Sistematização da Assistência de Enfermagem para a gestante com Sífilis: um relato de experiência
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- Júlio Figueiredo Imperial
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1 1 Sistematização da Assistência de Enfermagem para a gestante com Sífilis: um relato de experiência Jennifer Santos do Nascimento (Graduanda em Enfermagem/ 10 período/ UNIT) jenniinascimento@hotmail.com Ana Jéssica Matos Nunes (Graduanda em Enfermagem/ 10 período/ UNIT) jessica1407ana@hotmail.com Carla Patrícia Santos Oliveira (Graduanda em Enfermagem/ 10 período/ UNIT) carlapatriciasoliveira@hotmail.com Keyciane Bispo de Santa Rita (Graduanda em Enfermagem/ 10º período/ UNIT) keyciane.bispo@hotmail.com Jucielma de Jesus Dias (Mestre em Saúde Coletiva/ Docente de Enfermagem/ UNIT) jucielma.jd@gmail.com Linha Assistencial 02 Modelos e impactos do cuidado de enfermagem nas condições de saúde da população. Sublinha de pesquisa: Impacto do cuidado de enfermagem ambulatorial, domiciliar e na Estratégia de Saúde da Família frente às condições de saúde da população. INTRODUÇÃO Importante problema de saúde pública, a sífilis é caracterizada por ser uma infecção sexualmente transmissível tendo como agente etiológico Treponema pallidum. Apesar de apresentar diagnóstico e tratamento simples, a patologia ainda apresenta alta prevalência nos países subdesenvolvidos (CELESTE; RODRIGUES; GUIMARÃES, 2004; CAMPOS et al., 2010). Importante infecção a ser diagnosticada na gestação devido à transmissão vertical, a sorologia para sífilis compõe os exames analisados durante o acompanhamento de prénatal. Nos Estados Unidos (EUA), o número de casos entre gestantes vem crescendo significativamente. (CAMPOS et al., 2010). No Brasil, em um período de sete anos, foram notificados casos de sífilis congênita, sendo São Paulo o município responsável pelo maior número de casos. (CAMPOS et al., 2010). Sendo assim, supõe-se que os principais fatores associados a esse aumento sejam: negligência das medidas preventivas por parte das autoridades de saúde e agentes de saúde; a precocidade e promiscuidade sexual; aumento do número de mães solteiras e adolescentes; desconhecimento por parte da população sobre a gravidade da doença; infecção pelo vírus HIV e AIDS; uso de drogas e a falta ou inadequação da assistência pré-natal (CAMPOS et al., 2010). Quando desenvolvida durante a gestação há risco de abortamento espontâneo, morte fetal e neonatal, prematuridade e danos à saúde do recém-nascido (RN). O diagnóstico para a patologia é considerado simples, podendo ele ser feito por meio de diagnóstico laboratorial (não treponêmico ou treponêmico) ou teste rápido ( treponêmico), ofertado nas Unidades de Saúde da Família (USF) na consulta de adesão ao pránatal. CELESTE; RODRIGUES; GUIMARÃES, 2004), (BARSANTI et al, 1999). O recém-nascido exposto à infecção por transmissão vertical pode ser sintomático ou assintomático, com manifestação dos sintomas nos primeiros 3 meses de vida. O diagnóstico clínico na criança baseia-se em associação de critérios clínicos, epidemiológicos e laboratoriais, através de testes sorológicos, hemograma completo, raio X de ossos longos e estudo do líquido céfalo-raquidiano (LCR) ( BRASIL, 2006). O que vai determinar a transmissão vertical ou não da sífilis serão os fatores citados anteriormente, aliado à precocidade do tratamento adequado para a gestante e o parceiro. qualidade da assistência durante a gestação. A droga de escolha para o tratamento, é a Penicilina G Benzatina, pois a mesma é capaz de atravessar barreira transplacentária, assim
