Ao SINDUSCON/CE Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará Rua Tomás Acioly, nº 840, 8º andar Fortaleza Ceará
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1 Fortaleza, 14 de novembro de Ao SINDUSCON/CE Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará Rua Tomás Acioly, nº 840, 8º andar Fortaleza Ceará Prezados Senhores, Encaminhamos-lhes em anexo o nosso parecer jurídico acerca da retenção das contribuições previdenciárias sobre os serviços contratados de construção civil e de obras de infraestrutura. Com os nossos melhores cumprimentos, ALEXANDRE LINHARES Consultor Jurídico Sinduscon/CE OAB/CE n o ALENO OLIVEIRA RENAN CAVALCANTE Consultor Jurídico Sinduscon/CE Consultor Jurídico Sinduscon/CE OAB/CE nº OAB/CE nº de 8
2 PARECER JURÍDICO Apresentamos abaixo nossas orientações acerca das retenções previdenciárias a serem feitas nos casos de contratação de serviços de construção civil. Inicialmente, fazemos uma breve introdução acerca da obrigatoriedade de retenção por parte das empresas tomadoras de serviços de construção civil. Por fim, esclarecemos que as alíquotas corretas das retenções, conforme os dispositivos legais em vigência atualmente são as de: 3,5% (três e meio por cento) para as construtoras com CNAE desonerado (412, 432, 433 e 439); e 11% (onze por cento) para as demais construtoras, conforme as dispositivos legais em vigência atualmente. Para cálculo da retenção, deve-se levar em consideração somente o preço dos serviços, podendo se deduzir os valores referentes aos materiais. a) Da obrigação de retenção Atualmente, é extremamente comum que as construtoras contratem serviços de outras construtoras para realizar serviços de construção civil. Nesse tipo de serviço, a legislação vigente determina que a empresa tomadora dos serviços efetue retenções no pagamento da construtora. De fato, a Lei nº 8.212/91, em seu art. 31, determina que as empresas que contratarem serviços mediante cessão de mão de obra deverão efetuar a retenção da contribuição previdenciária patronal dos prestadores de serviço, sobre o valor bruto da nota fiscal. Lei nº 8.212/91 2 de 8
3 Art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher, em nome da empresa cedente da mão de obra, a importância retida até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia, observado o disposto no 5 o do art. 33 desta Lei. 3 º Para os fins desta Lei, entende-se como cessão de mão-de-obra a colocação à disposição do contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com a atividade-fim da empresa, quaisquer que sejam a natureza e a forma de contratação. (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). 4 o Enquadram-se na situação prevista no parágrafo anterior, além de outros estabelecidos em regulamento, os seguintes serviços: (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). I - limpeza, conservação e zeladoria; (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998). II - vigilância e segurança; (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998). III - empreitada de mão-de-obra; (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998). IV - contratação de trabalho temporário na forma da Lei n o 6.019, de 3 de janeiro de (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998). Essa obrigação de reter os valores sobre o valor bruto da nota fiscal também está prevista na Instrução Normativa nº 971/09, da Receita Federal do Brasil: Art. 78. A empresa é responsável: Instrução Normativa nº 971/09 VI - pela retenção de 11% (onze por cento) sobre o valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços executados mediante cessão de mão-de-obra ou empreitada, inclusive em regime de trabalho temporário, e pelo recolhimento do valor retido em nome da empresa contratada, conforme disposto nos arts. 112 a 150; Art. 79. O desconto da contribuição social previdenciária e a retenção prevista nos arts. 112 e 145, por parte do responsável pelo recolhimento, sempre se presumirão feitos, oportuna e 3 de 8
