Mapeamento da vegetação nativa e uso da terra em Diorama, Estado de Goiás.

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Maria Laura de Caminha Regueira
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1 Mapeamento da vegetação nativa e uso da terra em Diorama, Estado de Goiás. Denise A. Carvalho*¹ (PG), Gustavo Henrique Mendes Brito² (PQ), Daniel Blamires³ (PQ). *denisecarvalhocavalcante@gmail.com 1 Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais do Cerrado, Universidade Estadual de Goiás, Campus Anápolis de Ciências Exatas e Tecnológicas, BR 153, nº 3105, CP 459, Anápolis, Goiás. ²Curso de Engenharia Agrícola. Universidade Estadual de Goiás, Campus Anápolis de Ciências Exatas e Tecnológicas, BR 153, nº 3105, CP 459, Anápolis, Goiás. ³Mestrado Ambiente e Sociedade, Universidade Estadual de Goiás, Campus Morrinhos, Rua 14, n 625, Jardim América, CEP Morrinhos, Goiás. Resumo: O propósito deste trabalho foi caracterizar a cobertura vegetal e o uso da terra do município de Diorama, Estado de Goiás, em uma escala temporal de 30 anos, com imagens dos satélites Landsat 5 e Landsat 8 para 1985 e 2015, mais a aplicação dos procedimentos de composição das bandas RGB, classificação supervisionada e avaliação da classificação. Foram obtidos mapas de cobertura vegetal para cada ano analisado, cada um composto por três classes: cerrado, outros (agricultura, pastagem, solo exposto, queimada, etc) e corpos d água. Uma alteração significativa foi verificada ao longo do intervalo, com a classe predominante sendo substituída de cerrado em 1985 (52%), para outros em 2015 (67%), além de uma provável diminuição do estoque de água. Recomendamos trabalhos de conscientização ambiental direcionado aos proprietários rurais, sugerindo a revegetação com essências nativas em parte das propriedades como alternativa para manutenção do estoque de água. Palavras-chave: Uso do solo, Sensoriamento Remoto, Geoprocessamento, Cerrado Introdução O Cerrado brasileiro é a mais diversificada savana tropical no mundo, com mais de 40% da flora endêmica (SILVA e BATES, 2002; KLINK e MACHADO, 2005). Contudo, novas técnicas produtivas associadas ao relevo predominantemente plano favoreceram o acelerado processo de transformação ocorrido nas últimas décadas (KLINK e MACHADO, 2005), resultando em intensa mudança da cobertura do solo (BRANNSTROM ET AL. 2008). A avaliação da cobertura do solo em estudos de séries temporais facilita a compreensão sobre as alterações da vegetação natural ao longo do

2 tempo, permitindo observar o processo de degradação ambiental (PINHEIRO e DURINGAN, 2009). O uso de ferramentas de geoprocessamento tem contribuído para os estudos de uso e cobertura do solo (BRITO e PRUDENTE, 2005). Aparentemente, nenhum estudo sobre distinção das paisagens fisionômicas e uso dos recursos naturais ao nível da paisagem foi desenvolvido no noroeste goiano. Desse modo, o objetivo do presente trabalho foi mapear a vegetação no município de Diorama, afim de avaliar as alterações no uso do solo com base em uma série histórica de 30 anos (1985 e 2015). Material e Métodos Este trabalho foi realizado no município de Diorama (16º14 00 S, 51º15 16 W, 506m), na mesorregião Noroeste Goiano e Microrregião de Aragarças, com 687,35 km² de extensão territorial (IMB, 2016). As fisionomias outrora predominantes no município eram as formações savânicas típicas de Cerrado, intercaladas secundariamente por florestas semi-decíduas e formações campestres (SILVA et al., 2006). Atualmente as atividades agropastoris substituíram grande parte da cobertura vegetal nativa por pastagens e monoculturas (obs. pess.) Para a identificação e mapeamento das áreas preservadas do município, foram utilizadas imagens de 30m de resolução espacial provenientes dos sensores dos satélites Landsat 5 e 8, cena de órbita/ponto 223/071, para 1985 e 2015, respectivamente. As imagens dos satélites provém da página USGS (United States Geological Survey - disponível em: acesso em junho de 2016). O mês de agosto foi utilizado para imageamento, por se tratar de um mês de seca no Brasil Central, de forma a evitar a perda de informações pela presença de nuvens (< 10% por quadrante). A delimitação municipal de Diorama foi obtida a partir de arquivos vetoriais, no formato shapefile, disponibilizados pelo SIEG (Sistema Estadual de Geoinformação do Estado de Goiás, disponível em: acesso em junho de 2016), a qual foi usada como máscara para a realização do recorte das imagens Landsat. As imagens recortadas serviram de base à análise da cobertura da vegetação e uso do solo na bacia, utilizando-se das bandas 4, 3 e 2 do satélite

