IV CONEFLOR III SEEFLOR/ Vitória da Conquista (BA), 25 a 28 de Novembro de Resumo Expandido - [948] ISSN:

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1 Percepção Ambiental das Águas em Ambientes Urbanos do Semiárido: O caso de Mossoró-RN Kleane Targino Oliveira Pereira (1) ; Marco Antonio Diodato (2) (1) Estudante de Engenharia Florestal; Universidade Federal Rural do Semi-Árido; kleane_rn@hotmail.com; (2) Professor, UFERSA/ Universidade Federal Rural do Semi-Árido, diodato@ufersa.edu.br. RESUMO Os córregos da região semiárida desempenham a principal função de escoar as águas pluviais na época de chuva, mas fora deste contexto há o lançamento de efluentes domésticos, e descarte de diversos tipos de resíduos acarretando variados problemas para a população local, já que estes resíduos contaminam as águas dos rios, e causa o definhamento da vida aquática. Este trabalho tem por objetivo pesquisar os principais problemas que afetam a qualidade de vida da população devido ao mau uso e descaso dos córregos que estão inseridos na paisagem urbana dos bairros da zona oeste da cidade de Mossoró-RN. A metodologia adotada para a pesquisa foi a da observação in loco, junto com registros fotográficos dos córregos e das diversas situações encontradas. A coleta de dados se deu pela formulação de entrevistas, do tipo semiestruturadas, com diversas pessoas, nas áreas que englobam os córregos, e combinam perguntas abertas e fechadas, onde o informante teve a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto. Foi verificado que os córregos estão completamente degradados, com disposição de lixo, entulho, esgoto doméstico e que a percepção que a população tem sobre o mesmo é de lugar para descarte de lixo. Instiga-se a necessidade de educação ambiental para harmonizar a inter-relação homem natureza. Palavras-chave: Córregos. População. Degradação. INTRODUÇÃO A percepção ambiental é um tema bastante debatido, que vem conscientizando a prática de ações individuais e coletivas. Desse modo, o estudo da percepção ambiental é indispensável para que se possam compreender melhor as inter-relações entre o homem e o ambiente, suas expectativas, julgamentos e condutas (PACHECO e SILVA, 2007). Logo, a percepção ambiental pode ser definida como sendo uma tomada de consciência do ambiente pelo homem, ou seja, o ato de perceber o ambiente que se está inserido, aprendendo a proteger e a cuidar do mesmo (FAGGIONATO, 2013). O município de Mossoró está localizado no semiárido nordestino, com a estação chuvosa concentrada entre o verão e o outono, apresentando estação seca de 8 a 9 meses, com regime de chuvas irregulares (IDEMA, 2000), por isso, os córregos desta região são intermitentes e desempenham a função de escoar a água da chuva, porém, é utilizado inadequadamente pela população como local para despejo de resíduos sólidos e lançamento de efluentes domésticos. O lançamento de resíduos contribui para a contaminação e poluição crescente das águas, tornando-se um problema de saúde pública (SILVA et al, 2006). No Brasil, a maioria dos cursos de água recebe esgoto doméstico, pois ainda não se tem uma preocupação com a qualidade da água de drenagem. Portanto, acarreta inundações, acúmulos de resíduos sólidos, aumenta o risco a saúde e a poluição de mananciais (PARKISON et al., 2003). - Resumo Expandido - [948] ISSN:

