Orçamento Participativo Jovem Câmara Municipal de Almada
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- Luciana Galindo Medina
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1 Orçamento Participativo Jovem Câmara Municipal de Almada No ano em que se comemoram quatro décadas de poder local democrático, a Câmara Municipal de Almada incluiu no seu plano de atividades uma prática de gestão local o orçamento participativo jovem (OPJ). Ao optar pelo enfoque geracional, o município pretende que esta experiência se assuma como um instrumento de consciencialização sobre o protagonismo dos jovens na vida local e como mais um factor de inclusão política desta faixa etária. O orçamento participativo jovem implicará e responsabilizará os jovens na vida comunitária, contribuindo para a sedimentação e o desenvolvimento da participação e do espírito de cidadania entre as gerações mais novas. Importa realçar que no processo de construção da democracia portuguesa os movimentos e organizações de base comunitária assumiram um papel preponderante, que se perpetua até aos dias de hoje. O mesmo se deverá sublinhar no que respeita à participação juvenil, seu dinamismo e criatividade. Em Almada, os serviços, equipamentos e projetos municipais têm servido, e continuarão a servir, para sustentar, apoiar e potenciar este processo, que se pretende complementar com esta nova prática, experimentada e reconhecida pela sua natureza pedagógica, promotora da intervenção cívica e solidária. O orçamento participativo jovem (OPJ) pretende assim constituir-se como mais um instrumento de participação à disposição da juventude almadense, que assegure o aprofundamento da relação entre a população juvenil e a cidade e a aproximação entre as políticas públicas e as necessidades, ambições e expectativas juvenis, promovendo a interação entre eleitos, técnicos e cidadãos na procura de soluções para melhorar a qualidade de vida no concelho. 1 / 5
2 INFORMAÇÃO DE APOIO À REUNIÃO DO FÓRUM MUNICIPAL DA JUVENTUDE A experiência de discussão e aplicação participada de orçamentos públicos, experimentada em Porto Alegre (Brasil) e globalmente replicada, tem vindo a renovar o debate público em torno da relação entre a sociedade civil e o Estado e sobre o desenho institucional construído no âmbito desta prática de gestão local. A excecional disseminação dos orçamentos participativos determinou que esta prática se constituísse como objeto de estudo privilegiado entre os atores políticos e no seio da academia. A análise comparativa destes processos evidencia que no surgimento e sucesso dos mesmos se reúnem invariavelmente duas condições: a presença de um denso movimento associativo e a incorporação de práticas pré-existentes de participação no seu desenho institucional, designadamente as assembleias 1. Com efeito, constata-se que as já inúmeras experiências de orçamentos participativos repousam na dinâmica associativa comunitária de longa tradição 2, ao mesmo tempo que esta experiência tende a potenciar a participação associativa 3. No que respeita ao desenho institucional, verifica-se que o modelo de participação consensualizado influencia determinantemente o sucesso e a sustentabilidade do orçamento participativo. Destaca-se assim, como tarefa fundamental neste processo, a definição das normas e estruturas de participação 4. Estas normas incorporam pressupostos da democracia direta e representativa, obrigando a que os recursos de investimento sejam distribuídos de acordo com um método objetivo, combinando critérios gerais e técnicos 5. No entanto, o orçamento participativo assume intrinsecamente um potencial de adaptabilidade aos contextos específicos onde é implementado, desde logo porque se constitui como um processo autorregulado. Este processo, assegurando a capacidade deliberativa e efetiva da população, através de assembleias abertas à participação, pode gerar a simplificação, a complexificação ou a articulação com outras instituições, de acordo com a escala e a tradição democrática de cada contexto. 1 Avritzer, L., Sociedade Civil, Espaço Público e Poder Local: uma análise do orçamento participativo em Belo Horizonte e Porto Alegre. In: Sociedade Civil e Espaço Público. Rio de Janeiro: Paz e Terra, Silva, M. K., A construção da participação popular : análise comparativa de processos de participação social na discussão pública do orçamento em municípios da região metropolitana de Porto Alegre. Porto Alegre: UFRGS: Departamento de Sociologia, Baiocc, G., Participation, activism and Politics: deepening democracy. London: Verso, 2002, 4 Luchmann, L., Possibilidades e limites da democracia deliberativa. Campinas: Unicamp, Santos, B. S., Participatory budgeting in Porto Alegre: towards a redistributive justice. In: Politics and Society, nº26/4 (1998): / 5
