OS GRUPOS: Uma perspectiva crítica e multidisciplinar. As regras substantivas na determinação da base tributável CCCTB
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1 OS GRUPOS: Uma perspectiva crítica e multidisciplinar As regras substantivas na determinação da base tributável CCCTB Cidália Maria da Mota Lopes Ana Maria Gomes Rodrigues 24 de Fevereiro
2 Sumário 1. Introdução 2. Propostas de harmonização da tributação das empresas: breve análise histórica 3. O projecto da base comum consolidada e as regras substantivas de determinação da matéria colectável 2
3 Propostas de harmonização da tributação das empresas A União Europeia tem como objectivo: no espaço económico mais dinâmico e competitivo do mundo baseado no conhecimento (Estratégia de Lisboa COM (2001) eestratégia EUROPA 2020) Sublinhou-se neste documento a existência de inúmeras vantagens na existência de uma harmonização na tributação das empresas. 3
4 O projecto piloto Home State Taxation (HST) O regime HST foi proposto por Malcom Gammie (Reino Unido) Um grupo de empresas europeias ficaria sujeito às regras fiscais de apenas um EM (o EM de origem ou de residência da sociedade-mãe) para o cálculo do lucro tributável de todas as sociedades localizadas nos vários EM. Problemas administrativos colocaram em causa a viabilidade prática do sistema HST 4
5 O regime de tributação da base comum consolidada (CCCTB) A proposta da CCCTB ganhou maior força com a adopção obrigatória das Normas Internacionais de Contabilidade, em 2005, para todas as sociedades cujos títulos são negociados em mercados regulamentados pela UE Em 2004, foi criado um Grupo de Trabalho cujo objectivo era apresentar uma proposta em Foram realizadas mais de 20 reuniões de trabalho: en Proposta de Directiva CCCTB COM (2011) 121/4, de 16 de Março, com 136 artigos, dividida em 18 capítulos. 5
6 O regime de tributação da base comum consolidada (CCCTB) CCCTB Regime opcional, o qual coexistiria com as regras fiscais nacionais. Assim, se as empresas optassem por este regime cessaria a aplicação das regras nacionais. 6
7 O regime de tributação da base comum consolidada (CCCTB) e os Custos de Contexto A adopção da CCCTB permitirá às empresas poupar recursos: 0,7 mil milhões de Euros com a redução dos custos de contexto 1000 milhões de Euros com a redução dos custos resultantes de processos de concentração transfronteiriços 1,3 mil milhões de Euros através da extensão da obrigação de consolidação Fonte: Comissão Europeia (2011) 7
8 O regime de tributação da base comum consolidada (CCCTB) A CCCTB é constituída por um conjunto: Único de regras que pode ser utilizado pelas sociedades com actividades na União Europeia Único sistema de cálculo dos seus rendimentos tributáveis na UE Única declaração fiscal para o conjunto das suas actividades na UE (apresentada pelo EM principal sistema de balcão único one stop shop). 8
9 O regime de tributação da base comum consolidada (CCCTB) ELEMENTOS DA CCCTB Matéria Comum Consolidada do Imposto de sociedades (MCCIS): COMUM único conjunto de regras aplicável em toda a UE; CONSOLIDADA Soma lucros/perdas de um grupo sociedades de diferentes EM; IMPOSTO DE SOCIEDADES Imposto relativo à tributação das sociedades; MATÉRIA COLECTÁVEL Montante único de lucro sujeito a tributação. 9
10 O regime de tributação da base comum consolidada (CCCTB) A CCCTB implica: 1.ª FASE Formação do Grupo 2.ª FASE Cálculo da matéria colectável comum consolidada 3.ª FASE Imputação aos diferentes EM da parte dos lucros tributáveis do grupo, de acordo com fórmula de imputação 4.ª FASE Aplicação da taxa de imposto de sociedades de cada EM 10
11 Formação do grupo e empresas elegíveis CCCTB Sociedades participadas directa ou indirectamente, nas quais a sociedade dominante detenha: mais de 50% dos direitos de voto e mais de 75% do capital ou do direito aos lucros Os limites devem ser verificados durante todo o ano fiscal, devendo ser cumpridos durante pelo menos 9 meses consecutivos para fazer parte do grupo. 11
12 PERÍMETRO FISCAL DO GRUPO: análise comparativa na União Europeia Países Percentagem Participação Dinamarca 100 Holanda 100 Luxemburgo 99 França 99 Irlanda 75 Reino Unido 75 Portugal 90 Espanha 90 Alemanha 50 12
13 Formação do grupo e empresas elegíveis CCCTB A CE optou pelo perímetro mais abrangente com a propriedade de 75% do capital; As sociedades ao optarem pela CCCTB devem permanecer nesse regime por um período mínimo de 5 anos, o qual pode ser renovado automaticamente. As sociedades não residentes na Europa podem optar pela CCCTB se aqui tiverem sucursais (subsidiárias). 13
