SATAPOCAL -FICHA DE APOIO TÉCNICO Nº 8 /2007/RC

Transcrição

1 FAT revista em Março de QUESTÃO E SUA RESOLUÇÃO 1.1. QUESTÃO COLOCADA Deve o IVA ser incluído nos movimentos contabilísticos a efectuar nas fases de cabimento, compromisso e pagamento para registar as aquisições em que se verifica a inversão do sujeito passivo de IVA por força do disposto no Decreto-Lei n.º 21/2007, de 29/01, tendo em conta que o pagamento ao empreiteiro é efectuado de acordo com a factura sem IVA? 1.2. SOLUÇÃO PRECONIZADA A - INTRODUÇÃO Com a publicação do Decreto-Lei n.º 21/2007, de 29/01, foi introduzida na legislação do IVA um conjunto de novas práticas quanto às operações imobiliárias sujeitas a tributação, bem como quanto às prestações de alguns serviços relativas a bens imóveis, nomeadamente nos trabalhos de construção civil realizados por empreiteiros e subempreiteiros. Por forma a clarificar a correcta interpretação e aplicação do diploma, a Direcção-Geral dos Impostos (DGCI) emitiu o ofício n.º , de 24 de Maio de 2007 «IVA Serviços de construção civil, artigo 2.º, alínea j) do CIVA, artigo 1.º do Regime Especial de Exigibilidade do IVA nas Empreitadas de Obras Públicas Decreto-Lei n.º 204/97, de 9 de Agosto», no qual sustentamos o enquadramento desta questão. De acordo com a alínea j) do nº 1 do artigo 2º do CIVA, que enquadra a incidência subjectiva do sujeito passivo, é determinado que são sujeitos passivos do IVA as pessoas singulares ou colectivas referidas na alínea a) que disponham de sede, estabelecimento estável ou domicílio em território nacional e que pratiquem operações que confiram o direito à dedução total ou parcial do imposto, quando sejam adquirentes de serviços de construção civil, incluindo a remodelação, reparação, manutenção, conservação e demolição de bens imóveis, em regime de empreitada ou subempreitada. Significa isto que, nos casos aí previstos, há a inversão do sujeito passivo, cabendo ao adquirente a liquidação e entrega do imposto que se mostre devido, sem prejuízo do direito à dedução, nos termos gerais do CIVA, designadamente do previsto nos seus artigos 19º a 25º [Direito à dedução e regularizações]. 1/5

2 1.2. SOLUÇÃO PRECONIZADA (cont.) No que respeita às facturas emitidas pelos prestadores dos referidos serviços, estas deverão conter, nos termos do n.º 13 do artigo 35º do CIVA, a expressão IVA devido pelo adquirente. Resulta ainda que o IVA devido pelo adquirente deve ser liquidado na própria factura recebida do prestador ou em documento interno que, para o efeito, deve fazer menção da factura original (n.º, data e identificação do prestador). Sugere-se ainda que seja aposto na factura um carimbo que tenha a expressão IVA auto liquidação e campos para colocar a taxa de IVA aplicada, montante do IVA, número sequencial anual da autoliquidação data e assinatura do responsável pela autoliquidação. Para que se verifique a inversão do sujeito passivo, é necessário que, cumulativamente: Se esteja na presença de aquisição de serviços de construção civil; O adquirente seja sujeito passivo do IVA em Portugal e aqui pratique operações que confiram, total ou parcialmente, o direito à dedução do IVA. Para este efeito, as autarquias locais e entidades equiparadas, nos termos definidos no n.º 2 do artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 54-A/99, de 22 de Fevereiro, devem informar o respectivo prestador. No caso das autarquias locais que apenas são sujeitos passivos porque praticam determinado tipo de operações que não são abrangidas pelo conceito de não sujeição a que se refere o n.º 2 do artigo 2.º do CIVA ou que o são face ao n.º 3 do mesmo artigo, há lugar à inversão quando se trate de serviços de construção: Directamente relacionados com a actividade sujeita 1 Que concorrem, simultaneamente, para actividades sujeitas a imposto e que conferem o direito à dedução e actividades não sujeitas a imposto. B CONTABILIZAÇÃO Nos termos da alínea d) do n.º 3 do artigo 44.º do CIVA, o valor do imposto liquidado, nos casos em que a respectiva liquidação compete, nos termos da lei, ao adquirente, deve ser objecto de relevação distinta, pelo que a estrutura de contas dos sujeitos passivos deve ser adaptada a esta nova realidade, concretizando-se no facto da factura emitida pelo prestador do serviço não conter qualquer menção quantitativa ao IVA apresentando apenas o valor do serviço prestado e a expressão IVA devido pelo adquirente 1 Sobre as actividades sujeitas e não sujeitas das autarquias locais atenda-se ao disposto no ofício-circulado n.º de 20 de Novembro de 1991, emitido pelos Serviços do IVA (SIVA). 2/5

