguir, os resultados de quinze pesquisas que investigaram a representação do acusativo anafórico em PB falado, das quais treze já foram apontadas em Duarte e Ramos (2015). As outras duas pesquisas constituem recentíssimas dissertações de mestrado sobre o fenômeno na língua oral nos estados de Santa Catarina (VIEIRA PINTO, 2015) e Espírito Santo (LAUAR, 2014). Todas elas revelam a mesma hierarquia na distribuição das estratégias para representação dos acusativos anafóricos: pronome clítico, pronome nominativo, SD anafórico e o amplamente realizado Objeto Direto Nulo (sendo muito raras as pesquisas que revelaram competição entre o SD anafórico e o ON). 9

23 Pesquisas Tabela 1. Realizações do acusativo anafórico na fala de analfabetos OMENA 1979 RJ PARÁ 1997 RJ F. SILVA 2004 BA Instrução Analf. Analf. Analf. Clítico Pronome 24% 14% 12% SD (anafórico) - 24% 16% Obj. nulo 76% 63% 72% TOTAL Tabela 2. Realizações do acusativo anafórico na fala de indivíduos com dois níveis de escolaridade Pesquisas MALVAR 1992 DF BALTOR 2003 PB MARAFONI RJ VIEIRA PINTO SC Instrução 2 níveis 2 níveis 2 níveis 2 níveis Clítico 1% 4% 0,7% 0,1% Pronome 25% 28% 13,1% 2,7% SD(anafórico) 28% 22% 19% 50,7% Obj. nulo 46% 46% 67,2% 46,5% Tabela 3. Realizações do acusativo anafórico na fala de indivíduos com três níveis de escolaridade Pesquisas DUARTE 1986 SP LUÍZE SC AVERBUG RJ LAUAR ES MENDONÇA AL Instrução 3 níveis 3 níveis 3 níveis 3 níveis 3 níveis Clítico 4,9% 1% 0,3% 0,5% 1 Pronome 15,4% 9% 15,1% 13,4% 2 SD(anafórico) 17,1% 36% 41,5% 30,5% 3 Obj. nulo 62,6% 54% 43,1% 54,2% 4 TOTAL

24 Tabela 4. Realizações do acusativo anafórico na fala de indivíduos com nível universitário Pesquisas DUARTE SP FREIRE RJ NEIVA BA Instrução Univers. Univers. Univers. Clítico 6,4% 3% 3% Pronome 9,8% 4% 3% SD(anafórico) 18,8% 34% 32% Obj. Nulo 65, 59% 62% TOTAL A partir dos resultados das pesquisas sincrônicas acima, concluímos que o clítico acusativo apresenta baixíssimos índices de realização e em alguns casos chega a nenhuma ocorrência (ver o caso dos falantes analfabetos na Tabela 1). Com isso, é possível inferir que nenhuma criança brasileira, durante seu período de aquisição da linguagem, adquire o pronome clítico em sua gramática internalizada, justamente porque a aquisição depende de dados robustos, frequentes, fato que não acontece com os pronomes clíticos, que ocorrem em percentuais que alcançam no máximo 6,4% na fala dos indivíduos com nível superior, que compõem parte da amostra de Duarte (1986) e 3% nas análises de Neiva (2007) com base em amostra de falantes do NURC- Salvador (amostra anos 1990). Os resultados apontam também que os índices de pronomes nominativos são bem baixos na fala culta e nunca superam as demais estratégias, resultado da interferência da escola para a redução do ele acusativo. O pronome nominativo, porém, é preferido em estruturas complexas, em que funciona, de fato, como sujeito - o que contraria o que dizem gramáticos e professores ao insistirem na sua frequência no português brasileiro, percebida facilmente em estruturas simples; em estruturas complexas, como já dissemos, ele não é percebido e já se implementa na escrita. É interessante também observar que, embora seja a variante preferida, o ON, em algumas análises, apresenta índices de realização bem próximos aos de SDs anafóricos. A título de ilustração, em Averburg (1998), o SD anafórico chega a concorrer com a categoria vazia, representando 41,5% dos casos, em comparação aos 43,1% dos casos de ON. Esses resultados são encontrados justamente na fala dos grupos mais 11

