USO DE PRINCÍPIOS ATIVOS DE PLANTAS MEDICINAIS NO CONTROLE DE DO- ENÇAS DE PLANTAS

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1 KÁTIA REGINA FREITAS SCHWAN-ESTRADA Eng Agrônoma; Mestrado em Microbiologia Agrícola pela UFV e Doutorado em Fitopatologia pela ESALQ/USP. Atua na área de indução de resistência e controle alternativo de doenças de plantas utilizando extratos e óleos essenciais de plantas medicinais; extratos e tinturas de cogumelos e quitosana. É orientadora em programa de pós-graduação (mestrado e doutorado) USO DE PRINCÍPIOS ATIVOS DE PLANTAS MEDICINAIS NO CONTROLE DE DO- ENÇAS DE PLANTAS Dra Kátia Regina Freitas Schwan-Estrada 1 (UEM Maringá, PR) Dra Maria Eugenia da Silva Cruz 1 Dr José Renato Stangarlin 2 (UNIOESTE Marechal Candido Rondon, PR) Doutorando Gilmar Franzener 2 Atualmente, a intervenção para o controle de doenças de plantas é largamente realizada através de defensivos agrícolas (agrotóxicos). Sem dúvida, o uso racional desses produtos pode ter, a curto prazo, um efeito positivo para o produtor. No entanto, a longo prazo, além do surgimento de isolados dos patógenos resistentes às substâncias químicas utilizadas, os resultados para a sociedade como um todo e para o meio ambiente podem se tornar negativos, devido à poluição causada pelos resíduos. Nesse contexto obtém expressão termos como agricultura alternativa, agricultura agroecológica, que tem como um do enfoques o controle alternativo de doenças. O controle alternativo pode ser realizado através da indução dos mecanismos de defesa das plantas e pelo uso de produtos naturais com atividade antimicrobiana. Compostos secundários das plantas medicinais podem desempenhar funções importantes em interações planta-patógeno, pela ação antimicrobiana direta, ou ativando mecanismos de defesa de outras plantas que venham a ser tratadas com esses compostos. Várias plantas têm sido estudadas com relação à atividade direta sobre o fitopatógeno utilizando o extrato bruto aquoso, óleo essencial, tinturas e hidrolatos. Dentre as plantas medicinais estudadas pelos Grupos de Pesquisa Controle Alternativo de doenças de plantas (UEM - Maringá, PR), Controles Biológico e Alternativo em Fitossanidade (UNIOESTE - Marechal Candido Rondon, PR) e Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável (Núcleo de Agroecologia) pode-se citar: arruda (Ruta graveolens); alho (Allium sativum); alecrim (Rosmarinus officinalis); alfavaca-cravo (Ocimum gratissimum); alfavaca (O. basilicum); cânfora (Artemisia camphorata); carqueja (Baccharis trimera); capim-limão (Cymbopogon citratus); cúrcuma (Curcuma longa); cavalinha (Equisetum sp); eucalipto (Eucalyptus citriodora; E. robusta); erva cidreira brasileira (Lippia alba); gengibre (Zingiber oficinallis); ginseng brasileiro (Pfaffia glomerata); losna (Artemisia absinthium); mentrasto (Ageratum conyzoides); mil-folhas (Achillea millefolium); palmarosa (Cymbopogon martinii); rubim (Leonurus sibiricus) entre outras. Estas plantas têm sido utilizadas para estudos de inibição de crescimento micelial, esporulação e germinação de conídios de fungos fitopatogênicos in vitro; em bioensaios para a indução de fitoalexinas em sorgo (deoxiantocianidinas), soja (gliceolina) e feijão Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S 121

2 (faseolina); na indução de resistência em pepino a Colletotrichum lagenarium e Corynespora cassiicola; tomate com Alternaria solani e Oidium lycopersici bem como no tratamento de sementes de trigo para controle de Bipolaris sorokiniana e tratamento pós-colheita de laranja, mamão, morango, banana, maçã, goiaba, maracujá, pimentão e tomate. Alguns exemplos podem ser citados como: Extrato aquoso de A. milefollium, C. citratus; A. camphorata e R. officinalis, nas concentrações de 1, 10, 20 e 40% foram estudados sobre o crescimento micelial de Exserohilum turcicum isolado de milho-pipoca. Os autores, Carnelossi et al. (2010), observaram que a partir da concentração de 1%, houve inibição do crescimento micelial do fungo. A inibição aumentou proporcionalmente ao acréscimo da concentração dos extratos. Os extratos de R. officinalis e A. camphorata, foram os que proporcionaram maior inibição do crescimento micelial na concentração de 40%, apresentando até 45% de inibição. O efeito fungitóxico de extratos e óleos essenciais