O Ensino de Saúde através de Jogos Didáticos

Transcrição

1 O Ensino de Saúde através de Jogos Didáticos CABRAL, Terezinha 1 ; DUTRA, Luan Carlos Morais 1 ; TAVARES, Fernanda Oliveira 1 ; FAREZIM KNAPP, Joseana Stecca 2 ; SILVA, Lenice Heloísa de Arruda 2 ; CARRIJO MAUAD, Juliana Rosa 2 Palavras-chave: Educação sanitária; doença; jogos didáticos. Introdução A palavra Saúde, de origem latina salute salvação, conservação da vida vem assumindo significados muito diversos, pois a concepção de saúde que permeia as relações humanas não pode ser compreendida de maneira abstrata ou isolada. Os valores, recursos e estilos de vida que contextualizam e compõem a situação de saúde de pessoas e grupos em diferentes épocas e formações sociais se expressam por meio de seus recursos para a valorização da vida, de seus sistemas de cura, assim como das políticas públicas que revelam as prioridades estabelecidas (BRASIL, PCNs Saúde, 1998). A promoção da saúde ocorre, portanto, quando são asseguradas as condições para a vida digna dos cidadãos, e, especificamente, por meio da educação, da adoção de estilos de vida saudáveis, do desenvolvimento de aptidões e capacidades individuais, da produção de um ambiente saudável, da eficácia da sociedade na garantia de implantação de políticas públicas voltadas para a qualidade da vida e dos serviços de saúde. No município de Dourados - MS algumas doenças estão em destaque devido aos seus impactos na saúde pública, dentre elas estão: pediculose, escabiose, bicho geográfico, bicho de pé, leishmaniose, verminose e dengue, sendo esta última virótica e de grande incidência no município. Segundo Candeias (1997) entende-se por educação em saúde as atividades e experiências de aprendizagem delineadas com objetivo da promoção deste estado, enfatizando a importância de combinar múltiplos fatores essenciais do comportamento humano com as diversas experiências de aprendizagem e de intervenções educativas. O processo de aprendizagem deve possibilitar intencionalmente mudanças de atitudes de uma pessoa, de

2 um grupo e de uma sociedade em relação ao seu bem estar físico, mental e espiritual. O Ensino em Saúde efetivo carece de uma aprendizagem comprometida com as dimensões sociais, políticas e econômicas que integrem ciência, educação e sociedade. É necessário que o ensino em saúde tenha uma reflexão mais crítica acerca dos processos de produção do conhecimento e de suas implicações na sociedade e na qualidade de vida de cada cidadão, capacitando-os a participarem, de alguma forma, das decisões que se tomam nesse campo, já que, em geral, afetam a vida de todos. Essa participação só poderá ocorrer com base no conhecimento adquirido na escola que possibilita uma análise crítica sobre tais assuntos. Um dispositivo, que pode ser utilizado para se despertar o interesse dos alunos sobre o tema é a ludicidade, que provoca um alto interesse e excitação pela aprendizagem. O jogo pedagógico ou didático é aquele fabricado com o objetivo de proporcionar determinadas aprendizagens, diferenciando-se do material pedagógico, por conter o aspecto lúdico (Cunha, 1988), e utilizado para atingir determinados objetivos pedagógicos, sendo uma alternativa para se melhorar o desempenho dos estudantes em alguns conteúdos de difícil aprendizagem (Gomes et al, 2001). Nesta perspectiva, o jogo não é o fim, mas o eixo que conduz a um conteúdo didático específico, resultando em um empréstimo da ação lúdica para a aquisição de informações (Kishimoto, 2005). Segundo Miranda (2001), mediante o jogo didático, vários objetivos podem ser atingidos, relacionados à cognição (desenvolvimento da inteligência e da personalidade, fundamentais para a construção de conhecimentos); afeição (desenvolvimento da sensibilidade e da estima e atuação no sentido de estreitar laços de amizade e afetividade); socialização (simulação de vida em grupo); motivação (envolvimento da ação, do desfio e mobilização da curiosidade) e criatividade. Atuando, sentindo, pensando e reagindo a criança se desenvolve e consequentemente, aprende de forma aprazível e natural. Em tais propostas, é de fundamental importância, que se levem em conta os aspectos pedagógicos,

3 afim de que, ferramentas auxiliares, como a ludicidade, sejam realmente eficazes na construção do ensino em saúde. Nesse sentido, dentro do projeto de Extensão: Bioeducando: Difusão da Educação Sanitária em comunidades de baixa renda e escolas municipais de Dourados-MS os acadêmicos de Ciências Biológicas puderam elaborar, confeccionar, avaliar e divulgar jogos didáticos que auxiliem na compreensão e aprendizagem de conteúdos de educação sanitária, que posteriormente foi apresentado aos professores e alunos do ensino de ciências de escolas envolvidas no projeto. Metodologia O desenvolvimento deste trabalho implicou na participação de 25 acadêmicos e três professoras/orientadoras do curso de Ciências Biológicas da Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais da Universidade Federal da Grande Dourados. Os jogos foram elaborados com base na literatura existente sobre jogos didáticos e conteúdos específicos: pediculose, escabiose, bicho geográfico, bicho de pé, leishmaniose, verminose e dengue. Para a elaboração dos jogos foram necessários domínio do conteúdo, proporcionado através de capacitações sobre as temáticas supracitadas e auxílio das professoras/orientadoras. Inicialmente foram confeccionados protótipos dos jogos e, após o teste do jogo piloto foram confeccionadas as versões finais, levando em consideração cada nível de escolaridade do grupo de jogos envolvidos: Ensino Fundamental I: 1º ao 5º ano, Ensino Fundamental II: 6º ao 7º ano e Ensino Médio. Os jogos foram criados por sete grupos de acadêmicos de Ciências Biológicas levando em consideração as temáticas do projeto, sendo confeccionado para cada temática três jogos sendo um para cada nível de ensino proposto. Na confecção dos jogos foi priorizado a necessidade de conter regras ou instruções, diferentes graus de exigências para o desenvolvimento do jogo e criatividade na criação do jogo, visando a atividade como algo prazeroso que possibilite a aprendizagem do aluno.

