Instrumentos de recuperação. Oponibilidade do plano por avalistas e fiadores. Paulo Valério
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1 Instrumentos de recuperação Oponibilidade do plano por avalistas e fiadores Paulo Valério
2 Instrumentos de Recuperação PER Parajudicial Iniciativa do devedor Recuperação da empresa/reestruturação de passivo Controlo pela administração Situação difícil/insolvência iminente Votação por escrito Procedimento expedito PLANO DE RECUPERAÇÃO Judicial Iniciativa do devedor ou dos credores Execução universal/concurso de credores Controlo passa para AJ Insolvência Votação em assembleia Procedimento moroso
3 Instrumentos de Recuperação Processo Especial de Revitalização PER Processo Especial de Revitalização Artigos 17º-A a 17º-I do CIRE
4 Instrumentos Processo Especial de Recuperação de Revitalização Novo paradigma no processo de insolvência Satisfação dos credores pela forma prevista num plano de insolvência, baseado, nomeadamente: Na recuperação da empresa, ou, não sendo tal possível Na liquidação do património Vide Artigo 192º, do CIRE Plano de Insolvência/Plano de Recuperação
5 Instrumentos Processo Especial de Recuperação de Revitalização Quem pode requerer? O devedor que se encontre em situação económica difícil ou em situação de insolvência meramente iminente, mas que ainda seja suscetível de recuperação.
6 Instrumentos Processo Especial de Recuperação de Revitalização O que é a situação económica difícil? Dificuldade séria para cumprir pontualmente as suas obrigações, designadamente por ter falta de liquidez ou por não conseguir obter crédito.
7 Instrumentos Processo Especial de Recuperação de Revitalização Como se requer? Declaração escrita do devedor e de, pelo menos, um credor, manifestando a vontade de encetar negociações Requerimento ao tribunal O tribunal nomeia, imediatamente, administrador judicial provisório (Documentos constantes do nº1, do artigo 24º, do CIRE)
8 Instrumentos Processo Especial de Recuperação de Revitalização Tramites seguintes Comunicar a todos os credores que não tenham subscrito a declaração inicial o início das negociações, convidando-os a participar e informando da documentação patente na secretaria do Tribunal. Os credores dispõem de 20 dias para a reclamação de créditos junto do administrador judicial provisório, após publicação do despacho de nomeação deste no portal Citius. Elaboração da lista provisória no prazo de cinco dias. Impugnações no prazo de cinco dias úteis, após publicitação, devendo as impugnações ser decididas pelo juiz no mesmo prazo. As negociações deverão ser concluídas no prazo de dois meses, prorrogável um mês.
9 Instrumentos Processo Especial de Recuperação de Revitalização Efeitos Consagra-se um período de Stand Still. O processo obsta à instauração de quaisquer ações para cobrança de dívidas contra o devedor e suspende, quanto a este, as ações em curso com idêntica finalidade. Suspendem-se, igualmente, os processos em que tenha sido requerida a insolvência do devedor na data de publicação no portal Citius do despacho de nomeação do administrador judicial provisório, desde que não tenha sido proferida sentença declaratória da insolvência. O devedor fica impedido de praticar atos de especial relevo sem que previamente obtenha autorização para a realização da operação pretendida por parte do administrador judicial provisório.
10 Instrumentos Processo Especial de Recuperação de Revitalização Como se obtém a aprovação do plano? Aprovação por maioria de dois terços dos votos emitidos. A votação efetua-se por escrito. O juiz pode ou não proceder à homologação, aplicando-se em especial os artigos 215º e 216º do CIRE.
11 Instrumentos Processo Especial de Recuperação de Revitalização É possível interromper o processo negocial? Quais as consequências se o PER fracassar? Conclusão antecipada da impossibilidade de alcançar acordo, por parte do devedor ou de credores que representem, pelo menos, dois terços. Decurso do prazo previsto para as negociações. Caso o devedor se encontre em situação de insolvência, o que deverá ser atestado pelo administrador provisório, o encerramento do processo acarreta a insolvência do devedor. O termo do processo impede o devedor de recorrer ao mesmo durante os dois anos posteriores.
