AVALIAÇÃO DA PRESENÇA OU NÃO DE ESTRESSE E SUA SINTOMATOLOGIA ASSESSMENT OF THE PRESENCE OR ABSENCE OF STRESS AND ITS SYMPTOMATOLOGY

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1 AVALIAÇÃO DA PRESENÇA OU NÃO DE ESTRESSE E SUA SINTOMATOLOGIA ASSESSMENT OF THE PRESENCE OR ABSENCE OF STRESS AND ITS SYMPTOMATOLOGY Deyze Cristina Silva Dezidério deyzedeziderio@yahoo.com Michele Aparecida Zamian michelezamian@yahoo.com.br Graduandas em Psicologia Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium - UNISALESIANO Profa. Orientadora Ma.Elizeth Germano Mattos profelizeth_aprend@yahoo.com.br Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium - UNISALESIANO RESUMO Trata-se de um relato de experiência com o objetivo de descrever as atividades desenvolvidas na disciplina de Estágio de Formação Profissional II, na área de Psicologia Organizacional realizadas no segundo semestre de 2012 por meio do desenvolvimento do projeto de estágio intitulado Avaliação da presença ou não de estresse e sua sintomatologia. Participaram do projeto, militares do 37º Batalhão de infantaria Leve de Lins. O objetivo foi identificar a presença ou não de estresse e sua sintomatologia. Para tanto, utilizou-se o Instrumento de Avaliação de Stress para Adultos de Lipp (ISSL). Os resultados obtidos demonstraram que existe a presença de estresse, sendo que a prevalência dos sintomas se encontra na fase psicológica.. Palavras-chave: Psicologia Organizacional. Estresse. Militar. ABSTRACT This is an account of experience with the objective of describe the activities developed in the course of Stage II Training in the area of Organizational Psychology in the second half of 2012 through the development of the project of period of training titled "Evaluation of the presence or not of stress and its symptoms. Participated of the project, soldiers from the 37th Battalion of Light infantry of Lins. The objective was to identify the presence or not of stress and its symptoms. For this, we used the Instrument of Evaluation of Stress for Adults of Lipp (ISSL). The results showed that the presence of stress exists, and the symptom prevalence is in psychological phase. Keywords: Organizational. Psychology. Stress. Military. 1

2 INTRODUÇÃO Neste relato de experiência aborda-se como tema central o estresse. A fim de delimitar o assunto optou-se por desenvolver uma avaliação quanto à presença ou não de estresse e de sua sintomatologia na área militar. O objetivo deste projeto foi o de identificar a presença ou não de estresse e sua sintomatologia em militares do 37º Batalhão de Infantaria Leve de Lins, por meio da aplicação do Instrumento de Avaliação de Stress para Adultos de Lipp (ISSL). O ISSL avalia se há ou não a presença de estresse, bem como seu nível, com base em quatro fases, denominadas alerta, resistência, quase exaustão e exaustão, apontando a predominância de sintomas físicos, psicológicos, ou ambos. Importante ressaltar que o 37º Batalhão de Infantaria Leve de Lins é uma tradicional unidade de infantaria do Exército Brasileiro, orgânico da 11ª Brigada de Infantaria Leve (Garantia da Lei e da Ordem) que se encontra preparado para cumprir integralmente sua missão constitucional e contribuir para formar homens de valor e cidadãos conscientes, com notável exemplo de patriotismo, civilidade e solidariedade humana. Quanto à metodologia considera-se importante mencionar que: Este projeto foi elaborado e desenvolvido para o estágio em Psicologia Organizacional e do Trabalho, sob supervisão da Profa. Elizeth Germano Mattos (supervisora de estágio nesta área), no 2º semestre de 2012, estando vinculado à disciplina de Estágio de Formação Profissional II, em conformidade às orientações da Matriz Curricular do Curso de Psicologia do Unisalesiano (Unidade Lins, SP). Por meio de observação in loco e troca de informações com o setor de Relações Públicas da corporação observou-se a necessidade de desenvolver esta proposta de estágio a fim de avaliar a presença ou não de estresse e sua sintomatologia, pois, por muitas vezes, a profissão de militar pode levar o sujeito a enfrentar diariamente contingências de desgaste psicológico e físico. Inicialmente a equipe de estagiárias procurou a corporação e mediante carta de apresentação solicitou-se a possibilidade de realizar o projeto junto aos militares. Após aprovação, foi firmado o convênio entre as instituições (Corporação e Unisalesiano Lins) e, os Termos de Compromisso de Estágio com as estagiárias e 2

