REFLEXÕES SOBRE O ESTUDO DE POPULAÇÃO EM GEOGRAFIA. A questão populacional sempre foi um tema de disputa ideológica, religiosa e científica.

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1 REFLEXÕES SOBRE O ESTUDO DE POPULAÇÃO EM GEOGRAFIA A questão populacional sempre foi um tema de disputa ideológica, religiosa e científica.

2 Quantas pessoas existem numa localidade, num determinado tempo? Quantas mulheres em idade reprodutiva? Quantas casadas? Que proporção usa métodos contraceptivos? POPULAÇÕES HUMANAS Sua composição: Por idade Por sexo População ativa Elementos que afetam seu tamanho: Quantas nascem? Quantas morrem? Quantas migram?

3 Tamanho da população NATALIDADE, FECUNDIDADE MORTALIDADE Distribuição segundo região geográfica de residência atual, anterior e de nascimento VARIÁVEIS demográficas Por estado conjugal Distribuição por sexo Distribuição por idade

4 COMPONENTES DEMOGRÁFICAS FECUNDIDADE MORTALIDADE MIGRAÇÃO

5 ASPECTOS ESTÁTICOS NUM DETERMINADO MOMENTO TAMANHO E COMPOSIÇÃO EVOLUÇÃO NO TEMPO INTER-RELAÇÃO DINÂMICA ENTRE AS VARIÁVEIS DEMOGRÁFICAS

6 Ecúmeno e Anecúmeno na atualidade Ecúmeno Porções superficiais da crosta terrestre suscetíveis de serem habitadas o ecúmeno equivalem a 2/3 das terras emersas na atualidade, o que representa aproximadamente 100 milhões de km2. Anecúmeno Nele as condições de fixação de seres humanos são adversas, mas em determinados subespaços ainda encontram-se pequenas comunidades, geralmente nômades, sobrevivendo, a duras penas, dos parcos recursos naturais disponíveis.

7 É consensual considerar que o Homo sapiens inaugura a linhagem dos humanos modernos. Suas datações arqueológicas mais antigas remontam ao intervalo de tempo de 150 a 200 mil anos atrás. Mas, antes disso, muita coisa aconteceu. Eventos trágicos e complexos, em sua maioria pouco conhecidos até os dias de hoje, marcaram a longa trajetória de nossos ancestrais quase humanos. Matos, Ralfo

8 Vazios Humanos e regiões do ANECÚMENO e SUBECÚMENO VAZIOS HUMANOS Desertos frios Grande Diagonal Árida DesertosTropicais REGIÕES Antártida, Groelândia, Norte do Siberiano Do Saara ao Gobi Rochosas,Andes, Namíbia, Austrália Obs.: No interior das frações continentais das terras emersas há os chamados subcontinentes, espaços resultantes de condições climáticas e orográficas mais favoráveis à reprodução da espécie humana, os quais dividem-se em outros tantos compartimentos, mais ou menos estanques, nos quais a humanidade se desenvolveu.

9 A Geografia,, entendida como uma ciência social,, pensa criticamente o espaço produzido pela sociedade

10 Na maioria das vezes, este estudo fica restrito a um conceito puramente numérico, pouco ou nada falando da sociedade estudada. 1 China 1,330,141,295 2 India 1,173,108,018 3 United States 310,232,863 4 Indonesia 242,968,342 5 Brasil 201,103,330 6 Pakistan 184,404,791 7 Bangladesh 156,118,464 8 Nigeria 152,217,341 9 Russia 139,390, Japan 126,804, Mexico 112,468,855

11 É importante que se compreenda a população como um conjunto de seres humanos, cuja atividade vital transcorre sob a marca de uma sociedade determinada

12 Lembremos que falamos de pessoas concretas que têm necessidades, possibilidades e aspirações diferenciadas de acordo com sua origem social

13 A população é sempre um conjunto complexo de indivíduos residentes em determinado território, que formam a base natural de uma comunidade social

14 No curso da produção estabelecem-se se entre os indivíduos, relações sociais que, na dependência do modo de produção dominante na sociedade, podem ser as de dominação de uns e subordinação de outros, como ocorre nas formações de classes antagônicas

15 Para a Geografia Crítica, é fundamental que tenhamos em mente que estudar população é analisar a sociedade, o seu processo histórico, os seus conflitos e as divisões existentes no interior das áreas. Justiça social Desigualdades socioeconômicas Disparidades regionais is

16 É necessário que seu modo de vida e tipo de produção fiquem evidentes. Só assim a população deixará de ser algo quantitativo e abstrato.

17 A população brasileira tem sofrido profundas transformações nas últimas décadas, que terão enormes repercussões em termos sociais e econômicos. Há uma certa dificuldade, por parte da sociedade brasileira, até aquela com nível educacional mais elevado, em apreender estas mudanças e, inclusive, em aceitá-las como reais.

