Fisiologia do exercício nas doenças pulmonares

Transcrição

1 Fisiologia do exercício nas doenças pulmonares Simone Dal Corso Objetivos arever as adaptações do sistema cardiorrespiratório ao exercício (ventilação e débito cardíaco) aentender os padrões de respostas ao exercício nas doenças cardiorrespiratórias aconhecer os critérios indicativos da limitação ventilatória, das trocas gasosas e cadiovascular 1

2 Avaliação ao exercício em doentes cardiopulmonares, porquê?. Não há uma única variável ao repouso clínica, funcional, bioquímica, antropométrica ou psicológica que consiga prever a resposta física de um indivíduo. (Neder e Nery, 2003) VO 2 pico 10 ml/kg Gasto energético Atividades Posição sentada Alimentar-se Conversar Vestir-se e despir-se Lavar o rosto e as mãos Tomar banho VO 2, ml.min

3 Teste ergoespirométrico nas doenças cardiopulmonares aavaliação das respostas ao exercício; adeterminação das causas que limitam o exercício; aauxílio na conduta clínica; aprescrição de treinamento; aresposta à terapia Med Clin North Ann 1990; 74: JA Neder & LE Nery. Fisiologia Clínica do Exercício Teoria e Prática,

4 VE (Vc x f) trocas gasosas Wassermann K et al. Principles of Exercise Testing and Interpretation,1999 JA Neder & LE Nery. Fisiologia Clínica do Exercício Teoria e Prática, 2002 Revisando os ajustes respiratórios ao exercício 100 Repouso Exercício VE vezes L/min 3,0 Vc 2,0 vol. pulm. inspiratório final (VPIF) 0,5 vol. pulm. expiratório final (VPEF) L/min 40 f rpm Watts

5 Mudanças no volume corrente com o da intensidade do exercício CPT Volume pulmonar (%CPT) VPIF VPEF VRI Vc = VPIF - VPEF VPIF: volume pulmonar inspiratório final VPEF: volume pulmonar expiratório final Intensidade Trocas gasosas no exercício amelhora da relação V/Q - recrutamento de perfusão na zona I - expansão das zonas II e III amelhora da eficiência ventilatória VEM/VC Recrutamento Distensão 0,4 VEM/Vc 0,3 0,2 VEM, L Rep 0,15 Ex 0,15 0,1 Vc, L 0,5 1,5 Rep. Ex. VEM/Vc 0,3 0,1 5

6 Doenças pulmonares DPOC Asma Doença intersticial JA Neder & LE Nery. Fisiologia Clínica do Exercício Teoria e Prática, 2002 Como a doença pulmonar afeta o exercício? Enfisema pulmonar Bronquite crônica Limitação ao fluxo aéreo Asma Aprisionamento aéreo demanda ventilatória capacidade ventilatória 6

7 Hiperinsuflação dinâmica e volumes pulmonares VRI CPT VRI Volume pulmonar (%CPT) VPIF VPEF Vc Vc Intensidade Normal DPOC Efeitos da hiperinsuflação no esforço respiratório Frequência respiratória Dispnéia (Borg) Pneumopata Normal Pneumopata DPOC Normal Ventilação Ventilação Am J Respir Crit Care Med 1997; 155:

8 E as trocas gasosas? desequilíbrio V/Q + < área para difusão Hipoxemia drive ventilatório VEM/Vc VE ( f x Vc ) VE = 0,5 L x 16 = 8,0 L/min Vemf = 0,15 L x 16 = 2,4 L/min V alveolar = VE V emf = 5,6 L VE = 0,25 L x 32 = 8,0 L/min Vemf = 0,15 L x 32 = 4,8 L/min V alveolar = VE V emf = 3,2 L 8

9 E as trocas gasosas? desequilíbrio V/Q + < área para difusão Hipoxemia drive ventilatório VEM/Vc VE ( f x Vc ) VEM/Vc (%) 0,5 0,4 0,3 0,2 Rep. Ex. DPOC Normal E as trocas gasosas? desequilíbrio V/Q + < área para difusão Hipoxemia drive ventilatório VEM/Vc VE ( f x Vc ) Ineficiência ventilatória resposta ventilatória VE/VO 2 VE/VCO 2 9

10 VE Limitação ventilatória VVM RV FC VO 2 pico Reserva vent. ( VE/VVM) FC reserva VO 2 /FC RC VVM Prev. VO 2 Normal DPOC FC 10

11 Por que FC em cargas submáximas na DPOC? a pós-carga do VD, reduz seu volume de ejeção VDF do VE afenômeno de interdependência ventricular complacência do VE Resumo dos padrões de resposta ao exercício Doença obstrutiva VO 2 pico FC pico FC reserva VO 2 /FC VE/VVM VE/VO 2 e VE/VCO 2 Dessaturação + ou - 11

12 Doença intersticial Fibrose pulmonar idiopática Alterações no parênquima pulmonar destruição da membrana alvéolo-capilar recolhimento elástico Hipoxemia volumes pulmonares complacência pulmonar demanda ventilatória Capacidade ventilatória Particularidades f (rpm) SaO 2 (%) VE (L/min) VO 2 (L/min) Fibrose pulmonar idiopática Normal Dessaturação: 4% na SpO 2 Clinical Exercise Testing. Weisman,

13 Resumo dos padrões de resposta ao exercício Doença VO 2 pico FC pico FC reserva VO 2 /FC VE/VVM VE/VO 2 e VE/VCO 2 Dessaturação Obstrutiva + ou - Intersticial +++ Particularidade na asma Asma Broncoespasmo induzido pelo exercício (BIE) Enfisema pulmonar Bronquite crônica (50 a 80% dos asmáticos) da ventilação (40-60% da VVM) resfriamento e reaquecimento das vias aéreas liberação de mediadores inflamatórios broncoespasmo 13

14 Medidas seriadas de VEF 1 para detecção de BIE VEF 1 (% basal) FS, 13 anos, feminino PRÉ PÓS-EXERCÍCIO BIE Tempo, min 10% anormal 15% BIE 14