3 as duas instituições foram elaborados e devidamente assinados pelas partes. A partir disto, iniciou-se a aplicação do ISSL em 55 militares pertencentes a um mesmo batalhão, sendo este definido pela corporação. A corporação proporcionou uma sala própria para aplicação dos testes, esta fase teve duração de aproximadamente 14 dias. A seguir foi realizada a correção dos testes, a redação e apresentação da devolutiva para o Major responsável pelo estágio na instituição concedente, sendo este vinculado ao Setor de Relações Públicas do 37º Batalhão de Infantaria Leve de Lins. 1 O ESTRESSE E O EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO CONTEXTO MILITAR 1.1 Estresse De acordo com Myers (2003, p.360) o estresse é definido como um estimulo ou uma resposta, é o processo pelo qual avaliamos e lidamos com ameaças e desafios ambientais. O estresse emocional segundo Lipp (2000, p.11) é uma reação complexa do organismo envolvendo componentes físicos, psicológicos, mentais e hormonais, que se desenvolvem a partir de etapas, ou fases. O estresse é conceituado por Lipp (2004) como um estado de tensão que causa uma ruptura no equilíbrio interno do organismo. Quando o estresse ocorre, o equilíbrio (homeostase) é quebrado, e não há mais entrosamento entre os vários órgãos do corpo. Alguns órgãos precisam trabalhar mais e outros menos, para poderem lidar com o problema, causando o estresse inicial. Como, por natureza, o organismo tem o impulso de buscar o equilíbrio, automaticamente é feito um esforço para restabelecer a homeostase interior. Quando consegue restabelecer a ordem interior, o estresse é eliminado, e o organismo recupera-se e volta ao seu estado normal. A volta ao equilíbrio pode ocorrer pelo término da fonte de estresse ou quando se aprende a lidar com ela adequadamente, mesmo em sua presença. Porém, nem sempre a volta ao equilíbrio pelo organismo ocorre de forma satisfatória. 3

4 1.2 Exercício profissional no contexto militar O exercício da profissão de militar pode levar o sujeito a enfrentar contingências de desgaste psicológico e físico. Isto ocorre, pois, os militares precisam estar sempre em alerta para perceber qualquer situação que esteja fora dos padrões de normalidade e agir com agilidade e eficiência, sem perder o controle. 1.3 Contribuições do ISSL Neste projeto optou-se pela aplicação do (ISSL) por permitir a identificação da presença ou não de estresse, a fase em que se encontra e sua respectiva sintomatologia. Lipp (2004) indica a existência de quatro fases, denominadas de: alerta, resistência, quase exaustão e exaustão. Além disso, esclarece que os sintomas podem apresentar predominância psicológica, física ou física + psicológica. O ISSL descreve as fases do estresse da seguinte forma: a) Na fase de alerta: o organismo é exposto a uma situação de tensão e se prepara para a ação. Algumas reações presentes são taquicardia, tensão muscular e sudorese. Se o agente estressor não é excluído, o organismo passa ao estágio de resistência. b) Na fase de resistência: o sujeito, automaticamente, utiliza energia adaptativa para se reequilibrar. Quando consegue, os sinais iniciais desaparecem e o indivíduo tem a impressão de que melhorou, porém a sensação de desgaste generalizado, sem causa aparente, e as dificuldades com a memória ocorrem nesse estágio, mas, muitas vezes, não são identificadas pelo indivíduo em situações de estresse excessivo. c) Na fase de quase exaustão: o organismo está enfraquecido e não consegue se adaptar ou resistir ao estressor. Nesse estágio, as doenças começam a aparecer, como herpes simples, psoríase, picos de hipertensão e diabetes. d) Na fase de exaustão: a exaustão psicológica e a física se manifestam, e, em alguns casos, a morte pode ocorrer. As doenças aparecem 4

5 frequentemente tanto em nível psicológico, em forma de depressão, ansiedade aguda, inabilidade de tomar decisões, vontade de fugir de tudo, como também em nível físico, com alterações orgânicas, hipertensão arterial essencial, úlcera gástrica, psoríase, vitiligo e diabetes. O manual de aplicação do ISSL traz instruções sobre a forma de aplicação e correção, com espaço reservado para coletar dados acerca do sujeito de pesquisa (caracterização), como: sexo, idade, local de trabalho, função exercida e escolaridade. O inventário contém um total de 53 questões fechadas, divididas em três quadros, sobre os sintomas físicos (34 itens) e psicológicos (19 itens). Para a sua aplicação não é necessário que o sujeito seja alfabetizado, pois os itens podem ser lidos para a pessoa; sua aplicação leva aproximadamente dez minutos e pode ser realizada individualmente ou em grupo de no máximo 20 pessoas. Dentro deste aspecto optou-se pela aplicação individual, por possibilitar uma oportunidade de observação mais próxima do respondente. Entende-se que o uso do ISSL no contexto organizacional e/ou institucional é de grande valia, pois possibilita uma avaliação apurada sobre a existência ou não de estresse, acerca da fase e de sua sintomatologia. Estes informações são importantes para estabelecer estratégias de enfrentamento de forma, inclusive, preventiva, implantando-as antes da ocorrência de somatizações, colaborando para a redução de sofrimento ao indivíduo e despesas para a instituição. CONCLUSÃO Entende-se que o trabalho desenvolvido foi relevante pelo fato de ter possibilitado a aplicação da Psicologia Organizacional no contexto militar e de certo modo por ter contribuído para demonstrar a amplitude de serviços que a Psicologia como ciência, em especial, da área organizacional pode exercer na corporação como um todo. Por isso, considera-se que este projeto foi importante, e com boa aceitação pelo 37º Batalhão de Infantaria Leve de Lins. Importante ressaltar que, todas as atividades realizadas foram supervisionadas tanto pelo responsável pelo 5

