Lugares do mundo: cultura, arte, diversidade na formação de alunos e alunas do ensino fundamental
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- Diogo Barros Sacramento
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1 Lugares do mundo: cultura, arte, diversidade na formação de alunos e alunas do ensino fundamental Cecília Vieira do Nascimento * Gizelle Patrícia Rodrigues ** Centro Pedagógico da Universidade Federal de Minas Gerais Resumo Esta mostra apresenta estudo investigativo realizado por alunos e alunas do segundo ano do primeiro ciclo de formação humana do Centro Pedagógico da Universidade Federal de Minas Gerais (CP/UFMG). O estudo consistiu no aprofundamento da cultura e da arte de alguns lugares do mundo, com o objetivo de inserir alunos e alunas na pesquisa, além de criar oportunidade de conhecerem diferentes modos de vida, problematizando a diversidade existente entre os seres humanos. Introdução (justificativa e objetivo geral) Inserido no eixo Arte e cultura: modos de ver e dialogar com a cidade, este trabalho tem o objetivo de relatar estudo investigativo em andamento em uma turma de segundo ano do primeiro ciclo de formação humana do CP/UFMG. O Centro tem a peculiaridade de receber crianças com diversas condições socioeconômicas, visto que seu processo de seleção se dá por sorteio. O tema diversidade é premente em nosso dia-a-dia, uma vez que há convívio diário de alunos e alunas oriundos de diferentes lugares da cidade e com vivências diversas. Com enfoques diferenciados e complementares, duas turmas do segundo ano do primeiro ciclo se uniram no intuito de problematizarem a temática da diversidade. * Professora do Núcleo Básico do Centro Pedagógico da Universidade Federal de Minas Gerais ** Graduanda de Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, bolsista do projeto Residência Docente, do Centro Pedagógico da UFMG.
2 Iniciamos, em uma das turmas, em agosto deste ano, estudo sobre diferentes lugares do mundo, no intuito de suscitar nos alunos e alunas interesse pela pesquisa a partir de perguntas e curiosidades acerca de diferentes culturas e modos de vida. A ideia surgiu no momento de retorno das férias, em que as crianças socializavam suas experiências decorrentes dos passeios a lugares que haviam conhecido. Além disso, em um projeto que desenvolvemos desde o ano passado, chamado Bichonário, alunos e alunas vêm tendo contato com diversidade de países que tem suscitado nelas a curiosidade sobre culturas e modos de vida. Dentro do Grupo de Trabalho Diferenciado (GTD) a bolsista Gizelle Rodrigues, aluna do curso de Pedagogia da Universidade, participante do projeto Residência Docente, vem desenvolvendo, sob orientação da professora referência da turma, o trabalho de investigação por pesquisa, baseado nos livros Escolas como a sua Um passeio pelas escolas ao redor do mundo e Um mundo de crianças, que relatam experiências escolares e culturais de alunos e alunas de todo o mundo. Buscamos com essas experiências conscientizar os alunos acerca da variedade de modos de perceber o mundo e a necessidade de convivência de ideias diversas, da pluralidade e multiplicidade de modos de vida e costumes, criando uma maior tolerância àquilo que é tido como diferente. O objetivo principal do estudo tem sido o de levar os alunos e alunas a pesquisar sobre lugares e culturas do mundo, investigando aspectos diversos como idioma, arquitetura, vestuário, clima, alimentação, música, animais, etc. Pretendemos levar alunos e alunas a refletir sobre diferentes modos de vida, a iniciar localização geográfica, identificando continentes, países e cidades, a explorar fontes de pesquisa diversas como internet, livros, revistas, jornais, músicas, filmes, literatura e a suscitar curiosidade sobre diferentes modos de vida, relacionando-os aos aspectos naturais. Além disso, objetivamos, com este estudo, desenvolver espírito de tolerância, respeito e curiosidade pelo outro/diferente. Metodologia
3 Um pressuposto importante que orienta este estudo é o de que o desenvolvimento do espírito investigativo deve ser preocupação de professores e professoras desde a educação básica. Para Cláudia Ricci (2007), a produção de conhecimento deve estar articulada à aprendizagem da própria investigação e posicionamento auto-reflexivo frente ao processo de estudo. Nesse sentido, a autora concebe a pesquisa como um conteúdo escolar, e não como um recurso pedagógico (RICCI, 2007). Concebida como um conteúdo escolar e não mera metodologia ou recurso pedagógico, a pesquisa passa a ter um significado central na Educação Básica. Torna-se essencial tanto no processo de descoberta e construção de conhecimentos dos alunos, como procedimento significativo para a construção do raciocínio. Como conteúdo procedimental, cria indicadores de avaliação do processo de desenvolvimento dos alunos, no