Indústria 4.0 e a Europa
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- Diana Figueira Botelho
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1 Indústria 4.0 e a Europa Trabalho elaborado por consultor externo a pedido da Siemens Portugal A RESPOSTA DA EUROPA PARA A INDÚSTRIA 4.0 Nos últimos anos surgiram por toda a Europa mais de 30 iniciativas regionais e nacionais com destaque para Industrie4.0 (Alemanha), Smart Industry (Holanda), Catapults (Reino Unido) e Industrie du Futur (França), mas apenas em Abril de 2016 foi lançada, em Bruxelas, a estratégia europeia para a Digitalização da Indústria, uma iniciativa integrada no chamado Mercado Único Digital. A Comissão Europeia defende que uma abordagem de âmbito europeu é essencial para evitar uma maior fragmentação do mercado, situação que impediria a existência da massa crítica necessária à atração de investimento estrangeiro e seria um obstáculo a que as economias europeias pudessem retirar todo o potencial da evolução digital. Assim, foi apresentado a 19 de abril de 2016 um conjunto de medidas de apoio a iniciativas nacionais, que visam a estabelecer ligações entre estas com vista à digitalização da indústria e dos serviços conexos em todos Siemens SA
2 os sectores. Pretendem ainda promover o investimento através de redes e parcerias estratégicas. Bruxelas reconhece que existem inúmeros sectores da economia europeia a abraçar as tecnologias e os processos digitais, mas alerta que isso ainda não é suficiente. Os setores tradicionais (como os da construção, agroalimentar, têxteis ou metalurgia) e as PME estão particularmente atrasados na sua transformação digital, nota a Comissão, reconhecendo que a Europa se encontra bem posicionada em sectores como a saúde, automóvel, equipamentos de telecomunicações, software empresarial e indústria avançada. De acordo com a mesma fonte, atualmente mais de um quarto do crescimento do valor acrescentado na indústria automóvel resulta da integração de inovações digitais tanto no carro como no design e produção de automóveis 1. É considerando as disparidades entre empresas tecnológicas e tradicionais, entre PME e grandes empresas, entre Estados-membro e regiões, que a CE avisa: A indústria europeia arrisca-se a ficar para trás no que diz respeito a construir as fundações do seu futuro digital. Numa altura em que o sector industrial responde por dois milhões de empresas, 33 milhões de postos de trabalho e 60% do crescimento da produtividade 2 da União Europeia, a CE cita 1 Comissão Europeia (2016), Digitising European Industry Reaping the full benefits of a Digital Single Market 2 Ibidem Siemens SA
3 estudos que apontam para que a digitalização de produtos e serviços possa acrescer mais de 110 mil milhões de euros de receita anual nos próximos cinco anos. Numa abordagem comunitária, Bruxelas propõe-se a: Promover a coordenação de iniciativas nacionais e regionais que visem a digitalização da indústria mediante um diálogo permanente a nível da UE com todos os intervenientes em causa. Esta medida passa por estabelecer um quadro de governação com os Estados- Membro e a indústria. Concentrar os investimentos nas parcerias público-privadas da UE e incentivar fortemente a utilização das oportunidades oferecidas pelo Plano de Investimento da UE e pelos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento. Investir 500 milhões de euros numa rede pan-europeia de polos de inovação digital (centros de excelência em tecnologia) no âmbito da qual as empresas podem obter aconselhamento e testar inovações digitais. Estabelecer projetos-piloto de larga escala para reforçar a Internet das Coisas, o fabrico avançado e tecnologias relativas a cidades e casas inteligentes, automóveis conectados ou serviços de saúde móvel. Adotar legislação orientada para o futuro que apoiará a livre circulação de dados e clarificará os direitos de propriedade dos dados gerados por sensores e dispositivos Siemens SA
