Morfologia: classes gramaticais (material teórico complementar)

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1 Colégio Magno Gramática 1.o ano Profa. Renata Godoy Morfologia: classes gramaticais (material teórico complementar) Pronomes Pronome é a palavra variável em gênero, número e pessoa que representa ou acompanha o substantivo, indicando-o como pessoa do discurso ou situando-o no espaço e no tempo. Os pronomes são palavras que têm a propriedade de fazer referência a outros elementos do texto. É pelo contexto que se determina a significação dos pronomes. Quanto o pronome faz referência a um segmento textual mencionado anteriormente, dizemos que tem valor anafórico. Caso se refira a elemento do texto que ainda vai ser mencionado, dizemos que tem valor catafórico. Encomendei o livro na livraria, e ele chegou no prazo. (ele = livro. Valor anafórico) Ele me garantiu que viria. João nunca falta com a palavra. (ele = João. Valor catafórico) Quando o pronome representa o substantivo, dizemos que se trata de um pronome substantivo. Convidei Paulo. Ele confirmou que viria. Falei com Paulo e convidei-o para a festa. Quando o pronome determina o substantivo, restringindo a extensão de seu significado, dizemos que se trata de pronome adjetivo. Esta casa é antiga. Meu livro é caro. Há seis espécies de pronomes em português: pessoais, possessivos, demonstrativos, relativos, indefinidos e interrogativos. Via de regra, os pronomes estão relacionados às pessoas do discurso, que são três: Primeira pessoa Segunda pessoa Terceira pessoa Aquela que fala Aquela a quem se fala Aquela de quem (ou de que) se fala A) Pronomes pessoais são aqueles que representam as pessoas do discurso. Os pronomes pessoais variam em número e pessoa, e alguns de pessoa variam também em gênero. Além de variar em número, pessoa e gênero, os pronomes pessoais apresentam variação na forma (reto e oblíquo), dependendo da função sintática que exercem na frase. Basicamente, os pronomes retos são empregados nas funções de sujeito, predicativo e vocativo; os pronomes oblíquos atuam como complemento.

2 número pessoa Pronomes retos Pronomes oblíquos singular plural primeira segunda primeira segunda Os pronomes oblíquos podem ser: a) átonos: me, te, se, lhe, nos, vos, o, a, os, as; b) tônicos: mim, ti, si. Eu tu ele / ela Nós vós eles / elas me, mim, comigo te, ti, contigo se, si, consigo, o, a, lhe nos, conosco vos, convosco se, si, consigo, os, as, lhes Os pronomes oblíquos tônicos virão sempre precedidos de preposição (a, de, em, para, por etc). Precedidos pela preposição com, assumem as formas comigo, contigo e consigo. As formas conosco e convosco resultam da junção da preposição com e os pronomes nós e vós. No português falado no Brasil, os pronomes pessoais de segunda pessoa do plural (vós e convosco) são raramente empregados. Em seu lugar, empregam-se as formas vocês e com vocês. - Pronomes de tratamento Tratamento é a forma pela qual o sujeito falante se dirige ao interlocutor. Na categoria dos pronomes pessoais, incluem-se os pronomes de tratamento. Referem-se à pessoa a quem se fala (portanto, segunda pessoa), mas a concordância gramatical deve ser feita com a pessoa. Há uma lista com alguns desses pronomes na página 152 do livro de Gramática (Conexões). - Emprego dos pronomes pessoais 1- No português do Brasil, os pronomes oblíquos se, si, consigo devem ser empregados unicamente como reflexivos. Pronomes reflexivos são aqueles que, na função de complemento do verbo, representam a mesma pessoa ou a mesma coisa que o sujeito. Sujeito e complemento são correferenciais. Ele feriu-se. Cada um faça a redação por si mesmo. O professor trouxe as provas consigo. No plural, o pronome reflexivo se também é empregado para indicar reciprocidade de ação. Neste caso, equivale a um ao outro, uns aos outros, mutuamente. Marco e Lúcia se amam. Os atletas cumprimentaram-se. 2- Os pronomes oblíquos o, a, os, as quando precedidos de formas verbais que terminam em -r, -s ou -z, assumem as formas lo, la, los, las. amar-o = amá-lo vender-a = vendê-la partir-os = parti-los quis-o = qui-lo fez-os = fê-los fiz-o = fi-lo