25 escolarizados, o que, mais uma vez, pode sugerir que, no PB, o SD anafórico é uma estratégia de esquiva. Por fim, cabe salientar que, diferentemente das pesquisas com base na fala de brasileiros, as baseadas na fala de portugueses revelam um panorama completamente diferente: ampla preferência pelos clíticos acusativos, seguidos de objetos nulos e anafóricos (Freire: 2000). O autor verificou que, na fala de indivíduos brasileiros com nível universitário (Amostra NURC-RJ) o clítico acusativo alcança 3%, o pronome nominativo 4%, o SD anafórico 34% e o ON 59%, como vimos na Tabela 4. Uma análise contrastiva, feira pelo mesmo autor (FREIRE, 2000) com a fala portuguesa revela 44% de uso do clítico, 25% do SD anafórico e 31% de ON. O pronome ele acusativo está complemente ausente O que dizem as pesquisas sincrônicas sobre o processo de aprendizagem dos clíticos e sobre a escrita dos indivíduos mais letrados De fato, as taxas de ocorrência do clítico acusativo na fala são baixíssimas. E isso significa que essa variante está ausente do input que compõe os dados a que a criança é exposta. Assim, a aprendizagem (ou aquisição, nos termos de Kato, 2005) se dá ao longo do processo de letramento e da exposição do aluno à língua escrita. Interessadas em pesquisar o fenômeno linguístico em pauta e a forma como se dá a aprendizagem/aquisição do clítico acusativo durante o processo de escolarização, Correa (1991) e Averbug (2000) investigaram (i) como se dá a aprendizagem do clítico acusativo durante o processo de escolarização; (ii) como se realiza preferencialmente o acusativo anafórico ao longo desse processo; (iii) até que ponto as formas inovadoras se implementam e permanecem na escrita. Em busca por respostas, o trabalho empírico de Averbug envolveu a análise de produções textuais de estudantes de três níveis de escolaridade: alunos do ensino fundamental, médio e superior. A fim de expor os alunos a todas as estratégias, a autora leu uma crônica de Stanislau Ponte Preta, acompanhado de gravuras, fazendo as adaptações necessárias. Em seguida, os alunos recontaram a história por escrito. Os resultados do Gráfico 1, a seguir, de Averbug, confirmam que o clítico acusativo está ausente da gramática interna do falante brasileiro, o que já foi mostrado nas tabelas acima: 12

26 º ano 5º ano 9º ano Ens. Méd. Ens. Sup. O. Nulo 49% 45% 33% 36% 23% SD anafórico 3 34% 31% 3 37% Pronome 19% 15% 13% 6% Clítico 2% 6% 23% 28% 4 Gráfico 1 - Distribuição do O.D. anafórico segundo a escolaridade (Fonte: Averbug, 2000) Observamos que a entrada do clítico se dá já nos textos do 1º ano com 2%, chegando a apenas 6% no 5º ano do Ensino Fundamental; só no 9º ano e no Ensino Médio, os índices alcançam 23% e 28%. Finalmente, nos textos dos universitários chegam a 4. Enquanto cresce o uso do clítico, o uso do pronome nominativo, que se inicia com 19%, vai decrescendo, até desaparecer na escrita dos universitários certamente um feito da pressão normativa. Mas vejamos que o índice inicial é bem baixo, se levarmos em conta os resultados para o ON, que entra na escrita como a variante mais frequente (49%) e se mantém como a favorita até o nível mais alto de escolaridade, quando é superado pelo clítico e pelo SD anafórico, que é, aliás, uma estratégia que se mantém estável durante todo o processo. Em Freire (2005), temos acesso a uma pesquisa com base na escrita de brasileiros e portugueses. Os resultados de sua pesquisa se encontram na tabela a seguir: 13

