II-314 ASSOCIAÇÃO DA FLOTAÇÃO COM REATORES BIOLÓGICOS ANAERÓBIO (UASB) E AERÓBIO (LAGOA AERADA) PARA O TRATAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO
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- Madalena Barreto Molinari
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1 22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 14 a 19 de Setembro 2003 Joinville Santa Catarina II314 ASSOCIAÇÃO DA FLOTAÇÃO COM REATORES BIOLÓGICOS ANAERÓBIO (UASB) E AERÓBIO (LAGOA AERADA) PARA O TRATAMENTO DE ESGOTO SANITÁRIO Renata Cristina Moretti(1) Engenheira Civil pela Universidade de São Carlos. Mestre em Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP). Doutoranda em Hidráulica e Saneamento na EESC/USP. Marco Antonio Penalva Reali Professor Doutor do Departamento de Hidráulica e Saneamento da EESC/USP. Consultor na Área de Tratamento de Águas para Abastecimento e Residuárias. Endereço(1): Rua José Duarte de Souza, 540, casa 4 Nova Santa Paula São Carlos SP CEP: Brasil Tel: (16) Fax: (16) recerquilho@ig.com.br RESUMO São apresentados os resultados de estudo realizado com unidade de flotação por ar dissolvido (FAD), em escala de laboratório, alimentada em sistema de batelada com o efluente da lagoa aerada existente na Estação de Tratamento de Esgotos ETE Piracicamirim (Piracicaba SP). Foi realizada uma série extensa de ensaios de clarificação por flotação em que foram testadas diversas dosagens de cloreto férrico aplicado isoladamente e em associação a um polímero sintético catiônico, para determinação das dosagens dos produtos químicos e da quantidade de ar fornecida ao processo que resultassem nas maiores eficiências de remoção de turbidez, cor aparente, sólidos suspensos totais (SST), demanda química de oxigênio (DQO) e, principalmente, fosfato. O processo de flotação, com a aplicação de 40 mg/l de cloreto férrico como coagulante primário e empregando 11 g de ar/m3 de esgoto afluente (A/S = 0,025) proporcionou residuais de 6,9 mg/l de SST, 39 mg/l de DQO, 6 ut de turbidez e 2 uc de cor, além de promover remoção de 99 e 9% de fosfato total (residual de 0,18 mg/l), calculadas com base nas amostras de esgoto afluente bruta e filtrada, respectivamente. A aplicação de 30 mg/l de
2 cloreto férrico associado a 0,21 mg/l de polímero sintético catiônico, empregando apenas g de ar/m3 de esgoto afluente (A/S = 0,01), resultou em residuais de 4,0 mg/l de SST, 32 mg/l de DQO, 4 ut de turbidez e 54 uc de cor, além de remover 95 e 85% de fosfato total (residual de 0,81 mg/l), para as de esgoto afluente amostras bruta e filtrada, respectivamente. PALAVRASCHAVE: Flotação por ar dissolvido; flotação com polieletrólitos; cloreto férrico associado a polímero; tratamento sequencial anaeróbio, aeróbio e flotação; tratamento de esgoto sanitário; remoção de fósforo. INTRODUÇÃO Segundo PENETRA et al. (1999), até os anos oitenta, quase todas as estações de tratamento de águas residuárias eram projetadas com um reator aeróbio sendo a principal unidade para remoção da matéria orgânica. Os processos físicoquímicos só eram escolhidos em condições excepcionalmente favoráveis a sua aplicação, e reatores anaeróbios eram utilizados principalmente na digestão de lodos. Mudanças significativas na concepção dos sistemas de tratamento de águas residuárias foram introduzidas através do uso do reator anaeróbio como unidade principal na remoção de matéria orgânica. Vários fatores influenciaram essa tendência, como: i) a compreensão de que reatores anaeróbios podem ser efetivamente utilizados para remoção da matéria orgânica dissolvida; ii) a crise energética levando à procura de sistemas com baixo consumo de energia e iii) as altas quantidades de lodo produzidas nos processos aeróbios. Entretanto, com essa concepção, eram atingidas eficiências de remoção de Demanda Química de Oxigênio (DQO) na faixa de apenas 05%, no tratamento