PENSAMENTO E LINGUAGEM: ESTUDO DA INOVAÇÃO E REFLEXÃO DOS ANAIS E DO ENSINO/APRENDIZAGEM DO INGLÊS EM SALA DE AULA
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- João Franca Osório
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1 PENSAMENTO E LINGUAGEM: ESTUDO DA INOVAÇÃO E REFLEXÃO DOS ANAIS E DO ENSINO/APRENDIZAGEM DO INGLÊS EM SALA DE AULA Adriana Zanela Nunes (UFRJ) zannelli@bol.com.br, zannelli@ig.com.br zannelli@ibest.com.br e zannelli68@gmail.com INTRODUÇÃO Meu objetivo para este estudo é de traçar um paralelo reflexivo entre o movimento dos Anais e da Nova História, enquanto uma proposta inovadora e reflexiva que surgia com a idéia de se repensar a história tradicional, e o pensar reflexivamente sobre a questão do ensino/aprendizagem do inglês nas últimas décadas, levando em consideração a influência da mídia neste universo. Eu sou professora de língua inglesa atuante em sala de aula e pesquisadora, e observo as atitudes no Brasil e em alguns países da Europa diante da língua inglesa: quase de idolatria (Figueiredo, 2003). A língua inglesa também é vista como a língua estrangeira que funciona como uma senha de acesso ao mercado de trabalho no mundo dito globalizado (Rosa, 2003:6), e o papel da mídia que, ressalta as habilidades orais (falar e entender), como se essas fossem as duas habilidades que merecem ser estudadas. É como se essas duas habilidades pudessem ser praticadas com facilidade e freqüência. Paralelo a essas questões, trato das políticas de ensino aplicadas ao inglês, e a produção de sentidos que o idioma possa ter para o aluno-aprendiz de língua estrangeira (Hashiguti, 2003). O que quero levantar neste estudo é um questionamento a respeito dos valores arbitrários que são dados ao inglês como língua estrangeira, e que o tornam um idioma quase que exclusivo no mercado de língua estrangeira no Brasil na área da educação. Nesse ponto, quero chamar a- tenção para a questão do poder como uma grande força que subjaz à questão do ensino/aprendizagem da língua inglesa. A questão da mídia é fundamental neste processo que teve início, talvez como uma experiência, mas que hoje é dominante, principalmente nos países da América Latina. Por que uma língua é vista como uma possibilidade
2 2 ao mercado de trabalho de forma tão contundente? Será que todos aqueles que a dominam (possuem um certo conhecimento do idioma), realmente farão uso dele nas quatro habilidades: falar, escrever, entender e ler (speaking, writing, understanding and reading)? A QUESTÃO DO PODER QUE ENVOLVE A LÍNGUA ESTRANGEIRA: INGLÊS Inicio com o trabalho de Figueiredo (2003), que faz um estudo do inglês em escola pública. Ela analisa as atitudes que são tomadas no Brasil e em outros países com relação à língua inglesa e seus falantes nativos, e os aprendizes-falantes. Ela trata das atitudes das pessoas diante de falantes de uma L2 (ou língua estrangeira) e da atitude do brasileiro diante da língua do estrangeiro quase de idolatria. Depois, o trabalho de Rosa (2003), que mostra a relação da mídia para a questão do ensino da língua inglesa como língua estrangeira. De como atingir o conhecimento da língua estrangeira abre portas para o mercado de trabalho, e a relação entre educação (possuir conhecimento da língua inglesa), e o sistema capitalista no mundo globalizado. Por último, trato do trabalho de Hashiguti (2003), onde discuto a relação do brasileiro com o que é estrangeiro, e das políticas de ensino que vêm sendo usadas para o ensino e a aprendizagem da língua estrangeira, a saber, o Inglês. Quero tratar da importância que é dada à língua estrangeira, inglês, nas escolas e que veicula mundo do trabalho e educação, e do papel da mídia neste processo, que apresenta o inglês como definidora de uma carreira profissional bem sucedida àqueles que possuem tal conhecimento, e traçar, assim, um paralelo entre a questão de um pensar de forma reflexiva o discurso que é usado pela mídia com relação ao ensino do inglês como língua estrangeira, e do que foi a proposta da nova história. A atitude de alunos é positiva, porém não permanece na sala de aula quando o aluno não vê a praticidade para sua vida daquilo que está sendo ensinado, ou seja, não vê sentido para tal estudo, e fica, então, desmotivado. A realidade para o ensino de língua estrangeira em sala de aula é precário por vários motivos e está longe de suprir a necessidade do aprendizado em uma língua estrangeira, seja
