Cana para produzir energia entrosamento do setor é chave para competitividade
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- Luiz Fernando Terra Guterres
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1 Socicana Cana para produzir energia entrosamento do setor é chave para competitividade Especialista analisa mercados e alerta para escalada dos preços da energia. A Socicana realizou no dia 2 de junho, uma palestra com o especialista Luiz Carlos Correia Carvalho, presidente da Câmara Setorial do Açúcar e Álcool. Ele fez uma ampla e profunda análise das condições atuais do mercado sucroalcooleiro e as tendências para o futuro. Com vasta experiência em negociações, Carvalho participa de rodadas com empresários no mundo todo, discutindo o comportamento das relações comerciais. Em entrevista à revista Coplana, Carvalho fala da necessidade de aproveitar outros potenciais da cana que não somente a produção de açúcar e álcool. Revista Coplana - Quais os principais fatores que influenciam o preço do produto neste momento? Carvalho - É importante analisar o seguinte: vários são os fatores que definem o preço da matéria-prima. Em primeiro lugar, por definição do sistema brasileiro, do sistema Consecana, o preço da cana é em função dos preços finais dos produtos que são comercializados. Então, por si só, já se depreende que, como não é só o fornecedor de cana que vende o açúcar e o álcool, e o preço é decorrência disso, ele é uma vítima ou alguém que tem sucesso com uma comercialização bem feita. Em segundo lugar, o preço do açúcar e do álcool é muito dependente do mercado externo, porque é uma relação direta dos vasos comunicantes. Esse mercado interno acompanha o mercado externo. Já o preço do mercado externo é em função de oferta e demanda mundiais e atuação de parâmetros não técnicos como, por exemplo, a atuação dos fundos [norte americanos] que entram vendendo e comprando e mexem no preço. Revista Coplana - O mesmo ocorre com o álcool? Carvalho - O mesmo ocorre com o álcool no Brasil, que é função do açúcar. Então, o que acontece com o açúcar acaba, paralelamente, acontecendo com o álcool. Além do fato, digamos, da realidade de oferta e demando do mercado interno: muita cana ou pouca cana de um determinado mercado. Por isso, nos últimos anos nós estamos vendo os preços melhores. Houve muita oferta de cana, mas é que a demanda vem crescendo. A grande mudança que o setor tem que aprender a fazer é olhar pra frente. Pra trás, era um sistema em que havia intervenção de governo e a intervenção de governo trazia dificuldades para o setor. Agora, em mercado, as condições são naturais. Revista Coplana - É necessário ao setor, então, descobrir novas alternativas, identificar o potencial energético da cana para obter melhores resultados? Carvalho - Eu não tenho dúvida. Isso depende de uma porção de fatores, que significam investimentos. Nós temos um potencial de energia elétrica enorme, que depende de uma atuação de governo que defina tarifas mais condizentes. Portanto, não é só o setor. Mas nesse caso onde tem governo é mais complexo, porque precisa de governo. No caso das relações indústria-fornecedores de cana, acho que ambos tem que, 24
2 Socicana - Entrevista de fato, olhar um pouco mais pra frente, verificar as oportunidades e não cair na armadilha da mesmice, que é uma tendência natural do ser humano. Revista Coplana - Quais seriam essas oportunidades que você vislumbra no momento? Carvalho - Eu acho que não estou vendo mais que os outros. Acho que todos nós estamos vendo oportunidades. O problema é ter a coragem de mudar. Às vezes, é muito fácil para um analista dizer que precisa mudar. Mas, de fato, a mudança é muito complexa e depende até das condições financeiras de cada um. Porém, o que a gente vê como novidade é que o açúcar, como alimento, tem seus preços reduzidos em 2% ao ano. Enquanto que energia tem preços [em elevação] acima de 2% ao ano, historicamente. E nós estamos verificando o peso da energia para um país como Brasil, como outros países. E o peso do [combustível] renovável leva naturalmente a que os investimento sejam mais na área do álcool, inclusive pensando em mercado externo. Isso, de algum modo, Presidente da Socicana inicia debate sobre as projeçoes de mercado sinto que vem acontecendo e deverá acontecer, mas eu acho que o Brasil vai ter que passar pra aqueles que são nossos potenciais compradores um pouco mais de credibilidade, um pouco mais de confiança. E isso o país não vai passar com discurso, vai passar com ações. E as ações significam um entrosamento maior no setor produtivo. Por aí é que começa. O presidente da Socicana Ismael Perina Júnior, o 2º tesoureiro da Socicana Roberto Geraldes Morelli, o especialista Luiz Carlos Corriea Carvalho da Câmara Setorial do AÇucar e Álcool, o presidente da Coplana Roberto Cestari, o conselheiro da Coplana e Socicana Mario Whately e o gerente da Socicana Ruy Sérgio Gomes Coplana - Coopecredi - Socicana Maio
3 O gráfico mostra que a demanda cresce em países em desenvolvimento. Já os países industrializados mantêm uma taxa estável. Na safra 95/96, a demanda nos países industrializados teve um crescimento de 6%. No mesmo período, a demanda cresceu 32% em países em desenvolvimento. Um cenário que gera preocupação: na figura pode-se conferir o aumento do consumo de adoçantes misturados ou não ao açúcar para obter ganhos em doce. O fato leva a uma diminuição do consumo de açúcar. Essa diminuição é motivada pelo aumento da obesidade em várias regiões do mundo. Aqui analisamos o crescimento da população em várias regiões do mundo. O aumento de consumo por habitante/ano e o conseqüente consumo de açúcar. Note que na Europa a previsão para 2010 é de queda na taxa populacional. O consumo de açúcar fica praticamente estável. Na África, entretanto, há previsão de aumento de 31% no consumo total. 26
4 O quadro, que mostra a produção brasileira desde a safra 95/96, revela crescimento contínuo, com exceção da safra 00/01. Este crescimento sempre é alavancado pela região Centro-Sul, já que o nordeste mantém uma estabilidade. Já neste quadro percebe-se que a exportação vem se ampliando em relação ao consumo interno. Álcool tem tendência de aumento do consumo interno. Os carros bicombustíveis estão transformando o mercado. Coplana - Coopecredi - Socicana Maio
5 O quadro apresenta a o aumento da demanda para a safra 2010/11. Como resultado da demanda de álcool e açúcar, a previsão é de necessidade de aumentar a produção em 230,4 milhões de toneladas, passando dos atuais 343,6 milhões de t para 574 milhões de t. Isso significa um aumento da ordem de 67% O palestrante apresentou os dilemas que incomodam o mundo nesta transição do século XXI. A população mundial cresce e é necessário garantir acesso à energia e à renda. Há, ao mesmo tempo, um esgotamento dos combustíveis fósseis. O petróleo ficará a cada dia mais caro. Além disso, 2/3 das reservas mundiais estão na Arábia Saudita, onde a segurança das fontes é mantida por soldados armados. Aqui analisamos o crescimento das exportações mundiais de etanol do Brasil. Esta é uma situação que não tem o perfil de sustentabilidade. Por isso, se faz necessário descobrir outras alternativas para substituir o petróleo, fazer seu uso somente como material nobre, em vez de usálo em motores com aproveitamento de cerca de 30%. Esse fato impulsiona os países a buscarem energias renováveis. Como se não bastasse, o efeito estufa é uma realidade que já revela seus danos, como a mudança do clima em todo o mundo. O derretimento das geleiras é um exemplo do aquecimento global, que precisa ser detido. 28
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