Jorge Teixeira da Cunha. Ética Teológica Fundamental
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- Maria das Dores Aldeia Carreira
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1 Jorge Teixeira da Cunha Ética Teológica Fundamental UNIVERSIDADE CATÓLICA EDITORA Lisboa, 2009
2 In t ro d u ç ã o Esta explicação teológica da ética nasce de algumas preocupações. Esperamos interpretar bem o tempo que vivemos se dissermos que a questão ética entrou para a nossa agenda, mas que temos dificuldade em definir o seu ponto de vista. Ora a nossa primeira preocupação é precisamente clarificar em que consiste o ponto de vista da ética entre as várias regulações que nos vinculam como seres humanos em sociedade globalizada e tribalizada, ao mesmo tempo. A segunda preocupação decorre da primeira. Como tornar relevante o discurso ético, no contexto da nossa cultura? O que acontece nos nossos dias é que a ética, mesmo tornada moda, deixou de ser pertinente. A razão deste facto é profunda e tem raízes muito ramificadas. Desde o tempo, já remoto, em que a cultura compartilhava um sentido indisputado, fizemos um longo caminho. O mundo ordenado, com Deus ao cimo, uma ordem moral vinculante, um sistema jurídico que a fazia executar, é apenas uma recordação. A ruptura religiosa e a chamada morte de Deus, a superação da razão forte e a derrota do sujeito soberano dos tempos modernos, são factores que tornaram a ética irrelevante. Esse mundo metafísico despediu-se há muito da nossa cultura. Ora, a preocupação deste livro é mostrar a pertinência da ética para a cultura que sucedeu a esse antigo mundo de ordem. É uma pretensão desmedida? Talvez seja. Mostrar a validade da ética para um tempo em que a ordem não se pode representar é uma urgência. Por isso, o que se propõe neste livro é a fundamentação do sentido da ética para o ser humano que está frente a frente com o seu semelhante e tem de justificar a instituição que aproxima e o sentido que eleva. A terceira preocupação concretiza as anteriores. Trata-se de recolocar o valor ético no lugar de precedência que lhe é devido, em relação com
3 8 Ética teológica fundamental os outros valores funcionais que estimamos e que têm a sua importância. Este ponto é muito sério, uma vez que corremos o risco de nos pensarmos e de pensarmos o futuro da nossa humanidade no mundo em termos funcionais. A humanidade de hoje necessita recolocar o coração e a cabeça no lugar anterior à eficiência das suas mãos. Está fora de dúvida que num contexto de poder técnico e de cultura pós-convencional, a ética se torna muito necessária como expressão de maturidade e de capacidade de auto-regulação. Porquê ligar estas preocupações com a contribuição teológica, num tempo em que a ética sob outros nomes como o de bioética, se quer justamente emancipada e autónoma? E, no entanto, esperamos mostrar que a interpretação teológica da ética é uma mais-valia para todos os propósitos enunciados anteriormente. Visto não como objecto mas como Outro, Deus pode acompanhar o misterioso caminho da humanidade à busca do sentido. O reconhecimento de Deus é um elemento importantíssimo para o reconhecimento e a capacitação de si para viver criticamente e eticamente. O percurso que propomos neste livro foi tentado com alunos universitários, ao longo de diversos anos de ensino. Fica agora disponível para um público mais vasto como testemunho da dureza do caminho para se tornar eticamente falante e como desafio para um diálogo sobre o modo de propor uma explicação teológica da ética. Anima-nos a intenção de exprimir uma certa mudança de perspectiva na expressão do sentido da liberdade: mais do que maiêutica dos recursos do sujeito a caminho da soberania, a ética é reconhecimento do facto de ser dado a si mesmo pelo mistério da Vida sempre precedente.