de esgotos domésticos. Então, a adoção de unidades de póstratamento, como lagoas de estabilização, filtros aeróbios, lodos ativados e reatores sequenciais em batelada era frequentemente necessária para atingir os padrões de emissão. No entanto, de acordo com METCALF & EDDY (1991), as condições que favorecem o aparecimento de microrganismos filamentosos são possíveis e até mesmo previsíveis de ocorrerem em sistemas que associem sequencialmente processos anaeróbios e aeróbios. A superabundância desses microrganismos ("bulking" filamentoso) pode acarretar problemas nos decantadores secundários, pois os flocos filamentosos não sedimentam bem. Verificase assim, que a flotação por ar dissolvido (FAD) surge como uma das tecnologias mais promissoras e capaz de solucionar tais problemas, pois tratase de um processo de separação de fases que, inversamente à sedimentação, promove a ascensão das partículas no interior do reator, através da aderência de microbolhas de gás às partículas previamente floculadas, o que as torna menos densas que a água (flutuáveis), propiciando sua rápida remoção na parte superior da unidade de flotação (REALI, 1991). Segundo CAMPOS et al. (1996), até recentemente prevalecia o conceito de que o tratamento de águas residuárias por processo físicoquímico, de maneira geral, não teria
3 condições de oferecer resultados e custos que pudessem competir com aqueles dos processos biológicos. Porém, mais recentemente, podem ser detectados casos com excelentes resultados, em que se empregaram compostos como cloreto férrico, cal, polieletrólitos e outros, como complemento para o tratamento biológico. Segundo PENETRA et al. (1999), REALI et al. (2001)a, REALI et al. (2001)b and PENETRA et al. (2002), o processo físicoquímico por flotação, utilizado na sequência a sistemas de tratamento biológico de esgotos sanitários, apresenta elevada eficiência para remoção de sólidos suspensos, fósforo (com aplicação de coagulante adequado) e carga orgânica associada ao material coloidal e em suspensão presentes nesse tipo de efluente. No presente trabalho são apresentados e discutidos os resultados de ensaios de flotação realizados em escala de laboratório, utilizando unidade de flotação por ar dissolvido (FAD) em sistema de batelada, alimentado com o efluente da lagoa aerada da Estação de Tratamento de Esgotos ETE Piracicamirim (Piracicaba SP). O sistema de tratamento existente nessa estação incorpora reatores anaeróbios de manta de lodo (reatores UASB "Upflow Anaerobic Sludge Reactors"), seguidos de póstratamento aeróbio em lagoa aerada, sendo que a separação dos sólidos suspensos presentes no efluente desta lagoa é feita por meio de duas unidades de decantação. A proposta principal deste trabalho é o estudo da FAD aplicada à clarificação final do efluente da lagoa aerada, com a utilização do cloreto férrico, empregado isoladamente como coagulante primário, e associado a um polímero sintético catiônico como auxiliar de floculação/flotação. Foram investigadas as dosagens de cloreto férrico e de polímero, bem como a quantidade de ar fornecida ao processo (S*) que apresentassem os melhores resultados, visando principalmente a remoção de sólidos suspensos totais (SST), a redução da carga orgânica do efluente (expressa em termos de DQO), além da redução da concentração de fosfato residual. MATERIAIS E MÉTODOS O trabalho foi realizado com o efluente da lagoa aerada da ETEPiracicamirim (Piracicaba, SP), cujo sistema consiste de tratamento preliminar, com gradeamento mecanizado seguido de caixa de areia aerada e tratamento biológico, composto por três módulos de reatores anaeróbios (UASB) seguidos de uma lagoa aerada. A remoção dos sólidos suspensos é realizada por meio de dois módulos de decantadores secundários de alta taxa. A Fotografia 1 mostra uma vista da ETEPiracicamirim. Como o objetivo do trabalho era