18 Dada a tendência do processo de declínio rápido e generalizado da fecundidade no Brasil e o que está sucedendo nos países desenvolvidos e em alguns do Terceiro Mundo que iniciaram antes este processo, é bastante realista supor-se que, ao final da segunda década do próximo século, a população do País deverá apresentar níveis de fecundidade e mortalidade que, no longo prazo, lhe garantam taxas de crescimento em torno de zero. Discute-se, então, quando se alcançaria a situação de população estacionária

19 D E M O G R A F I A A Demografia corresponde ao estudo das populações humanas em um determinado momento com relação ao tamanho, a distribuição e a estrutura da população. Também analisa as mudanças que ocorrem na população ao longo do tempo, principalmente o crescimento populacional

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21 População Aberta e População Fechada Segundo seja ou não afetada por migrações externas, isto é, por entradas e saídas além dos nascimentos e óbitos

22 População fechada Varia: - Por nascimentos, isto é, entradas na idade zero - Por mortes, isto é, saídas de indivíduos de todas as idades Estes dois fenômenos modificam o número, sendo o mais importante a idade idade, função direta do tempo.

23 De um ano para outro, a população fechada sofre três modificações: I. Aumento pelo número de nascimentos; II. Diminuição pelo número de óbitos; III. Envelhecimento de um ano de todos os sobreviventes.

24 População aberta Sofre as alterações precedentes e varia, além disso, sob a influência de dois movimentos; Entradas de indivíduos de diversas idades (por imigração); Saídas de indivíduos de diversas idades (por emigração).

25 A idade idade é a única característica que evolui rigorosamente segundo a marcha do tempo. Alguns caracteres não mudam (grupo sanguíneo, local de nascimento,etc) e outros são, mais ou menos, ligados à idade (caracteres físicos e intelectuais, atividade profissional, saúde e também o estado matrimonial, instrução, etc.)

26 Ao se estudar a população costuma-se enfatizar três dimensões: o crescimento, a estrutura e as migrações. Estes aspectos da Geografia da população vão constituir as três unidades básicas de nosso estudo e somente a separaremos para efeitos didáticos. Na realidade são extremamente interligados e interagentes.

27 As três dimensões O Crescimento Quanto e como cresce uma população? Uma população cresce pela diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade expressas por mil habitantes; Destes resultados deduz-se ou acrescenta-se se o fluxo migratório de entrada ou saída; As taxas de natalidade, mortalidade e fecundidade crescem, mantêm-se ou diminuem de acordo com uma série de fatores (aspectos qualitativos da população).

28 Aspectos qualitativos O papel da mulher na sociedade O nível socioeconômico Classe social da família A idade das pessoas Os tipos de ocupação ESTES ASPECTOS CONSTITUEM A ESTRUTURA DA POPULAÇÃO

29 Não podemos entender o crescimento como mero conjunto de aspectos quantitativos isolados pois, ao se procurar as razões do crescimento (o como cresce a população), vai se encontrar as respostas na estrutura e nas migrações.

30 Aspectos qualitativos A Estrutura de uma população (uma classe social, um determinad o grupo de pessoas) É fator fundamental para se entender tanto o crescimento quanto as migrações e, ao mesmo tempo, afetada tanto por um como pelo outro; Alta taxa de natalidade, ocorre predomínio de população jovem; Baixa natalidade e esperança de vida alta, passa a haver um predomínio de população adulta velha o que reduz as taxas de natalidade;

31 Aspectos Qualitativos Migrações Processo de redistribuição da população impulsionado pelas condições sócio econômicas, quer dizer pela estrutura. As populações pobres, com alto crescimento demográfico, apresentam condições para emigração (precariedade da existência).

32 Estes fluxos são direcionados para regiões rurais ou urbanas onde os investimentos,efetuados pelos capitalistas ou pelo Estado, necessitam de mão de obra (quanto mais oferta menores salários); Na realidade redistribui-se a população pobre pelas diversas partes de um país ou do mundo e não se altera as condições sociais e econômicas que provocaram a saída.

33 A saída de pessoas de uma região, além de diminuir o número total de habitantes afeta a reprodução e as características daquela população. Portanto as migrações afetam o crescimento e a estrutura.

34 Necessário lembrar que subjacente a toda esta esquematização estão as classes sociais, isto é, conjuntos de indivíduos com comportamentos semelhantes. Enfim, deve-se estudar a população depois de se estudar as formas de se produzir e de se organizar a produção ( a indústria, a agricultura, a cidade e o campo), que constituem as manifestações concretas do modo de produção que é, em última análise, o que vai definir o comportamento da população

35 Sociedade Rural Predomínio de atividades primárias, nível sócio econômico baixo, mulher tem o papel de dona-de-casa e o de reproduzir a prole... Esta estrutura vai favorecer as taxas natalidade e, assim, o crescimento da população

36 Se uma área perde população por emigração, perde grande parte de seu contingente masculino para outras áreas. Quem fica, são, na maioria, crianças, mulheres e idosos. Nestas áreas de partida, a relação numérica entre os sexos se altera e passa a haver mais mulheres do que homens As taxas de natalidade diminuem. A população torna-se mais velha

37 Nas áreas de chegada, isto é, de imigração, muitas vezes passam a predominar os homens, como ocorre em áreas de mineração.

