SANEAMENTO AMBIENTAL E LIXO URBANO: UMA REFLEXÃO A PARTIR DO PENSAMENTO DE CICLO DE VIDA
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- Luiz Fernando Anjos Carvalho
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1 SANEAMENTO AMBIENTAL E LIXO URBANO: UMA REFLEXÃO A PARTIR DO PENSAMENTO DE CICLO DE VIDA Áurea Luiza Quixabeira Rosa e Silva RAPÔSO (1) Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela UFAL. Doutoranda em Engenharia Industrial pela UFBA/EP. Professora do IFAL/Campus Maceió. Pesquisadora do Teclim, do Laboratório de Madeiras/UFBA/EP e do NPDesign/IFAL/Campus Maceió. Asher KIPERSTOK (2) Eng.º Civil, Technion, 1974; Mestrado, 1994 e Doutorado, 1996, em Engenharia Química/Tecnologias Ambientais, UMIST, Reino Unido; Coordenador da Rede de Tecnologias Limpas, Teclim, Departamento de Engenharia Ambiental, PPG em Engenharia Industrial, Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia. Sandro Fábio CÉSAR (3) Doutor em Engenharia de Produção pela UFSC. Professor Adjunto da UFBA. Pesquisador e Coordenador do Laboratório de Madeiras/UFBA/EP. Endereço (1) : Av. Juraci Magalhães Júnior, 462/104 Rio Vermelho - Salvador - Bahia - CEP: Brasil - Tel: +55 (71) aurearaposo@ig.com.br. RESUMO Este trabalho apresenta uma reflexão da relação lixo urbano e saneamento ambiental através da revisão do uso racional dos recursos naturais e do uso-reuso dos bens de consumo a partir da prevenção da poluição, da ecologia industrial e do pensamento de ciclo de vida. O foco de discussão concentra-se nos resíduos sólidos urbanos residenciais, derivados do uso-consumo de bens por seus usuários e que são descartados ao meio ambiente, por intermédio do sistema de limpeza urbana ou inapropriadamente. Trata-se de pesquisa exploratória sobre a temática, constituindo-se um recorte teórico-reflexivo, contextualizado por proposições e ou alternativas para as cidades de São Paulo e Salvador. PALAVRAS-CHAVE: ecologia industrial, prevenção da poluição, resíduos sólidos INTRODUÇÃO O estudo da relação existente entre saneamento ambiental e resíduos sólidos urbanos pode ser visto sob vários aspectos. Aqui, essa discussão é própria dos espaços das cidades, sobretudo, das edificações residenciais, considerando o comportamento de seus usuários: 80% das atividades humanas ocorrem no interior das edificações e o tempo restante nas próprias cidades, conforme dados indicados por Edwards (2008) [1]. Em edificações, o pensamento do ciclo de vida pode ser empregado para verificar e analisar os complexos impactos em três fases: construção, uso e posterior degradação. Neste artigo, concentram-se as discussões à etapa de uso, em que as edificações estabelecem um processo contínuo de uso-descarte de bens de consumo e ou serviços, correlacionados direta e indiretamente a recursos naturais e ou produtos, que são prestados pelas concessionárias públicas e ou privadas habilitadas, com ênfase nos resíduos sólidos domiciliares. Convém ressaltar que, embora a gestão dos resíduos sólidos urbanos seja matéria essencialmente de engenharia sanitária e ambiental, enquanto temática multi e transdisciplinar, ela também se circunscreve em outras áreas de conhecimento como a engenharia industrial, a engenharia de produção e o direito ambiental. Salvador, Bahia 11 a 16 de julho de
2 OBJETIVO(S) DO TRABALHO Objetivo geral: Apresentar reflexão da relação lixo urbano e saneamento ambiental através da revisão do uso racional dos recursos naturais e do uso-reuso dos bens de consumo a partir da Prevenção da Poluição, da Ecologia Industrial e do pensamento de Ciclo de Vida. Objetivos específicos: Caracterizar a relação entre saneamento ambiental e lixo urbano (resíduos sólidos); Contextualizar a poluição por resíduos sólidos e as práticas de gestão desses resíduos em ambiente urbano; Correlacionar a gestão dos resíduos sólidos aos conceitos de Prevenção da Poluição, da Ecologia Industrial e do pensamento de Ciclo de Vida. METODOLOGIA OU MÉTODOS UTILIZADOS O ponto de partida deste artigo foi o levantamento feito em trabalhos acadêmicos e em matérias veiculadas à mídia que chamam a atenção da população para o problema dos resíduos sólidos urbanos. Observam-se lacunas no gerenciamento desses resíduos pelas empresas e pelo poder