2 2 como pelo fato de até o momento não haver relatos de resistência do agente causador ao fármaco. Contudo, o tratamento do (s) parceiro (s) é um fator determinante para o tratamento eficaz, possibilitando a cura da mãe (MAGALHÃES et al, 2013), (OLIVEIRA; FIGUEIREIDO, 2011). OBJETIVOS Relatar a vivência de acadêmicos de enfermagem no acompanhamento pré-natal de gestante com diagnóstico de sífilis. Sistematizar a assistência de enfermagem à gestante, baseando-se na Classificação Internacional das Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva (CIPESC). Esse estudo objetiva uma descrição teórica referente ao tema Sífilis gestacional. Posteriormente será relatado um relato de experiência e possíveis diagnósticos e intervenções de Enfermagem relacionados ao mesmo, com embasamento bibliográfico. MATERIAL E MÉTODOS Estudo descritivo, tipo relato de experiência, acerca do acompanhamento pré-natal e sistematização da assistência de enfermagem para gestante com sífilis. A vivência ocorreu em uma Unidade de Saúde da Família (USF) da 2ª região de saúde situada na zona sul da cidade de Aracaju, no estado de Sergipe, com população adscrita de indivíduos, durante o Estágio Curricular Supervisionado II (ECS II) do curso de enfermagem da Universidade Tiradentes. As consultas de enfermagem são realizadas em alternância com consultas médicas, com equipe de saúde da família da área no território de saúde na qual a gestante reside. Participaram desta experiência acadêmicos do 10º semestre do curso de enfermagem, uma docente enfermeira da Instituição de Ensino Superior (IES) e a ESF responsável pela área na qual a usuária reside. As observações e dados produzidos foram analisados a partir da observação da literature existente acerca da temática. O levantamento literário, para embasamento cientifico, foram realizadas nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), por apresentarem uma boa amplitude e representatividade de periódicos no mês de abril de A coleta de dados também foi realizada em didáticos da biblioteca Jacinto Uchôa (Universidade Tiradentes). Na primeira busca utilizou-se palavras-chaves e Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): sífilis congênita, cuidados de enfermagem, saúde pública. Os critérios de inclusão estabelecidos foram: artigos científicos publicados em português, textos disponíveis gratuitamente e na íntegra, sendo excluído os que não atenderam aos critérios de inclusão. Com o intuito de refinar a amostra, foi realizada uma leitura do título e resumo de cada artigo encontrado e selecionados aqueles que contemplavam o tema e que apresentavam informações relevantes. RESULTADOS E DISCUSSÃO R.S.G, gestante, casada e autônoma, compareceu à USF Humberto Mourão Guimarães, independente dos cuidados de enfermagem, para 1º consulta de pré-natal, com o beta HCG positivo, revelado no exame laboratorial. DUM: 26/10/2016, DPP: 02/08/2017, IG: 17 semanas e 1 dia, sem antecedentes pessoais e familiares. Fazia uso de método contraceptivo hormonal, Microvilar (SIC). Gravidez não planejada, ensino médio completo, G3P2A0, multigesta, sendo partos normais, sem queixa no momento da consulta. Abdômen gravídico, com presença de estrias, cicatriz umbilical centralizada; Altura Uterina: 17cm, BCF: 140 bpm, MF: +; às manobras de Leopold: situação longitudinal, apresentação cefálica, dorso a direita em relação ao eixo materno, MMII sem presença de edema. Aos SSVV: PA 100x50mmhg, FR: 21rpm, FC: 88 bpm, ao peso atual, 73kg, AL:1,60cm, IMC: 28,5 kg/m². Foi realizado teste rápido para sífilis e HIV, após aconselhamento pré-teste com resultado para HIV negativo e positivo para sífilis. Em aconselhamento pós-teste, a gestante é informada sobre a necessidade de comparecimento do companheiro para realizar