investigar a potencialidade da flotação em substituição aos decantadores secundários, a coleta das amostras foi realizada na passarela que separa a lagoa dos decantadores (ver Fotografia 1). Os ensaios de flotação foram realizados com o equipamento de floculação/flotação por ar dissolvido (Flotateste), construído em escala de laboratório e com alimentação por batelada, que pode ser visto na Figura 1. O equipamento Flotateste foi desenvolvido no Departamento de Hidráulica e Saneamento da EESC USP e é composto por quatro colunas cilíndricas (colunas de flotação), independentes entre si e interligadas a uma câmara de saturação. Para promover a floculação, cada coluna possui agitador próprio (tipo eixo vertical, paletas paralelas ao eixo, dois braços e uma paleta por braço), impulsionado
4 por meio de um conjunto motoredutor e ligado a um regulador de tensão para controle da energia fornecida para a floculação (rotação do agitador). Todas as colunas de flotação são interligadas a uma câmara de saturação comum, a qual possui manômetro para controle da pressão de saturação, válvula de segurança, entrada de ar comprimido e entrada de água proveniente da rede de abastecimento público. O fornecimento do ar comprimido é feito por meio de um compressor de ar e o controle da vazão de água saturada é realizado por meio de registros de agulha, localizados na entrada das colunas de flotação. A coleta das amostras do líquido clarificado é feita através de pontos localizados ao longo da altura das colunas de flotação. FOTOGRAFIA 1 Vista da ETE Piracicamirim (Piracicaba SP) FIGURA 1 Esquema geral do Flotateste. Fonte: REALI (1991). A Tabela 1 mostra a grade de ensaios realizada nesse trabalho. Na primeira etapa de ensaios de clarificação por flotação foi investigado o cloreto férrico como coagulante primário, empregado nas dosagens (DCF) de 0, 20, 40, 60 e 80 mg/l., para quantidade de ar (S*) igual a 9 g de ar/m3 de esgoto afluente. Em seguida, para DCF igual a 40 mg/l, foram investigados os seguintes valores de S* fornecidos ao processo de flotação: 5,, 11 e 14 g de ar/m3 de esgoto afluente. Na segunda etapa de ensaios de clarificação por flotação realizados nesse trabalho foi investigada a associação entre o cloreto férrico e pequenas dosagens (0,1 a 0,4 mg/l) de polímero sintético catiônico de alto peso molecular e alta densidade de carga iônica, tipo W341, da marca Adesol, empregado como auxiliar de floculação/flotação. Nesses ensaios, para DCF igual a 20 mg/l foram investigadas as dosagens de polímero sintético catiônico (DP) de 0,13, 0,26 e 0,39 mg/l e para DCF igual a 30 mg/l foi associada DP igual a 0,21 mg/l. Esses ensaios foram realizados com S* igual a g de ar/m3 de esgoto afluente. Em seguida, para DCF igual a 30 mg/l associada a DP igual a 0,21 mg/l, foram investigados os seguintes valores de S* fornecidos ao processo de flotação: 5, e 11 g de ar/m3 de esgoto afluente. Tabela 1 Grade de ensaios de clarificação por flotação realizados no trabalho. Primeira Etapa
5 Ensaios com Cloreto Férrico Segunda Etapa Ensaios com associação de cloreto férrico e polímero sintético Estudo da dosagem, para 9 g de ar/m3 de esgoto afluente Estudo da quantidade de ar (S*), para DCF = 40 mg/l Estudo da dosagem, para g de ar/m3 de esgoto afluente Estudo da quantidade de ar, para DCF = 30 mg/l + DP = 0,21 mg/l Dosagem de cloreto férrico (DCF), em mg/l 0 S*, em g de ar/m3 de esgoto afluente 5 Dosagem de polímero (DP), em mg/l, para DCF = 20 mg/l, 0, ,