3 3- Os pronomes oblíquos o, a, os, as quando precedidos de formas verbais que terminam em ditongo nasal, assumem as formas no, na, nos, nas. amaram-o = amaram-no venderam-a = venderam-na partiram-os = partiram-nos dispõe-as = dispõe-nas 4- Os pronomes de tratamento devem vir precedidos de vossa, quando nos dirigimos à pessoa representada pelo pronome, e por sua, quando nos referimos a essa pessoa. Vossa Excelência já aprovou os projetos? perguntou o assessor. Sua excelência, o governador, estará presente à inauguração relatou o repórter. B) Pronomes possessivos são aqueles que se referem às pessoas do discurso, indicando ideia de posse. número pessoa pronomes possessivos Singular (um possuidor) Plural (mais de um possuidor) primeira segunda primeira segunda meu, minha, meus, minhas teu, tua, teus, tuas seu, sua, seus, suas nosso, nossa, nossos, nossas vosso, vossa, vossos, vossas seu, sua, seus, suas Em muitos casos, a utilização do possessivo de pessoa (seu e flexões) pode deixar a frase ambígua, ou seja, podemos ter dúvidas quanto ao possuidor: A professora disse ao diretor que concordava com sua nomeação. (Nomeação de quem? Da professora ou do diretor?) Para evitar essa ambiguidade, deve-se, sempre que possível, substituir o pronome seu (e flexões) pela forma dele (e flexões): A professora disse ao diretor que concordava com a nomeação dela. A professora disse ao diretor que concordava com a nomeação dele. - Emprego dos pronomes possessivos 1- Em geral, os pronomes possessivos devem vir antes do substantivo a que se referem. Minha casa fica em um bairro afastado. Nossas amigas viajaram sem avisar. Há casos em que a mudança de posição do pronome possessivo pode provocar alterações de sentido nas frases. Recebi notícias suas. (notícias sobre você) Recebi suas notícias. (notícias transmitidas por você)

4 2- A palavra seu que antecede nomes de pessoas não é pronome possessivo, mas corruptela do pronome de tratamento senhor. Seu Humberto, o senhor poderia emprestar-me a furadeira? C) Pronomes demonstrativos são aqueles que indicam a posição do ser no tempo e no espaço, tomando-o em relação às pessoas do discurso. pessoa do discurso variáveis invariáveis primeira este, esta, estes, estas isto segunda esse, essa, esse, essa isso aquele, aquela, aqueles, aquelas aquilo Dependendo do contexto, também podem funcionar como pronomes demonstrativos as seguintes palavras: o, mesmo, próprio (variam em gênero e número), semelhante e tal (variam somente em número). O, a, os, as são pronomes demonstrativos quando equivalem a aquele(s), aquela(s), aquilo, isso. Somos o que somos (= aquilo que somos) Esta é a casa que comprei, mas não é a que pretendia adquirir. (=aquela que pretendia adquirir) Nos exemplos acima, o e a funcionam como pronomes demonstrativos, antecedendo o pronome relativo que. Na frase abaixo, o é pronome demonstrativo por equivaler a isso. Embora não o dissessem, iriam votar naquele candidato. (= Embora não dissessem isso) Tal é pronome demonstrativo quando equivale a este, esse (e flexões), isso. Tal fato é digno de repreensão. Mesmo e próprio são demonstrativos de reforço. Estarão sempre se referindo a um substantivo ou pronome, com o qual deverão estabelecer concordância. Ele mesmo resolveu entregar os documentos. Ela própria registrou a queixa. Respondeu às mesmas perguntas diversas vezes. Não se deve fazer justiça com as próprias mãos. - Emprego dos pronomes demonstrativos 1- Os pronomes demonstrativos podem ser utilizados para indicar a posição espacial de um ser em relação às pessoas do discurso. a) os demonstrativos de primeira pessoa (este e flexões, isto) indicam que o ser está próximo à pessoa que fala. Esta caneta que está comigo é azul. Este relógio que eu tenho nas mãos é suíço. Isto que está aqui comigo é um livro.

5 b) os demonstrativos de segunda pessoa (esse e flexões, isso) indicam que o ser está próximo à pessoa com quem se fala. Essa caneta que está contigo é azul. Esse relógio que tu tens nas mãos é suíço. Isso que está aí com você é um livro. c) os demonstrativos de pessoa (aquele e flexões, aquilo) indicam que o ser está próximo à pessoa de quem se fala, ou distante dos interlocutores. Aquela caneta que está com o aluno da outra sala é azul. Aquele relógio que está lá na vitrine é suíço. Aquilo que está ali com o professor é um livro. 2- Os demonstrativos servem também para indicar a posição temporal, revelando proximidade ou afastamento no tempo em relação à pessoa que fala. a) o demonstrativo de primeira pessoa (este e flexões) revela tempo presente, ou bastante próximo do momento em que se fala. Este dia está bom para ir à piscina. Pretendo fazer as compras ainda nesta semana. Agora estou tranquilo: neste ano, o colégio organizou uma festa inesquecível. b) o demonstrativo de segunda pessoa (esse e flexões) revela tempo passado relativamente próximo ao momento em que se fala. Em fevereiro fez muito calor; nesse mês pude ir várias vezes à piscina. Há um ano concluí meu curso de francês; nesse ano ano pretendia morar na Europa. c) o demonstrativo de pessoa (aquele e flexões) revela tempo remoto ou bastante vago. Em 1950 realizou-se a Copa do Mundo no Brasil. Naquele ano, o Uruguai surpreendeu a todos, conquistando o título. Na penúltima década do século passado, chegaram ao Brasil os primeiros telefones celulares. Naquela época, poucas pessoas dispunham de tal comodidade. 3- Os pronomes demonstrativos este (e flexões), esse (e flexões), isto e isso podem indicar o que ainda vai ser mencionado e aquilo que já foi mencionado, isto é, podem ter valor catafórico ou anafórico. a) Devemos empregar este (e flexões) e isto quando queremos fazer referência a alguma coisa que ainda vai ser mencionada (valor catafórico). Espero sinceramente isto: que se procedam as reformas. Estas são algumas características do Romantismo: subjetivismo, apego à natureza, nacionalismo. b) Devemos empregar esse (e flexões) e isso quando queremos fazer referência a alguma coisa que já foi mencionada (valor anafórico). Sempre quis ter um corpo de atleta: Ronaldo me propiciou isso. Subjetivismo, apego à natureza, nacionalismo: essas são algumas características do Romantismo.

