TODO MUNDO TEM DIREITO A ARQUITETURA?
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- Vítor Caetano Beltrão
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1 TODO MUNDO TEM DIREITO A ARQUITETURA? SEMINÁRIO ESTADUAL DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA - RS PORTO ALEGRE 08 DE NOVEMBRO DE 2012 Federação Nacional de Arquitetos e Urbanistas Sindicado dos Arquitetos do Rio Grande do Sul Fórum Estadual de Reforma Urbana FNRU/FERU-RS O Seminário de Assistência Técnica para habitação de interesse social foi uma realização do SAERGS, FNA e FERU/RS com apoio do IAB/RS e aconteceu no auditório da Faculdade de Arquitetura da UFRGS no dia 08 de novembro de 2012 e contou com a participação de representantes de Universidades, Prefeituras, Movimentos Sociais, Escritório Modelo de Arquitetura e Urbanismo, ONG/Assessorias, CAU/RS e Profissionais de Arquitetura, além de representantes do FERU/RS, SAERGS, FNA e IAB/RS. Com o objetivo de fomentar a discussão sobre a Lei de Assistência Técnica (Lei Federal /2008) no Brasil e no Rio Grande do Sul. A proposta inicial foi de realizar um diagnóstico das dificuldades de implementação da legislação, a qual prevê o atendimento público e gratuito às famílias de baixa renda que necessitarem de serviços em habitações de interesse social. No entanto, profissionais, entidades e instituições de Arquitetura e Urbanismo ainda lutam para que esse direito seja consolidado e amplamente oferecido à população brasileira. A programação foi dividida em dois turnos, sendo: Manhã: O Seminário foi aberto com uma saudação do presidente do CAU/RS que relatou a importância do tema ao relembrar que o Rio Grande do Sul foi pioneiro ao começar discutir a Assistência Técnica gratuita a moradia econômica, através do Arq, Clóvis Ilgenfritz da Silva. A sequência do seminário se deu com a FNA, SAERGS e Caixa Econômica Federal falando sobre a Contextualização da Assistência Técnica no Brasil com apresentações realizadas pela FNA AT no Brasil contextualização, dados e propostas da FNA a curto, médio e longo prazos para fortalecimento e implementação da assistência técnica gratuita e da CAIXA Assistência Técnica CAIXA, uma contextualização da AT realizada pela CAIXA de forma a atender os empreendimentos realizados no País com recursos disponibilizados pela Caixa. Ainda foram realizadas Exposições de Ações e Projetos de Assistência Técnica no Estado do Rio Grande do Sul por representantes da Universidade Feevale Arquitetura e Comunidade, que retrata uma parceria entre a Universidade com a Prefeitura de Novo Hamburgo que gestiona a ação de profissional arquiteto egresso da Faculdade de Arquitetura da FEEVALE na elaboração e execução de projetos de habitação em áreas de interesse social do município de Novo Hamburgo. Seguindo as apresentações representantes do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) relataram suas experiências referentes ao FNHIS Entidades, tanto AT (único no Estado) quanto produção habitacional, apontando dificuldades e soluções adotadas de forma a atender os objetivos de construir moradias para a população. Após e projetos do PMCMV e os projetos de cooperativas habitacionais foram temas apresentados pela Central de Movimentos Populares (CMP), que destacou a importância da assistência técnica, bem como a necessidade de maior capacitação dos agentes envolvidos na execução dos programas. Após cada apresentação foi realizado um debate, evidenciando o interesse dos presentes sobre o tema. Tarde: Foi realizada a oficina participativa Construindo um diagnóstico e tecendo propostas sobre a Assistência Técnica quando os presentes apontaram as principais dificuldades enfrentadas para a implementação de uma Assistência Técnica Universal e Gratuita em habitação para a população de baixa renda, bem como foram identificados as potencialidades e os avanços conquistados após a aprovação da lei. O método participativo propiciou que todos os presentes, através de tarjetas, escrevessem sobre o acumulo de suas experiências sobre o tema de forma que cada uma das manifestações foi organizada em eixos de ação, a saber: Formação Profissional;