6 0, DP em mg/l, para DCF = 30 mg/l 0,21 Os valores a seguir foram mantidos fixos durante todos os ensaios: pressão de saturação (Psat) igual a 450 ± 10 kpa, tempo de mistura rápida (Tmr) de 30 s; gradiente de mistura rápida (Gmr) de 800 s1, tempo de floculação (Tf) de 15 min. e gradiente de floculação (Gf) de 80 s1. A mistura rápida foi feita no equipamento Jartest e a floculação foi feita na própria coluna de flotação. As amostras de efluente flotado foram coletadas três minutos após o término da injeção da recirculação pressurizada, simulando uma velocidade de flotação em torno de 10 cm/min. Para a amostra coletada nessa velocidade de flotação foram feitas determinações de SST, DQO e fosfato e leituras de turbidez e cor aparente. São apresentadas na Tabela 2 as características do efluente da lagoa aerada utilizado nas diversas etapas do trabalho. Tabela 2 Características do efluente da lagoa aerada utilizado para alimentar a coluna do Flotateste durante os ensaios de flotação de cada etapa do trabalho. Primeira Etapa Ensaios com cloreto férrico
7 Estudo da Dosagem Primeira Etapa Ensaios com cloreto férrico Estudo da quantidade de ar e Segunda Etapa Ensaios com cloreto férrico + polímero Estudo da dosagem e da quantidade de ar ph,09,14 Temperatura ( C) 24,8 ± 1 25,3 ± 1 SST, mg/l ,5 Fosfato (amostra bruta), mg/l 1,08 Fosfato (amostra filtr.), mg/l 5,54 Turbidez (ut) Cor Aparente (uc)
8 DQO do esgoto bruto, mg/l* * Valores médios (diários) de DQO do esgoto bruto afluente aos reatores UASB da ETE Piracicamirim (utilizados apenas para se estimar a eficiência global da ETE, com e sem flotação). RESULTADOS A partir dos resultados apresentados na Figura 2a e Tabela 3, correspondentes aos ensaios de flotação onde foram investigadas as melhores dosagens de cloreto férrico (DCF) para 9 g de ar/m3 de esgoto afluente, podese observar que os melhores resultados foram obtidos com DCF = 80 mg/l, que apresentou 9% de remoção global de DQO (residual de 25 mg/l), calculada com base na DQO do esgoto bruto, e residuais de SST, turbidez e cor aparente de 3, mg/l, 4 ut e 6 uc, respectivamente. No entanto, a metade dessa dosagem, ou seja, DCF igual a 40 mg/l já foi suficiente para fornecer resultados bastante satisfatórios, com remoção global de DQO de 92% (residual de 61 mg/l), e residuais de SST, turbidez e cor aparente de 9,1 mg/l, 23 ut e 214 uc, respectivamente. Apesar desses resultados serem inferiores aos apresentados por DCF igual a 80 mg/l, escolheuse a dosagem de cloreto férrico de 40 mg/l para realizar a investigação da quantidade de ar, esperando que um pequeno aumento de S* pudesse melhorar a performance do ensaio, sem que houvesse a necessidade de utilização do dobro da dosagem de cloreto férrico. Analisando os resultados obtidos através dos ensaios para investigação do valor mais adequado de S* (Figura 2b e Tabela 3) podese observar que, utilizando 11 g de ar/m3 de esgoto afluente, a eficiência do ensaio realizado com o emprego de DCF igual a 40 mg/l pode ser bastante melhorada, considerando todos os parâmetros investigados. Os residuais fornecidos por esse ensaio de flotação foram: 39 mg/l de DQO (93% de remoção global), 6,9 mg/l de SST, 6 ut de turbidez e 2 uc de cor aparente, além de proporcionar residual de 0,18 mg/l de fosfato total, correspondente a 99 e 9% de remoção, calculadas com base nas amostras do esgoto afluente bruto e filtrado, respectivamente. Portanto, foi considerado que o ensaio realizado com DCF igual a 40 mg/l e com 11 g de ar/m3 de esgoto afluente, representa as condições mais adequadas quando produto químico utilizado for o cloreto férrico, empregado isoladamente como coagulante primário. Figuras 2a e 2b Residuais de turbidez, DQO e SST, variando a dosagem de cloreto férrico e empregando 9 g ar/m3 de afluente (2a) e variando a quantidade de ar, empregando DCF = 40 mg/l (2b). Figura 2a Figura 2b
9 Tabela 3 Resultados da primeira etapa do trabalho ensaios realizados com emprego de cloreto férrico (referentes a amostras não filtradas). Ensaios da 1ª Etapa DCF, em mg/l Residuais de SST, DQO e Fosfato em mg/l, turbidez em ut e cor em uc SST DQO Turbidez Cor Apar. Fosfato Total Cloreto férrico S* = 9 g de ar/m3 de afluente 0 45, ,
