CONVENÇÕES RELATIVAS AO RECONHECIMENTO DE HIPOTECAS MARITIMAS ESTRANGEIRAS
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- Thomaz Rodrigues Esteves
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1 CONVENÇÕES RELATIVAS AO RECONHECIMENTO DE HIPOTECAS MARITIMAS ESTRANGEIRAS CAMILA MENDES VIANNA CARDOSO Sócia 2 DE SETEMBRO DE 2016
2 CONVENÇÕES RELATIVAS AO RECONHECIMENTO DE HIPOTECAS MARITIMAS ESTRANGEIRAS CÓDIGO DE BUSTAMANTE CONVENÇÃO DE BRUXELAS DE 1926 CONVENÇÃO DE BRUXELAS DE 1967 CONVENÇÃO DE GENEBRA DE 1993
3 CÓDIGO DE BUSTAMANTE CONVENÇÃO DE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO DE HAVANA DE 1928 CONVENTION ON PRIVATE INTERNATIONAL LAW (HAVANA, 1928) Dec. nº /1929 Assinada em Havana, em 20 de fevereiro de Adotada através da 6ª Conferência Internacional dos Estados Americanos (OAS). Foi o resultado de uma série de Conferências no âmbito da OAS, ocorridas no final do século XIX e início do século XX. Buscava estabelecer normas de Direito Internacional Privado de comum aplicação entre os países do continente americano. Não houve uma ampla adoção e aplicação do Código. Somente metade dos Estados membros da OAS assinaram o Código; 9 países aderiram ao Código com reservas a diversas normas do Código; Disposições divergentes aos Tratados de Montevidéu de 1889; Insistentes referência à lei local e à lei territorial dos Estados.
4 CÓDIGO DE BUSTAMANTE Atualmente*, 15 Estados são membros do Código de Bustamante: PAÍS ASSINATURA RATIFICAÇÃO DEPÓSITO BOLÍVIA 20/02/ /01/ /03/1932 RA BRASIL 20/02/ /06/1929 RA CHILE 20/02/ /07/ /09/1933 RA COSTA RICA 20/02/ /02/ /02/1930 RA CUBA 20/02/ /03/ /04/1928 RA REPUBLICA DOMINICANA 20/02/ /02/ /03/1929 RA EQUADOR 20/02/ /04/ /05/1933 RA EL SALVADOR 20/02/ /09/ /11/1931 RA GUATEMALA 20/02/ /09/ /09/1929 RA HAITI 20/02/ /01/ /02/1930 RA HONDURAS 20/02/ /04/ /05/1930 RA NICARÁGUA 20/02/ /12/ /02/1930 RA PANAMÁ 20/02/ /09/ /10/1928 RA PERU 20/02/ /01/ /08/1929 RA VENEZUELA 20/02/ /12/ /03/1932 RA OBS: Países americanos que não assinaram: Antígua e Barbuda Bahamas Barbados Belize Canadá Dominica Estados Unidos Granada Guiana Jamaica Santa Lúcia São Cristóvão e Nevis São Vicente e Granadinas Suriname Trinidade e Tobago Não obstante, há 5 países que, apesar de terem assinado o Código em 20/2/1928, não ratificaram até hoje: Argentina, Colômbia, México, Paraguai e Uruguai. * Acesso em 31 de agosto de 2016.
5 CÓDIGO DE BUSTAMANTE RECONHECIMENTO DE HIPOTECA MARÍTIMA ESTRANGEIRA Art. 248: A hipoteca marítima e os privilégios e garantias de caráter real, constituídos de acordo com a lei do pavilhão, têm efeitos extraterritoriais, até nos países cuja legislação não conheça ou não regule essa hipoteca ou esses privilégios. Garante a extraterritorialidade dos efeitos da hipoteca marítima. Deverão ser observados os requisitos de existência e validade da lei do pavilhão.