4 regularmente, não lhe sendo lícito alegar qualquer omissão para se eximir da obrigação, permanecendo responsável pelo recolhimento das importâncias que deixar de descontar ou de reter. Art A empresa contratante de serviços prestados mediante cessão de mão-de-obra ou empreitada, inclusive em regime de trabalho temporário, a partir da competência fevereiro de 1999, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços e recolher à Previdência Social a importância retida, em documento de arrecadação identificado com a denominação social e o CNPJ da empresa contratada, observado o disposto no art. 79 e no art Portanto, não restam dúvidas quanto à obrigação de efetuar a retenção das contribuições previdenciárias nos contratos com as construtoras, com base no valor bruto da nota fiscal. Contudo, muitas construtoras permanecem na dúvida sobre qual a porcentagem correta a ser retida, ou seja, se a alíquota a ser retida seria, de fato, 11% (onze por cento). b) Dos valores a serem retidos Via de regra, a alíquota da retenção da contribuição previdenciária nos casos da contratação de serviços de construtoras é de 11% (onze por cento). Entretanto, com o advento da Lei nº /2012, foi incluído um parágrafo na Lei nº /11 (art. 7º, 6º) que determinou que a alíquota da retenção seria de 3,5% (três vírgula cinco por cento), em substituição à alíquota anterior de 11%, para determinados tipos de serviços e empresas, a partir de 1º de Agosto de Todavia, muitas empresas permaneceram com dúvidas em relação à alíquota que deveriam utilizar para fins de retenção, então, para se protegerem de eventual responsabilidade, as tomadoras de serviço continuaram aplicando retenções de 11%. 4 de 8
5 Desse modo, o parágrafo teve sua redação modificada em 2014 através da Lei nº /2014, apenas para fins de deixar expresso na legislação que a retenção de 3,5% já excluiria qualquer responsabilidade da empresa tomadora de serviços. Lei /11 (com redação dada pela Lei nº /2014) Art.7º. 6 o No caso de contratação de empresas para a execução dos serviços referidos no caput, mediante cessão de mão de obra, na forma definida pelo art. 31 da Lei n o 8.212, de 24 de julho de 1991, e para fins de elisão da responsabilidade solidária prevista no inciso VI do art. 30 da Lei n o 8.212, de 24 de julho de 1991, a empresa contratante deverá reter 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) do valor bruto da nota fiscal ou da fatura de prestação de serviços. Ademais, é importante observar que apenas os serviços prestados pelas empresas enquadradas na Lei nº /11 é que poderão gozar do benefício de sofrer a retenção reduzida de 3,5%. Nessa circunstância, observa-se que apenas as construtoras enquadradas na desoneração da folha de pagamento (CNAE s grupos 412, 432, 433 e 439) poderão aproveitar o benefício dos 3,5%. As demais prestadoras deverão sofrer a retenção de 11%. Lei /11 Art.7º Contribuirão sobre o valor da receita bruta, excluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos, em substituição às contribuições previstas nos incisos I e III do caput do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, à alíquota de dois por cento:. I - as empresas que prestam os serviços referidos nos 4 o e 5 o do art. 14 da Lei n o , de 17 de setembro de 2008; II - as empresas do setor hoteleiro enquadradas na subclasse /01 da Classificação Nacional de Atividades Econômicas - CNAE 2.0; III - as empresas de transporte rodoviário coletivo de passageiros, com itinerário fixo, municipal, intermunicipal em região metropolitana, intermunicipal, interestadual e internacional enquadradas nas classes e da CNAE 2.0. IV - as empresas do setor de construção civil, enquadradas nos grupos 412, 432, 433 e 439 da CNAE 2.0; V - as empresas de transporte ferroviário de passageiros, enquadradas 5 de 8
6 nas subclasses /01 e /02 da CNAE 2.0; VI - as empresas de transporte metroferroviário de passageiros, enquadradas na subclasse /03 da CNAE 2.0; VII - as empresas de construção de obras de infraestrutura, enquadradas nos grupos 421, 422, 429 e 431 da CNAE 2.0. Ademais, para aferição da base de cálculo para retenção nas obras de construção civil, observar as normas dos artigos 121 a 123 da Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009, ou seja, levar-se-á em consideração somente o preço dos serviços, podendo se deduzir os valores referentes aos materiais. Colaciona-se alguns entendimentos da Receita Federal do Brasil reforçando as conclusões do presente parecer: Solução de Consulta nº 23, de 22 de janeiro de 2014 SRFB (DOU ) Ementa: No caso de contratação de empresas para a execução dos serviços referidos no caput do art. 7º da Lei nº , de 2011, mediante cessão de mão de obra, inclusive empreitada, a empresa contratante deverá reter 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) do valor bruto da respectiva nota fiscal ou fatura, a título de Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta, admitida, outrossim, para efeito da apuração da base de cálculo da retenção, a dedução de valores correspondentes a materiais e equipamentos utilizados na prestação dos