2 Formação dos Movimentos Sociais; Capacidade Institucional Gestão do poder público municipal; Gestão do poder publico federal Ministério das Cidades e CAIXA; Gestão Movimentos Sociais; Informação/Divulgação; Legislação/Regulamentações; Recursos Financeiros; Burocracia. Abaixo se descreve as principais intervenções feitas em cada um dos eixos 1) FORMAÇÃO PROFISSIONAL a. Faculdades e universidades só estão nas grandes cidades, mas deveriam ir aos pequenos municípios para assisti-los gratuitamente. Assistir os pequenos municípios para evitar a migração do povo que às vezes ocupa irregularmente áreas com grandes problemas técnicos-sociais. b. Qualificar a política pública de AT a exemplo de modelos que são realizados em outros países c. Falta de profissionais qualificados e cadastrados d. Baixo / fraco envolvimento dos profissionais de arquitetura e. Desarticulação entre diversos atores que podem prestar AT governo, entidades, universidades etc. f. Falta visão social pelos técnicos da área social g. Falta capacitação técnica no atendimento social h. Problemas técnicos e de projeto e de execução - responsabilidade técnica do arquiteto. i. Arquitetos: perfil do profissional que vai para o mercado de trabalho. j. Necessidade da multidisciplinaridade do processo (interdisciplinaridade) k. Há interesse dos técnicos, mesmo que não sejam todos l. Apoio multidisciplinar MOVIMENTOS m. Falta de capacitação treinamento n. Falta de formação do agente comunitário para trabalhar com o corpo técnico o. Falta de informação e formação de quem mora na região beneficiada ou prejudicada com habitação. 2) CAPACIDADE DE GESTAO/PODER PÚBLICO MUNICIPAL a. (In)Capacidade operacional do poder público b. Dificuldade dos técnicos eng/arq de lidar com questões específicas da HIS e dos movimentos populares c. Dependência de vontade política do poder público municipal d. Trabalho do órgão, das instituições, desvinculado dos movimentos populares e. Falta de estrutura técnica nas prefeituras (arquitetos, engenheiros e técnico social) f. O gestor municipal não proporciona AT às entidades e ou deve dar condições que as mesmas acessem a AT. g. Há necessidade de vínculo da AT com os planos locais de habitação h. Falta de fiscalização do poder público 3) Gestão Poder Público - UNIÃO-CAIXA-Ministério das Cidades a. O espírito capitalista tem efeito contrário ao social e cooperativista. A Caixa deveria ampliar o departamento de apoio às cooperativas, movimentos e outras formas de iniciativas populares para os projetos de moradia popular b. Maior fiscalização da caixa no governo que estiver selecionando os beneficiários. Transparência c. Dificuldades de operacionalização do programa de AT do Ministério das Cidades
3 d. Sintonia interna no sistema da Caixa e dos governos e. As grandes construtoras deveriam assumir no mínimo 30% dos recursos dos projetos para mais de 3SM e destinar para construção de moradia social para famílias com renda de zero a 3 SM sob risco de não acessar financiamento se não aceitar as regras 4) MOVIMENTOS SOCIAIS a. Incapacidade de gestão técnica dos movimentos b. Falta de mão de obra. Necessidade de Treinamento para execução da obra profissionais e beneficiários c. Construção da habitação pela necessidade e de acordo com as condições políticas e financeiras oferecidas pelo governo d. As dificuldades de AT para os movimentos e cooperativas de pequeno porte nos lugares mais carentes por parte dos governos que arrecada imposto para manter à parte técnica e acompanhamentos. MNLM. e. Incapacidade de gestão técnica dos movimentos 5) INFORMAÇÃO, DIVULGAÇÃO. a. Desconhecimento do projeto referente a Lei da Assistência Técnica pelos órgãos e sociedade b. Falta de divulgação das leis dos programas habitacionais c. Falta de divulgação da lei para a sociedade civil d. Falta de conhecimentos dos possíveis operadores da lei e. Necessidade de divulgação informação dos papéis na implementação/fiscalização da AT. f. Falta de conhecimento das regras, trâmites, etc 6) LEGISLAÇÃO REGULAMENTAÇÃO a. Falta de regulamentação de procedimentos para implementação da lei de AT b. As leis não claras normativas c. Formalização do envolvimento da universidade com AT (ex: extensão, EMAUs) d. Só contempla obras novas (FNHIS) e. AT do FNHIS não atende a todos que precisam. Apenas projetos definidos pelo MC f. Não há asseguramento dos beneficiários de baixa renda g. Há pessoas e grupos que são contra a AT (governo e sociedade) h. Descobrir de onde vem o pagamento do profissional (forma de como pagar) i. Direitos do trabalhador e/ou morador desconhecimento j. Legislação trabalhista encargos sociais muito altos inviabilizam as contratações frente ao valor do recurso disponibilizado k. Necessidade de contratos trabalhistas diferenciados para movimentos nas obras l. Os projetos são inadequados às necessidades das famílias repetição de projeto m. Responsabilidade técnica termina quando termina a execução da obra n. Número de projetos X número de profissionais o. Projetos atendem um Padrão mínimo exigido pelo governo e agente financiadores p. Parceria cooperativas e movimentos Poder público + CEF 7) RECURSOS FINANCEIROS a. Poucos recursos b. Faltam recursos para efetivar o trabalho técnico c. Remuneração baixa para serviços de AT d. Recurso para AT ainda sai do dinheiro da casa e. Regime de mutirão. Remuneração? - Mutirão é um trabalho