27 Tabela 5. Realizações do acusativo anafórico na escrita brasileira e portuguesa (Freire, 2005) Variantes FREIRE FREIRE 2005 PB 2005 PE Clítico 47% 77% Pronome Nominativo 8% 0 % SD Anafórico 14% 11% Obj. Nulo 31% 12% TOTAL Pode-se observar que, na escrita de brasileiros, o índice de clíticos atinge seu maior percentual de ocorrência, alcançando 47%, um resultado que não fica distante do encontrado por Averbug na escrita de universitários e por Freire (2000) na fala espontânea de portugueses. No PE escrito, Freire (2005) encontra 77% de ocorrências de clíticos. Quanto à distribuição do O. Nulo em PB e PE na modalidade escrita, vemos, respectivamente, 31% e 12% de ocorrências. É também interessante observar que, diferentemente do tímido índice de 8% de realização do pronome nominativo encontrado no PB, a escrita lusitana simplesmente não apresentou sequer uma realização dessa variante. A análise de Freire aponta, pois, que, mesmo na escrita, existe uma considerável diferença na distribuição das variantes para representar o acusativo anafórico em PB e PE. Ainda assim podemos dizer que o êxito da escolarização é razoável, se levarmos em conta os índices alcançados pelo clítico acusativo, uma estratégia absolutamente nova para a criança brasileira. Entretanto, esse êxito, como mostram os resultados, fica limitado à escrita. O letrado brasileiro não leva para sua fala os índices apresentados na escrita O que dizem as pesquisas diacrônicas sobre a representação do acusativo anafórico Nesta seção, retomamos alguns estudos diacrônicos prévios a fim de (i) relacioná-los com este estudo, evidenciando seus objetos de pesquisa, pressupostos teóricos, metodologia, resultados de análise e (ii) verificarmos a implementação do ON 14

28 e outras variantes para representar o acusativo anafórico ao longo do tempo. Dessa forma, oferecemos um panorama geral de quatro pesquisas diacrônicas. O estudo de Cyrino (1994) constitui uma tese de doutorado que objetiva traçar o percurso histórico do ON em português, bem como analisar o estatuto dessa categoria vazia, já que a autora, com base em diversos estudos, defende que o ON do português brasileiro parece apresentar características singulares. A autora analisa os elementos que podem ocupar a posição de objeto e propõe que o ON do PB seja consequência de processos que operam também no apagamento de VP e de determinados pronomes. A amostra de dados cobre cinco séculos (desde o século XVI até o século XX) e é composta por peças de teatro (comédias), cantigas, modinhas e poesia satíricas, isto é, textos que procuram se aproximar da língua oral de alguma forma. A autora se baseia na Teoria de Reconstrução em Forma Lógica, defendida por Fiengoe Marry (1993 apud Cyrino, 1994) e procura evidenciar como o ON surgiu no PB, constatando mudança diacrônica em relação ao Parâmetro do ON, em virtude dos dados robustos encontrados por ela. Cyrino percebe que a mudança em direção ao ON se inicia a partir do complemento sentencial, que, já no século XVI, na amostra de peças de teatro examinada pela autora, aparece em variação com o clítico neutro. A seguir, estão os resultados para a distribuição dos objetos nulos e preenchidos ao longo dos cinco séculos contemplados na pesquisa de Cyrino: Tabela 6: Distribuição de objetos nulos vs preenchidos (Cyrino, 1994) Século Objetos Nulos Objetos Preenchidos XVI 10.7% 89.3% XVII 12.6% 87.4% XVIII 18.5% 85.5% XIX XX 79.1% 21.9% Ao observarmos os resultados, verificamos que, na passagem do século XVIII para o século XIX, o ON cresce de forma vertiginosa, chegando ao século XX como a principal estratégia. No século XX, o que se observa é praticamente uma inversão nos resultados, com o ON alcançando quase 8 de ocorrências. Referentes representados 15