6 CÓDIGO DE BUSTAMANTE DISCUSSÃO: Seria possível aplicar o Código de Bustamante nas relações jurídicas com partes (indivíduos ou coisas) sujeitas às leis de países não signatários do Código? Tal questão é divergente na doutrina e está sob discussão no judiciário atualmente. Recentemente, a 13ª Câmara de Direito Privado do TJ-SP entendeu não ser possível o reconhecimento de hipotecas marítimas estrangeiras registradas em países que não são membros da Convenção. Autonomia da vontade dos Estados Preâmbulo - Art. 2º: As disposições deste Código não serão aplicáveis senão às Repúblicas contratantes e aos demais Estados que a ele aderirem, na forma que mais adiante se consigna.
7 CÓDIGO DE BUSTAMANTE Em contrapartida, tanto na doutrina brasileira quanto na estrangeira há autores que defendem uma aplicabilidade universal do Código de Bustamante. Assim, é possível a aplicação do Código de Bustamante em território brasileiro, qualquer que seja a nacionalidade das pessoas envolvidas. O Código não é apenas um tratado, mas é lei no país que o promulgou, rege o direito por ele regulado, qualquer que seja a nacionalidade das pessoas que naquele território o invoquem. (STF. Homologação de Sentença Estrangeira nº de julho de 1940). Dessa forma, o Código de Bustamante possuiria, para todos os fins de direito, a mesma eficácia e incidência da legislação federal ordinária, ainda que envolva questão relativa a país não signatário do Código.
8 CONVENÇÕES RELATIVAS AO RECONHECIMENTO DE HIPOTECAS MARITIMAS ESTRANGEIRAS CÓDIGO DE BUSTAMANTE CONVENÇÃO DE BRUXELAS DE 1926 CONVENÇÃO DE BRUXELAS DE 1967 CONVENÇÃO DE GENEBRA DE 1993
9 CONVENÇÃO DE BRUXELAS DE 1926 Dec. nº 351/1935 CONVENÇÃO INTERNACIONAL PARA A UNIFICAÇÃO DE CERTAS REGRAS RELATIVAS AOS PRIVILÉGIOS E HIPOTECAS MARÍTIMAS DE 1926 Assinada em Bruxelas, em 10 de abril de Entrou em vigor em 2 de junho de Estados-membros da Convenção de Bruxelas de 1926*: PAÍS ARGÉLIA ARGENTINA BÉLGICA BRASIL CUBA ESPANHA ESTÔNIA FRANÇA HAITI HUNGRIA IRÃ ITÁLIA RATIFICAÇÃO/ACESSÃO 13/04/1964 (a) 19/04/1961 (a) 02/06/1930 (r) 28/04/1931 (r) 21/11/1983 (a) 02/06/1930 (r) 02/06/1930 (r) 23/08/1935 (r) 19/03/1965 (a) 02/06/1930 (r) 08/09/1966 (a) 07/12/1949 (r) PAÍS LÍBANO LUXEMBURGO MADAGASCAR MÔNACO POLÔNIA PORTUGAL ROMÊNIA SUÍÇA SÍRIA TURQUIA URUGUAI ZAIRE RATIFICAÇÃO/ACESSÃO 18/03/1969 (a) 18/02/1991 (a) 23/08/1935 (r) 15/05/1931 (a) 26/10/1936 (r) 24/12/1931 (a) 04/08/1937 (r) 28/05/1954 (a) 14/02/1951 (a) 04/07/1955 (a) 15/09/1970 (a) 17/07/1967 (a) * Acesso em 31 de agosto de 2016
10 CONVENÇÃO DE BRUXELAS DE 1926 RECONHECIMENTO DE HIPOTECA MARITIMA ESTRANGEIRA: A Convenção de Bruxelas de 1926 reconhece a validade e eficácia de hipotecas marítimas outorgadas sobre embarcações estrangeiras. Artigo 1º: As hipotecas, amortizações, cauções sobre navios regularmente estabelecidas segundo as leis do Estado contratante a cuja jurisdição o navio pertencer, e inscritos em um registro publico, tanto pertencente á jurisdição do porto de registro, como de um oficio central, serão considerados validos e acatados em todos os outros países contratantes. Artigo 8º: Os créditos privilegiados acompanham o navio qualquer que seja o seu detentor. Artigo 11: Salvo o previsto na presente convenção, os privilégios estabelecidos pelas disposições que precedem não ficam sujeitos a qualquer formalidade ou condição especial de prova. Assim, qualquer hipoteca marítima regularmente constituída e registrada segundo a legislação do pavilhão da embarcação tem eficácia extraterritorial, bastando a demonstração da sua existência para seu imediato reconhecimento no país.