4 inteligentes. A CE propõe-se ainda proceder à revisão das regras em matéria de segurança e responsabilidade dos sistemas autónomos. Apresentar uma Agenda para Novas Competências da UE, a qual contribuirá para dotar as pessoas das competências necessárias para os empregos da era digital. No seu conjunto, estas iniciativas permitirão mobilizar mais de 50 mil milhões de euros de investimentos públicos e privados para apoio à digitalização da indústria. Verba que poderá ser insuficiente para garantir à Europa a liderança da Indústria 4.0. As estimativas da Roland Berger indicam que, depois de décadas de desinvestimento, o bloco europeu teria que investir cerca mil milhões no espaço de 15 anos para poder assumir a liderança da 4.ª Revolução industrial 3. A pensar que num futuro próximo 4 milhares de milhões de dispositivos estarão interligados, e considerando que a comunicação entre eles deve acontecer de forma segura e contínua, independentemente do fabricante, dos dados técnicos ou do país de origem, Bruxelas considera que é urgente acelerar o desenvolvimento de padrões comuns e soluções interoperacionais, essenciais para o desenvolvimento da Internet das Coisas e para garantir o fluxo de dados entre sectores e regiões. Assim, a CE propõe-se ainda trabalhar na definição de uma língua comum, traduzida em padrões e normas. Estes irão incidir em cinco domínios considerados prioritários: 3 Roland Berger (2014), Industry A Gartner estima que em 2020 cerca de 26 mil milhões de objetos estejam ligados entre si por via da Internet das Coisas, aos quais se irão somar cerca de sete mil milhões de computadores, portáteis e smartphones. Siemens SA
5 5G, computação em nuvem, Internet das Coisas, tecnologias de dados e cibersegurança. Considerando que a definição atempada de normas irá incentivar a inovação e o crescimento das empresas, a CE pretende ainda cofinanciar ensaios e a experimentação de tecnologias que permitam acelerar a definição de normas, nomeadamente no âmbito das parcerias públicoprivadas. Representando 4% do PIB europeu, o sector das TIC emprega cerca de seis milhões de pessoas. Hoje, o valor acrescentado do sector na Europa produção de produtos digitais, abrangendo desde componentes a produtos de software, é superior a 580 mil milhões de euros, representando cerca de 10% de valor acrescentado de toda a atividade industrial, mas estes valores podem disparar com a Indústria 4.0. A digitalização de produtos e serviços vai acrescentar mais de 110 mil milhões de receita anual à indústria nos próximos cinco anos 5. Só na Alemanha, o aumento da digitalização deverá somar cerca de 8% ao crescimento da produtividade nos próximos dez anos e um crescimento das receitas na ordem dos 30 mil milhões por ano, estima o Boston Consulting Group. 5 PwC, opportunities and Challenges of the industrial internet (2015), e Boston Consulting Group: the future of productivity and growth in manufacturing industries (2015) Siemens SA
6 Em Portugal, a generalidade das empresas apresenta-se atenta a este tema. Um estudo 6 desenvolvido pela Siemens em parceria com a Deloitte, para aferir a maturidade digital das empresas portuguesas, coloca Portugal na 15.ª posição no conjunto de 29 economias europeias 7. A meia da tabela, o país posiciona-se na chamada fase de transição. O ambiente nacional é razoavelmente bom para o desenvolvimento de iniciativas digitais e as empresas, ainda que percebam a urgência de abraçar a transformação digital continuam relutantes em avançar com os investimentos necessários. A digitalização integração de sistemas de Tecnologias de Informação (TI) utilizados no planeamento e produção fornece uma significativa vantagem na produção industrial do ponto de vista competitivo. Uma parte significativa do negócio da Siemens está baseado em produtos e soluções de infraestrutura que suportam a Indústria 4.0. A segurança de tais produtos e soluções não é apenas essencial no momento do seu desenvolvimento e produção, é crucial em todo o ciclo de vida. Garantir a segurança da informação e a proteção contra a espionagem industrial, assim como contra-ataques de software malicioso, assegurando a disponibilidade das infraestruturas é uma questão fundamental para a Siemens. 6 Deloitte (Novembro 2015): The Digital Enterprise: Europe and Portugal - A journey to the future 7 O Digital Maturity Enterprise Index (DMEI) analisou 107 indicadores, organizados em 18 categorias e seis dimensões: ambiente, Infraestrutura, Recursos Humanos, Tecnologias empresariais, adoção de tecnologias digitais e E-Services. Siemens SA
7 (Junho 2016) Siemens SA
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