Especialização de Engenharia de Produção Análise da Cobertura Móvel nos estádios da Copa do Mundo

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1 ISSN Especialização de Engenharia de Produção Análise da Cobertura Móvel nos estádios da Copa do Mundo Leandro Nogueira Guimarães (LATEC / UFF) Resumo: A telefonia celular tem o grande desafio de preparar a rede móvel para receber toda a demanda de voz e dados nos estádios que cediarão os jogos da Copa do Mundo de Eventos como a Copa das Confederações e o Carnaval do Rio de Janeiro, podem servir para medição de tráfego a fim de que seja feito o planejamento do tráfego móvel, porém a Copa do Mundo é um evento mundial onde as cidades sedes receberão pessoas de todo o mundo que irão se deslocar em nosso país e teremos que prover transmissão para todos os continentes. Dentro desse contexto iremos abordar o custo e o planejamento do projeto de cobertura indoor 2G, 3G e 4G nos estádios que sediarão os jogos da Copa. Cobertura Móvel. Palavras-chaves: Copa do Mundo, Planejamento, Gestão de Projetos,

2 1-Introdução O objetivo do artigo é apresentar a infraestrutura de telecomunicações para a Copa do Mundo realizada no Brasil, abordando a implantação da rede de telefonia móvel indoor para os estádios que irão realizar os jogos. Para este projeto o fornecedor terá o papel da empresa responsável pela execução do projeto da cobertura indoor nos 12 estádios da Copa do Mundo. Serão detalhadas as etapas do projeto, tais como: planejamento, custo, qualidade, cronograma e etc. 1.1-Cobertura Indoor Segundo Eduardo Levy, diretor executivo do SindiTeleBrasil e representante das teles (2014), a cobertura indoor permite oferecer aos torcedores serviços de última geração para ligações de celular, envio de mensagens multimídia e navegação na internet em alta velocidade, atendendo aos serviços de voz e dados nas tecnologias 2G, 3G e 4G reforçando a capacidade de transmissão de dados para o uso gratuito da internet pelos torcedores, as operadoras propuseram às administrações dos estádios a instalação da rede Wi-Fi nas cidades sedes. Para a instalação dessa cobertura as prestadoras: Oi, Claro, Nextel, Tim e Vivo fizeram uma parceria para implantação de um projeto único com investimentos e infraestrutura compartilhada. 2-Planejamento para cobertura indoor 2G, 3G e 4G nos estádios da Copa do Mundo Em seu caderno de encargos referente à telefonia móvel, a FIFA, apenas cita sobre a necessidade de cobertura 2G, 3G e 4G nos estádios, aeroportos e rotas Vips. Este documento assegura que exista um requisito para que cada estádio possua uma estrutura de cabeamento interno que possa ser dimensionada para o evento. Isso inclui cabeamento de um andar para o próximo e para todos os recintos necessários de um mesmo andar. Em todos os estádios são necessários verificar o cabeamento para garantir que o estado atual do mesmo esteja de acordo com os requisitos da indústria relativos a cabeamento e que o sistema seja capaz de suportar a quantidade de hardware e banda larga a ser utilizado no estádio. 2

3 2.1-Infraestrutura De acordo com Cesar Taurion (2014), para atender a este megaevento os investimentos em infraestrutura de comunicação serão elevados. A demanda em cima da infraestrutura de voz, dados e imagem são muito grandes. Nos jogos olímpicos de Pequim, houve um pico de chamadas simultâneas na abertura do evento. Para efeito de comparação em São Paulo, onde teremos a abertura da Copa ocorrem hoje entre a chamadas simultâneas, tendo que preparar a rede para esta demanda imensa no período de jogos, voltando à normalidade logo após. Como teremos uma Copa baseada em tecnologias móveis devemos ter transparência aos usuários em relação ao custo do roaming. Para atender aos requisitos de uma Copa altamente tecnológica, deve-se realizar a integração de novas tecnologias com infraestrutura no estádio em um cenário de grande abrangência geográfica. De acordo com Leandro Souza (2013) ao todo serão disponibilizados mais de 1,2 mil Km de fibra óptica nas regiões metropolitanas das doze cidades sedes. A FIFA recomenda expandir um programa de tecnologia de forma a determinar a interoperabilidade, convergência e designações de rede para determinar as responsabilidades relativas ao escopo de trabalho e a implantação do sistema que possuem alguns elementos fundamentais que precisam ser revistos e avaliados. Estes são: a infraestrutura básica com salas de comunicação, sistemas de contenção exclusivos, sistemas de suporte exclusivos de aterramento, aquecimento, ventilação, ar condicionado, energia, iluminação, a infraestrutura de cabos tendo a linha principal de fibra óptica, bem como cabeamento horizontal e vertical, componentes eletrônicos do sistema, sistemas telefônicos, chaves de dados, servidores e computadores. Figura 1: Rede interna de telefonia celular e banda larga instalada no estádio de Brasília. 3