11 CONVENÇÃO DE BRUXELAS DE 1926 DISCUSSÃO: De acordo com as disposições da Convenção, os privilégios marítimos devem ser reconhecidos independente mente do lugar que foram constituídos? A interpretação dos artigos da Convenção também está sendo discutida judicialmente. Apesar de estabelecer que hipotecas marítimas estrangeiras devem ser consideradas válidas pelos outros Estados, a parte final do art. 1º estabelece tal obrigatoriedade somente existe em relação a países membros da Convenção. Ademais, o art.14 também enfatiza que as disposições da Convenção de Bruxelas somente são aplicáveis para seus Estados membros: As disposições da presente convenção serão aplicáveis em cada Estado contratante quando o navio gravado pertencer á jurisdição de um Estado contratante, assim como nos outros casos previstos pelas leis nacionais. Entretanto, o principio formulado na alínea precedente não afeta o direito dos Estados contratantes de não aplicarem as disposições da presente convenção em favor dos jurisdicionados de um Estado não contratante
12 CONVENÇÃO DE BRUXELAS DE 1926 Dessa forma, uma hipoteca cujo registro tenha sido efetuado em países não signatário, a princípio, não produziria efeitos no Brasil. Em contrapartida, há uma outra corrente que defende uma interpretação combinada do art. 1º com o art. 8º e o art.11. De acordo com os costumes e normas que regem a matéria, os privilégios marítimos, no direito brasileiro, adquirem o caráter de verdadeiros direitos reais. Assim, os privilégios marítimos, quer constituídos no Brasil, quer no estrangeiro (independente da nacionalidade do detentor e do Estado de registro), estariam isentos de qualquer formalidade ou condição especial de prova para serem considerados válidos.
13 CONVENÇÕES RELATIVAS AO RECONHECIMENTO DE HIPOTECAS MARITIMAS ESTRANGEIRAS NO BRASIL CÓDIGO DE BUSTAMANTE CONVENÇÃO DE BRUXELAS DE 1926 CONVENÇÃO DE BRUXELAS DE 1967 CONVENÇÃO DE GENEBRA DE 1993
14 CONVENÇÃO DE BRUXELAS DE 1967 INTERNATIONAL CONVENTION FOR THE UNIFICATION OF CERTAIN RULES RELATING TO MARITIME LIENS AND MORTGAGES (BRUSSELS, 1967) Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia denunciaram a CONVENÇÃO DE BRUXELAS DE 1926 em 01/03/1965, para aderir a CONVENÇÃO DE BRUXELAS DE A Convenção de 1967 buscou atualizar e revisar as disposições da Convenção de Todavia, até hoje não entrou em vigor, por falta de adesões. Somente os seguintes países ratificaram e ainda permanecem como membros da CONVENÇÃO DE 1967*: Dinamarca, Marrocos, Noruega, Suécia, Síria e Vanuatu. Art 1º: Nesta Convenção, o reconhecimento de hipotecas marítimas estrangeiras estaria tão somente condicionado somente às seguintes situações: A hipoteca deve ter sido registrada, e estar em eficácia, de acordo com as leis do Estado que o navio está registrado; Deve haver uma publicidade desse registro marítimo estrangeiro; O registro da hipoteca (e seus documentos) deve especificar o nome e endereço do credor hipotecário e indicar o valor máximo assegurado.