29 por um SD com o traço [-hum/-esp] passam a ser retomados pelo ON a partir da primeira metade do século XIX; só a partir da segunda metade do século XIX, o ON atinge referentes com o traço [+hum], revelando um crescimento muito mais lento do que os demais, o que é esperado quando se leva em conta a hierarquia referencial proposta em Cyrino, Duarte e Kato (2000), de que trataremos no Capítulo2. Essa hierarquia referencial Se mostra altamente relevante para processos que envolvem mudanças em direção a pronomes nulos (como este fenômeno aqui relatado) e a pronomes expressos, como é o caso da implementação do sujeito pronominal (DUARTE, 1993; DUARTE, MOURÃO e SANTOS, 2012). O estudo de Costa (2011) que conjuga os pressupostos teóricos da Teoria da Variação e Mudança (WEINREICH, LABOV E LABOV, 1969) e o modelo de competição de gramáticas (KROCH, 1989, apud COSTA, 2011) constitui uma pesquisa diacrônica que investiga o apagamento e o preenchimento do objeto direto anafórico em português ao longo dos séculos XIX e XX. A amostra de dados da investigação é composta por 14 peças de teatro do Brasil e 15 de Portugal, escritas, respectivamente, por autores naturais de Florianópolis e Lisboa. A autora conclui que três fatores favoreceram o apagamento do objeto no PB, sendo dois de natureza linguística - o traço [-animado] e o estatuto oracional do objeto e um de natureza extralinguística - a época de estreia da peça teatral, observando-se o predomínio do ON já a partir da 2º metade do século XX. Para o PE, além dos fatores acima, também foi considerado como relevante para a realização do ON a estrutura da oração, em que estruturas com sujeito nulo favorecem o apagamento do objeto. O gráfico 2, abaixo, retirado de Costa (2011) mostra a evolução do ON com antecedente oracional no PB e no PE ao longo dos séculos XIX e XX. Observamos que tanto no PB quanto PE, o ON com antecedente oracional apresenta uma linha ascendente. A autora observa que o PE já apresentava altas taxas percentuais de ON no século XX com 7, atingindo 85% no século XX. O PB apresenta 39% no século XIX e 75% no fim do século XX, mantendo-se abaixo das taxas encontradas para o PE. 16

30 % 39% Século XIX 85% 75% Século XX PB PE Gráfico 2: ON oracional ao longo do tempo em PB e PE (COSTA, 2011) No gráfico 3 a seguir apresentamos o percurso do objeto com antecedente nãooracional em PB e em PE com base nos resultados da autora: % 12% Século XIX 49% 33% Século XX PB PE Gráfico 3: ON com antecedente não-oracional ao longo do tempo em PB e PE (COSTA, 2011) Observamos uma linha ascedente para o ON com antecedente não-oracional no PB: no século XIX, apresenta percentagem de 12% até atingir 49% no fim do século XX. No PE, entretanto, as taxas de ON variam entre 24% e 33%, um percurso mais regular, o que significa variação estável. O estudo diacrônico de Soledade (2011) investiga o mesmo fenômeno, seguindo o modelo de mudança proposto por Weireinch, Labov, Herzog (2006 [1968]), a Teoria da Variação e Mudança. Sua amostra é constituída de peças de teatro escritas por autores brasileiros entre os séculos XIX e XX, uma amostra quase idêntica a que foi analisada pelo Marques de Sousa (2015) e que será apresentada no capítulo 4. A autora 17

31 considera cinco variantes do objeto direto anafórico: o clítico; o pronome nominativo (referido como pronome lexical); o SD anafórico; o demonstrativo isso e o ON. Assim como nesta dissertação, Soledade (2011, p. 42) entende os SDs anafóricos como: (i) lexemas com núcleo idêntico ao do SD antecedente, com ou sem mudança de determinante; (ii) expressões sinônimas ou quase sinônimas; e (iii) nomes genéricos (coisa, trambolho, fato...). As variáveis independentes levantadas por Soledade são de natureza morfológica, sintática e semântica. Os grupos de fatores levantados na análise para a análise foram (1) Forma verbal (tempo/modo); (2) Transitividade e estrutura projetada pelo verbo; (3) Contexto sintático da oração que contém o objeto direto anafórico; (4) Função sintática do antecedente; (5) Posição do antecedente; (7) Posição da ocorrência em relação ao antecedente; (8) Distância da ocorrência com relação à primeira menção; (9) Presença/ ausência de sujeito na oração que contém o objeto direto anafórico; (10) Traço Semântico do Antecedente; (11) Referencialidade do Antecedente; (12) Forma/Especificidade do Antecedente e (13) Período de Tempo. Os resultados desse estudo para a distribuição das variantes ao longo do tempo podem ser vistos no gráfico 2 abaixo: Gráfico 4: Distribuição das variantes ao longo do tempo na amostra de Soledade (2011) Os resultados diacrônicos dispostos ao longo do tempo, que marca o ano em que a peça foi escrita, mostram que os índices de clítico diminuem ao longo do tempo, 18