processo de aquisição e desenvolvimento de competências e habilidades. Temos buscado envolver alunos e alunas no processo de produção do conhecimento, estabelecendo parceria de modo que se sintam co-responsáveis não só pelo produto final, mas pelos rumos que o trabalho vai ganhando. Iniciamos o trabalho com levantamento dos lugares do mundo que os alunos e alunas conheciam e apresentamos, em seguida, slides com imagens de alguns países, selecionados pela residente e pela professora da turma, contendo imagens de crianças, arquitetura, escola, alimentação, dança, pontos turísticos. Assim, esperávamos suscitar o interesse das crianças, além de subsidiar a escolha que fariam do lugar a ser estudado. Percebemos nesse momento inicial reações de intolerância e rejeição àquilo que não é concebido como belo segundo os padrões de beleza que vigoram em nossa sociedade. Exemplo disso foi quando apresentávamos imagens de crianças
4 negras, o que reforçou a necessidade de problematizar certas questões, criando situações que pudessem levar alunos e alunas a pensar de modo mais tolerante e respeitoso frente ao que foge dos padrões que estão aprendendo a construir e se acostumar. As crianças foram incentivadas a fundamentar sua escolha por um lugar que desejavam conhecer. Foram escolhidos pelos grupos os seguintes lugares: Antártida, Argentina, Canadá, Estados Unidos, França, Ilha de Madagascar, Jamaica e México. Percebemos que a escolha de cada grupo, composto por três alunos(as), foi bastante fundamentada pelo conhecimento prévio que cada um tinha acerca do lugar escolhido. Percebemos ainda que cada grupo mobilizou um fator diferente deste conhecimento prévio para efetivar sua escolha. Alguns dos fatores decisivos no momento de escolha foram: fauna (grupos do Canadá e Ilha de Madagascar), esporte (Argentina), música (Jamaica), interesse pela língua (Estados Unidos), condições climáticas (Antártida) e personalidades que fazem parte do lugar escolhido. Após essa escolha, com o objetivo de auxiliar no reconhecimento dos lugares, iniciamos estudos com atividades para auxiliar na compreensão da localização, espacialidade e leitura de mapas. Em seguida, demos início a conversa sobre diferentes instrumentos de pesquisa, dialogando sobre pontos de vista, confiabilidade da informação, instrumentalizando a busca por informações. As pesquisas foram realizadas na biblioteca, no laboratório de informática, consultando sites diversos e em materiais trazidos pela residente, professora e pelos próprios alunos e alunas. Músicas, filmes, sites, imagens, livros diversos, foram alguns dos elementos importantes para que os alunos e alunas se aproximassem dessas culturas, respeitando-as na medida em que aprendiam mais sobre elas. Ao longo do trabalho estamos fazendo um portifólio com o objetivo de registrar todo o processo e desenvolvimento do trabalho nos grupos. Cada um dos oito grupos tem sua própria pasta, entendida inclusive como instrumento para que percebam para onde as escolhas que foram feitas pelo grupo os conduziu.
5 Resultados obtidos Os alunos e alunas têm como motivação a apresentação do estudo para outras turmas do segundo ano, além da apresentação na UFMG Jovem. O produto a ser apresentado pelos grupos será cartazes, imagens e sínteses, mas haverá liberdade para ideias surgidas nos grupos. Pretendemos também criar ambientes que lembrem em alguns aspectos os lugares estudados. Acreditamos que este trabalho tem se prestado a desenvolver problemáticas próprias do universo da pesquisa, a capacidade de síntese e de organização dos alunos e alunas em grupos, bem como a capacidade de comunicação oral. Além dessas habilidades instrumentais, o estudo tem suscitado no grupo de alunos e alunas o interesse pelo outro, por pessoas que tem hábitos, modos de vida, costumes diferentes dos deles. Acreditamos que esse movimento do grupo tem sido importante na consolidação de bases mais humanas no trato das crianças com diversidade de várias ordens. Conclusões Por tratar-se de estudo em andamento, as conclusões estão pouco avançadas, contudo é possível perceber que crianças dos anos iniciais de alfabetização e letramento demonstram grande interesse pelos costumes e hábitos diferentes dos seus. Interessam-se igualmente pela pesquisa, pela produção de conhecimentos. Esses interesses, no nosso entendimento, devem ser alimentados, consolidando já nos anos iniciais de escolarização procedimentos essenciais para a trajetória escolar desses alunos e alunas. Bibliografia BUSCH, Ana; VILELA, Caio. Um mundo de Crianças. São Paulo: Ed. Panda Books, 2007.
6 RICCI, Cláudia Regina F. M. S. Pesquisa como Ensino. Belo Horizonte: Autêntica, SMITH, Penny; ZAHAVIT, Shalev. Escolas como a sua - Um passeio pelas escolas ao redor do mundo. São Paulo: Editora Ática, 2008.
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