serviços, nos termos dos arts. 121 a 123 da Instrução Normativa RFB nº 971, de Solução de Consulta nº 22, de 21 de janeiro de 2014 (DOU ) Ementa: CPRB. Contribuição Previdenciária Substitutiva. Receita bruta. Fato gerador. Empresa sem empregados. O fato gerador da CPRB instituída pelos arts. 7º a 9º da Lei nº , de 2011, não é o labor remunerado, mas o auferimento de determinadas receitas previstas na lei. Assim, poderá ser exigida ainda que a empresa não contrate empregados, trabalhadores avulsos ou contribuintes individuais. Dispositivos Legais: Lei nº , de 2011, arts. 7º a 9º; Parecer Normativo RFB nº 3, de Solução de Consulta nº 19, de 16 de janeiro de 2014 (DOU ) 6 de 8
7 Ementa: Contribuição substitutiva. Atividades concomitantes. Obras de terraplenagem e transporte rodoviário de cargas. A empresa que tem como atividade principal a execução de obras de terraplenagem (CNAE /00) e, como atividades secundárias, o transporte rodoviário de carga municipal (CNAE /01) e outros serviços, a partir de 1º de janeiro de 2014, deverá recolher a contribuição previdenciária substitutiva prevista no art. 7º da Lei nº , de 2011, em função de sua atividade principal, utilizando, exclusivamente, como base de cálculo, a receita bruta relativa a todas as suas atividades e, como alíquota, o percentual de 2% (dois por cento). Dispositivos Legais: Constituição Federal de 1988, art. 195, 13; Lei nº 8.212, de 1991, art. 22, I e III; Lei nº , de 2011, arts. 7º a 9º; Lei nº , de 2013, arts. 13 e 14; Medida Provisória nº 540, de 2011, arts. 7º a 9º. Solução de Consulta nº 16, de 16 de janeiro de 2014 (DOU ) Ementa: Contribuição previdenciária substitutiva. Construção civil. Empreitada total, empreitada parcial e subempreitada. 1. A contribuição previdenciária substitutiva de que trata o art. 7º da Lei nº , de 2011, para a empresa de construção civil, cuja atividade principal achase inserida num dos grupos 412, 432, 433 e 439 da Classificação Nacional de Atividades Econômicas - CNAE 2.0, deve incidir sobre a receita bruta da empresa relativa a todas as suas atividades, inclusive as da área administrativa, ainda que alguma delas não esteja contemplada no regime de tributação substitutivo, excluídas as receitas oriundas das obras de construção civil cujo recolhimento tenha incidido sobre a folha de pagamento. 2. As empresas de construção civil cuja atividade principal acha-se prevista no inciso IV do art. 7º da Lei nº , de 2011, e executam obras mediante contrato de empreitada total, em que são responsáveis pela matrícula da obra no Cadastro Específico do INSS - CEI, ficam sujeitas ao regime de tributação substitutivo: a) obrigatoriamente, para as obras matriculadasentre 01/04/2013 a 31/05/ 2013, até o seu término, e para as matriculadas apartir de 01/11/2013, até o seu término; b) facultativamente, para as obrasmatriculadas entre 01/06/2013 a 31/10/ 2013 até o seu término. 3. As empresas de construção civil cuja atividade principal acha-se prevista no inciso IV do art. 7º da Lei nº , de 2011, e que executam obras de construção civilmediante contrato de empreitada parcial ou subempreitada, em que não são responsáveis pela matrícula da obra, devem recolher a contribuição previdenciária substitutiva 7 de 8
8 incidente sobre a receita bruta relativa a todas as suas atividades, independentemente do momento em que a empresa contratante efetuou a matrícula da obra: a) obrigatoriamente, no período compreendido entre 01/04/2013 a 31/05/2013, e a partir de 01/11/2013 e, b) facultativamente, para o período compreendido entre 01/06/2013 a 31/10/ As empresas do ramo de construção civil sujeitas ao regime de tributação substitutivo, nos meses em que não auferirem receita, não recolherão a contribuição previdenciária prevista na Lei nº , de 2011, nem as contribuições previdenciárias previstas nos incisos I e III do art. 22 da Lei nº 8.212, de Portanto, tendo em vista a legislação em vigor atualmente e o entendimento da Receita Federal do Brasil, conclui-se que: i) as construtoras cujo CNAE é desonerado (412, 432, 433 e 439) devem sofrer a retenção de apenas 3,5% (três virgula cinco por cento) do valor do serviço de construção civil, deduzidos os materiais; ii) as demais construtoras deverão sofrer retenção de 11% (onze por cento). Este é o parecer. Fortaleza, 14 de novembro de ALEXANDRE LINHARES Consultor Jurídico Sinduscon/CE OAB/CE n o ALENO OLIVEIRA RENAN CAVALCANTE Consultor Jurídico Sinduscon/CE Consultor Jurídico Sinduscon/CE OAB/CE nº OAB/CE nº de 8
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