REQUISITOS TÉCNICOS PARA TRATAMENTO TÉRMICO DE CASCA ISOLADA DE CONÍFERAS POR VAPOR QUENTE 1 - SISTEMA DE TRATAMENTO EM CONTÍNUO -
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- João Gabriel Davi Desconhecida Bergmann
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1 Versão 1 (16/11/2012) REQUISITOS TÉCNICOS PARA TRATAMENTO TÉRMICO DE CASCA ISOLADA DE CONÍFERAS POR VAPOR QUENTE 1 - SISTEMA DE TRATAMENTO EM CONTÍNUO - Introdução Este procedimento define os requisitos técnicos para eliminação do nemátode da madeira do pinheiro (NMP) Bursaphelenchus xylophilus em casca isolada de coníferas através do tratamento pelo calor, assim como as condições de controlo do processo, o armazenamento do material tratado e do seu transporte após tratamento. A casca deve ser submetida a uma temperatura mínima de 64ºC em todo o volume de material a tratar e em toda a massa de cada cavaco de casca individualmente, durante pelo menos 30 min consecutivos, de forma a garantir a morte do NMP e outros organismos prejudiciais. O sistema de tratamento térmico em contínuo consiste num conjunto de operações que têm por base a passagem forçada de vapor saturado a temperatura 100ºC através da casca. Neste sistema a casca movimenta-se continuamente ao longo de uma câmara isolada termicamente de forma a cumprir o tempo de permanência mínimo definido. Para garantir que o tratamento térmico é devidamente aplicado e monitorizado, devem ser cumpridos os seguintes requisitos: 1 - Receção de casca 1.1 Local de receção O local de recepção da casca (zona suja) deve estar claramente identificado e separado da restante zona onde será depositada casca tratada (zona limpa). O local deve ser pavimentado com revestimento apropriado que permita de forma fácil as limpezas periódicas, de modo a evitar incorporação de solo ou outros materiais estranhos (areias, lamas e sujidade) na casca a tratar. 1.2 Pré-crivagem A casca a tratar deve ser submetida a uma pré-crivagem para retirar areias, pós finos de casca, pedras, pedaços de madeira, ramos, metais e outros materiais de pequenas ou grandes dimensões, não compatíveis com o produto final. 1 Estes requisitos, elaborados com a colaboração do LNEG, refletem o estado atual da técnica, podendo estar sujeitos a revisões à medida da evolução dos conhecimentos técnico científicos. Encontra-se em fase de aprovação uma norma portuguesa que serviu de base aos requisitos agora definidos.
2 2 - Equipamentos para tratamento Para realizar este tratamento fitossanitário por calor, devem existir os seguintes equipamentos: fonte de calor; câmara de tratamento; sensores de medição da temperatura; sistema automático de registo das temperaturas. 2.1 Fonte de calor A fonte de calor deve ser dimensionada de acordo com o volume de casca a tratar, com potência suficiente para efetuar o aquecimento rápido da casca. Por razões de eficácia do sistema de tratamento, a fonte de calor tem por base a ebulição de água e a sua transmissão à câmara de aquecimento sob a forma de vapor saturado com temperatura igual ou ligeiramente superior a 100ºC. 2.2 Câmaras de aquecimento e de tratamento em contínuo O sistema de tratamento em contínuo requer a existência de uma câmara de aquecimento onde é feita a injeção principal do vapor e outra câmara chamada de tratamento, onde é cumprida a exigência de permanência da casca por um período não inferior a 30 min consecutivos a uma temperatura não inferior a 64ºC. Nas duas câmaras a casca movimenta-se de forma contínua. Para se realizar o tratamento térmico, as câmaras devem possuir isolamento térmico e um sistema de movimentação da casca em ambiente fechado que permita uma distribuição uniforme e contínua do calor, de modo a garantir que a temperatura de eliminação do NMP e de outros organismos prejudiciais seja atingida em todo o volume de casca e mesmo no interior de cada um dos cavacos de casca. 2.3 Sensores de medição da temperatura O número mínimo de sensores de temperatura fixos, para monitorização do processo, é de 5 (cinco). Todos os sensores fixos devem estar individualmente identificados de forma indelével e a sua localização bem assinalada, seguindo as indicações estabelecidas. Os sensores de temperatura associados ao respetivo sistema automático de controlo do processo devem obedecer à seguinte distribuição: Dois sensores localizados na câmara de aquecimento, um próximo da entrada e outro junto à saída da casca (Fig.1). Entrada (1) (2) Saída Figura 1 Colocação dos sensores de medição de temperatura (1) e (2) na câmara de aquecimento do tratamento em sistema contínuo.
3 Três sensores localizados na câmara de tratamento, à entrada, no meio do percurso e junto à saída da câmara (Fig. 2). Saída de material tratado Entrada no tratamento (5) (4) (3) Figura 2 Colocação dos sensores de temperatura (3) e (4) e (5) na câmara de tratamento em sistema contínuo. Todos os sensores de temperatura associados ao respetivo sistema automático de controlo do processo devem ser sujeitos a calibração inicial e a cada período máximo de 24 meses, por um laboratório acreditado para o efeito pelo IPAC. A incerteza de calibração deve ser igual ou inferior à resolução do sensor. Os sensores devem possuir uma resolução de 0,5 C. Caso apresentem erros de medição compreendidos entre +0,5ºC e + 2,0ºC, deve ser efetuada a correspondente correção da medição, ou a substituição do sensor 2. Para erros superiores a + 2ºC, o sensor deve ser substituído. 2.4 Sistema automático de registo das temperaturas O sistema de medição, registo e armazenamento de dados deve ser automático. Os registos devem incluir identificação da empresa com o código de operador, indicação do dia, hora, minuto, número do sensor e respetiva temperatura. No sistema de tratamento contínuo, os registos de valores da temperatura devem ser efetuados a intervalos de tempo não superiores a 10 min. O sistema deverá registar também a quantidade de casca tratada (kg e/ou m 3 ). 3-Estudo de validação sistema de tratamento O estudo de validação deve ser realizado com o equipamento em condições de carga máxima de casca 3.1 Validação térmica Cada sistema de tratamento tem de ser submetido a um estudo de validação, com o objetivo de garantir que o equipamento tem capacidade para cumprir os requisitos de tratamento definidos. O estudo de validação é feito com um número de sensores portáteis, na proporção de um sensor por cada 5 m 3 por hora de capacidade de tratamento de casca, sendo introduzidos no sistema de entrada da casca a intervalos de tempo de 1 min. Estes sensores são depois recolhidos à saída do tratamento, feita a sua leitura num computador e estudada a relação das temperaturas com o tempo de percurso no sistema (tempo de permanência). 2 De acordo com o Vocabulário Internacional de Metrologia (Guia ISO/IEC 99:2007, seção 2.16), erro de medição define-se como a diferença entre o valor de uma dada grandeza medido por um equipamento industrial e um valor de referência padrão. No caso da aplicação desta norma, os erros negativos funcionam a favor da segurança do tratamento, pelo que são aceites.
4 A programação dos sensores tem que permitir o registo de valores a intervalos de 1 min. Em caso de dúvida sobre o funcionamento do equipamento, o lançamento dos sensores é repetido após um intervalo de tempo não inferior a 30 min. No estudo de validação do sistema, os sensores portáteis do estudo térmico e os sensores fixos de controlo do processo têm que estar em funcionamento simultâneo. A comparação entre as medições efetuadas pelos dois conjuntos de sensores (portáteis e fixos) tem de ser tomada em consideração e referida expressamente no relatório de validação. Sempre que se verifique uma anomalia continuada que possa ter implicações no bom funcionamento da câmara, e consequentemente na eficácia do tratamento, o estudo que permitiu a autorização de funcionamento perde a sua validade. Neste caso, a retoma da validade tem que passar por um novo estudo de validação da câmara de tratamento, sujeito a uma reavaliação e parecer da DGAV. Deve ser feito um estudo de validação inicial e ser repetido com uma periodicidade anual. O estudo de validação do sistema é feito por entidade reconhecida pela DGAV Validação biológica A validação biológica consiste na introdução de casca contaminada com NMP numa quantidade que cumpra as regras definidas no PROBIT 9. Esta validação deverá ser realizada em amostras submetidas a período de incubação de acordo com protocolo específico de deteção de NMP. O estudo de validação biológica é feito por entidade reconhecida pela DGAV. 4 Monitorização e registo das temperaturas A monitorização do tratamento é feita através do registo automático das temperaturas dos 3 sensores localizados na câmara de tratamento. O tratamento só se considera validado desde que sejam atingidos os valores de temperatura iguais ou superiores a 64ºC durante pelo menos 30 minutos consecutivos nos 3 sensores. A monitorização diária do tratamento é da responsabilidade do operador, que se compromete a garantir a manutenção das boas condições de funcionamento do sistema. 5 Crivagem O processo de crivagem é obrigatório e tem lugar após a finalização do tratamento. Esta separação após tratamento permite reduzir a humidade da casca e a eliminação de resíduos lenhosos de menor dimensão, assegurando uma melhor qualidade e identidade do produto. A crivagem tem de ser feita para diferentes frações, com um valor mínimo permitido de 5 mm. O processo de crivagem deve ter lugar na zona limpa (ver ponto 8) e o respectivo equipamento deve ser utilizado exclusivamente com casca tratada. 6 Comprovativo de Tratamento O cumprimento das exigências do tratamento da casca é atestado pela emissão de um passaporte fitossanitário por remessa de lote de material tratado e crivado.