3 3 teste rápido. Devido a necessidade da continuidade rigorosa do tratamento e a coincidência com o período do carnaval, oriento a gestante a retornar, quinta- feira (23/02) para iniciar o tratamento. O Ministério da Saúde preconiza que quando a triagem é realizada com teste rápido, existe a necessidade de exames laboratoriais para desfecho do diagnóstico. Aliado ao monitoramento do casal quanto à administração da penicilina G benzatina nas datas préestabelecidas, foram estipulados alguns diagnósticos e intervenções de enfermagem, utilizando a Classificação Internacional de Práticas de Enfermagem em Saúde Coletiva. Como primeiro diagnóstico, foi detectado Ingestão Alimentar inadequada da gestante, já que a mesma relatou não ser adepta a alimentação com frutas, legumes e feijão. Como intervenções, foram estabelecidas avaliar estado nutricional da gestante; orientação sobre comer alimentos variados em todas as refeições principalmente verduras, grãos e carboidratos. Estudos apontam que a necessidade nutricional aumenta durante a gestação, contudo as alterações na dieta devem visar a saúde do binômio mãe-filho. Além disso, outros estudos mostram que o estado nutricional materno, antes e após a gestação, influencia diretamente no desfecho da mesma. Para avaliação inicial é necessário levantamento de dados sobre a ingesta de alimentos durante o pré-natal (BAIÃO; DESLANDES, 2008; GIACOMELLO et al., 2008). Como segundo diagnostico de enfermagem, estabeleceu-se: Controle do regime terapêutico adequado em gestante de risco/sífilis. Para o seguinte diagnóstico, foram fixadas como intervenções de enfermagem: orientar e administrar medicação para terapia, conforme a prescrição médica; encaminhar a gestante com VDRL e FTA Abs reagentes ao serviço de referência de pré-natal de alto risco. A sociedade Brasileira de Pediatria preconiza que, o tratamento materno seja iniciado com penicilina, que quando realizada no primeiro trimestre costuma evitar infecção do feto. Quando ultrapassa essa fase, o tratamento também é realizado no concepto. Em casos que a mãe apresente alergia a penicilina a droga de escolha é a eritromicina (American Academy of Pediatrics Committee on Infectious Disease, 2000). Ao que se trata do não planejamento de gravidez, cabe o diagnóstico de gravidez indesejada. Sendo conduta da enfermagem, acolher a gestante conforme suas necessidades, encaminhar para suporte psicológico e assistente social. Existe aqui a necessidade, após o parto, de um acompanhamento para início do planejamento familiar, fornecendo informações, assistência especializada e acesso a recursos que possibilitem a escolha de ter ou não filhos, número de filhos e espaçamento entre eles (ANACLETO; CRUZ; DAMIÃO, 2010). Seguindo com os diagnósticos, encontra-se o diagnóstico de Gestação/1o trimestre normal, e como conduta do profissional enfermeiro, solicitar exames conforme o protocolo. Com o objetivo será acompanhar a evolução da gestação e assegurar a boa saúde materna e do feto, exames também devem estimar idade gestacional correta além de identificar, prevenir ou tratar potenciais patologias (PINHEIRO, 2017). Como diagnóstico após resultado de teste rápido para sífilis, estabeleceu-se Risco de aborto, já que a própria patologia oferece essa possibilidade. Pensando nisso o enfermeiro deve orientar quanto a importância do tratamento, assim como realizar visitas domiciliares a gestante, encaminhar a mesma ao centro de referência. O risco de aborto também foi notado quando a cliente relata realizar o autoexame das mamas rotineiramente, assim o enfermeiro deve orientar a gestante que durante o período da gestação fica contra indicado, pois o mesmo pode causa aborto espontâneo já que o auto exame estimula a produção de ocitocina (RODRIGUES; GUIMARÃES, 2004; MATTOS, 2015). CONCLUSÕES A sífilis gestacional vem ocorrendo com frequência destacando-se alguns fatores que contribuem, estes são: classe média baixa, baixo índice de escolaridade, déficit no acompanhamento pré-natal, sendo este um dos mais importante para o desfecho de intervir no resultado, adquirida no protocolo da gestante, garantido desta forma uma assistência