4 f. Não tem dinheiro para pagar encargos sociais, acidentes de trabalho e pagar os salários. Não deve retirar dinheiro do valor da casa g. Administrar os recursos com responsabilidade 8) BUROCRACIA PROPOSTAS a. Forma de contratação do FNHIS entidades b. Excesso de regulamentos c. Entraves para a contratação do Arquiteto Residente d. Demora na operacionalização acarretando prejuízo no projeto e. Regras para elaboração de projetos captar recursos - Há muitas boas experiências. Devem ser estudadas, copiadas, expandidas, ensinadas - Escritórios modelos - Conhecer se apropriar e modificar o aparelho do Estado - Aprovação da Lei de A.T. E disponibilização de recursos para AT e HIS - A Lei /2008 já criou as bases para muitas soluções - O PMCMV não consulta mais o SPC e SERASA, e não exigir carteira assinada para até 03 SM. - Dá eficiência ao investimento feito - Temos que separar a questão assistência técnica, quando o projeto é social da iniciativa privada que produz para obter lucros, porém a responsabilidade tem que ser de todos. - A interação dos movimentos, entidades e executivos com os técnicos profissionais e executores dos projetos será a garantia do melhor aproveitamento dos recursos e qualidade no produto final. - Recurso para produção da moradia - Acesso a moradia digna - Há muito investimento na habitação. Há uma onda positiva - Demanda é ampla, pode resolver o problema de muita gente. - Que os gastos com a construção habitacional apresentados, por cooperativas e movimentos, sejam calculado separado. - Há estrutura pública (CEF, Ministério das Cidades) que pode dar apoio às ações - A tentativa da socialização em grupos (condomínios) - Exercício das relações de poder na sociedade - Poderá articulação das entidades e (???) e movimentos - Movimentos sociais ativos, com conhecimento, muito capazes de agir - Projeto participativo (com interação profissional/comunidade) - Criação de estruturas, na caixa, focadas em AT, HIS e Habitação Rural - Reconhecimento dos movimentos sociais, pelo governo federal, como parceiros de discussão das políticas de habitação. - Ampliação do quadro de profissionais de arquitetura e engenharia para AT aos movimentos sociais na CEF - Necessidade da multidisciplinaridade do processo (interdisciplinariedade antropólogos, geógrafos, psicólogos, etc) - Inflexão das entidades gestoras do recurso e do governo federal - Aplicação e incentivo à auto-gestão - Abertura do governo federal para que as entidades e movimentos também podem acessar os programas habitacionais. - Ousar lutar. Ousar Vender. Enfrentar o sistema e mostrar que é possível! ESTRATÉGIAS 1) FORMAÇÃO a. Investir na qualificação, através de capacitações junto as universidades, movimentos sociais, comunidades, profissionais e entidades.
5 b. Buscar a troca de experiências entre ações já desenvolvidas na área em municípios e estados no Brasil como forma de agilidade para acumular. 2) CAPACIDADE DE GESTAO/PODER PÚBLICO MUNICIPAL a. Instrumentalizar municípios para a execução da AT junto a política habitacional local PLHIS, Conselho e Fundo. 3) Gestão Poder Público - UNIÃO-CAIXA-Ministério das Cidades a. Agenda propositiva junto ao Governo de forma a garantir a abertura de sistemática e liberação de recursos, bem como equacionar as ações regras, normativas e discurso entre os gestores dos diferentes agentes do governo 4) MOVIMENTOS SOCIAIS a. Instrumentalizar movimentos sociais para a aplicação da Lei, seja no PMCMV Entidades, como no FHNS AT e ações individuais 5) INFORMAÇÃO, DIVULGAÇÃO. a. Campanha Nacional da Assistência Técnica 6) LEGISLAÇÃO REGULAMENTAÇÃO a. Regulamentar a Lei da AT b. Criar outros instrumentos legais de caráter legislativo municipal, Estadual e DF que possam viabilizar a implementação da AT 7) RECURSOS FINANCEIROS a. Garantir junto aos governos federal, estadual, DF e municipal no Orçamento e previsto no PPA recursos específicos para AT, independentes dos programas habitacionais. b. Fomentar a aprovação da PEC da Moradia c. Alimentar os Fundos de Habitação União, Estado, DF e Municípios. 8) BUROCRACIA a. Identificar os entraves burocráticos com alternativas para flexibilização para facilitar a operacionalização da assistência técnica. b. Ajustar a lei sob o ponto de vista legal considerando a possibilidade de contratação pelo beneficiário e entidades através de RPA.
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