COMUNICADO DA FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE PADEL Legalidade e Pelouro do Padel em Portugal
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- Luiz Henrique de Caminha Farias
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1 COMUNICADO DA FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE PADEL Legalidade e Pelouro do Padel em Portugal Perante alguns comunicados ou correspondências veiculadas para a opinião pública, designadamente pela Federação Portuguesa de Ténis e pelo Instituto Português do Desporto e Juventude, sente a FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE PADEL a necessidade não só de prestar esclarecimentos e defender a sua honra e bom nome, mas sobretudo de refutar o teor de algumas dessas comunicações: a) Desde logo, importa afirmar peremptoriamente que, ao contrário do alega a FPT e do que afirma, em conivência com esta, o IPDJ, em particular o seu presidente, o Padel não é uma modalidade afim do ténis. Antes de mais, não compete ao IPDJ, nem ao seu presidente, pronunciar-se ou definir, o que são modalidades autónomas, afins ou associadas; nem o seu critério, qualquer que ele seja, é vinculativo para qualquer entidade ou agente desportivo, ainda mais se o mesmo não for devidamente fundamentado, como é seguramente o caso. Com efeito, nem tal competência se enquadra nas atribuições que lhe são conferidas pelo diploma que lhe deu origem, o Decreto-Lei nº 98/2011, de 21/09, alterado e republicado pelo Decreto-Lei nº 132/2014, de 3/09. Mesmo a distinção entre modalidades colectivas e individuais é definida por portaria, não cabendo ao IPDJ fazê-lo. Por outro lado, a modalidade de Padel dispõe de regras distintas, campo, recinto e materiais diferentes e especificidades próprias, tudo definido por regulamento próprio aprovado pela Federação Internacional de Padel, sem qualquer intervenção da congénere do Ténis ou de qualquer entidade relacionada com o Ténis. Na verdade, o Padel é regulado e promovido de forma totalmente autónoma e independente do Ténis, desde logo, ao nível internacional, em virtude da existência e da actividade da Federação Internacional de Padel, que afirma, pela voz do seu Presidente, a total independência do Padel em relação a qualquer outra modalidade, incluindo quaisquer outras praticadas também com raquetes, assim como se afirma como única entidade reguladora da modalidade a nível internacional. Acresce que a Federação Internacional de Ténis se exclui por
2 completo de qualquer tipo de relação com a modalidade de Padel, nada constando nos seus estatutos, regulamentos ou mesmo veículos de comunicação, afirmando-se publicamente competente e responsável apenas pelas regras do Ténis, sem qualquer pelouro sobre o Padel. Mas também se mostra o padel, independente no seio da esmagadora maioria dos países que integram a FIP, através das respectivas federações nacionais de Padel, distintas das respectivas federações nacionais de Ténis, com excepção, por ora, da Itália e de Portugal, cujas federações nacionais de Padel não puderam ainda ser admitidas na FIP, em virtude, precisamente, das correspondentes federações de Ténis se manterem no seio da FIP (esta apenas admite uma federação por país), por se arrogarem indevidamente o direito de promover, desenvolver e regulamentar também o Padel no âmbito nacional, com base na atribuição de um estatuto de utilidade pública desportiva, e o correspondente reconhecimento do estado português, que lhes foi conferido apenas para a modalidade do Ténis e não para o Padel. b) Por conseguinte, ao contrário do que pretende afirmar convenientemente o IPDJ, a FPT não tem, nem pode ter, o direito exclusivo de promover, dirigir, regulamentar e organizar a modalidade de Padel em Portugal. A FPT, constituída desde 16 de Março de 1925, é uma federação unidesportiva, ou seja, uma federação que engloba pessoas ou entidades dedicadas à prática da mesma modalidade desportiva, que promove, regula e desenvolve apenas uma modalidade desportiva, neste caso, o Ténis, à qual foi atribuída o estatuto de utilidade pública desportiva (UPD), pela primeira vez, pelo despacho nº 10/94 do Primeiro-Ministro, publicado no Diário da Republica, 2ª Série, nº 78, de 04/04/1994. Em reunião da assembleia geral da FPT, realizada em 20 de Junho de 2009, foram, por sua única iniciativa, alterados os respectivos estatutos (em vigor desde 01/01/2010), em particular no que respeita ao teor do artº 2º, referente ao objecto social da federação, ao qual foi simplesmente aditada a menção à modalidade de Padel. Nada mais faz constar sobre o Padel!! Com esta alteração, terá a FPT pretendido alargar o seu âmbito de actuação, chamando a si a promoção, regulação e desenvolvimento de uma modalidade desportiva distinta do Ténis (como acima se explicou), e não afim ou associada ao Ténis, mas nem por isso alterou a sua qualificação como federação unidesportiva, solicitando assim, nessa mesma qualidade, a renovação do seu estatuto de utilidade pública desportiva, por requerimento de 11/01/2013.