3 ela qual for. O tempo de aula tanto para o ensino fundamental e médio é de duas aulas de cinqüenta minutos cada. Os outros problemas que dificultam o ensino/aprendizagem é a falta do livro didático, o número de alunos por turma é muito grande, dificultando, assim, a aprendizagem. Vários são os estudiosos que investigaram as atitudes diante do inglês. Cito o trabalho de Moita Lopes (2001:37), que mostrou que há uma atitude exageradamente positiva e de quase adoração, não somente pela cultura, mas também pela língua inglesa em si, tanto pelos professores quanto pelos alunos do ensino fundamental. Figueiredo (2003) faz um estudo do inglês em escola pública. Ela analisa as atitudes no Brasil diante da língua inglesa e seus falantes nativos, e os aprendizes-falantes, onde ressalta as atitudes das pessoas diante de falantes de uma L2 (ou língua estrangeira) e da atitude do brasileiro diante da língua do estrangeiro quase de idolatria, que é ressaltada pela mídia. As posições que as pessoas adotam diante do idioma inglês, em geral, é uma visão de deslumbre e também do sentimento de colonizado ou mesmo de inferioridade diante da língua do colonizador, que é visto como superior. A posição do indivíduo diante de falantes de outras línguas tem sido objeto de vários pesquisadores. Essas pesquisas têm implicações para a sala de aula. Rosa (2003) ressalta que o mundo do trabalho, com sua divisão da sociedade em classes é baseada na divisão do trabalho em trabalho mental e trabalho material, que direciona a função e os fins da educação. De fato, o que posso observar é um grande boom com relação ao ensino do inglês como língua estrangeira. São cada vez mais e mais cursinhos de inglês abrindo suas portas e induzindo os alunos a verdadeiros shows de aula. Vários desses cursos têm em seus professores pessoas que fazem de tudo para atrair o aluno. Será que isso é ensinar inglês? Será que essa é a única forma de se aprender inglês? Cursinhos de inglês que apresentam professores oriundos de países onde o idioma oficial é o inglês, e com isso esbanjam que são bons porque seus profissionais dominam a habilidade oral. Minha pergunta é a seguinte: será que essa habilidade é realmente a mais importante para a realidade brasileira? Será que ela será útil para um concurso vestibular, por exemplo? A mídia, creio, é senão a maior, mas a melhor e mais poderosa construtora das mentalidades. Ela contribui para dar tamanha importância ao idioma inglês como língua estrangeira, e que eu chamaria esse processo de supervalorização desta língua estrangeira. Rosa (2003) acredita que saber 3
4 4 inglês é ter uma senha de acesso ao mercado de trabalho no mundo dito globalizado. Ela acrescenta o papel da mídia brasileira no sentido de legitimar a relação entre língua inglesa e empregabilidade com sucesso no mercado. É verdade que o papel da mídia é mesmo de divulgação e venda de produto. Hoje em dia, a mídia está por toda parte e trata de qualquer assunto. Neste estudo, chamo a atenção para o papel da mídia na área educacional, em especial para a língua estrangeira, inglês. As propagandas de cursos de inglês também veiculam essa língua como mercadoria de necessidade material que não é atendida pela escola pública, principalmente, e nem pela privada. O que vejo são os alunos de escolas públicas terem uma falsa convicção de que