Discurso na Cerimónia de Homenagem ao Professor Luís Valente de Oliveira. Sebastião Feyo de Azevedo, em 1 de setembro de 2017

Transcrição

1 Discurso na Cerimónia de Homenagem ao Professor Luís Valente de Oliveira Sebastião Feyo de Azevedo, em 1 de setembro de 2017 Meu caro, muito estimado Colega e Amigo Professor Luís Valente de Oliveira Senhor Presidente da Câmara Municipal do Porto, Dr. Rui Moreira Ilustres representantes de órgãos de soberania Estimada e Estimado Presidentes das Instituições parceiras na organização desta homenagem Ilustres membros da Comissão de Honra Caros antigos reitores da Universidade do Porto Ilustres convidadas e convidados desta cerimónia Recebi dos presidentes das instituições que com a Universidade do Porto decidiram promover esta homenagem ao Professor Valente de Oliveira, a Dra. Ana Pinho Macedo Silva, Presidente da Fundação de Serralves, e o Dr. Paulo Nunes de Almeida, Presidente da Associação Empresarial de Portugal, a imensamente honrosa incumbência de dirigir a esta distintíssima audiência, em nome dos três parceiros, algumas palavras breves que são de saudação, mas principalmente de exaltação de uma obra de vida, em curso, que justifica este tributo. Agradeço muito à Dra. Ana Pinho e ao Dr. Nunes de Almeida este privilégio que me concedem. Começo naturalmente por saudar o nosso homenageado, o Senhor Professor Luís Valente de Oliveira, por quem nutro não só uma profunda admiração académica e cívica, como também uma grande estima pessoal. A grandeza da vida do Professor Valente de Oliveira é bem evidente da dimensão da adesão de tantas personalidades da maior relevância de todo o País, de tantos quadrantes da nossa sociedade, a esta iniciativa, adesão que é simplesmente o resultado da admiração que a vida e obra do Professor Valente de Oliveira suscita em todos nós. Preparar estas letras de tributo ao Professor Valente de Oliveira foi uma tarefa gratificante que, acrescento, se revelou muito simples. Muito gratificante, na medida da admiração, já enfatizada, que a sua dimensão intelectual, cultural e cívica nos suscita. Simples, porque, por complexa que pareça e que é, a obra desta personalidade tão afável e cativante de trato, sendo 1

2 tão multifacetada e vasta, tocando-nos de tantas formas, tendo um alcance que não passa despercebido de forma alguma, oferece-nos um imenso manancial de temas para a escrita. Para a Universidade do Porto, homenagear o Professor Valente de Oliveira significa não apenas reconhecer a sua notável dedicação à causa pública, mas também enaltecer o seu brilhantismo enquanto engenheiro, investigador e professor desta instituição. O nosso homenageado transferiu muita da sua competência, erudição, idoneidade e notoriedade pública para a Universidade do Porto. Como tal, devemos estar-lhe gratos. Para fortuna da instituição, a carreira académica do Professor Valente de Oliveira foi construída em grande medida na Universidade do Porto. O nosso homenageado é licenciado e doutorado em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, instituição onde também lecionou durante mais de 30 anos. É aliás um dos grandes especialistas portugueses em Planeamento do Território, Planeamento dos Transportes e Planeamento do Desenvolvimento Regional, disciplinas de que foi responsável enquanto professor catedrático da FEUP. Todos os que à época foram colegas do Professor Valente de Oliveira, doutra especialidade que fossem, sabiam bem do seu prestígio como pedagogo, na forma como contagiava os estudantes com o rigor, a determinação metódica e a integridade deontológica que são seu apanágio. Não esqueço, aliás, as circunstâncias em que conheci o o meu colega Luís Valente de Oliveira e que me permito aqui recordar. Foi algures em janeiro de 1974, isto é há quase 44 anos, antes do 25 de abril. Era eu um assistente eventual recém-contratado que, como era normal à época, porque quase não havia professores doutorados, assegurava várias regências, pagas extraordinariamente, o que, na míngua dos salários desse tempo, representava uma percentagem grande da remuneração. Fizemos uma reunião/plenário de assistentes com o objeto primeiro de reivindicar vários meses de atrasos de pagamentos, que quase duplicavam os salários, mas certamente que também animada pelo espírito de contestação desse tempo. No meio de uma imensa discussão, ouve-se uma voz tonitruante e pausada, vinda de uma figura serena, a colocar ordem na discussão, propondo uma saída para o problema, que foi aceite. Eu era ainda muito jovem e aquela intervenção causou-me forte impressão. Fiquei impressionado com a forma inteligente, persuasiva e firme como defendeu as soluções que propôs. Perguntei a um colega que se sentava a meu lado quem era a personalidade... Disseme que era o Valente de Oliveira da Civil. Percebi logo ali que estávamos perante alguém excecional alguém com a dimensão intelectual e o carisma de um líder. E, de facto, não me 2