3 Ora, tratando-se de uma renovação do estatuto de UPD da FPT, a mesma significou a manutenção do estatuto anteriormente atribuído em função da mesma modalidade desportiva, ou seja, o Ténis. Paradoxalmente, também significará que não representa nenhum novo pedido, apresentado ab initio, relativamente a uma nova modalidade, como seria o caso do Padel. Foi ainda fácil constatar que, por entre os documentos apresentados pela FPT, a acompanhar o seu processo de renovação da UPD, não consta qualquer comprovativo de filiação da FPT em organização internacional reguladora da modalidade de Padel, designadamente na FIP, nem tão pouco nos estatutos da FPT se faz qualquer menção à filiação na FIP, ao contrário do que acontece no artº 4º dos seus estatutos, em que é mencionada expressamente a sua filiação na Internacional Tennis Federation (desde 1925) e na European Tennis Association (desde 1976). Acresce ainda que, as normas estatutárias e regulamentares constantes dos documentos que foram juntos no processo de renovação da UPD não tiveram nunca em conta a existência específica de uma modalidade própria e distinta do Ténis (desde logo, nos próprios fins da federação, elencados no artº 3º dos estatutos, que omitem por completo o Padel), muito menos procedeu às adaptações necessárias a ser considerada uma federação multidesportiva, definição, aliás, que sempre lhe estará vedada por força do disposto na Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto e no Regime Jurídico das Federações Desportivas (RJFD). Em paralelo, verifica-se a total ausência na FPT de muita da regulamentação necessária à regulação autónoma de uma modalidade própria e exigida pelo RJFD, a que acresce a total ausência de previsão das necessidades da modalidade nos contratos-programa celebrados com o Estado (até 2013), e, finalmente, a inércia da FPT, desde 2009, na organização de eventos, na fomentação e promoção do Padel, na formação de atletas, técnicos e árbitros, especificamente para a modalidade de Padel, bem como no desenvolvimento de uma estrutura de selecções nacionais ou na regulamentação de recintos desportivos para prática da modalidade. Ora, tudo isto tem sido feito pela Federação Portuguesa de Padel (FPP), cujo papel no desenvolvimento, crescimento e implementação da modalidade, a nível nacional, tem sido, em muito menos tempo (dada a sua constituição apenas em 2012), exponencialmente mais activo que o da FPT, conforme, aliás, tem sido reconhecido publicamente por praticantes, treinadores, dirigentes, federações congéneres, pela FIP, pela comunicação social, pelas marcas, patrocinadores e parceiros, pela organização do circuito mundial profissional (WPT) e, na generalidade, pelos adeptos da modalidade, verificando-se inclusive, por parte de muitos agentes desportivos no seio do Ténis, a rejeição de qualquer ligação ou proximidade com o
4 Padel, a começar, desde logo, como já acima se referiu, pela própria Federação Internacional de Ténis. E nem se apregoe, como o tem feito publicamente o presidente da FPT, o envolvimento desta federação na constituição, juntamente com a Federação Espanhola de Padel, da Federação Europeia de Padel, pois, nem sequer reuniu condições para ser admitida pela FIP (como esta anunciou em comunicado oficial), em particular, dada a exclusão a que vetaram as demais federações nacionais existente na Europa. Por último, mesmo que se admitisse (o que obviamente não se admite) que a atribuição da UPD à FPT abrangeria o Padel, a verdade é que tal apenas lhe conferiria, em exclusivo, a competência para o exercício de poderes públicos, ou seja, aqueles que são exercidos no âmbito da regulamentação e disciplina da modalidade que lhe sejam conferidos por lei, mas isso não significa, como pretende fazer crer o IPDJ, nos termos em que o alega, nem tal lhe compete, que a FPT tenha o direito exclusivo (e não apenas para exercícios de poderes públicos) de promover, dirigir, regulamentar e organizar a modalidade de Padel em Portugal, o que constituiria, desde logo, uma violação do principio constitucional da liberdade de associação e abusiva restrição à iniciativa privada. c) Para terminar, não compete ao IPDJ, nem pode o seu Presidente, no exercício de cargos públicos, afirmar levianamente, sem fundamento, sob pena de responder civil e criminalmente, que os estatutos da FPP violam a legislação em vigor. Primeiro, porque nem sequer se digna a invocar a legislação a que se refere. Depois, porque, caso se esteja a referir a estatutos adequados ao RJFD, com vista à atribuição ou manutenção do estatuto de UPD, a verdade é que a FPP não dispõe ainda do mesmo, assim como não apresentou ainda qualquer requerimento nesse sentido, pelo que não compete ao IPDJ aferir agora da conformidade dos estatutos da FPP com aquele regime. Mais grave ainda será se se estiver a referir a eventuais desconformidades dos estatutos da FPP com a lei em geral, pois fá-lo de forma leviana e infundada, bem sabendo que não tem competência para tal, uma vez que esta pertence ao ministério Publico e aos Tribunais. Acreditemos, por ora, que esta ingerência em nada se relaciona com o facto de ambos os presidentes (do IPDJ e da FPT) terem uma relação bastante próxima e se encontrarem periodicamente para a prática em conjunto da modalidade de Ténis. Vamos acreditar que, num país de compadrios, de um compadrio não se trata
5 d) Finalmente, refutam-se por completo todas as acusações da FPT, que as tornou públicas, sem qualquer fundamento, referentes a quaisquer situações eventualmente ilegais relativamente a actividades de formação, devendo, por conseguinte, retratar-se publicamente, sob pena dessa federação e dos seus responsáveis incorrerem igualmente em responsabilidade civil e criminal. Face ao exposto, desafiamos, desde já, todos os praticantes, técnicos, árbitros, patrocinadores, parceiros institucionais e quaisquer outros agentes desportivos ligados à modalidade, a juntarem-se publicamente à FEDERAÇÃO PORTUGUESA DE PADEL, na defesa da autonomia, da promoção, do desenvolvimento, do crescimento e da implementação do Padel em Portugal, insurgindo-nos contra as tentativas de apropriação ilegítima da modalidade pela FPT, com a total conivência do IPDJ que, de forma abusiva e com interpretações sem fundamento, vai alimentando a filiação da FPT na FIP, a qual, de outra forma, há muito já teria cessado. Lisboa, 28 de Janeiro de 2015 A Direcção da FPP
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