público. A partir dessa constatação, surgiram as perguntas norteadoras do estudo: Quais medidas o poder público tem tomado para o gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos? Em que pensamento elas se encontram focadas? Qual a participação da população em frente a esse problema? Como a aplicação do pensamento da prevenção da poluição, da ecologia industrial e do ciclo de vida nas cidades pode auxiliar na gestão dos resíduos sólidos urbanos? Os métodos utilizados para o desenvolvimento desse estudo investigativo foram: 1) Pesquisa na internet nos sites governamentais e/ou institucionais, relacionados à temática; 2) Revisão bibliográfica e documental; 3) Compilação e análise dos dados. SANEAMENTO AMBIENTAL E LIXO URBANO: DEFINIÇÕES E CONTEXTOS Sanear, do latim sanare, traduzido em tornar são, também pode ser compreendido como aplicar medidas de saneamento. De um modo geral, o saneamento é visto como o conjunto de técnicas de tratamento das águas servidas e dos esgotos. Principais resíduos líquidos gerados pela relação uso-descarte do recurso natural água no interior das edificações urbanas. Água tratada, rede de esgotos e tratamento de esgotos formam o que denominamos de saneamento básico. Porém, pensar em saneamento hoje nas cidades envolve aspectos mais amplos, como a coleta, tratamento e disposição dos resíduos sólidos urbanos (mais conhecido como lixo urbano). Abrange ainda tratamento desses resíduos em aterros sanitários; eliminação de lixões a céu aberto ou clandestinos; centrais de incineração; coleta seletiva e reciclagem; desobstrução da rede de águas pluviais (águas de chuva); limpeza urbana. Todos esses aspectos definem o que entendemos por saneamento ambiental. A falta de saneamento básico e ambiental causa conseqüências para todo o meio ambiente e não só para as cidades: poluição dos solos, das águas (superficiais e subterrâneas), alagamentos, doenças, entre outros. Tratase de serviço de fundamental importância para a saúde pública urbana e, por conseguinte, para a saúde humana. Muitas vezes insuficiente e ou deficitário face à própria dinâmica da cidade, ao contínuo crescimento desta, à falta de investimentos e/ou à ingerência administrativa de seus gestores e, sobretudo, à falta de percepção ambiental da população usuária. 2 Embora a participação popular tenha aumentado significativamente nos últimos anos nas cidades brasileiras, seja em ações individuais ou de grupo, comunitárias, empresariais e de ONGs na busca pelo cumprimento dos compromissos e responsabilidades socioambientais, ainda há um considerável desconhecimento do assunto. Ainda que a conscientização ambiental de parte da população tenha também aumentado sobretudo de crianças e jovens por intermédio da promoção da educação ambiental nas escolas a prevenção da poluição pouco se operacionaliza devido à falta de percepção às questões ambientais. O percentual de contribuição individual ainda é inexpressivo. Ações como, por exemplo, reduzir o uso de bens de consumo desnecessários; dar preferência a produtos biodegradáveis, recicláveis e que não utilizem embalagem plástica; jogar o lixo nos Salvador, Bahia 11 a 16 de julho de 2010
3 locais adequados ou depositá-lo apenas nos dias de coleta, podem ser exercitadas por todos e muito contribuem para prevenção da poluição por resíduos sólidos urbanos. Não entanto, quase não são praticadas. O termo resíduos sólidos compreende tudo aquilo que é entendido como lixo, refugo e outras descargas de materiais sólidos industriais, comerciais, agrícolas e de atividades da população. Não inclui os materiais sólidos ou dissolvidos nos esgotos domésticos nem existentes nos recursos hídricos (sejam dissolvidos ou suspensos na água), como os efluentes industriais e ou advindos de correntes de irrigação. Nas cidades, o lixo urbano descartado de forma inapropriada nas vias públicas atinge a rede de saneamento básico e os córregos de águas pluviais, transformando-se em barreiras para o desempenho funcional e operacional da limpeza urbana. A associação de lixo urbano não coletado regularmente e descartado de forma inapropriada pelo usuário à obstrução de redes de águas pluviais das vias públicas urbanas por falta de manutenção têm causado, nos períodos de chuvas