A NOVA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES DIANTE DO ESTADO SUPRANACIONAL
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1 A NOVA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES DIANTE DO ESTADO SUPRANACIONAL DANIEL PAIVA FERNANDES 1 RESUMO O presente artigo, pretende abordar as mudanças nas relações internacionais entre nações soberanas, diante da nova conjuntura cosmopolita e globalizada, dentro de um contexto jus-filosófico, bem como o reflexo no elemento fundamental que compõe uma nação: seu povo. Serão tratadas as possibilidades de unificação de Estados soberanos perante um novo padrão supranacional, como mecanismo de suplantar um modelo capaz de gerir as novas relações que transcendem as barreirais territoriais dos Estados soberanos, garantindo um modelo de justiça global sob a égide da democracia, sem que haja desarmonia aos modelos de Estado de Direito e diferenças jurídicas e socioculturais dos povos. Palavras-chave: Direito Internacional. Federalismo. União Européia. Supraestado. Direito Constitucional. Suprafederação. 1 Advogado titular do escritório Paiva Fernandes Advocacia, inscrito na OAB/MG sob o nº ; Graduado pela Faculdade de Direito do Sul de Minas em 2004.
2 1 INTRODUÇÃO O sistema federalista surgiu de uma necessidade de organizar entes Confederados de um território, para que se definissem normas e critérios unificados num contexto de poder e controle. Diante da superação das barreiras espaciais pela implantação de novas tecnologias e mudanças sociais, o fenômeno da globalização cristalizou a concepção cosmopolita ilustrada por Immanuel Kant entre outros jusfilósofos e cientistas políticos, que ultrapassaram os limites de controle dos Estados soberanos. Na mesma estribeira da formação de entes federados, v.g., os países da Europa uniram-se pela criação da União Europeia. Tal organização estrutural entre entes dotados de soberania e independência internacional inaugurou um novo conceito de Suprafederação, neste caso, especialmente ligadas com objetivo de consolidar uma aliança econômica transnacional. Também podemos citar como exemplo da necessidade latente de estabelecimento de uma ordem internacional que ofereça garantias mínimas de justiça, não muito recente, aliás, a criação da Organização das Nações Unidas. Neste diapasão, a criação de uma justiça global, tais como a instituição dos direitos humanos, faz-se necessária. Este fenômeno se expandiu pelo globo, acelerando a formação de alianças internacionais nos diversos blocos continentais. O problema surge na adequação dos modelos tradicionais e engessados de Estado nacional diante do cenário mundial hodierno.
3 2 FEDERALISMO COMO PRESSUPOSTO DE COEXISTÊNCIA ENTRE OS ESTADOS AUTÔNOMOS O sistema federalista originário, que era aplicado a Estados de menor extensão territorial, ganhou uma importante ressignificação apresentada por HAMILTON, MADISON e JAY n Os Artigos Federalistas (1788) que serviu de base para contribuir com a Constituição dos EUA e unificação das Confederações estadunidenses. Esse fenômeno resultou na consolidação do federalismo nos EUA, essencialmente a criação de uma União capaz de concentrar organização dos Estados-membros. Para existir um modelo de maior abrangência, nos moldes da União Europeia, mas com uma coesão suprafederalista, com o desvencilhar das barreiras territoriais nacionais, mister se faz a elaboração de um novo conceito de relação entre os Estados soberanos, menos focado ao conceito tradicional do Direito Constitucional, Direito Internacional Público e Privado, e melhor atendo aos anseios universais de moral e justiça global. Para tanto, os aspectos multiculturais e barreiras sociais dos diversos Estados nacionais que possam provocar conflito com valor primordial de justiça e moral devem ser levados em consideração Por todo exposto, surge a importância de reestruturar o estudo do Direito dentro do contexto jurídico de maneira global, e não mais regional. O modelo tradicional de Estado, portanto, perdeu seu domínio pleno sobre o que se denomina Estado Democrático de Direito, merecendo nova abordagem dentro da relação entre sociedade e Estado.
4 3 SUPERANDO BARREIRAS CULTURAIS E SOCIAIS As relações jurídicas Estatais, dentro deste prisma, destaca-se, devem respeitar a formação social, política e jurídica de cada cultura, consolidada, portanto, no intervencionismo mínimo da solução convencionada entre os Estados soberanos e dentro de condições muito bem definidas. Para que tal abordagem logre êxito, importante ressaltar a caracterização deste conceito dotado de um caráter fundamentalmente democrático, de maneira a incitar o diálogo e a síntese de soluções pela implementação dos ideais antagônicos que constituem os Estados nacionais. Para tanto, a criação de um sistema regulamentador que assegure instrumentos coercitivos contra o monopólio de Estados e a reivindicação de deveres e direitos, depende da formação de uma forma estatal ou forma semelhante de Estado, para institucionalização jurídica de uma nova ordem mundial Justa, assim como idealizado por OTFRIED HOFFE. 4 CONCLUSÃO Evidente que, esta concepção de Estado Supranacional não constitui afronta à autonomia de um sujeito político independente (Estados nacionais), respeitando o que ocorre nas Repúblicas Federativas. Por se tratar de um processo de mudança ou implementação complexo, este fenômeno deverá respeitar o tempo e ser dotado de
5 flexibilidade para que se encaixe a uma realidade universal e consensual entre todos envolvidos, rumo à definição perfeita da justiça global. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHEVALLIER, Jean-Jacques. As grandes obras políticas de Maquiavel a nossos dias. Trad. Lydia Cristina. 8ª ed. Rio de Janeiro, Agir, HART, M. O Conceito de Direito. 5ª ed: Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, HÖFFE, Otfried. A democracia no mundo de hoje. Tradução de Tito Lívio Cruz Romão. São Paulo: Martins Fontes, HÖFFE, Otfried. Immanuel Kant. São Paulo: Martins Fontes, HÖFFE, Otfried. Justiça política. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, HUNTINGTON, S P. O choque de civilizações e a recomposição da ordem mundial. Rio de Janeiro: Objetiva, KRAMNICK, Isaac. Apresentação. In: MADISON, James; HAMILTON, Alexander; JAY, John. Os Artigos Federalistas. Apresentação: Isaac Kramnick; tradução de Maria Luiza X. de A. Borges. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, LIMONGI, Fernando Papaterra. "O Federalista": remédios republicanos para males republicanos. In: WEFFORT, Francisco (org.). Os Clássicos da Política. 14ed. São Paulo: Ática, SOUZA NETO, C. P. de. Teoria Constitucional e Democracia Deliberativa: um estudo sobre o papel do direito na garantia das condições para a cooperação na deliberação democrática. Rio de Janeiro: Renovar, 2006.
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