14 As regras de determinação da matéria colectável CCCTB e o âmbito da consolidação OpontodepartidaparaocálculodaCCCTBéamatéria colectável calculada individualmente por cada membro do grupo, com base em regras comuns. Resultado positivo distribuído aos membros de acordo com critérios de repartição definidos; Resultado negativo reportado para os exercícios seguintes. 14
15 As regras de determinação da matéria colectável CCCTB: princípios gerais A matéria colectável é determinada para cada exercício fiscal, sendo este composto por um período de 12 meses. A Directiva propõe uma base tributável ampla, com taxas mais baixas de imposto de sociedades. Matéria Colectável = Rendimentos Rendimentos isentos Gastos dedutíveis Outros elementos dedutíveis Nota: Regra geral, todos os rendimentos estão sujeitos a tributação, excepto os rendimentos isentos. 15
16 Elementos da CCCTB Exemplos de RENDIMENTOS ISENTOS: i) Subsídios ou apoios do governo directamente relacionadas com a aquisição, construção ou melhoramento de activos fixos sujeitos a depreciação; ii) Rendimentos da alienação de um conjunto de activos, incluindo o valor de mercado dos donativos não monetários; iii) Distribuição de lucros recebidos (dividendos e outros rendimentos de um EE de um país terceiro); iv) Rendimentos de alienação de acções v) Rendimentos provenientes de um EE situado num país terceiro 16
17 Elementos da CCCTB Exemplos de GASTOS E OUTROS ELEMENTOS DEDUTÍVEIS: i) Todos os custos de vendas e gastos, sem IVA se este for dedutível, incorridos pelo contribuinte para obter o rendimento, incluindo gasto com a investigação e o desenvolvimento e os incorridos na subscrição do capital ii) Donativos/Doações efectuados a Instituições de Solidariedade Social de utilidade pública situados num EM, até 0,5% dos rendimentos do exercício fiscal iii) Outros gastos dedutíveis Dedução proporcional da depreciação de activos fixos 17
18 Elementos da CCCTB Exemplos de GASTOS NÃO DEDUTÍVEIS: i) Distribuição de lucros e reembolsos de capitais próprios; ii) 50% das despesas de representação; iii) Transferência de resultados não distribuídos para reservas que façam parte do capital próprio da empresa; iv) Impostos que incidam sobre o lucro das sociedades; v) Comissões ilegais; vi) Coimas e sanções pecuniárias devidas a uma autoridade pública em caso de violação de qualquer norma jurídica; vii) Gastos incorridos na obtenção de rendimentos isentos (estes gastos são fixados em 5% do rendimento isento, salvo quando se conseguir provar que estes são inferiores). ( ) 18
19 Reconhecimento dos Rendimentos e dos Gastos dedutíveis Princípio geral: rendimentos e gastos devem ser contabilizados no ano fiscal em que foram gerados ou incorridos. Rendimento Gasto dedutível Nasce com o direito de os receber, independentemente da data do seu pagamento efectivo. Surge a obrigação de os reconhecer. 19
20 Elementos da CCCTB: depreciação de activos fixos Base de depreciação: Todos os custos directos da aquisição, construção ou melhoramento do activo fixo, líquidos de IVA se este for dedutível; Valor de mercado no caso de activos doados; Deverá ser subtraído de qualquer subsídio ou apoio do governo relacionada com a aquisição, construção e melhoramento do activo. 20
21 Elementos da CCCTB: depreciação de activos fixos Activos depreciados individualmente Método das quotas constantes Edifícios 40 anos Activos fixos de longo prazo 15 anos Activos intangíveis pelo prazo que o activo goza de protecção legal ou na sua falta 15 anos Os activos em segunda mão seguem os mesmos prazos, excepto se se demonstrar que o período de vida útil do bem é inferior ao determinado NOTA: No ano aquisição deve depreciar-se o ano completo e no ano da venda nenhuma depreciação pode ser considerada. 21
22 Elementos da CCCTB: reinvestimentos em activos de substituição Quando os ganhos de um activo fixo que é depreciado individualmente forem reinvestidos, no prazo de 2 anos, num outro activo utilizado para fins semelhantes, a mais-valia é deduzida no exercício da alienação. A dedução ocorre por via da diminuição da base de depreciação do activo de substituição (Tributação diferida da mais valia na % da depreciação); O activo deve ser detido por um período mínimo de 3 anos; O activo de substituição pode ser adquirido no exercício que precede a alienação; Caso não ocorra reinvestimento, o montante deduzido deve ser reposto com um acréscimo de 10%.. 22