de Achillea millefolium, Cymbopogon citratus, Eucalyptus citriodora e Ageratum conyzoides sobre Didymella bryoniae foi verificado in vitro por meio da inibição do crescimento micelial e germinação de conídios. Além disso, algumas observações foram feitas utilizando microscopia eletrônica de varredura (SEM) para detectar possíveis alterações nas hifas do fitopatógeno. Os resultados mostraram que os extratos de E citriodora e A conyzoides foram mais afetivo na inibição do crescimento micelial. Os óleos essenciais de C citratus, A conyzoides e E citriodora inibiram o crescimento micelial e germinação dos conídios de D bryoniae. As observações em SEM revelaram alterações no padrão de crescimento das hifas do fungo quando na presença do óleo essencial de A. millefolium (Fiori et al., 2000). O uso de extratos aquosos ou alcoólicos também tem sido estudado no controle de bacterioses tanto in vitro quanto in vivo. Como exemplo pode-se citar o trabalho realizado por Kuhn et al. (2006) onde avaliaram o controle in vitro de X. axonopodis pv. manihotis mediante o uso de extrato aquoso de quatro genótipos de cúrcuma provenientes de cultivos de Jaboticabal-SP, Mara Rosa-GO, Maringá-PR e Mercedes-PR. O extrato de cúrcuma causou inibição completa do crescimento da bactéria na concentração de 10% para o material proveniente de Mercedes, enquanto que para a cúrcuma de Jaboticabal houve controle total a 15% e de Mara Rosa a 20%. A cúrcuma proveniente de Maringá não inibiu completamente o crescimento em nenhuma das concentrações utilizadas. Vigo-Shultz et al. (2006) utilizaram a tintura etanólica 50 o GL de Mikania glomerata (guaco) no controle de Xanthomonas campestris pv. campestris, agente causal da podridão negra em couve-flor. Para isto avaliou-se o crescimento bacteriano em tubos de ensaio contendo 100, 250, 500 e 1000 mg L -1 da tintura. A tintura etanólica promoveu inibição no crescimento bacteriano, a partir da concentração de 250 mg.l -1. Nas concentrações de 500 mg.l -1 e 1000 mg.l -1 foram observadas, respectivamente, 24% e 38% de inibição do crescimento bacteriano. O hidrolato, é sub-produto obtido na extração do óleo essencial constituído por compostos solúveis em água e cerca de 0,003% de óleo essencial, também pode ser utilizado no controle de doenças de plantas. Estudos in vitro realizados por Pazuch et al. (2005) verificaram a atividade do hidrolato de carqueja sobre a germinação de esporos dos fungos fitopatogênicos Pseudocercospora vitis e Cercospora kaki e observaram que os dois fungos apresentaram comportamento semelhante, sendo que apenas o tratamento com fungicida Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S 122

3 reduziu a porcentagem de germinação. Estes resultados mostram que compostos antifúngicos a esses patógenos são inexistentes ou presentes em baixas concentrações no hidrolato de carqueja. Franzener et al. (2007) também verificaram a atividade indutora de fitoalexinas em mesocótilos estiolados de sorgo por hidrolatos de Helietta apiculata (canela-de-veado), Conyza canadensis (buva) e Cymbopogon nardus (citronela), indicando o potencial desses hidrolatos em ativar este mecanismo de defesa em plantas. Além disso, o hidrolato dessas plantas mostraram significativa atividade antimicrobiana sobre a bactéria Xanthomonas campestris pv campestris e também inibição de até 69,2% no desenvolvimento de tubos germinativos do fungo Alternaria brassicae. Em pós-colheita, tanto os extratos quanto os óleos essenciais têm sido estudas. Cruz et al. (2005a), avaliaram extratos vegetais de Azadirachta indica e cítrico, com atividade biológica antimicrobiana (2,0 e 4,0 %) na conservação e controle de Colletotrichum musae em bananas na pós-colheita e verificaram que a redução do peso, dos diâmetros e alteração da cor externa das bananas foi menor quando submetidos aos tratamentos com produtos vegetais, além de menor incidência de antracnose. Observaram também que soluções de extrato cítrico e de Azadirachta indica a 0,5 e 1,0% foram eficazes na conservação na conservação de maçãs e no controle de Penicillium expansum, sendo que os tratamentos levaram a comprovação potencial dos compostos secundários de plantas (Cruz et al.,2005b). Cruz et al. (2010) avaliaram o efeito dos óleos essenciais de Origanum majorana, Citrus sinensis, Cymbopogon citratus