Organizadores: Daiane Cristina Faust, Isabel Cristina Dalmoro, Márcia Luísa Tomazzoni e Mateus Rocha da Silva.
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- Ana Luísa Van Der Vinne Bentes
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1 DECISÃO E RESPONSABILIDADE (II) Isabel Cristina Dalmoro Organizadores: Daiane Cristina Faust, Isabel Cristina Dalmoro, Márcia Luísa Tomazzoni e Mateus Rocha da Silva. 1. Duração: 01hora e 30 minutos. 2. Recurso didático: apresentação em Power Point. 3. Justificativa: a liberdade é um tema de interesse dos adolescentes. Em nossa sociedade os valores sócio-políticos e jurídicos pressupõem a liberdade na hora de responsabilizar as pessoas por seus atos. Contudo, dado que a ciência contemporânea em geral pressupõe o determinismo, é relevante investigar se a atribuição de liberdade aos seres humanos é legítima, de que maneira ela deve ser entendida e se deve ser aplicada a todos os casos. 4. Objetivos: discutir os problemas acerca das teorias do Libertarismo, Determinismo e Compatibilismo, aprimorando a capacidade de argumentação dos alunos no que diz respeito à temática liberdade e responsabilidade. 5. Desenvolvimento 5.1 Apresentação do tema Decisão e Responsabilidade, introduzindo o problema do livre-arbítrio: Por que você está aqui nesta sala? a) Porque quis. b) Porque alguém disse para fazer isso. Não importa qual tenha sido a sua resposta. Nos dois casos, não se pode negar que o querer (desejo, vontade) está presente. Mas, pode-se dizer que você agiu assim por livre arbítrio? 5.2 Debate com os alunos sobre as respostas às questões do quadro acima, procurando identificar afirmações consonantes com as teorias do Libertarismo e do Determinismo. Alguns alunos afirmarão que somos livres, que sempre agimos por livre escolha (A). Outros, dirão que não estão presentes em sala de aula porque escolheram, isto é, alguém ou algo determinou que fosse assim; da mesma forma, outras ações ocorrem independentemente de nosso desejo/vontade (B). 5.3 Apresentação do Libertarismo, mostrando como é possível sustentar a afirmação da resposta (A): Nem todo evento tem uma causa que o determine. Sabemos que às vezes nossas ações são livres.
2 Ações humanas livres não podem ter uma causa que as determine. Então, será correto afirmar que a ação humana não precisa ter uma causa que a determine. Assim, você estará autorizado a dizer que agiu livremente. 5.4 Apresentação do Determinismo, mostrando como é possível sustentar a afirmação da resposta (B): Para todo evento há uma causa que o determina. Ações humanas são eventos. Então, será possível afirmar que as ações humanas são causalmente determinadas. Considerando também que: Ações humanas só são livres se não tem uma causa que as determine. Concluiremos que as ações humanas não são livres. Portanto, você não agiu livremente ao entrar nesta sala. 5.5 Apresentação das teorias do Libertarismo e do Determinismo, buscando mostrar que, apesar de ambas parecerem bem justificadas, são incompatíveis. A teoria do Libertarismo diz que há ações livres. Tal afirmação parece bem justificada. Mas a teoria do Determinismo diz o oposto, ou seja, que não há ação livre. Só que essa afirmação também parece bem justificada! 5.6 Divisão dos alunos em dois grupos para a defesa das posições sustentadas pelo Libertarismo e pelo Determinismo. Sugestão: cada grupo pode escolher um relator e um orador para representá-lo no debate. 5.7 Debate entre os grupos conduzido pelo professor. Neste ponto, conforme o tempo disponível para debate, pode-se oferecer aos grupos direito à réplica para cada afirmação do grupo opositor. 5.8 Após o debate conduzir um fechamento, procurando evidenciar que ambas as posições sustentadas enfrentam problemas: Libertarismo: Teoria da agência: quem age é o Eu real ;
3 Dualismo (mente-corpo); Causa inicial (não-causada); Consequências: se nada determina as ações, incluindo nossas experiências, preferências e conhecimento (entre outros fatores), como podemos atribuí-las aos agentes? O Libertarismo torna o processo de decisão obscuro, uma vez que a introdução do dualismo e de uma teoria da agência onde o Eu real - que é posto como explicação para a ação livre de uma rede causal - apenas recoloca o problema sobre a questão da responsabilidade. Como explicar o efeito da agência de um eu desligado causalmente da realidade física sobre um sistema físico, o corpo humano? O Libertarismo esbarra no forte contra-argumento que afirma que um sistema físico é um sistema fechado. Isto é, um fenômeno físico só pode ser causado por outro também físico. Determinismo: A liberdade é ilusão; Não há autonomia; Não há arrependimento; Não há responsabilidade. Consequências: se todas as ações são causalmente determinadas (incluindo nossas experiências, preferências e conhecimento, entre outros fatores), já não temos o problema de atribuição destas aos agentes, mas como podemos responsabilizá-los? O Determinismo recoloca o problema sobre a questão da responsabilidade, pois, uma vez que estamos determinados a agir de um determinado modo, por que nos culparmos ou sentirmos remorso por coisas que fazemos, e, ainda, como podemos culpar ou punir alguém por ter feito algo ruim, se este já estava determinado a agir desta forma? Como explicar a sensação que temos de livre escolha ao escolhermos, por exemplo, o que vamos comer, ou que caminho vamos tomar; como falar de autonomia liberdade de pensamento e de ação -, se o mundo é tal que todos estão a agir de modo causalmente determinado. 5.9 Apresentação da tese do Compatibilismo como possível solução para o dilema entre Determinismo e Libertarismo: Todo evento tem uma causa que o determina. Ações humanas são eventos.