4 Fonte: SindiTeleBrasil 2.2-Cidades sedes e estádios Conforme o órgão regulador, abaixo seguem as cidades e seus respectivos estádios que terão o atendimento da telefonia móvel através da cobertura 2G, 3G e 4G: Belo Horizonte, Mineirão; Brasília, Mané Garrincha; Cuiabá, Arena Pantanal; Curitiba, Arena da Baixada; Fortaleza, Castelão; Manaus, Arena Amazônia; Natal, Arena das Dunas; Porto Alegre, Beira-Rio; Recife, Arena Pernambuco; Rio de Janeiro, Maracanã; Salvador, Fonte Nova; São Paulo, Itaquerão; 2.3-Planejamento das operadoras As operadoras Oi, Claro, Nextel, Tim e Vivo tem o interesse em comum de que seus clientes sejam bem atendidos, além de absorver a nova demanda gerada pelos visitantes 4

5 internacionais que podem alocar seus telefones nas redes das operadoras brasileiras, que seria o roaming internacional. Segundo Felipe Grasel (2014), mais de 30 países já contam com o funcionamento da 4ª geração de telefonia móvel e aos poucos outros países estarão aderindo à mesma. No Brasil, alguns problemas estão sendo enfrentados quanto às antenas de distribuição e a frequência recomendada e usada por modelos de aparelhos americanos que é a de 700 MHz, pois antenas com essa frequência se tornam mais baratas e tem um ótimo alcance, no entanto, essa frequência já está sendo usada por canais de Televisão aberta em nosso país, tornando impossível a ocupação de dois serviços totalmente diferentes. Até 2018 as redes 4G que estiverem instaladas no país estarão operando em 700 MHz, porém a frequência das antenas 4G que estão operando em nosso país está na faixa de 2,5 GHz, o que torna o alcance das antenas muito menor do que poderiam ser em 700 MHz, obrigando a fabricação e implantação de um número bem maior de antenas e consequentemente, gerando um gasto bem maior. As operadoras optaram por realizar o planejamento em conjunto abrangendo todos os aspectos do projeto como custo a ser dividido, além da escolha do cronograma e dos fornecedores. 3-Projeto da cobertura móvel nos estádios Este projeto tem o intuito de apresentar os requisitos para implantação da cobertura móvel. Conforme Ana Paula Lobo (2013), nos estádios terá a instalação de várias antenas por toda a área que se pretende ter a cobertura 2G, 3G e 4G, utilizando a rádio frequência que permita às operadoras móveis compartilharem esse sistema, que terá um único meio de transmissão e recepção desses sinais. A premissa adotada é de se aproveitar toda a infraestrutura disponível, quando possível, contemplando soluções que minimizem o impacto visível. Todos os equipamentos utilizados no projeto devem estar homologados pela Anatel, conforme as legislações vigentes. Figura 2: Estádio de Brasília com a instalação de uma antena que capta o sinal 4G. 5

6 Fonte: SindiTeleBrasil O fornecedor destes equipamentos deve ter toda mão de obra qualificada para realização das atividades do projeto. As operadoras irão disponibilizar um Gerente de projetos (PM) para cada estádio envolvido. Durante o evento o fornecedor deverá oferecer suporte local em cada estádio, garantindo o funcionamento de todos os elementos. Não serão acarretados custos às operadoras referentes aos equipamentos que apresentarem defeitos ou falhas de instalação durante o período de garantia. Conforme a Anatel, a cobertura terá que ser contínua em todo o estado, garantindo nível mínimo de cobertura para acesso aos usuários finais, mesmo com pico máximo de tráfego. O sistema não poderá interferir em outros equipamentos existentes nos estádios, caso haja interferência o fornecedor deverá aplicar técnicas de blindagem, para a cobertura nos estádios foi considerado a capacidade de público em cada estádio, conforme abaixo: Quadro 1: Capacidade de público dos Estádios Capacidade de Estádio Público Maracanã Mané Garrincha Mineirão Itaquerão Castelão Fonte Nova Beira-Rio Arena Recife