3 O caracter autorregulado e adaptável deste processo requer a construção participada de um regulamento, no que respeita às seguintes categorias de análise: Processo consultivo e divulgação; Participação; Submissão/Apresentação de Propostas; Afetação dos montantes financeiros disponíveis; Tipologia de Projetos; Comissão técnica e Análise de Propostas; Votação e Deliberação; Execução da proposta. PROCESSO CONSULTIVO E DIVULGAÇÃO A definição do normativo e das estruturas de participação são componentes essenciais do processo, assegurando um efetivo envolvimento da população juvenil. Esta fase poderá concretizar-se nas seguintes ações: Reuniões do FMJ e em outros espaços de participação; Sessões de esclarecimento nas escolas, associações e/ou Uniões ou Juntas de Freguesia; Assembleias participativas. PARTICIPAÇÃO A participação no OPJ deverá estar aberta a todos os cidadãos residentes, trabalhadores ou estudantes no concelho, com idades entre os 16 e os 35 anos, individual ou coletivamente considerados. A apresentação de propostas/candidaturas poderá ser efetuada por: Jovens em nome individual; Grupos informais de Jovens; Associações, movimentos e outras instituições sem fins lucrativos. SUBMISSÃO/APRESENTAÇÃO DE PROPOSTAS 3 / 5
4 Assegurando-se a exposição e debate de ideias, o esclarecimento e a informação a todos os potenciais votantes, são diversas as formas de apresentação de candidaturas possíveis, a referir: Candidatura Online; Candidatura Presencial; Candidatura em Assembleia Participativa; Candidatura com apresentações públicas; Candidatura com apresentação presencial. TIPOLOGIA DE PROJETOS Os OPJ possibilitam a concretização de uma grande diversidade de projetos, nomeadamente: Projetos nas várias áreas de competência do Município; Projetos em áreas temáticas específicas; Infraestruturas e/ou Atividades/Eventos; AFETAÇÃO DOS MONTANTES FINANCEIROS DISPONÍVEIS Os montantes financeiros definidos anualmente pelo município poderão ser aplicados: Numa única proposta consensualizada; Em mais do que uma proposta selecionada. COMISSÃO TÉCNICA E ANÁLISE DE PROPOSTAS A comissão técnica terá o papel de validar a elegibilidade das candidaturas apresentadas e o seu conteúdo, de acordo com as determinações explicitadas em Regulamento, podendo ser composta por: Técnicos Municipais; Representantes da Assembleia Municipal e do Fórum Municipal da Juventude; 4 / 5
5 VOTAÇÃO E DELIBERAÇÃO Garantindo o direito de voto a todos os jovens naturais ou residentes no Concelho com idades entre os 16 e os 35 anos, são possíveis de implementar uma multiplicidade de práticas no que aos sistemas de votação diz respeito: Votação online com necessidade de registo prévio para avaliação de elegibilidade Votação online e presencial em espaços previamente definidos Votação em Assembleia de Jovens ou plenário do Fórum Municipal da Juventude. Votação na Assembleia Participativa Final. EXECUÇÃO DA PROPOSTA O processo de execução da proposta/candidatura poderá ser assumido de duas formas: Execução com acompanhamento dos serviços municipais; Execução em parceria com os serviços municipais. Na primeira modalidade, os responsáveis pela candidatura mais votada ficam responsáveis pela efetiva implementação da sua proposta, existindo transferência da verba e um acompanhamento dos serviços municipais, garantindo a aplicação da verba para o fim a que se destina. Na segunda modalidade, os serviços municipais são responsáveis pela execução da proposta, no plano financeiro e no plano territorial em parceria com os responsáveis da candidatura. 5 / 5
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