Estoque e Logística. Henrique Montserrat Fernandez
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- Vítor Coimbra Azevedo
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2 Estoque é capital investido, com liquidez duvidosa e altos custos de manutenção. Por isso, quanto menor for o investimento em estoque, melhor.
3 Para as empresas, o ideal seria efetuar as aquisições de estoques somente para atender os pedidos de seus clientes e, assim, obter a redução dos custos envolvidos.
4 Alguns exemplos de custos e despesas pela existência de estoques: aluguéis das áreas de armazenagem, impostos, depreciação do imóvel, manutenção, seguros, mão-de-obra para controle dos estoques, custo de aquisição dos materiais estocados, risco de obsolescência e perdas.
5 Os custos mais comuns, associados aos estoques, são: Custo de posse do estoque, compostos principalmente pelos custos financeiros decorrentes da existência do estoque, os de armazenamento e os de obsolescência;
6 Custo do pedido, que inclui os custos variáveis relacionados com a emissão de um pedido ou o encaminhamento de um lote de produção. Efetuar compras ou produção nos chamados lotes econômicos é indispensável para reduzir este custo;
7 Custo de ruptura, relacionado com o fato de não poder atender à demanda quando esta se apresenta. Deixar de vender é um custo que, apesar de subjetivo, importa muito à empresa;
8 Custo de aquisição, que corresponde ao total pago pelos materiais comprados.
9 O Custo total do estoque será obtido através da somatória dos custos descritos.
10 Na indústria, existem diversos tipos de estoque: matéria prima, produtos intermediários e em processo, produtos acabados, produtos auxiliares ao processo e materiais de consumo.
11 O valor dos estoques, entretanto, não é igualmente proporcional em todos seus itens. Essa é a base de conhecimento que permite gerar a chamada Curva ABC, que classifica os produtos em três categorias.
12 O valor de A representa a maior parte do valor dos bens estocados (80%), apesar de ser a menor parte em quantidade (15 a 20%).
13 B por sua vez representa de 35 a 40% dos bens, porém valendo em torno de 15% do total estocado, enquanto C representa a grande maioria dos materiais (40 a 50%), porém valendo apenas de 5 a 10% do total do estoque.
14 Isso significa que os esforços no controle de estoque em uma empresa, devem ser centralizados nos itens que compõem a classe A, os mais valiosos, porém, em menor quantidade.
15 Os itens das classes B e C também devem ser controlados, porém pode ser de forma amostral.
16 Critérios de avaliação de estoques: PEPS Primeiro a entrar é o primeiro a sair FIFO em inglês UEPS Último a entrar é o primeiro a sair LIFO em inglês Preço médio ponderado adotado por nossa legislação Custo Padrão ou custo standard usado por multinacionais americanas, baseado no planejamento orçamentário anual
17 O uso das ferramentas de TI (Tecnologia da Informação), tais como ERPs (Enterprise Resource Planning), no Brasil conhecidos como Sistemas Integrados de Gestão Empresarial, muito auxiliam o controle adequado dos estoques, automatizando suas movimentações e sua valorização, além de informar quanto há no estoque num determinado momento.
18 A manutenção de estoques está intimamente relacionada ao processo logístico.
19 Responsável pelo sucesso das empreitadas militares desde os tempos antigos, a logística é uma valiosa aliada das empresas. Ela tornou-se parte primordial das relações comerciais globalizadas.
20 A logística tem por missão a disponibilização nos seus respectivos locais de consumo, dos bens e serviços corretos, entregues em tempo hábil e na condição que o cliente deseja, ao menor custo possível.
21 O Just in time é um sistema de produção em que o produto ou matéria prima chega ao local de utilização somente no momento exato em que for necessário. Os produtos somente são fabricados ou entregues a tempo de serem vendidos ou montados.
22 Os problemas brasileiros em transporte inviabilizam uma adequada implantação do Just in time, atrasando projetos e exigindo investimentos em estoque para atendimento adequado das demandas.