3 Landsat 5, para o ano de 1985, e as bandas 5, 4 e 3, do satélite Landsat 8, correspondente ao ano de As imagens foram classificadas com base no método de Máxima Verossimilhança (Maximum Likelihood Classification), que considera a ponderação das distâncias das médias utilizando parâmetros estatísticos (CRÓSTA, 1992), resultando na separação de três classes: cerrado (áreas de vegetação nativa), água e outros (agricultura, pastagem, solo exposto, queimada, etc). Após a classificação foi obtido o valor do índice avaliador da classificação de Kappa, sendo 0,98 para 1985 e 0,99 para 2015, ambos com precisão aproximada de 99%. Resultados e Discussão A tabela 1 demonstra a porcentagem e a área em hectare (ha) para cada classe encontrada em 1985 e A cobertura vegetal em Diorama sofreu alterações no decorrer dos períodos analisados. Em 1985 (Figura 1) a área de cerrado ocupava 52% do território municipal, sofrendo redução nos últimos anos de acordo com o mapeamento. A segunda classe em 1985, com maior expressividade (46% do município) foi outros (pastagem, agricultura, solo exposto, queimadas, etc.). Nesse ano foi detectada quantidade de água relativamente alta (2,5% da área municipal). Importante ressaltar que trata-se de um resultado provável, devido à confusão entre as classes resultantes da similaridade espectral de água e sombra. Uma maior degradação ambiental foi observada em 2015 (Figura 2), devido a mudanças expressivas no uso do solo. Comparado a 1985, a área de cerrado reduziu 36,7% e a classe destinada a outros (pastagem, agricultura, solo exposto, queimadas, etc.), apresentou aumento de 46,8%, tornando-se predominante (67%). Este aumento de áreas desmatadas pode causar problemas ambientais, como redução da capacidade de infiltração de água no solo, diminuição da recarga de água nos lençóis freáticos, além de aumentar riscos de erosões, rarefação da cobertura do solo e assoreamento nos mananciais (BONATO, et al. 2007; LIMA, et al. 2013). Da mesma forma, a quantidade de água detectada reduziu significativamente (96,4%).

Tabela 1. Área das classes de uso e cobertura do solo e proporção (%) ocupada no Município de Diorama, Estado de Goiás, para os anos 1985 e 2015. Classes 1985 2015 Área (ha) % Área ( ha) % Cerrado 35.

4 Tabela 1. Área das classes de uso e cobertura do solo e proporção (%) ocupada no Município de Diorama, Estado de Goiás, para os anos 1985 e Classes Área (ha) % Área ( ha) % Cerrado ,41 51, ,93 32,7 Outros ,24 45, ,27 67,2 Água 1.741,21 2,55 62,66 0,1 Total , , Figura 1. Mapa de cobertura vegetal do município de Diorama em Figura 2. Mapa de cobertura vegetal do município de Diorama em 2015 Considerações Finais O estudo demonstrou uma significativa perda da cobertura vegetal nativa em 30 anos de uso do solo, bem como uma provável diminuição no estoque de água da paisagem. Recomendamos ações de educação ambiental direcionada aos produtores rurais no sentido de sugerir, sempre que possível, a revegetação de parte das suas propriedades com essências nativas, justificando a importância desta atitude para garantir a permanência do recurso hídrico. Agradecimentos Agradecemos ao professor Patrick Thomaz de Aquino Martins pelas sugestões e colaborações prestadas. Denise A. Carvalho e Daniel Blamires receberam, respectivamente, as bolsas de Pós-Graduação-UEG e de Incentivo à Pesquisa (BIP- UEG) durante parte da realização deste estudo.

5 Referências BONATO, F. et al. Uso de geotecnologia para a classificação de pastagens em diferentes níveis de degradação da bacia do Ribeirão Matança localizada no Município de Pium - TO. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 13., 2007, Florianópolis. Anais... São José dos Campos, INPE, p BRITO, J.L.S.; PRUDENTE, T.D., Temporal analises of land use and vegetation cover in Uberlândia-MG (BRAZIL), using satellity ETM+/LANDSAT 7 images. Sociedade & Natureza, 17, CRÓSTA, A. P. Processamento digital de imagens de sensoriamento remoto. Campinas- SP: IG/UNICAMP, BRANNSTROM, et al. Land change in the Brazilian Savanna (Cerrado), : Comparative analysis and implications for land-use policy. Land Use Policy, n. 25, p , INSTITUTO MAURO BORGES. Estatísticas municipais. Disponível em: Acesso em 05 jul KLINK, C. A.; MACHADO, R. B. A conservação do Cerrado brasileiro. Belo Horizonte, Megadiversidade, v. 1, n. 1, p , jul KLINK, C. A.; MOREIRA, A. G. Past and current human occupation and land-use. In: OLIVEIRA, P. S.; MARQUIS, R.J. (Org.). The Cerrado of Brazil: Ecology and natural history of a neotropical savanna. New York: Columbia University Press, 2002, p LIMA, G. C. et al. Avaliação da cobertura vegetal pelo índice de vegetação por diferença normalizada (IVDN). Ambi-Agua, Taubaté, v. 8, n. 2, p , MARTINS, P. T. A. et al. Alteração na cobertura vegetal e uso da terra da bacia hidrográfica do alto rio Tocantins (Goiás): influência das características físicas e a relação com as comunidades indígenas. Ciência e Natura, Santa Maria, v. 37, n. 4, p , PINHEIRO, E.S.; DURIGAN, G., Dinâmica espaço-temporal ( ) das fitofisionomias em unidade de conservação do Cerrado no sudeste no Brasil. Revista brasileira de botânica, 32, SILVA, J. F. et al Spatial heterogeneity, land use and conservation in the Cerrado region of Brazil. Journal of Biogeography, Chicago, v. 33, p , SILVA, J.M.C; BATES, J. M. Biogeographic patterns and conservation in the South American Cerrado: a tropical savanna hotspost. BioScience, Oxford, v. 53, n. 3, p , SISTEMA ESTADUAL DE GEOINFORMAÇÃO DE GOIÁS. Disponível em: < Acesso em: 25 jun

6 UNITED STATES GEOLOGICAL SURVEY: EarthExplorer. Disponível em: < Acesso em: 25 jun

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