12 Instrumentos Processo Especial de Recuperação de Revitalização E se o devedor precisar de financiamento para a revitalização? As garantias mantêm-se ainda que o devedor seja declarado insolvente no prazo de dois anos. Quanto aos montantes financiados, consagra-se privilégio creditório mobiliário geral, graduado com prioridade perante o privilégio creditório mobiliário geral concedido aos trabalhadores.
13 Instrumentos Processo Especial de Recuperação de Revitalização E se o devedor alcançar, previamente, o acordo da maioria necessária? O processo especial de revitalização poderá iniciar-se mediante a apresentação pelo devedor de acordo extrajudicial de recuperação, previamente celebrado, logo sujeito a homologação judicial.
14 Instrumentos Processo Especial de Recuperação de Revitalização E os credores preteridos? Os efeitos do plano homologado impõe-se a todos os credores, mesmo que tenham votado contra ou não tenham, sequer, participado nas negociações.
15 Instrumentos Processo Especial de Recuperação de Revitalização
16 Conteúdo e limites dos planos PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO Boa fé Consensualismo Igualdade Lealdade Equilíbrio das prestações Função social do contrato QUADRO LEGAL ESPECIAL Créditos e privilégios do Estado (direitos indisponíveis) Créditos laborais e posições jurídicas (regime específico) PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DO PLANO Igualdade dos credores da insolvência, sem prejuízo das diferenciações justificadas por razões objectivas (art. 194º, CIRE) NORMAS IMPERATIVAS RELEVANTES Formação de maioria Regras de legitimidade Normas procedimentais
17 PLANOS Conteúdo DE e REVITALIZAÇÃO limites dos planos CONTEÚDO E LIMITES DOS PLANOS Providências possíveis Perdão ou redução do valor dos créditos, quer quanto ao capital quer quanto aos juros; Condicionamento do reembolso de todos os créditos, ou de parte deles, às disponibilidades do devedor; Modificação dos prazos de vencimento e/ou das taxas de juro dos créditos, bem como a implementação de períodos de carência de pagamento de capital e/ou juros; Constituição de novas garantias; Cessão de bens aos credores.
18 Benefícios fiscais Benefícios Fiscais Não entram para a formação da matéria colectável do devedor as variações patrimoniais positivas resultantes das alterações das suas dívidas previstas em plano de recuperação (Cfr. art. 268º, do CIRE); O valor dos créditos que forem objecto de redução, ao abrigo de plano de recuperação, é considerado como custo ou perda do respectivo exercício, para efeitos de apuramento do lucro tributável dos sujeitos passivos do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares e do imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas (Cfr. art. 268º, do CIRE);
19 Instrumentos de Benefícios Revitalização fiscaisempresarial Estão isentos de imposto do selo, quando a ele se encontrem sujeitos, diversos actos previstos em planos de recuperação, como sendo a realização de operações de financiamento; as modificações de prazos de vencimento ou das taxas de juro dos créditos sobre a [insolvência]; os aumentos de capital; as conversões de créditos em capital; a emissão de letras ou livranças; a dação em cumprimento de bens da empresa e a cessão de bens aos credores, entre outras (Cfr. art. 269º, do CIRE); Estão isentas de imposto municipal sobre as transmissões onerosas de imóveis diversas transmissões de bens imóveis, integradas em qualquer plano de recuperação, como sendo, designadamente, as que decorram de dação em cumprimento de bens da empresa e da cessão de bens aos credores (Cfr. art. 270º, do CIRE).
20 Posição dos avalistas e fiadores A OPONIBILIDADE DO PLANO POR AVALISTAS E FIADORES Vinculação dos credores ao Plano de Recuperação, face a terceiros fiadores e avalistas?