intensas, graves problemas ambientais urbanos como enchentes e alagamentos, a citar os mais recentes ocorridos, conforme matérias acessadas on-line, em São Paulo: Lixo nas ruas agrava alagamentos em São Paulo na Folha Online; e em Salvador: Temporal provoca alagamentos na cidade no site da Defesa Civil de Salvador e Chuva em Salvador provoca alagamentos no Estadão. As cidades devem ser consideradas como socioecossistemas, cujo metabolismo urbano as transforma nos maiores centros de consumo e pressão ambiental. POLUIÇÃO POR RESÍDUOS E PRÁTICAS DE GESTÃO EM AMBIENTE URBANO Machado (2006, p ) [2] afirma que a limpeza pública e a coleta, transporte e disposição dos resíduos sólidos dizem respeito primalcialmente à saúde pública e ao meio ambiente. Para tanto, a estrutura constitucional assegura ao município brasileiro autonomia para organizar os serviços públicos de interesse local, conforme CF/88, art. 30, v. Contudo, corrobora-se com o referido autor de que os resíduos sólidos vêm sendo negligenciados tanto pela população quanto pelos legisladores e administradores públicos no que se refere à inexpressiva divulgação de seus efeitos poluidores. A Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental/Ministério das Cidades (SNSA), por exemplo, apresenta como missão assegurar à população os direitos humanos fundamentais de acesso à água potável em qualidade e quantidade suficientes e a vida em ambiente salubre nas cidades e no campo, segundo os princípios fundamentais da universalidade, equidade e integralidade, conforme pesquisa no site institucional ( Para a própria SNSA, a promoção de espaço urbano salutar engloba: abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, gestão de resíduos sólidos urbanos, adequado manejo de águas pluviais urbanas, inclusive com o controle de enchentes. Subdivide-se em três departamentos: Departamento de Articulação Institucional, Departamento de Água e Esgotos e Departamento de Cooperação Técnica. Observa-se que não há um departamento específico para a gestão dos resíduos sólidos. Esta última, insere-se nas ações de articulação institucional. Por exemplo: em ação articulada com o Ministério do Meio Ambiente, a SNSA apóia o Programa Resíduos Sólidos Urbanos (PRSU) desse ministério, cujos objetivos são: incentivar a redução, reutilização e reciclagem de resíduos sólidos urbanos; ampliar a cobertura; aumentar a eficiência e a eficácia dos serviços de limpeza pública, de coleta, de tratamento e de disposição final; promover a inserção social de catadores por meio da eliminação dos lixões e do trabalho infantil no lixo. A atuação da SNSA nesse programa consiste em promover estudos, planos, projetos, implantação, ampliação ou melhoria dos serviços de limpeza urbana e de gestão dos resíduos sólidos urbanos. Não se verifica embutido na missão da SNSA nem nos objetivos do PRSU o pensamento de prevenção da poluição, ecologia industrial e ciclo de vida. No Brasil, o tratamento e o controle da poluição ocorrem, em sua maioria, depois que os resíduos e efluentes industriais são gerados. Usam-se sistemas de fim-de-tubo, ou seja, tecnologias para tratar, eliminar ou reduzir os resíduos e ou efluentes existentes, dando-lhes uma destinação final independente da sua cadeia produtiva geradora, tais como: sistemas químicos e biológicos para tratamento de águas residuárias, sistemas de filtração para água e ar, métodos de compostagem, aterros sanitários para resíduos sólidos, centrais de reciclagem, usinas de incineração, entre outros. Convém destacar que essas ações são importantes para iniciar o processo de mudança comportamental tanto de produtores/indústrias quanto de consumidores/usuários rumo à sustentabilidade ambiental, mas não são suficientes. Esses procedimentos alimentam a idéia de que a capacidade de carga dos recursos naturais é ilimitada. Salvador, Bahia 11 a 16 de julho de