32 chegando a quase zero na última sincronia, com apenas uma ocorrência. Os índices de ON ao longo do tempo crescem vertiginosamente, enquanto os de SD anafórico são relativamente estáveis. Os índices de pronome demonstrativo isso são baixos ao longo dos períodos, e grande parte deles retoma antecedentes oracionais. O pronome está ausente em muitas sincronias e o seu surgimento só ocorre na segunda metade do século XX, na peça de em Os resultados, portanto, atestam uma mudança em curso no PB em relação à remarcação do Parâmetro do ON, em que o PB estaria se tornando uma língua [+ON]. Isso mostra que o ON se torna a estratégia preferencial de expressão do objeto direto e o SD anafórico constitui a segunda estratégia mais expressiva de realização do objeto direto; lembramos que a autora inclui entre os objetos nulos os oracionais e não oracionais, embora coloque uma variante com o demonstrativo neutro (isso) para a realização fonética do objeto sentencial. Assim, o preenchimento com o demonstrativo neutro não pode ser comparado com o objeto neutro (oracional) nulo, que está computado junto com os demais objetos nulos. Esse estudo foi igualmente realizado pelo autor desta dissertação como trabalho de conclusão de curso (MARQUES DE SOUSA, 2015), utilizando basicamente a mesma amostra, excetuando uma sincronia 1860 uma vez que foi selecionada a amostra de Duarte (1993), restrita a autores que se dedicaram exclusivamente ao teatro, nascidos no Rio de Janeiro (o autor da peça de 1860 é Joaquim Manuel de Macedo, dedicado particularmente ao romance). Os resultados para uma série de estudos realizados com base nessa amostra revelam que ao longo do século XIX não se observam mudanças (cf. DUARTE, 2012). Os resultados de Marques de Sousa (2015) serão retomados no capítulo 4, para efeito de comparação com a amostra portuguesa, sempre analisando separadamente os objetos oracionais dos não oracionais. 19

33 Capítulo 2 Fundamentação Teórica Este capítulo é dedicado aos fundamentos teóricos que embasam este estudo. Na seção 2.1, apresentamos alguns dos pressupostos teóricos básicos da Gramática Gerativa, particularmente na sua versão de Princípios e Parâmetros (P&P) (CHOMSKY, 1981), que nos oferece a base teórica linguística que sustenta o trabalho; em 2.2, é descrito o modelo de estudo da mudança adotado (WEINREICH, LABOV e HERZOG (W, L & H), 2006 [1968]), que guia a análise empírica e, por isso mesmo, não pode prescindir de um componente gramatical, que, no presente trabalho, deriva da Teoria de P&P; em 2.3, apresentamos justamente como se dá essa associação, referida como Sociolinguística Paramétrica (DUARTE, 2016a), respondendo as questões empíricas propostas pelo modelo para estudar a mudança. Finalmente, em 2.4, faremos um breve resumo das discussões teóricas sobre o ON, que se desenvolveram a partir da postulação de P&P nas três últimas décadas, atendo-nos a aspectos que ajudam a compreender as peculiaridades que envolvem o fenômeno no português brasileiro e europeu A Teoria de Princípios e Parâmetros O modelo teórico de princípios e parâmetros foi apresentado, primeiramente, em Lectures on government and Binding por Chomsky (1981) e, desde então, tem recebido sucessivas contribuições. O advento desse quadro teórico representou uma reconciliação entre teoria e pesquisa empírica, embora a preocupação com o dado real e a frequência de uso não tenham sido ponto de interesse no momento de sua postulação. Só a partir do interesse pela mudança relacionada à aquisição e pelas mudanças de longo tempo na história do francês e do inglês, a teoria foi além da intuição do falante ideal. E, por isso, essa versão no quadro gerativista, constitui um importante avanço em relação aos modelos anteriores, conforme Abraçado e Kenedy (2011), já que foi possível estabelecer generalizações linguísticas a partir de dados empíricos. A aquisição da linguagem, dentro dessa modelo, passa a ocupar lugar central. Segundo a teoria proposta, o ser humano nasce com uma capacidade inata para adquirir qualquer língua. A essa capacidade, damos o nome de faculdade da linguagem. Em 20

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