e Eucalyptus citriodora, via fumigação, na conservação de manga, cv. Tommy Atkins e verificaram que exceto o tratamento com C. sinensis, que proporcionou um ph maior do que a testemunha, diferindo significativamente dos demais tratamentos que elevaram a variável. Concluíram também que ocorreu a redução da acidez em todos os tratamentos e aumento dos sólidos solúveis totais nos frutos, sendo que o número de frutos com antracnose foi menor no tratamento com C. sinensis. Embora seja conhecido o potencial do extrato bruto e óleo essencial (compostos secundários - compostos não vitais às plantas, mas com função de proteção contra pragas e doenças e atração de polinizadores) dessas plantas em conferir proteção em outras plantas, para a sua utilização como alternativa no controle de doenças de plantas, um fator importante é à procura de novas moléculas, o que significa, também, novas e diferentes propriedades físico-químicas, que representam um desafio para o isolamento e determinação das estruturas de compostos ativos, uma vez que o extrato ou óleo essencial pode conter centenas de compostos (alcalóides, terpenos, lignanas, flavonóides, cumarinas, benzenóides, quinonas, xantonas, lactonas e esteróides, entre outras). Pouco se tem estudado sobre a separação e caracterização da (s) fração (ões) biologicamente ativa(s), nem a determinação do alvo de atuação desses compostos (frações/ moléculas), ou seja, se sobre o patógeno apenas e/ou sobre a planta hospedeira. Assim, alguns trabalhos têm sido conduzidos para fracionar os extratos brutos de plantas medicinais com a finalidade de caracterizar/identificar as frações biologicamente ativas, e o seu efeito na proteção de plantas contra fitopatógenos. Moreira et al. (2008) estudaram o efeito antifúngico e elicitor de frações obtidas da citronela (Cymbopogon nardus), a partir dos extratos brutos metanólico (EME) e etanólico (EET) dessa planta. Os extratos EME e EET foram fracionados em por cromatografia de coluna de filtração em gel (CFG) obtendo-se três frações a partir do extrato metanólico (FMI, Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S 123

4 FMII e FMIII) e duas frações para o extrato etanólico (FEI e FEII). Estas frações foram utilizadas em bioensaio de germinação de esporos e formação de apressórios por Colletotrichum lagenarium e de indução de fitoalexinas em mesocótilos de sorgo e cotilédones de soja. Observou-se que não houve efeito significativo das frações de EME e EET analisadas sobre a germinação e formação de apressórios pelo patógeno. Quanto ao acúmulo de fitoalexinas em cotilédones de soja, não houve efeito significativo das frações FMI, FMII, FMIII, FEI e FEII. Entretanto, observou- se efeito significativo das frações obtidas na CFG, sobre a produção de fitoalexinas em mesocótilos de sorgo, onde os maiores acúmulos destas fitoalexinas foram promovidas pelas frações FMI e FMIII, diferindo significativamente do tratamento controle. Os autores concluíram que as frações parcialmente purificadas obtidas de EME de C. nardus apresentam potencial para induzir o acúmulo de fitoalexinas em mesocótilos de sorgo. Colpas et al. (2002; 2009) verificou que as frações obtidas de extratos etanólicos (E1 e E2) e metanólicos (M1 e M2), por cromatografia de filtração em gel, da planta medicinal O. gratissimum não possuem atividade fungitóxica direta contra C. lagenarium, porém a fração E1 apresentou atividade elicitora de fitoalexinas em mesocótilos de sorgo. Franzener et al. (2010, no prelo) trabalhando com extrato bruto aquoso de Eucalyptus citriodora verificaram que as frações obtidas por cromatografia de troca iônica (CTI), utilizando como tampão de eluição bicarbonato de amônio, permitiu a obtenção de seis picos distintos de proteína cuja atividade protetora foi avaliada em bioensaios em plântulas de pepino. Os resultados mostraram que o extrato bruto aquoso autoclavado seguido pelo não autoclavado apresentaram o maior conteúdo de proteínas e carboidratos. Com relação à atividade protetora nas plântulas de pepino a C. lagenarium o produto ASM promoveu maior atividade de peroxidases e b-1,3 glucanases, levando a significativa redução na severidade da doença. Nenhuma das frações promoveu incremento significativo na atividade de b-1,3 glucanases, mas o pico IV da CTI com bicarbonato de amônio