6 estágio na instituição concedente quanto pelo professor supervisor de estágio organizacional, trazendo benefícios ao processo de desenvolvimento do projeto. O uso do ISSL no contexto organizacional é muito importante, pois possibilita uma avaliação apurada sobre a presença ou não de estresse, sobre a fase e sintomatologia. Isto é uma vantagem na medida em que, a partir da análise dos dados obtidos se pode estabelecer ações preventivas que visem a redução e controle de situações que possam causar estresse no contexto militar e de identificar os sujeitos que necessitam de encaminhamentos específicos. A limitação desta proposta relaciona-se a grande quantidade de militares incorporados à instituição e do custo para aplicação do instrumento. Após a avaliação dos resultados e análise das respostas dos militares apresentou-se ao departamento de Relações Públicas da corporação uma devolutiva explicando os resultados obtidos. Constatou-se que dos 55 militares participantes deste estudo, 37 (67%) não apresentaram estresse, ao passo que 18 (33%), mostraram-se estressados. Neste último grupo, 16 (89%) estavam na fase de resistência e dois (11%) se encontravam na fase de exaustão. Nota-se que há um número significativo de militares estressados (16) na fase de resistência, o que indica necessidade de analisar com maior profundidade este aspecto. No que diz respeito à prevalência de sintomatologia nessa fase, constatou-se que destes 16 militares, 10 (62,5%) apresentam predominância somente de sintomas psicológicos; em quatro casos (25%) há predominância apenas de sintomas físicos e; em dois sujeitos (12,5%) houve a predominância de sintomas psicológicos e físicos. Estes dados indicam que 16 militares apresentam estresse, na fase de resistência Estes sintomas podem interferir sobremaneira nas diferentes esferas de suas vidas, tanto pessoa, como profissional, uma vez que a característica principal desta fase é o grande requerimento de energia adaptativa do organismo em prol do restabelecimento da homeostase interna perdida na fase anterior (alerta). Os principais sintomas apresentados pelos profissionais estressados na fase de resistência são o de pensar constantemente em um só assunto (43%) e sensibilidade emotiva excessiva; estar muito nervoso. Além disso, sugere que a 6

7 qualidade do trabalho desses profissionais pode estar prejudicada, pois o cansaço e o desgaste psicológico/físico podem estar interferindo no desempenho profissional. Tendo em vista os resultados obtidos recomendou-se à instituição a formulação de ações preventivas, considerando o que estressa o militar e como reduzir ou eliminar os fatores estressores. Como sugestão aconselhou-se que sejam realizadas ações específicas para minimizar os efeitos do estresse, como por exemplo: rever a alimentação, para que a mesma fosse equilibrada, para repor os nutrientes gastos nos momentos de maior estresse; relaxamentos como exercícios de respiração profunda; relaxamento muscular; filmes; leituras entre outros. Também se sugeriu como possibilidade o acompanhamento psicológico individual ou de grupo para os casos mais graves, com o intuito de trabalhar com estratégias de enfrentamento para manter a estabilidade emocional dos militares, de forma a gerar qualidade de vida. Como futuro trabalho sugere-se desenvolver pesquisas desta natureza envolvendo outros batalhões da corporação, comparando as diferentes patentes e a presença ou não de estresse nos militares, inclusive considerando outras variáveis como nível de escolaridade, estado civil, tempo de serviço na corporação, dentre outros. Este projeto demonstrou que há um campo fértil para a Psicologia dentro do contexto militar. REFERÊNCIAS FRANÇA, A. C. L.; RODRIGUES. A. L. Stress e trabalho: guia básico com abordagens psicossomática. 2.ed. São Paulo: Atlas, KRUMM, D. Psicologia do trabalho. Rio de Janeiro: LTC Editora, LIPP, M. E. N. Manual do Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL). São Paulo: Casa do Psicólogo, O stress está dentro de você. 6.ed. São Paulo: Contexto,

8 MYERS. D. G. Explorando a psicologia. Rio de Janeiro: LTC, Psicologia. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC,