Santos, Eliane Nascimento 2 Carmo, Marta Regina Barrotto 3
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1 ÁREA TEMÁTICA: ( ) COMUNICAÇÃO ( ) CULTURA ( ) DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA ( ) EDUCAÇÃO ( X ) MEIO AMBIENTE ( ) SAÚDE ( ) TRABALHO ( ) TECNOLOGIA HERBÁRIO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA (HUPG) SUBPROJETO: ASSESSORIA AO PARQUE ESTADUAL DE VILA VELHA. 2 AVALIAÇÃO DAS ESPÉCIES REGENERANTES EM PLANTIO DE EUCALYPTUS SPP. Cequinel, Anamaria 1 Santos, Eliane Nascimento 2 Carmo, Marta Regina Barrotto 3 RESUMO O presente trabalho é um sub-projeto desenvolvido pelo Herbario HUPG que visa assessorar o Parque Estadual de Vila Velha (PEVV), Ponta Grossa - Paraná com o intuito de manter e estabelecer o equilíbrio ecológico para ações adequadas de um plano de manejo em áreas florestadas por Eucalyptus spp,. Para o trabalho foram alocadas de 1m X 1m, dentro das quais foram identificados os indivíduos de espécies regenerantes (10 cm e 1m). O estudo com plântulas regenerantes são de grande importância para a compreensão da dinâmica do processo sucessional, possibilitando assim, a análise do estágio da regeneração natural do local. Após a análise florística, foram encontradas 14 famílias pertencentes a 20 espécies, as quais totalizaram 107 indivíduos. As famílias que apareceram com maior diversidade foram Lauraceae e Rubiaceae, com três espécies cada. Lauraceae foi também a família com maior número de indíviduos, 35 plantas, sendo que destas 29 são Psychotria sp, a espécie que teve maior ocorrência. Com os resultados obtidos até o momento pode-se afirmar que espécies nativas da Floresta Ombrófila Mista podem coexistir em florestamentos com Eucalyptus spp., minimizando em partes os impactos que plantas exóticas causam, porém o projeto está em estágio inicial, não se pode ainda chegar ao objetivo central, que é fornecer recomendações ao plano de manejo em vigor no PEVV. PALAVRAS-CHAVE - regeneração, restauração de ecossistema, reflorestamento. Introdução O Estado do Paraná, originalmente era recoberto por 85% de seu território por uma larga faixa de florestas do domínio Atlântico, sendo estas classificadas em Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista e Floresta Estacional Semidecidua (PARANÁ, 1987). A Floresta Ombrófila Mista original perfazia Km, o que correspondia a 37% da área total do estado (MAACK, 1968). Tal formação tem como característica a predominância da Araucaria 1 Graduanda, Bacharelado em Ciências Biológicas da UEPG e- mail:eliane_nds@yahoo.com.br 2 Graduanda, Bacharelado em Ciências Biológicas da UEPG anamariacequinel@hotmail.com 3 Doutora, Docente do Departamento de Biologia Geral da UEPG mrcarmo@uepg.br 2 3
2 angustifolia, espécie conhecida também como pinheiro-do-paraná. Sendo sua madeira muito apreciada, acarretou em uma grande predação destas árvores e ainda conciliada com a chegada dos colonizadores, expandindo centros urbanos, agricultura e pecuária, acarretou numa grande devastação destas florestas (VALENTE et al, 2010). A busca por equilíbrio ecológico após alguma interferência é normal em qualquer comunidade ou ecossistema, sendo um processo natural dentro de florestas, que ocasionalmente podem enfrentar queimadas, ventos, seca, chuva em excesso, etc. Mas a ação antrópica está sendo, muitas vezes além do suportado por esses ecossitemas. Então a recuperação florestal tornou-se de grande necessidade, visto a acelerada degradação ambiental e o quão necessária essas florestas são para o equilíbrio ecológico (CANDIANI, 2006). Acredita-se que os reflorestamentos aceleram, ou até mesmo permitem a recuperação desses ecossistemas (ZIMMERMAN et al, 2000), possibilitando melhores condições de solo, estabelecendo habitat que condiz com o de outras espécies, inclusive nativas. Assim, pode-se dizer que os reflorestamentos diminuem o tempo de resiliência de ecossistemas florestais (tempo necessário para que um sistema retorne ao seu equilíbrio após alguma perturbação), principalmente se a espécie usada nesse reflorestamento for pioneira, ou seja se apresenta bom desenvolvimento expostas a muita luz (FARAH, 2003). Essa classificação quanto a tolerância de luz vai de pioneira até especialistas de subbosque. As plantas que dependem razoavelmente de luz para se desenvolverem são ditas como secundárias iniciais e são encontradas em clareiras, bordas de sub-bosque e até mesmo nos subbosques. Então, quando se forma um dossel podemos encontrar as plantas secundárias tardias, que precisam de pouca luz para se desenvolver. Já as especialistas em sub-bosque são tolerantes à sombra. A disponibilidade de luz é também um dos fatores que faz ou não as plantas germinarem, crescerem e sobreviverem. A presença de certas espécies depende do banco de sementes do sistema em questão (FARAH, 2003). Estudos de regeneração de ecossistemas são de grande interesse para o meio científico, mesmo assim, poucos trabalhos são feitos nessa área, e menos ainda, em particular, a partir de plântulas. Sendo assim, a convite da direção do Parque Estadual de Vila Velha (PEVV), uma das mais importantes Unidades de Conservação da região dos Campos Gerais do Paraná, estão sendo desenvolvidos subprojetos em áreas que no passado (década de 1960) foram florestadas por Eucalyptus spp pelo Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) em sistema de monocultura em ambientes de transição de ecossistemas campestre e florestal dentro dos limites do parque. De acordo com o plano de manejo em vigor, uma das medidas urgentes e recomendadas para a manutenção da biodiversidade local é a remoção das espécies exóticas presentes no PEVV. Em algumas áreas esse processo já se iniciou e as mudanças ambientais decorrentes, como o aumento da intensidade luminosa, modificações na disponibilidade hídrica, diminuição da competição, precisam ser avaliados para mensurar os impactos no desenvolvimento da cobertura vegetal que está regenerando naturalmente. Assim este projeto objetiva analisar a diversidade da flora jovem desses reflorestamentos com eucaliptos, o qual servirá de base para estudos da dinâmica de recuperação desse sistema e também como fundamentação para a compreensão do processo sucessional da floresta, possibilitando recomendações de manejo adequado à direção do PEVV. Objetivos: Este trabalho tem como objetivo assessorar o Parque Estadual de Vila Velha (Ponta Grossa- Paraná) através da análise do processo de regeneração em áreas de vegetação campestre e florestal ocupadas atualmente por plantios de Eucalyptus spp, nos limites do parque visando subsidiar ações sustentáveis nesta unidade de conservação. O estudo com regenerantes servirá de parâmetro para o estudo do banco de sementes, sendo que o trabalho com regenerantes está diretamente ligado a germinação dos propágulos que estão nesse banco. Esses dados comparados com a literatura, juntamente com os resultados das subdivisões do projeto (estrato arbóreo), poderão fornecer conclusões satisfatórias de recomendações ao plano de manejo do PEVV, visando a manutenção ou retomada do equilíbrio e diversidade de espécies nativas local (flora e consequentemente a fauna), além de contribuir signficativamente com informações para o meio científico. Metodologia:
3 O Parque Estadual de Vila Velha (PEVV) encontra-se no segundo planalto paranaense, na região denominada Campos Gerais, município de Ponta Grossa. Está localizado entre as coordenadas 25 o 12'34" e 25 o 15'35" de latitude S, 49 o 58'04" e 50 o 03'37 longitude W, constituíndo uma área de 3.122,11 ha. De acordo com a classificação climática de Köeppen, a região apresenta um tipo climático Cfb. Para os estudos das espécies regenerantes entre 10cm e 1m de altura, estão sendo alocadas sub-parcelas de 1m X 1m instaladas no vértice direito das parcelas de 10 m X 10 m, onde, em outro subprojeto, estão sendo amostradas os indivíduos de porte arbóreo. Todos os indivíduos estão sendo etiquetados e medidos a altura através de um metro e tomada as medidas do diâmetro da base (DB) através de um paquímetro. O reconhecimento florístico está sendo determinado no local de estudo e aquelas espécies não reconhecidas em campo estão sendo coletadas amostras para análise no Herbário da Universidade Estadual de Ponta Grossa (HUEPG), onde estão sendo processados de acordo com metodologias usuais de herborização (FIDALGO E BONONI, 1989) e então comparadas com as exsicatas do herbário e com a bibliográfia disponível, para a correta identificação. Resultados: Até o momento foram amostradas 12 parcelas de 1mX1m, onde foram encontrados 107 indivíduos (Figura 1) pertencentes a 20 espécies e 14 famílias (Tabela 1). As famílias que apresentaram maior diversidade foram Lauraceae e Rubiaceae, possuindo cada uma, três espécies. Sendo que Lauraceae foi também a família com maior número de indivíduos, um total de 30 plantas, destas 29 são Psychotria sp,a espécie que teve maior ocorrência. Tabela 1 - Relação de famílias e suas respectivas espécies regenerantes encontradas em área de plantio de Eucalyptus spp. no Parque Estadual de Vila Velha, Ponta Grossa, Paraná Família Espécie Frequência Altura média (cm) Diâmetro Basal (cm) Araucariaceae Araucaria angustifolia ,6 Arecaceae Syagrus romanzoffiana ,38 Caesalpiniaceae Copaifera langsdorffii ,63 Flacourtiaceae Casearia sylvestris ,06 Lauraceae Cinnamomun sellowianum 25 38,9 0,69 Lauraceae sp ,17 0,28 Lauraceae sp ,18 0,39 Melastomatacea e Miconia albicans 20 22,27 0,37 Miconia sp 3 35,66 0,31 Monimiaceae Mollinedia clavigera ,49 Myrsinaceae Rapanea ferruginea ,44
4 Rosaceae Prunus sp ,51 Rubiaceae Borreria suaveolens ,19 Psychotria vellosiana ,41 Psychotria sp 29 36,38 0,39 Sapindaceae Sapindaceae sp ,19 Solanaceae Solanum argentium ,38 Symplocaceae Symplocos pubescens 2 42,5 0,56 Indet. liana sp ,67 0,29 liana sp Imagem 1 regenerante de Araucaria angustifolia Figura1- Indivíduo de Araucaria angustifolia amostrado e identificado na parcela 3, sob plantio de eucalyptus spp. no Parque Estadual de Vila Velha, Ponta Grossa, Paraná.
5 Conclusão: Como o projeto está em estágio inicial, não se pode ainda chegar ao objetivo central, que é fornecer recomendações ao plano de manejo em vigor no PEVV. Dados da literatura têm revelado que os reflorestamentos por Eucalyptus spp começaram a ser usados no Brasil em escala comercial na década de Conforme dados da Sociedade Brasileira de Silvicultura, no ano de 2000, chegou a ser plantado aproximadamente ha dessa espécie. SILVA Jr. et al (1995), concluíram após estudos de reflorestamentos com Eucalyptus grandis que esse gênero age como planta pioneira e refaz o ambiente natural, possibilitando então o aparecimento de espécies nativas. Sabe-se também que o eucalipto, tendo desenvolvimento rápido, pode agir como um edificador de ecossistema, conceito desenvolvido por JONES et al. (1997), no qual afirma que esses organismos controlam direta ou indiretamente a disponibilidade de recursos para outros. Estudos de regeneração amostrando plântulas são escassos, tendo em vista a dificuldade na identificação das espécies (por não apresentarem características que distinguem a espécie, ou então se mostrar com caracteres não vistos na planta adulta), no entanto é um importante parâmetro para descobrir a dinâmica do processo sucessional, quantificando e qualificando as espécies envolvidas na recuperação do ecossistema. Com os resultados obtidos até o momento pode-se afirmar que espécies nativas da Floresta Ombrófila Mista podem coexistir em florestamentos com Eucalyptus spp., minimizando em partes os impactos que plantas exóticas causam. Referências: CANDIANI, Giovano. Regeneração natural em áreas anteriormente ocupada por florestas de Ecalyptus saligna Smith. no município de Caieiras (SP): subsídio para recuperação florestal. Dissertação (mestrado) - Instituto de Botânica da Secretaria de Estado do Meio Ambiente. São Paulo, FARAH, Fabiano T. Favorecimento da regeneração em um trecho degradado e floresta estacional semidecidual. Dissertação (Mestrado) - Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas. Campinas, FIDALGO, O; BONONi, V.L.R. Técnicas de coleta, preservação e herborização de material botânico. Manual do Instituto de Botânica. São Paulo, PARANÁ. Secretaria de Estado de Agricultura e do Abastecimento. Programa de desenvolvimento florestal integrado. 38p.Curitiba, JONES, C.G., LAWTON, J.H. & SHACHAK, M. Positive and negative effects of organisms as physical ecosystem engineers. Ecology, v.78, n.7, p.1946, MAACK, R. Geografia física do estado do Paraná. Curitiba: BADEP/UPFR/IBTP, SILVA JR., M. C., ESCARANO J. R., E SOUZA F. C. Regeneration of an Atlantic Florest formation in the understorey of a Eucalyptus grandis plantation in south eastern Brazil. Journal of Tropical Ecology 11: , VALENTE, T. P.; NEGRELLE, R. R. B.; SANQUETTA, C. R. Regeneração de Araucaria angustifolia em três fitofisionomias de um fragmento de Floresta Ombrófila Mista. Porto Alegre: Iheringia, Sér. Bot., v. 65, n. 1, p , VITAL, Marcos H. F. Impacto ambiental de florestas de Eucalipto. Rio de Janeiro: Revista do BNDES, v. 14, n. 28, p , 2007.
6 ZIMMERMAN, J. K., PASCARELLA, J. B., e AIDE, T. M. Barriers to forest regeneration in abandoned pastures in Puerto Rico. Restauração Ecology 8: , 2000.
Dr. Sergius Gandolfi sgandolf@esalq.usp.br - LERF/LCB/ESALQ/USP
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