2 Os córregos localizados a oeste do rio Mossoró, fazem parte da paisagem cotidiana da população adjacente, no entanto, o destino dado a eles refere-se à sua função como depósito de esgotos domiciliares e de lixo. As funções que poderiam mantê-los como ponto de embelezamento da paisagem são inutilizadas. Daí a necessidade de se entender o quadro ambiental dos córregos, assim como as inter-relações que se estabelecem entre eles e a população. Este trabalho tem por objetivo pesquisar os principais problemas que afetam a qualidade de vida da população dos bairros a oeste do rio Mossoró, oriundos do mau uso e descaso dos córregos que estão inseridos na paisagem urbana dos bairros Belo Horizonte, Abolição, Santa Delmira e Redenção. METODOLOGIA A metodologia adotada para a pesquisa foi a da observação in loco da situação ambiental do objeto de estudo. Durante as visitas à área de estudo foram realizados registros fotográficos dos córregos e das diversas situações encontradas. O percurso compreendeu desde a área de captação das águas pluviais até o encontro com o rio Mossoró. A coleta de dados se deu pela formulação de entrevistas, com diversas pessoas na área de influência dos córregos. As entrevistas foram do tipo semiestruturadas, que combinam perguntas abertas e fechadas, onde o informante teve a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto. Foram realizadas 103 entrevistas aos moradores da vizinhança ao longo dos córregos em estudo, distribuídas de forma aleatória nos bairros: Belo Horizonte (13), Santa Delmira (40), Abolição (20) e Redenção (30). Em cada entrevista foram coletados os dados a respeito de idade, sexo, tempo de residência, quais os principais problemas de residir nas proximidades do córrego e qual sugestões ou propostas idealiza para melhorar a qualidade de vida da vizinhança. As informações oriundas das entrevistas foram tabuladas com o auxílio do programa Excel, que também gerou os gráficos utilizados neste trabalho. Os dados foram observados para diagnosticar o grau de degradação e percepção ambiental da população em relação ao córrego. RESULTADOS E DISCUSSÃO Diversos foram os problemas relatados pelos entrevistados (Tabela 1). A presença de insetos foi o problema mais citado nos córregos Belo Horizonte (28,3%), Abolição (26,4%) e Redenção (25,0%), seguido por mau cheiro, com 26,1% (Belo Horizonte), 23,6% (Redenção) e 26,4% (Abolição). O córrego Santa Delmira desponta com a poluição causada por lixo e entulho (24,3%), seguido da ocorrência de insetos e ratos (19,8%). Outros problemas citados foram a saúde prejudicada, devido a doenças respiratórias e doenças transmitidas por vetores como ratos e insetos (Belo Horizonte com 2,2%; Santa Delmira com 8,5%; Abolição com 5,6% e Redenção com 1,7%). Chama a atenção que a presença de insetos, ratos e o mau cheiro sejam citados como os maiores problemas, mas não há a mesma proporção de indicações para a questão da poluição das águas (despejo de lixo e lançamento de esgoto doméstico) (Figura 1). Esse tipo de poluição tem um primeiro impacto, que é o visual, seguido do olfativo e depois os restantes destacados pelos entrevistados, entre outros. Poderia se pensar que a população das proximidades dos córregos está acostumada à presença de lixo e esgoto, ao ponto de não ser totalmente detectada ou registrada ou, ainda, ser visto como um elemento normal da paisagem local. Tabela 1 - Distribuição dos problemas relatados pelos entrevistados, nos córregos analisados. Mossoró, Problema relatado Córrego - Resumo Expandido - [949] ISSN:

3 Belo Horizonte Santa Delmira Abolição Redenção N o % N o % N o % N o % Poluição (lixo e resíduos) 7 15, , , ,2 Entulho 1 2,2 0 0,0 2 2,8 0 0,0 Insetos (barata e mosquitos) 13 28, , , ,4 Ratos 10 21, , , ,7 Mau cheiro 12 26, , , ,4 Saúde prejudicada 1 2,2 15 8,5 4 5,6 2 1,8 Local de uso de drogas 2 4,3 5 2,8 0 0,0 0 0,0 Animais mortos 0 0,0 7 4,0 3 4,2 4 3,5 TOTAL , , , ,0 Figura 1 - Vistas parciais dos córregos A - Belo Horizonte, B - Santa Delmira, C - Abolição, D - Redenção. Mossoró, Fonte: autoria própria. Foi perguntado aos entrevistados qual seria a sua proposta para a melhoria da relação córregopopulação, com o intuito de conhecer quais as expectativas e sugestões para minimizar ou mesmo eliminar os problemas relatados (Figuras 2, 3, 4 e 5). Figura 2 - Distribuição das sugestões de melhorias relatadas pelos entrevistados. Córrego Belo Horizonte. Mossoró, Resumo Expandido - [950] ISSN:

4 Figura 3 - Distribuição das sugestões de melhorias relatadas pelos entrevistados. Córrego Santa Delmira. Mossoró, Figura 4 - Distribuição das sugestões de melhorias relatadas pelos entrevistados. Córrego Abolição. Mossoró, Figura 5 - Distribuição das sugestões de melhorias relatadas pelos entrevistados. Córrego Redenção. Mossoró, Resumo Expandido - [951] ISSN:

5 Há apelo da população pela canalização dos córregos (Belo Horizonte com 38%, Santa Delmira com 60%, Abolição com 54% e Redenção com 52%), seja aberta ou fechada, a fim de se ter um melhor escoamento de água e a redução de diversos problemas já explicitado acima. Verificou-se que apenas a canalização não é suficiente para resolver os transtornos causados pelo córrego. Das 188 citações, a limpeza está entre as mais indicadas. Os entrevistados sugeriram que se a limpeza fosse realizada frequentemente seria o suficiente para melhorar a situação dos moradores que residem próximo ao córrego. Outro fator importante foi sobre a necessidade de realização de saneamento básico geral para evitar que os efluentes domésticos sejam lançados diretamente ao córrego ou a ativação do saneamento básico, já que em alguns pontos já existe a instalação do mesmo. Dos entrevistados, 10 solicitam que a coleta de lixo seja regular em sua rua, a fim de evitar que a população se desfaça do mesmo no córrego. Das 188 citações houve apenas 3 citações sobre a necessidade de educação ambiental para a conscientização da população, e apenas 6 citações para a construção de área de lazer ao longo do córrego, criando um ambiente favorável para população conectar-se com o meio em que vive de forma harmoniosa. A educação ambiental foi timidamente citada em três córregos (Santa Delmira, Abolição e Redenção), enquanto que fiscalização foi citada também em três bairros (Belo Horizonte, Santa Delmira e Redenção) em um porcentual maior, o que denota que a percepção dos entrevistados enxerga como medida mais eficaz para controlar os problemas a ação fiscalizadora dos órgãos competentes que a educação. Pode-se traduzir como que não há, nem haverá colaboração da população sem a forte presença da administração pública. Nos córregos Abolição (4%) e Santa Delmira (26%) o calçamento é uma reinvindicação que, segundo os entrevistados, ajudaria a minimizar alguns problemas, mas, principalmente, auxiliaria no aspecto visual, o que reprimiria o despejo de lixo nas imediações e dentro dos córregos. CONCLUSÕES A percepção que a população tem dos córregos se resume, em suas próprias palavras, a bueiros, a esgotos, ou seja, a algo sem valor ambiental, ecológico ou até mesmo social e/ou paisagístico. Há um grande número de pessoas que moram nas proximidades dos córregos que o utilizam como destino final de descartes domésticos e não conseguem enxergar o seu potencial de embelezamento na paisagem urbana. Por outro lado, há aqueles que acreditam que com a educação ambiental e a construção de áreas de lazer em seu entorno ocorra uma modificação desta visão e assim a população volte a respeitar a natureza reconstruindo a consciência do ambiente pelo homem. Para que isso ocorra, deve haver projetos de conscientização com apoios dos órgãos Municipais/Estaduais competentes nas regiões de entorno dos córregos e nas escolas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FAGGIONATO, S. Percepção Ambiental. [S.I.: s.n.,?]. Disponível em: Acesso em: 25 mai INSTITUTO DE DEFESA DO MEIO AMBIENTE (IDEMA). Perfil do seu município. Mossoró: Disponível em:< socio_economicos/enviados/perfil_m.asp>. Acesso em 27 mai PACHECO, E.; SILVA, H. P. Compromissos Epistemológicos do Conceito de Percepção Ambiental. Rio de Janeiro: Departamento e Antropologia, Museu Nacional e Programa EICOS/UFRJ, Resumo Expandido - [952] ISSN:

6 PARKISON, J.; MILOGRANA, J.; CAMPOS, L. C.; CAMPOS R. DRENAGENS URBANAS SUSTENTAVEL NO BRASIL:. Relatório do Workshop, em Goiâna-GO. Goiás: Escola de Engenharia Civil - Universidade Federal de Goiás, p. SILVA, C. E.; BINOTTO, D.; GRÄBIN, T. F.; DANIELSSON, E. Degradação da Qualidade da Água no Meio Urbano. Santa Maria-RS: UFSM, Disponível em: < >. Acesso em: 27 Mai Resumo Expandido - [953] ISSN:

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