4 4 qualificada. No entanto, a assistência de enfermagem no pré-natal é de suma importância na primeira consulta, avaliando os parâmetros necessários em busca de alguma alteração, o resulto positivo da sífilis, que pode culminar em morte do RN e má formação congênita. É de suma relevância o tratamento do parceiro e acompanhamento laboratorial do mesmo, pois o contato sexual desprotegido, pode ocasionar reinfecção da gestante, agravando a infecção e aumentando a possibilidade de transmissão vertical. Deste modo, é importante fornecer assistência ao casal, dando-lhe um suporte adequado tanto eficácia no tratamento como no apoio psicossocial, investigando histórico e necessidades a fim de traçar uma assistência de enfermagem sistematizada. Entende-se, que a utilidade do processo de enfermagem colabora de forma significativa para a identificação da história atual da doença, bem como direcionar os prováveis diagnósticos e intervenções de enfermagem na unidade básica, dando-lhe mais seguridade. Palavras-chave: SÍFILIS CONGÊNITA, CUIDADOS DE ENFENFERMAGEM, SAÚDE PUBLICA. AGRADECIMENTOS Aqui fica registrada nossa gratidão a toda equipe de enfermagem da UNIT, por nos proporcionar vivencia de estágio e pensar na melhor maneira de nos fazer atingir nossos conhecimentos. Agradecemos também a todos os preceptores do estágio supervisionado II, por dedicar tempo para planejar nossas atividades, em especial a professora Jucielma de Jesus Dias por todas as orientações, incentivo e conhecimento disseminado. Obrigada! REFERÊNCIAS AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS COMMITTEE ON INFECTIOUS DISEASE. Syphilis. In: Pickering LK, ed. 200 Red book: report of the Committee on Infectious Diseases. 25th ed. Elk Grove Village, Ill: American Academy of Pediatric, ANACLETO, J. J. CRUZ, D. S. L. DAMIÃO, R. Planejamento familiar. Rev. do Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ, BAIÃO, M. R. DESLANDES, S. F. Gravidez e comportamento alimentar em gestante de uma comunidade urbana de baixa renda no município do rio de janeiro, brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, vol.24, num.11, pag BARSANTI, C., et al. Diagnóstico de sífilis congênita: comparação entre testes sorológicos na mãe e no recém-nascido. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 32(6): , nov-dez, BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes para controle da sífilis congênita: manual de bolso. 2. ed. Brasília : Ministério da Saúde, CELESTE, S. RODRUIGUES, M. D. C. Guimarães, m. D. C. Positividade para sífilis em puérperas: ainda em desafio para o brasil. Rev Panam Salud Publica, 16(3):168 75, CAMPOS, A. L. A., et al. Epidemiologia da sífilis gestacional em fortaleza, ceará, brasil: um agravo sem controle. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 26(9): , set, GIACOMELLO, A. et al. Validação relativa de questeionario de frequência alimentar em gestantes usuarias do serviço do sistema único de saúde em dois minicípios do rio grande do sul, brasil. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, 8 (4): , out/dez., MAGALHÃES, D. M. S., et al. Sífilis materna e congênita: ainda um desafio. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 29(6): , jun, MATTOS, S. B. Causas relacionadas ao aborto expontâneo: uma revisão de literatura. Rev. Universitária do Extremo Sul Catarinense, OLIVEIRA, D. R. Figueiredo, m. S. N. Abordagem conceitual sobre a sífilis na gestação
5 5 e o tratamento de parceiros sexuais. Enfermagem em Foco, 2(2): , PINHEIRO, P. PRÉ-NATAL exames laboratoriais de rotina. Disponivel em: Desde: 25/ mar, Visto em: 24/04/2017.
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