4 Conforme matérias articuladas na Folha de S.Paulo em setembro de 2009, Sem aterros, SP planeja incinerar lixo, de autoria de José E. Credendio; Evandro Spinelli e Conrado Corsalette; Material reciclado aumenta 10 vezes em 5 anos ; Lei sobre resíduos é falha, diz especialista e Reciclar o lixo é dever do cidadão, na cidade de São Paulo, o aumento da reciclagem de lixo para dez vezes em cinco anos ( ) é visto como avanço mínimo face ao seu metabolismo urbano. Das cerca de 15 mil toneladas diárias produzidas, 130 toneladas vão para reciclagem. Em 2004 esse número era de 13 toneladas (FOLHA DE S. PAULO, 20/09/2009, impresso). Cabe-nos questionar: esse resíduo tinha que ser gerado? A matéria ainda destaca que dos noventa e seis distritos da cidade, setenta e dois são atendidos pela coleta seletiva. Porém, é preciso saber em qual rua, qual dia e qual horário o caminhão passa. A falta de locais para aterros nas regiões metropolitanas e no litoral norte do Estado e o esgotamento dos aterros sanitários licenciados induziu o Governo de São Paulo a elaborar plano de construção de usinas de incineração de lixo e geração de vapor e energia elétrica. Esta é a melhor solução? A questão, além de polêmica do ponto de vista ambiental, é tão recente que, em paralelo ao desenvolvimento do plano, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente ainda elabora uma resolução com parâmetros de emissão de gases, necessária para o licenciamento e fiscalização dessas usinas. A solução apresentada mantém a gestão de resíduos no fim-de-tubo. Tomando-se Machado (2006) como referência, destacamos que os recursos naturais são inegavelmente fatores de produção, mas o seu uso racional deve ser um dos objetivos fundamentais de uma política de bem-estar socioambiental ampla. Essa política prima ou pelo menos assim deveria pela garantia de ambiente urbano em boas condições de vida para todos. O que demonstra que ainda estamos aprendendo a lidar com as questões ambientais em nível sistêmico, cíclico. E, isso implica na reflexão das práticas de produção atuais para práticas mais limpas. GESTÃO DO LIXO URBANO: UMA REFLEXÃO A PARTIR DA PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO, DA ECOLOGIA INDUSTRIAL E DO PENSAMENTO DE CICLO DE VIDA Embora o volume dos resíduos sólidos aumente a cada dia com o crescimento da economia e, conseqüentemente, com o maior consumo, pouco tem sido feito no sentido de aprimorar e/ou ampliar a coleta, transporte e disposição desses resíduos, bem como informar, sensibilizar e (re)educar a população para o menor consumo, para o consumo sustentável e ou para o uso racional. A racionalização tem sido usada como medida provisória e não permanente. É vista como uma ação paliativa e não preventiva e educativa, com é de fato a sua natureza do ponto de vista da ecologia industrial. A exemplo dos apagões, em que a necessidade de racionalização de energia elétrica, motivou a substituição de fontes de luz, mas não incentivou mudanças nas fontes de energia para alternativas mais renováveis. A desinformação dos cidadãos usuários e a ausência de uma punição para o descaso e ou para as infrações e danos ambientais, distancia ainda mais as pessoas dessa problemática e não as inserem como co-participes. O uso racional da água e a redução, reutilização e ou reciclagem dos resíduos sólidos intra-residência seguem o mesmo caminho. Com base em Giannetti e Almeida (2006) [3] podemos destacar que a relação entre uso racional dos recursos naturais e poluição por resíduos sólidos inicia-se na produção industrial, mais especificamente, no ciclo de vida dos produtos da matéria-prima ao fim da vida útil (descarte), em que se verificam significativos desperdícios de insumos, água e energia, bem como procedimentos de alto impacto ambiental, que atingem inclusive a própria saúde humana. O resultado é sempre um grande volume de resíduos sólidos e quase nenhuma ação ou iniciativa de não geração ou redução desses resíduos em sua origem, ou seja, nas próprias indústrias. À luz da ecologia industrial, que associa os sistemas industriais aos ecossistemas, os resíduos e/ou materiais devem ser continuamente reciclados dentro do próprio sistema industrial. Contudo, essa abordagem depende da percepção de como os materiais extraídos do ambiente para a produção de bens irão a ele retornar (GIANNETTI; ALMEIDA, 2006). Como uma das ferramentas da Ecologia Industrial, o pensamento do Ciclo de Vida: a) introduz o fator tempo para a compreensão dos impactos ambientais e dos ciclos de reciclagem ao longo da vida útil; b) analisa os impactos energéticos, ecológicos e ambientais no contexto dos benefícios sociais e econômicos; c) constitui-se em ferramenta holística, que observa todas as etapas do Ciclo de Vida do produto e ou processo em análise (EDWARDS, 2008). 4 Nesse contexto, retoma-se a questão: é possível gerar menos resíduos sólidos urbanos? Azevedo, Kiperstok e Moraes (2005) [4] afirmam que a minimização dos resíduos pela redução na fonte mostra-se essencial para a Salvador, Bahia 11 a 16 de julho de 2010