23 Elementos da CCCTB: depreciação de activos fixos Activos depreciados conjuntamente (taxa de 25%) Com excepção dos edifícios, activos fixos tangíveis e activos intangíveis, os restantes activos fixos são depreciáveis em simultâneo, num conjunto, a uma taxa de 25% da base de depreciação; Base de depreciação é o valor fiscal do ano anterior, ajustada de aquisições, saídas e melhoramentos; A depreciação deste conjunto de activos será degressiva à taxa de 25% 23
24 Elementos da CCCTB: depreciação de activos Activos não sujeitos a depreciação: Terrenos Obras de arte Antiguidades Jóias Activos financeiros Activos intangíveis com vida útil ilimitada ou que não percam valor ao longo do tempo Depreciações excepcionais: Podem ser deduzidas em montante igual à diminuição do activo se se conseguir provar que o activo perdeu valor de forma irreversível 24
25 CCCTB: âmbito da consolidação Após o cálculo da matéria colectável comum, temos duas situações: Resultado positivo imputação aos EM, de acordo com fórmula de repartição; Resultado negativo reporte para exercícios seguintes. 25
26 CCCTB: Reporte de prejuízos As perdas apuradas num determinado exercício fiscal pelos contribuintes podem ser deduzidas nos exercícios fiscais seguintes, por tempo ilimitado; A dedução de prejuízos não pode conduzir a matéria colectável negativa ( carry back ); As perdas mais antigas são deduzidas prioritariamente (FIFO - First in First out ). 26
27 Comparação CCCTB (União Europeia) e RETGS (Portugal) CCCTB RETGS Formação do Grupo o controlo (50% direitos de voto) a propriedade (75% do capital) Sociedades residentes UE e sociedades não residentes na UE Período 9 meses participação grupo Regime optativo Grupos empresas Formação do Grupo o controlo (50% direitos de voto) a propriedade (90% do capital) Sociedades residentes PT Período 12 meses participação grupo Regime optativo Grupos empresas 27
28 Comparação CCCTB (União Europeia) e RETGS (Portugal) CCCTB Âmbito da consolidação Agregação Único conjunto de regras Eliminação de tributação lucros distribuídos Prejuízos Reporte por tempo ilimitado FIFO RETGS Âmbito da consolidação Não existe consolidação integral, desde Lei n.º 30-G/2000 Regime agregado Revogado art. 70.º n.º2 eliminação dos lucros distribuídos (condições art. 51.º Prejuízos Reporte por tempo limitado (5 anos) FIFO Regras cálculo CCCTB Base ampla comum (depreciações, provisões, entre outras) Regras cálculo Base mais estreita (depreciações, provisões, entre outras) 28
29 Comparação CCCTB (União Europeia) e RETGS (Portugal) CCCTB Taxa de imposto Taxa de imposto de cada EM da UE onde a sociedade tem residência fiscal Obrigações fiscais Única declaração fiscal, a entregar pela empresa principal do grupo no EM principal (balcão único) Auditorias Iniciadas pela Autoridade fiscal principal, embora o seu lançamento possa ser solicitado por outras onde estão membros do grupo RETGS Taxa de imposto Taxa de imposto 25% Obrigações fiscais A empresa mãe entrega declaração do grupo e cada empresa individualmente também Auditorias Autoridade fiscal nacional 29
30 Notas conclusivas A CCCTB é necessária, segundo a CE, pois simplifica a vida das empresas, reduzindo os seus custos de expansão e tornando a UE num espaço mais atractivo ao investimento estrangeiro. As regras substantivas de cálculo da matéria colectável são, de uma forma geral, mais abrangentes do que as regras individuais de cada EM. Neste caso, não conduzirá a CCCTB a uma sobretributação das empresas? Tendo em conta que as taxas de imposto são fixadas pelos EM individualmente? 30
31 Notas conclusivas A CCCTB trata-se de um regime dirigido especificamente para os grandes grupos de empresas. As PME terão alguma vantagem com a adopção de um regime desta natureza? Não serão os custos da CCCTB superiores aos seus benefícios para as PME? Da comparação do regime CCCTB europeu e do RETGS português, observou-se que as regras de entrada e saída de empresas, da determinação da base tributável, bem como de funcionamento do regime são bem mais flexiveis e vantajosas do que as regras previstas no RETGS, em Portugal. Haverá necessidade de reajustar oretgs? 31
32 Notas conclusivas A Comissão Europeia espera que a Proposta CCCTB seja aprovada, por unanimidade, pelo Conselho Europeu, após consultar o Parlamento Europeu e o Comité Económico e Social, no ano de Após esta data, os EM devem transpor a Directiva na legislação nacional. A Directiva não prevê, todavia, uma data específica para os EM as disposições comuns. 32
33 OS GRUPOS: Uma perspectiva crítica e multidisciplinar As regras substantivas na determinação da base tributável CCCTB Cidália Maria da Mota Lopes Ana Maria Gomes Rodrigues 24 de Fevereiro
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