7 Arena Amazônia Arena Pantanal Estádio das Dunas Arena da Baixada Fonte: FIFA 3.1-Aceitação da Obra Segundo o órgão regulador (2014), a aceitação dos equipamentos será feita pelas operadoras com as seguintes obrigações aos fornecedores: Todos os equipamentos instalados devem ser testados e deverão estar em pleno funcionamento. A obra quando entregue deve estar completamente limpa, a infraestrutura deve estar em ótimo estado, sem alarmes. O fornecedor solicitará as operadoras uma vistoria conjunta para que seja realizada a aceitação, notificando se houveram pendências. Após essas pendências serem concluídas e toda a documentação definida, não havendo nenhuma pendência impeditiva, as operadoras fornecerão o termos de aceitação. O fornecedor entregará um kit de sobressalentes com a quantidade de 5% de todo o material que foi fornecido no projeto. O fornecedor deverá apresentar proposta de treinamento para capacitação dos funcionários das operadoras. 4-Custo do projeto O custo do projeto foi dividido entre as cinco operadoras Oi, Claro, Nextel, Tim e Vivo conforme o custo de cada estádio como no exemplo abaixo: Custo do estádio Maracanã equivalente a R$ ,00 para cada operadora seria R$ ,00. Essa divisão será feita nos 12 estádios que sediarão os jogos da Copa do Mundo, para chegarmos a este preço foi realizado uma RFP (Request for propose) no mercado onde saiu vencedor o fornecedor que atendeu todas as premissas do projeto com menor custo. O Ministério das Comunicações e federação internacional assumiram um acordo que estabelece as obrigações na área de telecomunicações para a Copa do Mundo de

8 Segundo o documento assinado, o governo federal arcará com os gastos em toda a infraestrutura fixa, que ficará como legado, enquanto a FIFA bancará o que será usado apenas durante o Mundial. 4.1-Custos por estádio Abaixo segue tabela com custos dos estádios que sediarão os jogos da Copa do Mundo, discriminado o valor gasto pelos equipamentos por cada operadora: Quadro 2: Valor gasto por Operadoras Cidade Rio de Janeiro Belo Horizonte Fortaleza São Paulo Estádio Maracanã Mineirão Castelão Itaquerão Valor por Operadora R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00 R$ ,00 Salvador Fonte Nova R$ ,00 Natal Estádio Dunas das R$ ,00 Recife Arena Recife R$ ,00 Manaus Brasília Arena Amazônia Mané Garrincha R$ ,00 R$ ,00 Porto Alegre Beira-Rio R$ ,00 Cuiabá Arena Pantanal R$ ,00 Curitiba Fonte: SindiTelebrasil Arena Baixada da R$ ,00 8

9 5-Cronograma O cronograma foi dividido em duas etapas pelas operadoras. Os estádios do Maracanã no Rio de Janeiro, Mineirão em Belo Horizonte, Fonte Nova em Salvador, Castelão em Fortaleza, Arena Pernambuco em Recife e Mané Garrincha em Brasília tiveram parte da rede preparada na Copa das Confederações que serviu como evento teste para pequenas melhorias até o período da Copa do Mundo. Os demais estádios tiveram mais tempo para a realização da cobertura indoor, este projeto foi elaborado e aprovado pelas cinco operadoras e pelo fornecedor. A operação dos equipamentos emissores de radiofrequência durante a Copa 2014 demanda planejamento, coordenação e autorização para evitar interferências. Foi aprovado pela Anatel (órgão regulador das empresas de telefonia brasileira), o uso temporário de Radiofrequências para a Copa do Mundo de 2014, conforme as premissas abaixo: O período máximo para as autorizações relacionadas à Copa do Mundo de 2014 será de 120 dias, a serem conferidas somente as solicitações para uso no período entre 01 de fevereiro de 2014 e 31 de julho de O uso de estação terrena transmissora associada a satélite sem direito de exploração no Brasil poderá ser autorizado para o período compreendido entre 01 de Fevereiro de 2014 e 31 de Julho de Resultados De acordo com Rodrigo Petri (2013), a Copa das Confederações realizada no ano de 2013 foi o evento teste para o principal evento que será a Copa do Mundo de Nos seis estádios da Copa das Confederações foram instaladas mais de 700 pequenas antenas que demandariam um tempo mínimo de 120 dias para a realização de todos os ajustes necessários, como posicionamento dos equipamentos, cálculos de potência das frequências e redução da interferência pela sobreposição de sinais, pois em situações de alta concentração de pessoas, sempre existe um limite físico de banda disponível que para a Copa do Mundo a solução adotada foi a de contar com serviços de internet Wi-Fi grátis nos doze estádios da Copa do Mundo durante os jogos de 2014, para que não seja ocupada toda a banda móvel disponibilizada, evitando o congestionamento na rede. Ainda conforme Rodrigo Petri (2013), no período do evento teste que foi a Copa das Confederações o número de ligações foram estimados em 1,7 milhões, com uma média de 2,2 9