21 Posição PLANOS AVALISTAS dos DE avalistas REVITALIZAÇÃOE FIADORES e fiadores Fiança vs Aval Fiança Um terceiro garante a satisfação do crédito ficando pessoalmente obrigado perante o credor (artigo 627º, do CC). A obrigação do terceiro fiador tem o conteúdo da obrigação principal e cobre as consequências legais e contratuais do não cumprimento culposo da obrigação da parte do devedor (artigo 634º, do CC). Aval O aval é uma garantia que aparece ligada às obrigações cartulares. Aquele que presta o aval garante, dessa forma, no todo ou em parte, o cumprimento da obrigação de um determinado obrigado. Surge no âmbito dos títulos de crédito, sendo nesse seio regulada pela LULL (arts. 30º a 32º e art. 77º) e LUCh (arts. 25º a 27º).
22 Posição PLANOS AVALISTAS dos DE avalistas REVITALIZAÇÃO E FIADORES e fiadores Fiança Aval Fonte Contrato Letra ou livrança (pacto de preenchimento) Natureza Acessoriedade Autonomia A obrigação do fiador molda-se sobre a obrigação do devedor principal e a sua subsistência, desde o nascimento à extinção, depende da subsistência desta. A obrigação do avalista sobrevive independentemente obrigação garantida, se esta for nula, exceto nos casos em que a nulidade seja determinada por vício de forma. Grau Subsidiariedade Solidariedade Sendo eventual na fiança civil, consiste, em termos gerais, no facto de o fiador poder impedir a execução dos seus bens, enquanto o devedor tiver no seu património bens que puderem ser executados (benefício da excussão). O avalista não pode opor o benefício da excussão prévia, respondendo solidariamente com o avalizado. Defesa Em regra, o avalista poderá opor ao credor os meios de defesa decorrentes da relação entre este e o devedor. Verificados os pressupostos de acionamento, o avalista não poderá opor, como sucede na fiança, os meios de defesa decorrentes da relação entre o credor e o devedor.
23 Posição PLANOS AVALISTAS dos DE avalistas REVITALIZAÇÃO E FIADORES e fiadores Artigo 17º-F Conclusão das negociações com a aprovação de plano de recuperação do devedor ( ) 6 A decisão do juiz vincula os credores, mesmo que não hajam participados nas negociações, e é notificada, publicitada e registada pela secretaria do tribunal, nos termos dos artigos 37º e 38º, que emite nota de custas do processo de homologação.
24 Posição PLANOS AVALISTAS dos DE avalistas REVITALIZAÇÃO E FIADORES e fiadores ( ) CAPÍTULO III Execução do plano de insolvência e seus efeitos Artigo 217º, nº4, do CIRE Efeitos gerais 4 As providências previstas no plano de insolvência com incidência no passivo do devedor não afetam a existência, nem o montante dos direitos dos credores da insolvência contra os condevedores ou os terceiros garantes da obrigação, mas estes sujeitos apenas poderão agir contra o devedor em via de regresso nos termos em que o credo da insolvência pudesse exercer contra ele os seus direitos.
