Domingo de Páscoa. Homilia meditada para a Família Salesiana P. J. Rocha Monteiro, sdb. Lc 24, III Domingo de Páscoa
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- Lucas Leal Cerveira
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1 Domingo de Páscoa Homilia meditada para a Família Salesiana P. J. Rocha Monteiro, sdb III Domingo de Páscoa Lc 24, Introdução Jesus convida-nos à serenidade. Ele está vivo e continua a oferecer aos homens a salvação. O ambiente é ainda de medo, de perturbação e de dúvida. Apesar da catequese de Jesus durante a Sua viagem para Jerusalém e depois da narração dos discípulos de Emaús e o testemunho das mulheres que tinham ido ao sepulcro, os Apóstolos estão ainda titubeantes. Nas três leituras deste Domingo fala-se de conversão. É que todos temos de renascer outra vez se queremos ver o novo homem habitar nos novos céus e na nova terra. 2. Caminho de Emaús Os dois discípulos de Emaús caminham amargurados e dececionados. Abandonam Jerusalém e ali deixam os sonhos e as esperanças. Quando tudo parece falir, Jesus faz-se companheiro de viagem, acolhendo as confidências, na partilha da vida, da palavra e do pão. Quem de nós não se encontrou um dia sobre a estrada de Emaús, com o coração cheio de questões e de esperanças desiludidas?
2 Ainda hoje, quando sobre a nossa fé desce a noite, os passos de Jesus metem-se nos rastos da humanidade, dentro do pó da estrada, e ao ritmo do coração. O problema não é a ausência de Deus, mas é a incapacidade em reconhecê-lo; é a miopia que concentra tudo sobre nós próprios, sobre os nossos problemas. 3. Situação do Evangelho O episódio que Lucas nos relata no Evangelho deste domingo situa-nos em Jerusalém, pouco depois da ressurreição. Os onze discípulos estão reunidos e já conhecem uma aparição de Jesus a Pedro (cf. Lc 24,34), bem como o relato do encontro de Jesus ressuscitado com os discípulos de Emaús (cf. Lc 24,35). Lucas procura mostrar como os discípulos descobrem, progressivamente, Jesus vivo e ressuscitado. Ao evangelista não interessa tanto fazer uma descrição jornalística e fotográfica das aparições de Jesus aos discípulos; interessa-lhe, sobretudo, afirmar aos cristãos de todas as épocas que Cristo continua vivo e presente, acompanhando a Sua Igreja, e que os discípulos, reunidos em comunidade, podem fazer uma experiência de encontro verdadeiro com Jesus ressuscitado. 4. A paz esteja convosco! É impressionante esta saudação. Ouvir Jesus e olhá-lo nos olhos, nos gestos, no sorriso, na alegria que contagia o triunfo, a vitória. Somos imediatamente chamados a descontrair, a ter serenidade: aparece uma coisa maravilhosa, um Senhor bom que bate à porta da minha vida, que entra na minha casa e me traz um presente bom, que me traz a paz, paz comigo mesmo, paz com quem me é próximo. Não pede, oferece.
3 É o mesmo quando acordas, de manhã, quando entras na igreja. É o amigo secreto que te acolhe de braços abertos e te traz um presente: a paz para ti. A vinda de Jesus ressuscitado encontra os Onze surpreendidos e impreparados: «Julgavam ver um espírito» (Lc 24,37). 3. Crer para entender A Ressurreição é uma questão de fé, nunca uma questão de olhos. Jesus ressuscitado não é um fantasma, uma criação mental dos Apóstolos, a elaboração de uma crença das comunidades cristãs. É o Messias anunciado pelos profetas, nascido da Virgem Maria, acolhido pelas crianças e pelos simples, rejeitado pelos organismos oficiais, promotor de um novo Reino. Quem for capaz de dar testemunho destas coisas, já viu Jesus ressuscitado tão bem como os dois de Emaús e como os outros Apóstolos. A insistência de Jesus em querer revelar-se como uma pessoa viva e não como uma presença nebulosa, manifesta a dificuldade de acreditar na ressurreição da carne. Jesus em pessoa «come» diante dos Onze para dissipar todas as suas dúvidas e perplexidades (Lc 24,42-43). As dificuldades dos Apóstolos são as mesmas de cada homem, mesmo dos crentes, não obstante anos de catequese e de reflexão. Perante a morte, mais se adensa o enigma da condição humana (GS, n. 18). 4. Força da comunidade Jesus ao autorrevelar-se como ser vivente continua a ser o centro à volta do qual se constrói a comunidade dos discípulos. É precisamente nesse contexto eclesial, no diálogo com os irmãos, no amor partilhado em gestos de fraternidade e de serviço, que os discípulos podem fazer a experiência do encontro com Jesus ressuscitado.