estão em desvantagem, pois o inglês ali ensinado é tido como básico e insuficiente. Confesso que esses mitos são muito difíceis de se mudar na mentalidade dos alunos que parecem já ter aceitado isso como ponto pacífico (Rosa, 2003, p ). A mídia divide os sujeitos em dois tipos: aqueles que estão em uma posição de qualificados (aqueles que falam inglês), e a- queles que estão em uma posição de desqualificados (aqueles que não falam a língua do poder). Tanto minha posição quanto a de Rosa (2003, p. 66), é de desacordo no discurso apresentado pela mídia que coloca a língua inglesa como uma senha de acesso ao mercado de trabalho no mundo globalizado. A mídia brasileira legitima a relação entre língua inglesa e empregabilidade, com sucesso. Isso confere ao indivíduo sentidos que lhe deixam acreditar naquilo que lhes é apresentado como verdade plena, irrevogável e absoluta, ou seja, de que somente serão bem sucedidos (no sentido de ter acesso no mercado de trabalho), aqueles que possuírem conhecimento do inglês como língua estrangeira, e ainda ressaltando a habilidade oral. A questão do poder, portanto, está em todos os setores da sociedade, inclusive na área educacional de ensino. É visível a grande quantidade de cursos de línguas estrangeiras que oferecem a língua inglesa (Hashiguti, 2003). É visível também a imensa quantidade de estratégias apresentadas pela mídia para um aprendizado rápido e eficiente do idioma, onde é possível aprender até dormindo. É fato que tanto a propaganda quanto a mídia estabelecem o que pode e o que deve ser dito sobre determinado produto (Rosa, 2003, p. 66).
5 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Chego ao final deste estudo que teve como proposta tecer algumas considerações de ordem reflexiva sobre a questão da inovação e desnaturalizar conceitos tidos como verdades únicas. Depois, dentro da mesma linha de raciocínio reflexivo e questionador, tratei da questão do ensino e da aprendizagem da língua inglesa nas escolas como língua estrangeira reinante - considerada a língua estrangeira capaz de abrir portas no mercado de trabalho, e do papel da mídia neste processo, que confirma tal importância. O paralelo que traçei aqui das duas questões tratadas é o seguinte: Assim como o movimento dos Anais trouxe uma contribuição inovadora e nova de se pensar e fazer história de forma mais reflexiva, é também o pensar no real papel da língua inglesa e da sua importância no cenário brasileiro. A língua não existe para fazer diminuir ou mesmo em até anular a identidade do outro. Eu diria que a linguagem não consiste em unicamente refletir nem referir uma realidade já dada, mas sim em criar e recriar o mundo. É dessa forma que também a nova história contribuiu para se repensar a História. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRAUDEL, Fernand. Reflexões sobre a história. Trad.: Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, FIGUEIREDO, Sandra Elizabeth Assunção. Atitudes de estudantes brasileiros diante de falantes de alemão, espanhol, francês e português. São Paulo: UNICAMP, 2003, 79 p. Dissertação (Mestrado em Lingüística Aplicada). FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 18ª ed. Rio de Janeiro: Graal, HASHIGUTI, Simone Tiemi. Subjetividade brasileira e a aprendizagem de línguas estrangeiras: um estudo discursivo. São Paulo: UNICAMP, p. Dissertação (Mestrado em Lingüística A- plicada).
6 6 MOITA LOPES, Luiz Paulo da. Oficina de Lingüística Aplicada: a natureza social e educacional dos processos de ensino/aprendizagem de línguas. 3ª ed. São Paulo: Mercado de Letras, ROSA, Marli Aparecida. A relação entre domínio da língua inglesa e empregabilidade no imaginário brasileiro em tempos de mundialização do capital ( globalização ). São Paulo: UNICAMP, 2003, 115 p. Dissertação (Mestrado em Lingüística Aplicada).
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