25 Posição PLANOS AVALISTAS dos DE avalistas REVITALIZAÇÃO E FIADORES e fiadores Tese maioritária O artº 217º, nº 4, do CIRE, aplica-se ao PER, pelo que, não obstante o plano de recuperação aprovado, o avalista de livrança subscrita pelo devedor avalizado pode ser executado pelo respetivo portador. A obrigação do avalista é uma obrigação autónoma, independente da relação subjacente entre o portador imediato e o subscritor e, como tal, os avalistas não podem opor exceções fundadas na relação subjacente, com exceção do pagamento. O plano de recuperação contém um conjunto de medidas que se aplicam à sociedade a revitalizar. Esse plano vincula-a e vincula os credores, mesmo os que não hajam participado nas negociações (nº 6 do artº 17º F), mas só vincula os credores relativamente à sociedade requerente e não relativamente aos terceiros. Acórdão do Tribunal da Relação do Porto, de 09/07/2014 Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, de 19/09/2013 Acórdão do Tribunal da Relação de Guimarães, de 05/12/2013
26 Posição PLANOS AVALISTAS dos DE avalistas REVITALIZAÇÃO E FIADORES e fiadores Pressupostos da jurisprudência maioritária a) Aplicação ao PER do regime do artigo 217º, nº4; b) Efetivo incumprimento da obrigação garantida; c) Igual tratamento em caso de votação favorável ou imposição pela maioria; d) Igual tratamento em caso de perdão ou moratória;
27 Posição PLANOS AVALISTAS dos DE avalistas REVITALIZAÇÃOE FIADORES e fiadores NOTAS DE REFLEXÃO
28 Posição PLANOS AVALISTAS dos DE avalistas REVITALIZAÇÃOE FIADORES e fiadores AVALISTAS E FIADORES Novação da dívida? Dá-se a novação objectiva quando o devedor contrai perante o credor uma nova obrigação em substituição da antiga. (art.857º, CC) A vontade de contrair a nova obrigação em substituição da antiga deve ser expressamente manifestada. (art. 859º, CC)
29 Posição PLANOS AVALISTAS dos DE avalistas REVITALIZAÇÃOE FIADORES e fiadores AVALISTAS E FIADORES Quanto ao regime do artigo 217º, Identidade fundamental entre o PER e a insolvência? Identidade entre plano de insolvência e plano de recuperação (novo nº3, do artigo 192º, do CIRE)? A incidência no passivo cinge-se ao perdão ou contempla moratória/reestruturação?
30 Posição PLANOS AVALISTAS dos DE avalistas REVITALIZAÇÃOE FIADORES e fiadores Quanto ao incumprimento da obrigação garantida (condição de execução do aval), E se o devedor original mantiver em dia as suas obrigações durante a negociação? Em caso de incumprimento, há um papel saneador do Plano aprovado? O Plano em resultado do artigo 17º-I, do CIRE
31 Posição PLANOS AVALISTAS dos DE avalistas REVITALIZAÇÃOE FIADORES e fiadores Quanto à igualdade de tratamento dos credores, independente do sentido de voto, Um credor que aceita expressamente o plano, pode executar avalistas? Limites à autonomia do aval - abuso de direito Alcance da norma o plano vincula os credores, mesmo que não hajam participado nas negociações. Podem os credores valer-se de não terem votado favoravelmente?
32 Posição PLANOS AVALISTAS dos DE avalistas REVITALIZAÇÃOE FIADORES e fiadores Quanto à identidade entre os casos de perdão e as moratórias, Nos casos em que não há perdão, é aplicável o artigo 217º, nº4, mesmo em insolvência? Nesse sentido, Doutora Catarina Serra (Nótula sobre o artigo 217º, nº4, do CIRE) E também, Acórdão do Tribunal da Relação de Guimarães, de 24/04/2012 Se não se aplica à insolvência, aplica-se ao PER?
33 Posição PLANOS AVALISTAS dos DE avalistas REVITALIZAÇÃOE FIADORES e fiadores A possibilidade de execução dos avalistas no decurso das negociações Artigo nº 17º-E, nº1, do CIRE vs Resolução de Conselho de Ministros nº 43/2011 Princípio geral de não hostilidade no decurso das negociações
34 OBRIGADO PELA ATENÇÃO LISBOA - PORTO - COIMBRA - ALGARVE - MADEIRA - ANGOLA - BRASIL - MOÇAMBIQUE - CABO-VERDE COIMBRA Rua João de Ruão, Torre do Arnado, nº 12, 11º C Coimbra T F LISBOA Rua Bernardo Lima, Lisboa T F /9 Contactos: paulovalerio@rsaadvogados.pt
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