38 Dois tipos de variáveis podem ser considerados: 1º) Características de interesse da população, como um determinado espaço geográfico e a um instante específico do tempo (Análise estática): a) Tamanho (nº total de pessoas) b) Distribuição nº de pessoas na população por unidade geográfica ou por situação de domicílio (rural;urbano) c) Estrutura ou Composição: pessoas por sexo ou por grupo de idade

39 VARIÁVEIS ou COMPONENTES 2º) Natalidade,Mortalidade emigração, referem-se a um determinado espaço geográfico e a um determinado período de tempo. Fazem parte da dinâmica demográfica

40 INTER-RELAÇÕES RELAÇÕES DAS VARIÁVEIS (COMPONENTES) DEMOGRÁFICAS (NATALIDADE, MORTALIDADE E MIGRAÇÕES) 1) A natalidade, a mortalidade e a migração são fatores que modificam a população. Exemplo: a manutenção de uma natalidade alta leva a uma população predominantemente jovem; 2) Por outro lado, esses fatores modificadores dependem fortemente dos aspectos gerais da população. Exemplo: em uma população velha morrem relativamente mais pessoas

41 INTER-RELAÇÕES DAS VARIÁVEIS (COMPONENTES) Análise Estática Dinâmica Populacional Tamanho Distribuição Estrutura Inter-relações Natalidade Mortalidade Migração

42 Ao longo dos últimos 300 anos ( ), a população mundial teve um aumento décuplo de 0,7 para 7 bilhões; No período anterior, ao longo de 17 séculos, após o início de nossa era, acredita-se que a população mundial tenha triplicado; O impacto sobre o planeta de um indivíduo em 1700 era muito menor que em 2010: o primeiro viveria 35 anos, o segundo 2 vezes mais; o primeiro teria à sua disposição meras 20 calorias/dia, o segundo teria 10 vezes mais: e dez vezes mais é a renda real à disposição do ser humano comum em nossos dias;

43 Comparando o início e o fim do período histórico sob análise: existem 10 vezes mais pessoas; que vivem duas vezes mais; que a cada ano, consomem dez vezes mais. O impacto potencial dos sete bilhões de seres humanos vivendo atualmente na Terra é um múltiplo extraordinário do impacto que a humanidade exercia a 300 anos.

44 A mudança populacional pode ser interpretada como resultado da confrontação e adaptação contínuas entre as forças de restrição e as forças de escolha: Forças de restrição: o meio ambiente, espaço e terra, energia, patologia, materiais; Forças de escolha: habilidade de modular e controlar comportamentos que possuem consequências demográficas (entrar numa união reprodutiva, ter crianças, proteger e aprimorar a saúde através da nutrição, habitação, movimentar-se e migrar de um lugar para outro.

45 O presente e rumo ao futuro No início da segunda década do século XXI, o sistema demográfico mundial está profundamente mudado; A geodemografia do mundo passou por uma profunda revolução: a parcela da população mundial pertencente aos países desenvolvidos, entre 1950 e 2010, caiu de 32% para 18% e da Europa foi de 22% para 11%; Reino Unido e Itália eram listados entre os 10 países mais populosos em 1950, mas estavam abaixo do 21º lugar em 2010; Estimativas recentes baseadas no consenso de especialistas sugerem, para países em desenvolvimento, a continuação do declínio da fecundidade (de 2,7 crianças/mulher em para 2,2 em ) e melhorias adicionais na sobrevivência (de uma expectativa de vida de 66 para uma de 74 ); Para os países desenvolvidos, as hipóteses sugerem uma suave recuperação da natalidade e ganhos adicionais na expectativa de vida; A população que chegou aos 7 bilhões em 2012, atingira 8 bilhões em 2025 e 9 bilhões em 2043; muitos cenários de longo prazo indicam que a marca de 10 bilhões será atingida no final do século.

46 A taxa de crescimento declinará dos 1,3% ao ano de para 0,4% em aproximadamente o mesmo nível do século XVIII; Praticamente todo o aumento de 2010 a 2050 advirá da população dos países em desenvolvimento, uma vez que a população dos países desenvolvidos permanecerá estática; O mais espantoso crescimento é o aumento continuado da porção africana de 14,8% em 2010 para 23,6% em 2050 e será muito significante, na década de 2020, a substituição da China pela Índia como nação mais populosa do mundo;

47 Um curso incerto: sobrevivência e natalidade... Incertezas... de que todas as sociedades do mundo estão prosseguindo ao longo de caminhos demográficos convergentes que conduzirão a uma situação de equilíbrio geral em torno de uma população estática ou semiestática é irreal; Exemplos: URSS (mudança de prioridades no final do regime soviético/grave deterioração da sobrevivência) e África (Aids); Desenvolvimentos biológicos e sociopolíticos imprevistos modificaram as expectativas de progresso contínuo; Nos países ocidentais e Japão: sobrevivência elevada e seu crescimento dependem do acesso universal à assistência médica de alta qualidade e proporção do PIB investido em saúde está aumentando; Fecundidade: estagnação econômica, políticas sociais ineficientes, reviravolta nas políticas populacionais, resistência à mudança da família tradicional e de valores comunitários podem o consenso sobre tendências futuras podem a convergência dos comportamentos reprodutivos pode não ocorrer.