3 1.2. SOLUÇÃO PRECONIZADA (cont.) Assim, é o adquirente que, aquando da contabilização da dita factura, deve proceder à liquidação do IVA, neste caso, uma auto-liquidação e, na medida em que tal serviço é também dedutível, evidencia este facto, pela dedução do IVA correspondente. Deste modo, e de forma à tal relevância ser possível, devem ser tidas em conta as alterações necessárias à estrutura das contas do IVA estabelecidas no ponto 10.3 «Classificação orçamental e patrimonial» do POCAL, directamente relacionadas com o processo de auto-liquidação, tanto na contabilidade da autarquia local como na do prestador. A título meramente exemplificativo, e tendo como referência o documento elaborado pelo Conselho Técnico da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas 2 sobre esta matéria, sugere-se a seguinte estrutura: 2432 IVA Dedutível ou IVA Dedutível Regra geral (A estruturar por finalidade e taxas) ou IVA Dedutível Inversão sujeito passivo (A estruturar por finalidade e taxas) 2433 IVA Liquidado IVA Liquidado Regra geral (A estruturar por finalidade e taxas) IVA Liquidado Inversão sujeito passivo (A estruturar por finalidade e taxas) Note-se que as regras de dedução do IVA para cada sujeito passivo não se alteraram, apenas mudou a entidade responsável pela liquidação e entrega do imposto ao Estado. Exemplo: Serviço de construção do reservatório de água, facturado no montante de A venda de água é uma actividade sujeita, à taxa de 5%, pelo que se aplica o princípio de inversão do IVA. O pro rata é de 4% Este evento implica, em termos de contabilização, os seguintes registos: 2 Disponível em 3/5

4 Cabimento 023 / / a) / / b) Compromisso 026 / / c) / / d) Doc. Credor 2611x e) x 252 / f) x g) x 252 / h) NOTA: Os lançamentos g) e h) são realizados com o objectivo de que o valor do IVA (liquidado pelo adquirente) seja considerado uma Despesa Orçamental, em termos equivalentes ao que ocorreria caso o IVA fosse liquidado pelo fornecedor Liquidação do IVA pelo adquirente Pagamento (Autoquidação IVA) 252 / x i) Pagamento de Op. Orçamental Guia de Recebimento (Autoquidação IVA) 251 / / j) x Recebimento de Op. Orçamental NOTA: Os lançamentos i) e j) são efectuados para garantir a articulação entre os mapas de Execução Orçamental e de Fluxos de Caixa. Como contrapartida ao lançamento do IVA como despesa orçamental, opta-se pelo registo do mesmo montante do lado das receitas orçamentais na conta Outras receitas correntes - Outras -Outras - IVA Inversão da liquidação. Pagamento 252 / x k) Apuramento do IVA m) n) IVA a Pagar de IVA a pagar 1. Cabimentação 2. Compromisso 3. Documento Credor 023 / / o) / / p) q) / r) Pagamento 252 / x s) /5

5 1.3. FUNDAMENTAÇÃO Ofício n.º de 24 de Maio de 2007 «IVA Serviços de construção civil, artigo 2.º, alínea j) do CIVA, artigo 1.º do Regime Especial de Exigibilidade do IVA nas Empreitadas de Obras Públicas Decreto-Lei n.º 204/97, de 9 de Agosto»; Decreto-Lei n.º 21/2007, de 29/01; Ofício-circulado n.º de 20 de Novembro de 1991, emitido pelos Serviços do IVA (SIVA) - «CIVA - Câmaras Municipais - Autarquias Locais - Actividades Camarárias»; Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado (CIVA); Notas explicativas às contas 023, 026, 027, 11, 12, 24, 2432, 2433, 2436, 251, 252, 261, 422 e 44, constantes do ponto do POCAL; Notas explicativas ao artigo económico da receita e à rubrica económica da despesa , constantes da adaptação às autarquias locais do classificador económico das receitas e despesas públicas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 26/2002, de 14/02, disponível no sítio da DGAL na Internet ( Documento elaborado pelo Conselho Técnico da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, designado por IVA Serviços de construção Notas sobre o Decreto-Lei 21/2007, disponível em 5/5