4 Ín d i c e In t ro d u ç ã o... 7 Capítulo I A In t e n c i o n a l i da d e da Ac ç ã o c o m o Pro b l e m a O q u e é a Te o l o g i a Mo r a l? A ac ç ã o l i v r e e o s e u s u j e i t o Te o l o g i a da ac ç ã o m o r a l A ac ç ã o e a pa i x ã o A ac ç ã o m o r a l e o s e u o u t ro Ra z ã o iluminada p e l a fé Qu e m é o m e u p r ó x i m o o u o m e u Ou t ro? Ac ç ã o m o r a l e d e s e j o metafísico Bo n da d e e m a l da d e da ac ç ã o Co n c l u s ã o Capítulo II O Pr e c e d e n t e Divino da Ac ç ã o Mo r a l De u s e a Ét i c a: n o va c o l o c a ç ã o d o p ro b l e m a Re l a ç ã o e n t r e Fé e Ét i c a: n o v o s pressupostos O Absoluto: de fundamento do mundo a alteridade da vida O sujeito, o objecto e o Outro O segredo e a visibilidade Do fundacionismo racionalista à narrativa... 45
5 158 Ética teológica fundamental 3. Ve r da d e m o r a l e v e r da d e salvífica Cr i s t o l o g i a e é t i c a A o r i g e m e a m a n i f e s ta ç ã o da ac ç ã o d e De u s n o m u n d o : a Re s s u r r e i ç ã o d e Je s u s A filiação pessoal de Jesus é o evento salvífico A morte ressuscitada de Jesus A caridade como origem da ética O Espírito Santo acção de Deus e segredo da acção humana A Antropologia como mediação entre Cristologia e Ética Me d i a ç ã o e n t r e ac ç ã o divina e ac ç ã o h u m a n a A acção de Jesus e o seu ensinamento ético A releitura do Antigo Testamento A exortação apostólica de Paulo A ac ç ã o h u m a n a, a ac ç ã o divina e a qu e s t ã o d o m a l Capítulo III A Ac ç ã o Apropriada e Co n s c i e n t e Um a r e a l i da d e d e m u i t o s ro s t o s As origens bíblico-cristãs do ser humano consciente A c o n s c i ê n c i a m o r a l n a c u lt u r a m o d e r n a Da consciência racionalidade à consciência reciprocidade A consciência moral e o reconhecimento de si Da consciência representação à consciência do sujeito A Ve r da d e da Co n s c i ê n c i a Mo r a l Outros pressupostos sobre a verdade Eclesialidade e verdade da consciência Verdade moral e historicidade Co n s c i ê n c i a m o r a l, c u l pa e r e d e n ç ã o A Li b e r da d e da c o n s c i ê n c i a Co n s c i ê n c i a m o r a l e l e i m o r a l Co n c l u s ã o... 92
6 índice 159 Capítulo IV Da Ét i c a à Mo r a l i da d e Ét i c a e Mo r a l A precedência da eticidade sobre a moralidade Da eticidade à valoração e à interdição A m o r a l v i v i da e e n s i n a da p o r Je s u s A axiologia de Jesus: o primado da caridade Jesus, o intérprete da lei moral A Lei de Cristo ou lex nova Am o r e Le i m o r a l A m o r a l d o a m o r e a l e i n at u r a l O m a n da m e n t o d o a m o r e a a n t ro p o l o g i a t e o l ó g i c a A Le i n o va e a Le i n at u r a l Le i m o r a l e l e i jurídica O a m o r e a t e l e o l o g i a da n at u r e z a Co n c l u s ã o Capítulo V Mo r a l e Sa b e d o r i a Pr á t i c a A ac ç ã o da V i da e a d i s t i n ç ã o e n t r e o b e m e o m a l O l u g a r da m o r a l i da d e A u n i da d e da ac ç ã o m o r a l A l i b e r da d e e a at i t u d e A m o r a l i da d e da at i t u d e A m o r a l i da d e d o c o m p o rta m e n t o As normas morais do comportamento O racionalismo ou o voluntarismo? Critérios de avaliação do comportamento A teleologia da ética teológica tradicional O i n t r i n s e c a m e n t e m a u Ló g i c a d o m u n d o e l ó g i c a da V i da Co n c l u s ã o
7 160 Ética teológica fundamental Capítulo VI O Vivido V i rt u o s o e a Ex p l i c a ç ã o d o Pe c a d o A r e c o n c i l i a ç ã o d o s e r h u m a n o p e c a d o r e a s u p e r a ç ã o d o p e c a d o O v i v i d o v i rt u o s o O v i v i d o p e c a m i n o s o A e s s ê n c i a t e o l ó g i c a d o p e c a d o An t ro p o l o g i a d o p e c a d o As Ciências Hu m a n a s e o Pe c a d o Po n t o d e v i s ta m o r a l s o b r e o p e c a d o Cl a s s i f i c a ç ã o d o s p e c a d o s A gravidade do pecado A implicação do sujeito no pecado Co n c l u s ã o Co n c l u s ã o
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