4 Então admitiremos que: Ações humanas são causalmente determinadas. Considerando ainda que: Sabemos que às vezes nossas ações são livres. Concluiremos que: As ações livres são causalmente determinadas. Explicação: o Compatibilismo afirma que o Determinismo não exclui a possibilidade de sermos livres, na verdade, apresenta uma nova concepção de liberdade na ação. Esta concepção está intimamente relacionada à distinção entre atos cujas causas imediatas são estados psicológicos do agente e atos cujas causas imediatas são estados de coisas externas ao agente. O primeiro caso caracteriza a ação livre e deve observar as seguintes condições do agente ao realizá-la: Não ser restringido fisicamente; Não ser coagido na sua vontade; Não ser limitado na sua racionalidade. Conclusão: Embora sejamos determinados pelas nossas experiências, preferências e conhecimentos (entre outros fatores), é possível uma concepção de liberdade nos termos estabelecidos pelo Compatibilismo e, consequentemente, a imputação da responsabilidade moral aos agentes. 6. Anexo: 6.1 Trecho extraído do texto Compatibilismo, de W. T. Stace Como vemos a responsabilidade moral não é apenas consistente com o determinismo; exige-o. (...) Se as ações e as volições humanas fossem incausadas, seria inútil punir ou recompensar, ou fazer qualquer outra coisa para corrigir o comportamento errado das pessoas, uma vez que nada as influenciaria. A responsabilidade moral pura e simplesmente desapareceria. Se realmente os seres humanos não fossem determinados, as suas ações seriam completamente imprevisíveis e caprichosas, e, por isso, seriam irresponsáveis. Isto é, em si mesmo, um argumento forte contra a perspectiva comum dos filósofos de que o livre-arbítrio significa ser indeterminado por causas. Fonte:
5 6.2 Defesa das posições sustentadas pelos alunos do grupo do Determinismo e do grupo do Libertarismo (atividade: 5.7) Grupo I Determinismo Relatora: Júlia / Orador: Max Quais são as possíveis causas da determinação? Somos determinados pelas nossas necessidades fisiológicas, como fome, sede, sono, etc. O conhecimento e as experiências adquiridas ao longo de nossas vidas são transmitidos através do meio, dos nossos pais, professores e demais pessoas de nossa convivência, portanto são determinados por eles. Fatores externos naturais como o clima, por exemplo, determinam a roupa que vamos vestir em dada situação. Todas as nossas ações, assim como todos os eventos no mundo são resultado de determinações. Mesmo quando pensamos estar fazendo uma escolha livre, essa liberdade é mera aparência. Se estiver doente, por exemplo, aparentemente poderei escolher livremente se tomo ou não um remédio, mas na verdade minha escolha será determinada pela minha doença, ou seja, mesmo não querendo tomar um remédio, posso acabar tomando-o para aliviar as dores causadas pela doença. Pergunta para o grupo opositor: - Se somos completamente livres, como se explica a existência de leis que determinam o comportamento das pessoas em sociedade? Grupo II Libertarismo Relatora: Andressa / Oradora: Andressa Quais são as possíveis causas da liberdade? Quando quero usar uma roupa, mas tal lugar não permite que se use esse tipo de vestimenta, ainda sim posso vesti-la, pois é a minha vontade que determina a minha ação. Se não quero trabalhar, nem mesmo a pobreza ou a fome vão me obrigar a isso. Pergunta para o grupo opositor: - Se formos completamente determinados, então não há diferença entre homens e máquinas, quer dizer que não agimos de acordo com a nossa vontade e sim fazemos apenas aquilo para o qual somos programados. É isso que ocorre de fato? Como vocês se sentem diante de tal constatação?
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