4 Depois desse encontro, os discípulos são convidados a dar testemunho de Jesus diante dos outros homens e mulheres. 1 Jo 2, Reconhecer-se pecador para obter misericórdia O reconhecimento de que somos pecadores é condição indispensável para acolher o dom da salvação. Refugiar-se na autojustificação significa tornar vã e inútil a Redenção realizada por Cristo. Com grande insistência, João reafirmou no primeiro capítulo da sua Carta esta realidade, não para humilhar a Igreja, mas pelo contrário para renovar a certeza de que ao confessar os seus pecados o homem descobre que Jesus está à direita do Pai, como seu intercessor e advogado. Ao confessar com verdade o pecado, o homem experimenta ao mesmo tempo a misericórdia de Deus, porque o Filho é «vítima de expiação» pelos nossos pecados. O homem perdoado deseja não voltar a pecar porque conheceu Deus no perdão. Act 3, Continuidade e unidade da História da Salvação O discurso de Pedro, depois do facto prodigioso da cura do coxo, é mais uma oferta de salvação para aqueles que, agindo por ignorância renegaram o Santo, o Justo, mataram o autor da vida. Pedro tenta desculpar o seu povo. O convite ao arrependimento que fecha o discurso é precedido por uma afirmação teológica importante: o Deus dos Patriarcas.
5 O Deus dos Patriarcas, de Abraão, de Isaac e de Jacob, é o mesmo que ressuscitou o Seu servo Jesus. Deste modo, Pedro afirma a continuidade e a unidade da história da Salvação que tem na ressurreição de Jesus o seu ápice definitivo. Deus, com efeito, cumpriu aquilo que tinha anunciado pela boca dos profetas. Tudo foi sapientemente preparado e agora os Apóstolos são testemunhas, com a palavra e os sinais poderosos, da realização acontecida. 7. Nova humanidade Somos testemunhas da nova humanidade pacificada no amor. Não há mais noite, nem cansaços ou tristezas. Deus está connosco. Encontrá-lo-emos na luz da Sua graça. Transformará os nossos critérios humanos em faúlhas divinas, celestiais. Esta é a experiência luminosa, pascal, libertadora. Encontro.
6 Pão partilhado Fica connosco, a noite vai caindo Lc 24,29 Tomou o pão e pronunciou a bênção Jo 24,30 Piso a terra fresca amiga, Aroma de pão fresco é a Palavra. Desfolho página a página as Escrituras. Quanta bênção! Em Ti arde meu coração Por entre a secura de sinais, De interrogantes vertigens ilusão Em Tua companhia. Caminho de Emaús, Minha liturgia de esperança, Presença silenciosa e escondida Na Tua luz. Fio de ouro, beleza que levo dentro De mim a minha fé Testemunho intemporal magia Canto Aleluia. Quero partir e repartir, Como se a noite não fosse noite, Tua presença fosse infinito dia Meu pão. Tua Palavra ilumine meu grito, Teu Espírito Consolador venha do Alto Regar raízes místicas em oração Na noite.
7 Sem amor não tenho luz; Só o amor vê e encontra. Quero ter o ardor do Teu amor, Jesus. J. Rocha Monteiro in Palavra ardente
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