15 CONVENÇÕES RELATIVAS AO RECONHECIMENTO DE HIPOTECAS MARITIMAS ESTRANGEIRAS CÓDIGO DE BUSTAMANTE CONVENÇÃO DE BRUXELAS DE 1926 CONVENÇÃO DE BRUXELAS DE 1967 CONVENÇÃO DE GENEBRA DE 1993
16 CONVENÇÃO DE GENEBRA DE 1993 CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE ÔNUS E HIPOTECAS MARÍTIMAS DE 1993 INTERNATIONAL CONVENTION ON MARITIME LIENS AND MORTGAGES, 1993 Uma nova proposta de revisão das antigas Convenções que versam sobre a matéria. Entrou em vigor em 5/11/2004. Seus atuais* membros são: PAÍS RATIFICAÇÃO/ACESSÃO PAÍS RATIFICAÇÃO/ACESSÃO ALBÂNIA 9/8/2010 (a) SÃO CRISTÓVÃO E NEVIS 15/6/2010 (a) BENIM 3/3/2010 (a) SÃO VICENTE E GRANADINAS 11/3/1997 (a) CONGO 11/6/2014 (a) SERVIA 23/12/2011 (a) EQUADOR 16/3/2004 (a) ESPANHA 7/6/2002 (a) ESTÔNIA 7/2/2003 (a) SÍRIA 8/10/2003 (a) LITUÂNIA 8/2/2008 (a) TUNÍSIA 2/2/1995 (r) MÔNACO 28/3/1995 (a) UCRANIA 27/2/2003 (a) NIGÉRIA 5/3/2004 (a) VANUATU 10/8/1999 (a) PERU 23/3/2007 (a) RUSSIA 4/3/1999 (a) * Acesso em 31/8/16.
17 CONVENÇÃO DE GENEBRA DE 1993 Tal Convenção prevê a possibilidade de reconhecimento e execução de hipotecas estrangeiras gravadas em navios mercantes (art. 1º). Diferente da CONVENÇÃO DE BRUXELAS DE 1926, a CONVENÇÃO DE GENEBRA DE 1993 não prevê a observância de suas disposições apenas entre os países signatários. O Art. 1º da CONVENÇÃO DE 1993 reproduz o mesmo art. 1º da CONVENÇÃO DE 1967, de maneira que uma hipoteca marítima estrangeira deve ser plenamente reconhecida, caso sejam observados os requisitos formais ali dispostos.
18 CONVENÇÃO DE GENEBRA DE 1993 Alguns países (incluindo o Brasil) somente assinaram a Convenção de PAÍS ASSINATURA BRASIL 28 Mar 1994 CHINA 18 Ago 1994 DINAMARCA 9 Ago 1994 FINLANDIA 29 Ago 1994 ALEMANHA 11 Jul 1994 GUINEA 18 Nov 1993 MARROCOS 23 Ago 1994 NORUEGA 31 Ago 1994 PARAGUAI 24 Mai 1994 SUÉCIA 2 Jun 1994 TUNISIA 24 Nov 1993 A baixa adesão seria justificada na existência de disposições controversas, que não resolveriam o problema do reconhecimento de vendas judiciais de embarcações no estrangeiro (um dos principais objetivos da Convenção).
19 RIO DE JANEIRO FONE: (55 21) FAX: (55 21) AV. RIO BRANCO, 25-1º andar RIO DE JANEIRO RJ SÃO PAULO FONE: (55 11) / FAX: (55 11) Rua Vergueiro, 2087 CJ SÃO PAULO SP BRASÍLIA Obrigada. Camila Mendes Vianna Cardoso camila@kincaid.com.br FONE: (55 61) FAX: (55 61) SHS, Quadra 06, CJ A, Bloco E, Sala Ed. Brasil XXI Brasília DF VITÓRIA FONE: (55 21) Av. Professor Almeida Cousin, 125 Ed. Enseada Trade Center Salas 1202 a 104 Enseada do Suá Vitória - ES
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