teve indução superior as demais frações e similar aos extratos aquosos, além de significativa proteção das plântulas de pepino a C. lagenarium. Nos últimos anos muitas pesquisas vêm sendo desenvolvidas com o objetivo de esclarecer também os mecanismos de ação dos princípios ativos de plantas medicinais em plantas cultivadas que foram tratadas por esses compostos. O principal alvo de estudo tem sido enzimas, ou compostos relacionados a atividade dessas enzimas, que exercem papel de destaque na ativação de mecanismos de defesa das plantas a fitopatógenos. Entre as principais enzimas comumente estudadas nesse sentido estão as peroxidases, fenilalanina amônia liase, polifenoloxidase, além das denominadas proteínas relacionadas à patogênese quitinases e beta-1,3-glucanases. Em um desses trabalhos Rodrigues et al. (2007) relataram relação entre atividade de peroxidases e a indução de resistência em plantas de alface quando submetidas ao tratamento com extrato aquoso ou massa de gengibre. Plantas tratadas com massa de gengibre mostraram significativo aumento na atividade de peroxidases e consequentemente foi o tratamento que promoveu maior controle de Sclerotina sclerotiorum. Os extratos e os princípios ativos têm sido também estudados a campo e em casa-devegetação: Balbi-Penã et al. (2006), verificaram que a curcumina e os extratos brutos de cúrcuma (Curcuma longa) a 1% e 10% apresentaram níveis de controle de pinta preta causada por A. solani em tomateiro Bônus F1 similares ao tratamento com fungicida oxicloreto de Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S 124

5 cobre (1.100 mg do i.a./l), mas inferior ao fungicida azoxystrobin (80 mg do i.a./l). O tratamento com acibenzolar-s-metil (25 mg do i.a./l) foi o menos eficiente na redução da área abaixo da curva de progresso da doença não diferindo estatisticamente de cúrcuma 10% e curcumina 100 mg/l. Não houve diferença estatística na produção comercial de tomate entre tratamentos e somente o tratamento de curcumina 50 mg/l apresentou maior porcentagem de frutos grandes em relação à testemunha. Os autores concluíram que a utilização de extrato bruto de cúrcuma ou curcumina pode ser uma opção para controle de pinta preta em cultivos orgânicos de tomate, já que resulta em níveis de severidade e produtividade similares aos obtidos com fungicidas cúpricos. Diante de resultados promissores do uso desses extratos ou princípios ativos de plantas medicinais uma das questões que comumente surgem é da viabilidade econômica do emprego desses compostos no manejo de doenças em plantas. Um dos trabalhos nesse sentido realizou um estudo de caso do emprego do extrato aquoso de curcuma para o controle de doenças em tomateiro. Os resultados indicaram que todo processo de obtenção do extrato pode ser realizado na propriedade rural a um custo equivalente ao de produtos comerciais, porém aproximadamente 70% desse custo pode ser atribuído a mão-de-obra necessária para obtenção do mesmo. Assim, embora a obtenção de extratos diretamente na propriedade rural exige maior mão-de-obra representa uma alternativa que pode contribuir para sustentabilidade da agricultura familiar e do meio ambiente (Franzener et al., 2009). Muitos estudos vêm sendo realizados atualmente com intuito de se obter formulações e a estabilidade de compostos ativos de plantas medicinais de maneira que possa favorecer o emprego e aplicabilidade desses compostos. A promoção de técnicas que propiciem a estabilidade e satisfatória vida de prateleira desses produtos contribuirá decisivamente para o controle alternativo de doenças de plantas a partir de compostos ativos de plantas medicinais. Entretanto, Uma planta medicinal pode apresentar vários compostos secundários com atividade biológica, e geralmente observa-se o predomínio de um deles, que recebe a denominação de substância principal ou princípio ativo principal. A gama de compostos existentes em uma planta medicinal é denominada de fitocomplexo, sendo atribuído a este, os efeitos terapêuticos mais suaves e a menor incidência de efeitos colaterais em seres humanos. Sabe-se que os princípios ativos apresentam atividade biológica acentuada e que a linha que separa um efeito benéfico de um maléfico é tênue e assim a presença de vários compostos atuando conjuntamente minimizaria o risco advindo