10 40 9, , , Ensaios da 1ª Etapa S*, em g de ar/m3 de afl. Residuais de SST, DQO e Fosfato em mg/l, turbidez em ut e cor em uc SST DQO
11 Turbidez Cor Apar. Fosfato Total Cloreto férrico DCF = 40 mg/l 5 96, , , ,18
12 14 1, Nos ensaios da segunda etapa do trabalho, correspondentes ao estudo das dosagens mais adequadas de cloreto férrico associado ao polímero sintético catiônico (Figura 3a e Tabela 4), observase que os melhores resultados foram obtidos no ensaio onde foi empregada DCF igual a 30 mg/l associada a DP igual a 0,21 mg/l, com S* de apenas g/m3 de esgoto afluente, o qual apresentou 92% de remoção global de DQO (residual de 48 mg/l), calculada com base na DQO do esgoto bruto, e residuais de SST, turbidez e cor aparente de 8,0 mg/l, ut e 85 uc. Analisando mais uma vez a Figura 3a e a Tabela 4, vêse que o ensaio realizado com DCF igual a 20 mg/l e DP igual a 0,13 mg/l, com S* de g de ar/m3 de esgoto afluente, já foi suficiente para fornecer 90% de remoção global de DQO (residual de 5 mg/l), além de residuais de SST, turbidez e cor de 9,4 mg/l, 1 ut e 161 uc, respectivamente, resultados também bastante satisfatórios. Porém, considerando que os resultados apresentados por DCF igual a 30 mg/l associada à DP de 0,21 mg/l foram bastante superiores, escolheuse esse par de valores de dosagem para dar prosseguimento ao trabalho, na investigação do fornecimento mais adequado de quantidade de ar ao processo de flotação. Figuras 2c e 2d Residuais dos parâmetros investigados, variando as dosagens de cloreto férrico associado ao polímero e empregando g ar/m3 de afluente (2c) e variando a quantidade de ar empregando DCF = 30 mg/l associada a DP = 0,21 mg/l (2d). Figura 2c Figura 2d Os resultados apresentados na Figura 3b e Tabela 4 mostram que g de ar/m3 de esgoto afluente são realmente suficientes para promover uma boa flotação quando se utiliza o cloreto férrico associado ao polímero catiônico, nas dosagens de 30 mg/l e 0,21 mg/l, respectivamente, não havendo necessidade do emprego de uma maior quantidade de ar. Quando repetido, esse ensaio forneceu resultados ainda melhores que os apresentados na investigação das dosagens mais adequadas, apresentando os seguintes resultados: 94% de
13 remoção global de DQO (residual de 32 mg/l), calculada com base na DQO do esgoto bruto, e residuais de SST, turbidez e cor aparente de 4,0 mg/l, 4 ut e 54 uc, respectivamente, além de um residual de 0,81 mg/l de fosfato total, correspondente a 95 e 85% de remoção, calculadas com base nas amostras do esgoto afluente bruto e filtrado, respectivamente. A partir dos resultados dessa etapa do trabalho, considerase que as condições mais adequadas ao processo de flotação, quando se utiliza a associação entre o cloreto férrico e o polímero sintético catiônico de alto peso molecular e alta densidade de carga, são: DCF igual a 30 mg/l, DP igual a 0,21 mg/l e S* igual a g de ar/m3 de esgoto afluente. Tabela 4 Resultados da segunda etapa do trabalho ensaios realizados com emprego da associação entre o cloreto férrico e o polímero sintético catiônico W341 (referentes a amostras não filtradas). Ensaios da Segunda Etapa Residuais de SST, DQO e Fosfato em mg/l, turbidez em ut e cor em uc DCF, em mg/l DP, em mg/l S*, em g de ar/m3 de afl. SST DQO Turbidez Cor Apar. Fosfato Total 20 mg/l 0,13 9,4 5 1
14 161 0,26 9, ,39 34, mg/l 0,21 8,
15 30 mg/l 0, , ,21 4, ,81 0, ,