23 As dificuldades logísticas brasileiras ocorrem principalmente por: concentração urbana e populacional em algumas poucas regiões do país; grandes distâncias a percorrer entre os produtores e os consumidores; preponderância do modal rodoviário e falta de investimento em outros modais, além do péssimo estado de conservação de estradas.
24 Essas aglomerações urbanas exigem esforços hercúleos para mantê-las abastecidas em gêneros alimentícios e industriais. É praticamente um cenário de guerra, onde os soldados estão aglomerados em algumas poucas partes e a intendência precisa criar verdadeiros milagres para atendê-los, vindo os suprimentos das mais diversas regiões geográficas.
25 Para ilustrar o descompasso em nossa Matriz de Transporte, basta informar que, em um país pouco acidentado como o Brasil, com a maior bacia hidrográfica do mundo e ampla região costeira, utilizamos 3 vezes mais o transporte rodoviário do que o hidroviário! Em relação ao transporte ferroviário, a coisa é ainda pior: 5 vezes mais de uso do transporte rodoviário!
26 Em 2004 o Brasil possuía ,9 km de malha, dos quais km não pavimentados, ou seja, quase 88% do total eram de terra!
27 Esse fator, aliado às péssimas condições de nossas estradas por falta de manutenção, cobram um alto preço em vidas humanas, além da óbvia deterioração dos veículos o que obriga sua manutenção constante e dos riscos à carga, seja pela condição das estradas ou pelo perigo de roubo, decorrente da insuficiente fiscalização, o que onera em muito o seguro.
28 Os valores dos fretes rodoviários são significativamente maiores que os de quaisquer outras modalidades, exceto a aeroviária, conforme comparativo:
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30 O custo dos transportes representa, por si só, perto de 2/3 do custo logístico total.
31 Cerca de R$ 118 bilhões de excesso de estoque são mantidos pelas empresas brasileiras ao longo das cadeias produtivas como forma de se proteger das ineficiências do transporte, conseqüência de atrasos, acidentes e roubos de carga.
32 Para minimizar os gastos nesta atividade, é importante escolher o modal mais adequado (por exemplo: rodoviário, ferroviário, aeroviário, hidroviário, correio, couriers etc.), com a melhor relação custo x benefício, observando sempre os tempos de deslocamento, os melhores roteiros e os volumes que serão transportados.
33 O outro 1/3 envolve o custo de manutenção dos estoques e o custo de processamento de pedidos. Apesar do valor deste ser pequeno, quando comparado com os custos anteriores, o processamento de pedidos é fundamental na questão da qualidade e rapidez no atendimento aos clientes.
34 Parceria com fornecedores próximos aos Centros de Distribuição da área fabril, permitem o fornecimento integrado, minimizam custos e possibilitam a aplicação do Just in time.
35 Aquilo que hoje é nossa deficiência pode passar a ser nosso diferencial. As grandes distâncias citadas fazem o Brasil ser um desafio para os transportes. Parece ser impossível solucionar esse dilema diante do quadro atual. Mas isso mudará se o governo e as empresas derem a devida atenção ao setor.
36 Não é coisa para vinte, ou mesmo cinquenta anos, é para começar já e ir crescendo junto com a nação. As inovações que podem ser geradas no Brasil, decorrentes das dificuldades encontradas, além de propiciarem economias substanciais ao país, criarão também uma nova fonte de receitas, seja pelo desenvolvimento de tecnologias ou pela criação de metodologias revolucionárias, bem como pela geração de empregos e melhorias na qualidade de vida.
37 É toda uma indústria, hoje subexplorada, esperando que empreendedores de visão surjam e a aproveitem. Isso não é impossível de ocorrer. Basta haver vontade.
38 Fontes: - Controle dos Estoques e Logística: Receita de Sucesso.. Revista Banas Qualidade. Agosto de nº 183. Editora Epse. Disponível em - Atalhos para uma logística just in time. Henrique Montserrat Fernandez. Revista Custo Brasil. Junho/Julho de nº 21. Disponível em
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