5 7 Inspeção oficial Cada empresa autorizada a efetuar tratamento de casca está sujeita a inspeções oficiais tendo em vista a verificação dos registos da temperatura dos sensores, validação dos tratamentos e emissão dos respetivos passaportes fitossanitários. Periodicamente a DGAV poderá também realizar verificações da conformidade das condições reportadas no estudo de validação com os dados de monitorização instantâneos. A confirmação do tempo de permanência será avaliada por medição direta da velocidade do tapete ou por método equivalente que permita avaliar o tempo de permanência da casca no interior da câmara de tratamento. Para além da consulta dos registos efetuados, devem ser observadas as condições gerais de higiene e limpeza referidas nestes requisitos. 8 Regras de armazenamento e transporte após tratamento Após tratamento, a casca deve ser crivada e armazenada em local pavimentado, bem identificado como sendo área de armazenamento de casca tratada (zona limpa) e segregada dos locais da restante casca (zona suja). A área de armazenamento do material tratado deve ser um espaço coberto e relativamente abrigado do vento dominante. Não pode ocorrer nenhuma possibilidade de escorrimento de águas pluviais ou outras para a área de armazenamento de material tratado. A distância entre as áreas de armazenamento ou de processamento de material tratado e de material não tratado, tem de ser de pelo menos 25 m caso não haja uma barreira física entre elas [Figura 3 (a)]. Se possível, a área de material tratado deve localizar-se numa cota mais elevada. Se a área de material tratado estiver numa cota inferior à da área de material não tratado, deve haver um canal de escoamento de água entre as duas. Se existirem barreiras físicas para separação entre as áreas de armazenamento de material tratado e não tratado, tal como muros, ou separadores não perfurados, a distância mínima entre os dois materiais é de 25 m, contados no trajeto mais curto a nível do solo entre os pontos mais próximos de casca, tratada e não tratada, como mostrado no esquema da Figura 3 (b). Considerando o percurso mais curto em altura, ou seja, pela parte superior do muro de separação, a distância mínima de contacto deve ser de 3 m.
6 Área tratada 25 m (a) Área não tratada 25 m 25 m Área tratada Área não tratada Área tratada Área não tratada (b) Figura 3 Armazenamento da casca. Exemplos de afastamento entre as áreas de armazenamento de casca tratada e não tratada. Recomenda-se que o período de armazenamento seja o mais curto possível. 9 Medidas de Higiene Os equipamentos de manuseamento da casca tratada devem ser diferentes dos que manuseiam casca não tratada, no sentido de evitar recontaminações. Se não for possível afetar equipamentos específicos para cada operação, as pás carregadoras, ou outros mecanismos transportadores, devem ser previamente submetidos a estritas medidas de higiene antes da sua utilização com casca tratada. Esta limpeza deve ser feita com jato de vapor até retirar todos os vestígios de casca e poeiras. Todos os camiões e contentores que transportem casca de coníferas tratada devem ser previamente submetidos a estritas medidas de higiene de modo a garantir que não ocorram recontaminações da casca transportada. 10 Documentação Semanalmente deve ser preenchida a Ficha de Registo de Tratamento de à qual se deve anexar o registo automático das temperaturas, ambas devidamente validadas pelo técnico dos serviços oficiais responsável pelo acompanhamento da empresa. Toda a documentação, incluindo os certificados de calibração dos sensores, deve ser devidamente arquivada por um período mínimo de 2 anos.
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