3 enganei nessa precoce avaliação. O percurso do Professor Valente de Oliveira, quer na Academia, quer na vida pública, confirmaria que se trata de um primus inter pares. Paralelamente à carreira académica, o nosso homenageado distinguiu-se, logo no início dos anos 70, pela sua atividade ao nível do planeamento regional. Foi diretor do Gabinete Técnico da Comissão de Planeamento da Região Norte, ficando a partir de 1975 responsável pela gestão deste organismo. Mais tarde, em 1979, assume a presidência da Comissão de Coordenação da Região Norte, cargo que ocupa até Nestas funções, o Professor Valente de Oliveira foi decisivo na afirmação da CCDR-N como um organismo com competências efetivas no desenvolvimento integrado e sustentável do Norte de Portugal. A Comissão passou então a contribuir mais proficuamente para a competitividade económica, coesão social e sustentabilidade ambiental da região. Fez uma notável Escola, todos o reconhecem hoje. Depois de uma passagem pela tutela do Ministério da Educação e Investigação Científica, o Professor Valente de Oliveira teve novamente a oportunidade de pôr em prática as suas ideias sobre o ordenamento do território. Foi ministro do Planeamento e Administração do Território, entre 1985 e 1995, e ministro das Obras Públicas, Transportes e Habitação, entre 2002 e Podemos dizer que, na sua experiência governativa, o Luís Valente de Oliveira definiu muito do que é, ainda hoje, a estratégia de desenvolvimento territorial e descentralização administrativa do país. O mesmo compromisso com a causa pública levou-o, igualmente, a assumir cargos importantes em instituições de grande relevância cultural, social e/ou profissional, como a Fundação de Serralves, a Casa da Música, a Fundação Ilídio Pinho ou a Fundação AEP. Nestes cargos pôs em evidência quer a sua competência técnica, quer a sua excecional erudição. É reconhecidamente um melómano, um bibliófilo e um apaixonado pela arte, atributos de que se fez valer, para nossa ventura, enquanto presidente da Comissão Organizadora das Comemorações do Centenário da Universidade do Porto. Muitas outras facetas e atividades do Professor Valente de Oliveira podiam aqui ter sido invocadas, tal é a riqueza da sua história de vida. Creio, contudo, que os factos que acabámos de recordar projetam a estatura deste homem singular e demonstram quão justa, quão acertada é esta homenagem. Creio que a realização deste tributo ao Professor Valente de Oliveira era um imperativo para a cidade e para o País, para um País que está hoje tão bem representado. E não há seguramente melhor forma de enfatizar a dimensão nacional desta homenagem, do que dar-lhes a conhecer a adesão do Senhor Primeiro Ministro, Dr. António Costa, e de S.Exa 3

4 o Presidente da República Marcelo rebelo de Sousa, bem expressa nas mensagens recebidas destas personalidades, que tenho a imensa honra do vos ler e com o que concluo esta intervenção. ******************** Mensagem do Senhor Primeiro Ministro, Dr. António Costa, enviada à Dra. Ana Pinho, ao Dr. Paulo Nunes de Almeida e a mim mesmo, em 29 de agosto de 2017 Contra a minha expectativa inicial, não posso estar presente na homenagem ao Professor Doutor Valente de Oliveira. Lamento, porque teria especial gosto em expressar a minha profunda admiração pessoal pelo homenageado e a gratidão pelo seu legado ao país. Devemos ao Professor Valente de Oliveira o desenho e implementação do modelo de ordenamento do território, a consolidação do poder local democrático e o início do processo de modernização financiado pelos fundos comunitários. Desde que cessou o exercício de funções governativas nunca deixou de ser um exemplo de cidadão ativo e empenhado, em particular na sua cidade do Porto. Não o podendo fazer pessoalmente, aqui lhe quero deixar um abraço de muita estima e admiração. Com os melhores cumprimentos António Costa Mensagem de S. Exa o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, de Homenagem ao Professor Luís Valente de Oliveira, enviada aos organizadores e publicada no Portal da Presidência em 29 de agosto de 2017 Saúdo, muito calorosamente, o Professor Luís Valente de Oliveira por ocasião do seu 80º aniversário. Figura emblemática do Norte do País, académico de excelência, Professor Catedrático da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, o nome do Professor Valente de Oliveira cedo se projetou em Portugal inteiro, com notável mérito científico e bem para além. Como democrata de firmes convicções, como homem público inconformado com o destino da sua terra, como intelectual de ação que ambicionava - e ambiciona - um futuro melhor para a sua região e para o seu país. Luís Valente de Oliveira exerceu, ao longo da sua preenchida trajetória de vida, as mais relevantes funções públicas. Em todos os cargos que ocupou, designadamente como 4

5 governante, aliou sempre um profundo sentido ético e patriótico a uma vasta cultura humanista e a um saber técnico que fazem dele um dos maiores especialistas nacionais em domínios como a educação e a universidade, o ordenamento e o planeamento territoriais. Personalidade que se distingue pela afabilidade de trato, pelo aprumo do seu carácter e pela autoexigência que coloca em todos os planos da sua vida, o Professor Valente de Oliveira é um português de exceção. É com muita alegria que, no momento em que festejamos o seu 80º aniversário, na certeza de que muito dará ainda a Portugal e aos Portugueses, decidi agraciá-lo com a Grã Cruz da Ordem Militar de Sant iago da Espada, pelos seus notáveis méritos, de extraordinária relevância para Portugal, que o torna merecedor desta distinção. Marcelo Rebelo de Sousa ******************** Muito obrigado Professor Luís Valente de Oliveira, muito obrigado Luís, por ser a causa e motivo desta iniciativa, muito obrigado a todos os que a ela aderiram. Disse. 1 de setembro de 2017 Clube Universitário do Porto Sebastião Feyo de Azevedo 5