6 c) Emprega-se este em oposição a aquele quando se quer fazer referência a elementos já mencionados. Este se refere ao mais próximo; aquele, ao mais distante. Nesse caso, tanto este quanto aquele possuem valor anafórico. Matemática e Literatura são disciplinas que me agradam: esta me desenvolve a sensibilidade; aquela, o raciocínio. D) Pronomes relativos são aqueles que retomam um nome da oração/frase anterior (o antecedente) e o projetam em outra oração/frase. Os pronomes relativos têm sempre valor anafórico. Não conhecemos os alunos. Os alunos saíram. Não conhecemos os alunos que saíram. variáveis o qual, a qual, os quais, as quais cujo, cuja, cujos, cujas quanto, quanta, quantos, quantas invariáveis que quem onde como - Emprego dos pronomes relativos 1- Os pronomes relativos virão precedidos de preposição se a regência assim determinar. Este é o autor a cuja obra me refiro. (referir-se a) Este é o autor de cuja obra gosto. (gostar de) São opiniões a que sou favorável (favorável a) 2- O pronome relativo quem é empregado em referência a pessoas. Não conheço a garota de quem você gosta. Este é o rapaz a quem você se referiu. 3- O pronome relativo que pode ser empregado com referência a pessoas ou coisas. Não conheço o rapaz que saiu. Esta é a saia que Simone comprou. 4- O pronome relativo cujo (e flexões) é relativo possessivo, equivalendo a do qual (e flexões). Deve concordar com a coisa possuída e não admite a posposição de artigo. Esta é a pessoa em cuja casa me hospedei. (casa da pessoa) Feliz o pai cujos filhos são ajuizados. (filhos do pai) 5- O relativo onde é usado para indicar lugar e equivale a em que, no qual (e flexões). Esta é a casa onde moro. Não conheço o lugar onde você está.

7 Se não estiver indicando lugar, não devemos empregar onde, mas em que ou na qual (e flexões). Onde pode ser usado sem antecedente. Fique onde está. 6- O relativo como é usado para exprimir modo. Não entendo a maneira como ele se comporta. E) Pronomes indefinidos são aqueles que se referem à pessoa do discurso de modo vago e impreciso. Alguém me contou a verdade. Algo me diz que este não é o caminho. variáveis algum, alguma, alguns, algumas nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas todo, toda, todos, todas outro, outra, outros, outras muito, muita, muitos, muitas pouco, pouca, poucos, poucas certo, certa, certos, certas vários, várias quanto, quanta, quantos, quantas tanto, tanta, tantos, tantas qualquer, quaisquer qual, quais um, uma, uns, umas invariáveis algo, tudo, nada, alguém, ninguém, outrem, mais, menos, cada, que, quem Algo, tudo e nada referem-se a coisas; alguém, ninguém e outrem referem-se a pessoas. Mais, menos e cada podem se referir a coisas ou pessoas. Os pronomes indefinidos podem aparecer na forma de locução pronominal: cada qual, quem quer que, qualquer um, todo aquele que. - Emprego dos pronomes indefinidos 1- Certo é pronome indefinido quando anteposto ao nome a que se refere. Quando posposto, será adjetivo. Não entendi certos exercícios. (pronome indefinido) Os exercícios certos valerão nota. (adjetivo) Certo amigo me avisou do perigo. (pronome indefinido) O amigo certo se conhece na hora incerta. (adjetivo) 2- Todo e toda (no singular), quando desacompanhados de artigo, significam qualquer. Quando acompanhados de artigo, passam a dar a ideia de totalidade. Todo homem é mortal. (qualquer homem) Ele comeu todo o bolo. (o bolo inteiro)

8 F) Pronomes interrogativos são aqueles usados em frases interrogativas diretas ou indiretas. São eles: quem, que, qual e quanto. Quem chegou? (interrogativa direta) Gostaria muito de saber quem fez isso. (interrogativa indireta) (pronomes interrogativos, pois os referentes são desconhecidos) A atriz de quem sou admirador estará na próxima novela. Pedro encontrou o livro que procurava. (pronomes relativos, pois os referentes são conhecidos) O pronome interrogativo refere-se sempre a um ser sobre o qual não temos informações. Esta é a própria essência da frase interrogativa. Por essa característica, os pronomes interrogativos assemelham-se aos pronomes indefinidos.

9 Ernani Terra. Curso prático de gramática. São Paulo, Editora Scipione, Mauro Ferreira. 360 o Aprender e praticar gramática. Editora FTD, 2015.