da utilização de algumas plantas medicinais, que possuem na sua composição alcalóides, por exemplo, que são substâncias que agem diretamente no sistema nervoso central e que se administradas isoladamente em dosagens inadequadas podem causar sérios prejuízos a saúde humana. Uma das modalidades de prescrição de plantas medicinais utiliza como parâmetro o fitocomplexo, composto por uma miscelânea de substâncias de origem vegetal, quimicamente relacionadas, cuja atividade biológica difere da ação dos princípios ativos isolados. Alguns princípios ativos só promovem o resultado esperado se empregados na forma de fitocomplexos, ou seja, quando se emprega o princípio ativo isolado não se alcança o resultado esperado. Podemos citar como exemplo a planta valeriana (Valeriana officinalis), que apresenta na sua composição vários princípios ativos (óleo essencial, hidrocarbonetos mono e sesquiterpênicos, ácidos valerênicos, ésteres terpênicos, alcalóides, cetonas aldeídos e álcoois triterpênicos, valepotriatos e taninos), entretanto os efeitos terapêuticos calmante, sedativo, ansiolítico, espasmolítico e relaxante desta espécie só são atingidos quando se ministra o fitocomplexo. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S 125

6 A provável explicação quando uma planta é utilizada como fitocomplexo e produz os efeitos terapêuticos é que as substâncias que compõem o fitocomplexo podem facilitar a absorção e o aproveitamento do princípio ativo pelo organismo, ou mesmo que estas substâncias conjuntamente acentuem o efeito terapêutico. Assim sendo, verifica-se em muitos casos, a necessidade de aplicação do fitocomplexo para se obter determinada atividade terapêutica. Monte (2007) relata que é importante ressaltarmos a diferença entre fitofármaco e fitoterápico: enquanto o primeiro é um princípio ativo com finalidade terapêutica e geralmente comercial, ele é isolado a partir de uma planta medicinal e assim pode ser sintetizado, patenteado e produzido em escala industrial; o segundo, fitoterápico, é produzido a partir da planta inteira, ou seja, um grande número de moléculas distintas forma o fitocomplexo, que age no organismo do paciente. A autora cita que segundo a ANVISA Não se considera medicamento fitoterápico aquele que, na sua composição, inclua substâncias ativas isoladas, de qualquer origem, nem as associações destas com extratos vegetais. Segundo quem faz uso de chás que utilizam parte ou a planta toda, diz que este processo é mais eficiente porque se absorvem todos os princípios ativos das plantas onde ou há uma sinergia ou algumas substâncias presentes anulam os efeitos deletérios de outras, já que a planta é completa. No caso da utilização dos princípios ativos isolados ou um só produto químico que a planta fabrica, a ação conjunta estaria prejudicada e o medicamento seria um alopático comum, com princípio químico, embora natural, atuando isoladamente como um outro remédio qualquer, trabalhando, ás vezes, só os sintomas de doenças e não estas, explica Luiz Carlos Leme Franco. Referencias bibliográficas BALBI-PEÑA, M.I.B.; BECKER, A.; STANGARLIN, J.R.; FRANZENER, G.; LOPES, M.C.; SCHWAN-ESTRADA, K.R.F. Controle de Alternaria solani em tomateiro por extratos de Curcuma longa e curcumina - II. Avaliação in vivo. Fitopatologia Brasileira. v. 31, n. 4, p , CARNELOSSI, P. R.; SCHWAN-ESTRADA, K. R. F.; CRUZ, M.E.S.; ITAKO, A. T.; MESQUINI, R. M. Óleos essenciais no controle de Colletotrichum gloeosporioides em mamão. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 11, p , 2009 COLPAS, F.T. Atividade eliciadora de extratos de alfavaca-cravo (Ocimum gratissimum L.) p. Dissertação (Mestrado em Agronomia)-Universidade Estadual de Maringá, Maringá, COLPAS, F.T.; SCHWAN-ESTRADA, K.R.F.; STANGARLIN, J.R.; FERRARESE, M. L. L. ; SCAPIM, C A ; BONALDO, S.M. Induction of plant defense responses by Ocimum gratissimum L. (Lamiaceae) feaf extracts. Summa Phytopathologica (Impresso), v. 35, p , 2009 CRUZ, M.E.S. Produtos alternativos no controle de doenças de pós-colheita de banana (Musa paradisiaca L.), maçã (Malus domestica Borkh) e laranja (Citrus sinensis (L.) Osbeck) p. Tese (Doutorado em Agronomia)-Universidade Estadual de Maringá, Maringá, Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S 126

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