4 Os materiais disponíveis para a confecção dos jogos foram: cola, tesoura, barbante, E.V.A. (Espuma Vinílica Acetinada), papel cartão colorido, papelão, garrafas pets e figuras retiradas de vários referenciais e até criadas por acadêmicos. Resultados e discussão Foram desenvolvidos jogos baseados em sete temáticas já mencionadas anteriormente, para a educação básica, dividida em três níveis: Ensino Fundamental I: 1º ao 5º ano, Ensino Fundamental II: 6º ao 7º ano e Ensino Médio. Perfazendo um total de 21 jogos didáticos diferentes com graus de exigência variável. Com a confecção dos jogos ficou explícito a necessidade de apropriar-se dos conceitos de saúde sanitária antes de iniciar o desenvolvimento da atividade. O jogo deixou de ser uma atividade fácil, meramente mecânica e criativa e que, por si só e independente dos seus mecanismos, faria e facilitaria a aprendizagem. A capacitação dos acadêmicos possibilitou que estes compreendessem que o jogo lúdico é um instrumento que pode ser de grande ajuda no processo de aprendizagem e pode despertar o interesse do grupo para quem se ensina. Assim, torna-se possível desde que a criação do jogo seja muito bem planejada, com regras coerentes, com a aplicação correta do conteúdo a ser trabalhado, estimulando as pessoas que vão jogar a raciocinar, adequando cada jogo ao nível escolar e de idade do público-alvo tornando-a uma atividade prazerosa, onde a brincadeira só terá espaço na hora de jogar e não na hora de fabricar tais brinquedos. Os jogos fabricados pelos discentes foram utilizados para demonstração e exemplificação num processo de formação continuada dos professores da rede pública municipal de ensino sobre a educação em saúde. Conclusões Os materiais didáticos são ferramentas fundamentais para os processos de ensino e aprendizagem, e o jogo didático caracteriza-se como uma importante e viável alternativa para auxiliar em tais processos por favorecer a construção do conhecimento ao aluno.

5 Assim a implantação de atividades alternativas e baratas é uma opção cabível para transformar o processo de ensino-aprendizagem mais dinâmico, respeitando-se, entretanto o grau de desenvolvimento cognitivo dos estudantes. Com esta atividade foram confeccionados 21 jogos didáticos, sendo divididos em: jogos de tabuleiros, caça-palavras, quebra-cabeças, memória simples e composta, perguntas e respostas entre outros. Buscou-se através destes jogos diferentes possibilidades de apresentar e aprimorar os conhecimentos dos alunos frente as questões de saúde tendo como principal foco as sete temáticas escolhidas dentro da educação sanitária. Os acadêmicos envolvidos na atividade de extensão puderam participar de capacitações com as professoras/orientadoras sobre as temáticas envolvendo educação sanitária e uso de jogos didáticos, bem como participar de momentos de formação continuada da Rede Municipal de Ensino o que aproxima o acadêmico da realidade social de seu campo de atuação como professor-biólogo. Os jogos confeccionados apresentam-se como um possibilidade de ação para os professores frente a memorização e repetição de conceitos. Nesse sentido, os jogos aparecem como uma alternativa didática frente a aula tradicional e monótona. Fontes Financiadoras Os autores agradecem ao MEC/Sesu/PROEXT 2011 e a Universidade Federal da Grande Dourados pelo apoio financeiro. Referências Bibliográficas BETTELHEIM, Bruno. Uma vida para seu filho: pais bons o bastante. Tradução Maura Sardinha, Maria Helena Geordane. 11. ed. Rio de Janeiro: Campus, p. BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais Saúde, Brasília MEC, 1998.

6 CANDEIAS, N.M.F. Conceitos de educação e de promoção em saúde: mudanças individuais e mudanças organizacionais. Revista de Saúde Pública, 31 (2) p CUNHA, N. Brinquedo, desafio e descoberta. Rio de Janeiro: FAE GOMES, R. R.; FRIEDRICH, M. A Contribuição dos jogos didáticos na aprendizagem de conteúdos de Ciências e Biologia. In: EREBIO,1, Rio de Janeiro, 2001, Anais..., Rio de Janeiro, 2001, p KISHIMOTO, T. M.(Org.) Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação 8. ed. São Paulo: Cortez, Vários Autores. ISBN , 184p MIRANDA, S. No Fascínio do jogo, a alegria de aprender. In: Ciência Hoje, v.28, 2001 p