5 gestão dos resíduos sólidos urbanos, porque proporciona a economia de matéria-prima e conservação dos recursos naturais, redução de custos de manufatura, tratamento e disposição de resíduos. Acrescentam que a ação preventiva, com base no Ciclo de Vida, deve seguir a ordem de prioridade: i) não-geração; ii) reutilização ou recuperação, quando não há desenvolvimento tecnológico atual, que permita o tratamento em sua totalidade; iii) reciclagem ou incineração. Minimização e ou recuperação proporcionam o aumento da vida útil de aterros sanitários e, por conseguinte, redução do ritmo da degradação do meio ambiente. Com base nos autores supracitados, podemos destacar dois aspectos relevantes do modelo tecnológico de gestão dos resíduos sólidos na cidade de Salvador: a) embora o pensamento preventivo para a redução dos resíduos sólidos urbanos encontra-se inserido nos documentos e na missão da Empresa de Limpeza Urbana do Salvador/LIMPURB e ela desenvolva um programa de coleta seletiva; na prática, ainda não se efetivaram estratégias e ou ações para a NÃO-geração de resíduos, que balizem uma gestão integrada e sustentável completa; b) os aterros sanitários (solução considerada fim-de-tubo) se constituem, ainda, no principal destino dos resíduos sólidos urbanos gerados hoje. Mais cedo ou mais tarde, a cidade de Salvador terá que buscar novas estratégias para a gestão dos resíduos sólidos urbanos, tendo em vista que não haverá áreas urbanas disponíveis para novos aterros sanitários, bem como a capacidade de absorção dos aterros existentes atingirá o seu máximo operacional. Quais serão as propostas? Usinas de incineração, a exemplo de SP? Ou buscará alternativas mais eco-eficientes? Em estudo de caso, que propõe modelo simplificado para os fluxos de resíduos da cidade de Salvador, com ênfase da redução na fonte, Azevedo, Kiperstok e Moraes (2005) demonstram que é possível a aplicação de ferramentas de prevenção da poluição e de revisão do ciclo de vida atual dos resíduos sólidos, identificando inclusive a possibilidade de redução na fonte de 27,5% ou 685,3t/dia de resíduos sólidos urbanos. O desvio de resíduos do aterro significaria 25,1%, com retorno de 13% do reciclado ao processo produtivo como matéria-prima. Para a solução fim-de-tubo (aterro) ainda seriam encaminhados 47,4% de resíduos, ou seja, 1.165t/dia. O que sinaliza para uma maior divulgação e disseminação da questão junto às empresas, ao poder público e à população, com vistas a aumentar esse percentual de redução na fonte. CONCLUSÃO Diante do exposto, conclui-se que a temática é recorrente à pauta de discussões atuais, direcionando a atenção para atuações na fonte de origem, com vistas à minimização da geração de resíduos e à conscientização ambiental da população e co-participes em prol do consumo sustentável, dos produtores para não-geração e dos gestores para instrumentos e regulamentações mais eficientes e integradas. Ressalta-se que o que falta em geral às cidades brasileiras e à política de gestão dos resíduos sólidos urbanos é desenvolver uma percepção e uma ação mais pró-ativa do que reativa; sistêmica, e não linear; holística e não situada apenas na destinação final. REFERÊNCIAS 1. EDWARDS, B. O guia básico para a sustentabilidade. Barcelona: Gustavo Gili, MACHADO, P. A. L. Direito ambiental brasileiro. São Paulo: Malheiros Editores Ltda., GIANNETTI, B. F.; ALMEIDA, C. M. V. B. Ecologia Industrial: conceitos, ferramentas e aplicações. São Paulo: Edgard Blucher, AZEVEDO, G. O. D. de; KIPERSTOK, A.; MORAES, L. R. S. Por menos lixo: a minimização dos resíduos sólidos urbanos na cidade do Salvador, Bahia. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 23., Campo Grande, Disponível em: Acesso em: 26/02/2010. Salvador, Bahia 11 a 16 de julho de
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