16 CONCLUSÕES Considerando as limitações concernentes a ensaios de flotação realizados em unidades de flotação em escala de laboratório com alimentação por batelada, os resultados obtidos nesse estudo permitem concluir que: O ensaio de flotateste, alimentado com esse tipo de efluente contendo SST igual a 245 mg/l, realizado sem aplicação de produtos químicos e com 9 g ar/m3 de esgoto afluente, forneceu residuais de 45,1mg/L de SST, 50 utde turbidez e 444 uc de cor aparente, além de remover 8% de DQO (residual de 96 mg/l), calculada com base na DQO do esgoto bruto. O ensaio de flotateste, realizado com a aplicação de dosagem de cloreto férrico igual a 40 mg/l e S* na faixa de 9 a 11 g ar/m3 de esgoto afluente, foram obtidos residuais de SST entre 6,9 e 9,1 mg/l, de DQO entre 39 e 61 mg/l, de turbidez entre 6 e 23 ut e de cor aparente entre 2 e 214 uc, além de residual de 0,18 mg/l de fosfato total, quando foi empregado S* igual a 11 g ar/m3 de esgoto afluente. O ensaio de flotateste, realizado com a associação do cloreto férrico na dosagem de 30 mg/l e do polímero sintético catiônico, tipo W341 da marca Adesol, de alto peso molecular e alta densidade de carga, na dosagem de 0,21 mg/l, e com S* igual a g de ar/m3 de esgoto afluente, foi capaz de fornecer os seguintes residuais: 4 a 8 mg/l de SST, 32 a 48 mg/l de DQO, 4 a ut de turbidez e 54 a 85 uc de cor aparente, além de 0,81 mg/l de fosfato total. Devido às limitações inerentes aos ensaios de flotação em regime de alimentação por batelada, principalmente em relação aos parâmetros relacionados à cinética do processo de flotação, verificouse a necessidade de realização de ensaios utilizando unidade de flotação em escala piloto. No momento encontrase em fase de montagem uma instalação piloto de flotação de grande porte (36 m3/h), junto à ETEJardim da Flores, na cidade de Rio Claro, onde foi implantado sistema de tratamento sequencial constituído de reatores UASB seguidos por lodo ativado. Esse projeto está sendo realizado através de uma parceria entre o Departamento de Hidráulica e Saneamento da EESC USP e a Prefeitura Municipal de Rio Claro/DAAE de Rio Claro e deverá servir para dar continuidade ao presente estudo. AGRADECIMENTOS À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pela bolsa de doutorado e pelo suporte financeiro para as obras de infraestrutura do Laboratório de Tratamento Avançado e Reuso de Águas (LATAR), onde foi realizado o trabalho. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela bolsa de mestrado.
17 Ao MCT, FINEP e CNPq, os quais, através do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência PRONEX, forneceram os recursos necessários para a realização da pesquisa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. CAMPOS, J. R.; REALI, M. A. P.; DOMBROSKI, S. A. G.; MARCHETTO, M. & LIMA, M. R. A. (1996). Tratamento FísicoQuímico por Flotação de Efluentes de Reatores Anaeróbios. XXV Congreso Interamericano de Ingenieria Sanitária y Ambiental AIDIS 96, Novembro de 1996, México. 2. METCALF & EDDY (1991). Wastewater Engineering: Treatment, Disposal and Reuse. McGrawHill, 3rd edition, 1334p. 3. PENETRA, R. G.; REALI, M. A. P.; FORESTI, E. & CAMPOS, J. R. (1999). Post Treatment of Effluents from Anaerobic Reactor Treating Domestic Sewage by Dissolved Air Flotation. Wat. Sci. & Tech., 40 (8), PENETRA, R.G.; REALI, M.A.P. & CAMPOS, J.R. (2002). Influence of flocculation conditions in the performance of an experimental domestic sewage treatment plant consisting of an anaerobic expanded bed reactor followed by dissolved air flotation. In: VII Latinamerican WorkshopSeminar on Anaerobic Digestion. Mérida, Yucatán, México. 5. REALI, M. A. P. (1991). Concepção e Avaliação de um Sistema Compacto para Tratamento de Águas de Abastecimento Utilizando o Processo de Flotação por Ar Dissolvido e Filtração com Taxa Declinante. Tese (Doutorado) Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. 6. REALI, M. A. P.; CAMPOS, J. R. & PENETRA, R. G. (2001)a. Sewage Treatment by Anaerobic Biological Process Associated with Dissolved Air Flotation. Wat. Sci. & Tech., 43 (8), REALI, M.A.P., PENETRA, R.G., CARVALHO, M.E. de (2001)b. Flotation Technique with Coagulant and Polymer Application applied to the posttreatment of effluents from anaerobic reactor treating sewage. Water Science & Technology, 44 (4),
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