10 minutos por chamadas, já as comunicações de dados por envio de ou mensagem somam 4,6 milhões, com um tamanho médio de 0,5 MB, cerca de 18% do volume trafegado foi via 4G, seu baixo uso ajudou para que a baixa experiência desta tecnologia tenha operado com folga no evento. Para a Copa do Mundo muitos usuários do 2G e 3G terão migrado para o 4G, mas parte desse tráfego poderá ser atendida pelo Wi-Fi. 7-Conclusão O presente artigo tem o intuito de mostrar o quanto é complexo a realização de um projeto na área de telecomunicações para um evento de grande porte como será a Copa do Mundo de 2014, que afetará o nosso país em diversas áreas, como o nosso transporte e a economia. As operadoras de telecomunicações que tem a concessão para funcionar em nosso território nacional, terão que adaptar as suas redes para que possam absorver esta grande demanda atendendo os usuários brasileiros e estrangeiros, inclusive com a nova tecnologia para o nosso país que é a 4G. Para esse grande projeto onde foi realizada a implantação da cobertura indoor nos estádios da Copa do Mundo foi necessário à união das cinco grandes operadoras para que o projeto seja atendido na sua totalidade, com o menor tempo possível e considerando o menor custo para execução das obras realizadas pelo fornecedor. A união entre essas operadoras é fundamental para que ambas melhorem suas redes e possam competir com excelência, por ter uma arquitetura modernizada. Este projeto foi de grande valia deixando um legado para a modernização da rede móvel no Brasil, pois teremos uma rede qualificada aonde os usuários e profissionais de todo mundo irão usufruí-las. A Copa do Mundo pode ser considerada como um dos maiores eventos esportivos, por se tratar de uma competição de alto nível em todos os aspectos, onde não serão permitidos atrasos, nosso país irá aprender muito com a Copa, pois nossos campeonatos não têm o nível de organização desta competição, onde iremos melhorar nosso desenvolvimento em diversas áreas, podendo também divulgar nossas cidades como pontos turísticos. O Brasil entenderá como se organiza uma competição deste nível e este será um legado que a Copa deixará. Este grande evento que será realizado nos meses de Junho e Julho de 2014 no país servirá como uma grande oportunidade para que as operadoras de telefonia móvel no Brasil possam expandir sua marca em todo mundo. 10

11 8-Bibliografia LOBO, ANA PAULA. Teles fecham acordo e torcedores terão 3G e 4G nos estádios. SindiTelebrasil. Maio de Disponível em < =8>. Acesso em 22 jun LEVY, EDUARDO. Estádios da Copa terão Wi-Fi grátis. SindiTeleBrasil Disponível em < Acesso em 12 abr TAURION, CEZAR. Infraestrutura tecnológica na Copa de Disponível em < Acesso em 12 abr Revista da SET. < Acesso em 12 abr Anatel. < Acesso em 12 abr GRASEL, FELIPE. O que é e como funciona o 4G. Abril de Disponível em < >. Acesso em 12 abr PETRI, Rodrigo. Estádios da Copa do Mundo terão Wi-Fi grátis. Revista Condomínios, Agosto de 2013, ed. 31, p SOUZA, LEANDRO. Copa das Confederações: 74% da infra de telecom pronta. Janeiro de Disponivel em < Acesso em 19 jun TAURION, CEZAR. Cidades inteligentes. Disponível em < Acesso em 19 jun Portal < >. Acesso em 19 jun