Influência do Saneamento Básico na Saúde Pública de Grandes Cidades
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- Ana Lívia Mascarenhas de Miranda
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1 ESCOLA POLITÉCNICA DA USP PHD 2537 ÁGUAS EM AMBIENTES URBANOS Influência do Saneamento Básico na Saúde Pública de Grandes Cidades Grupo: Fernando Andrade Starling Gerson Francisco Romero Kutianski Gisela Mangabeira de Sousa Guilherme Mafra Machado William Nascimento Tavares Willian Carreira Novembro de 2005
2 ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO A IMPORTÃNCIA DA ÁGUA E A INFLUÊNCIA DO SANEAMENTO BÁSICO NA SAÚDE PÚBLICA O SANEAMENTO NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXO
3 1. INTRODUÇÃO O crescimento das áreas urbanas ocorrido em todo mundo nos últimos séculos exigiu investimentos em soluções e tecnologias que visassem suprir a enorme demanda de água potável (e conseqüentemente a enorme geração de esgoto doméstico) destes novos conglomerados populacionais. Em países subdesenvolvidos, entretanto, estes investimentos em saneamento básico não acompanharam o crescimento populacional das grandes cidades, que ocorreu (e ainda vem ocorrendo) de forma mais intensa e desordenada, o que resultou numa enorme desigualdade de acesso à estrutura e serviços de saneamento básico. As conseqüências desta condição desfavorável apresentada pelos países subdesenvolvidos são os preocupantes problemas de saúde pública registrados nestas regiões, decorrentes do fato de inúmeras doenças severas possuirem veiculação hídrica, como por exemplo a cólera, a hepatite e a esquistossomose, responsáveis por elevações de taxas de mortalidade, principalmente entre crianças. Enraizado neste contexto, este relatório objetiva apresentar algumas informações sobre a importância do saneamento básico para a sociedade e sobre sua situação em uma das maiores regiões metropolitanas do mundo subdesenvolvido, a Região Metropolitana de São Paulo. 2
4 2. A IMPORTÃNCIA DA ÁGUA E A INFLUÊNCIA DO SANEAMENTO BÁSICO NA SAÚDE PÚBLICA A água, elemento fundamental para existência de vida na Terra, vem sofrendo um processo intensivo de degradação de sua qualidade, desde o surgimento das grandes cidades durante a Revolução Industrial, que atraiu para os centros urbanos grandes massas ansiosas por trabalho. Esta degradação de qualidade, ocorrida por intenso lançamento de esgoto doméstico e efluentes industriais em corpos d água, foi comprometendo (e continua comprometendo muitíssimo) o desenvolvimento da humanidade, uma vez que a saúde dos humanos está associada ao consumo de água em condições de potabilidade (com ausência de tóxicos e organismos patogênicos). Um grave problema de saúde pública, um grande surto de cólera, ocorrido em Londres em meados do século XIX, fez com que a então Rainha Victória cobrasse das autoridades de saúde uma investigação completa sobre o caso. Foi umas primeiras vezes na história da humanidade que se relacionou a disseminação de uma doença ao consumo de água (mesmo ainda desconhecendo-se a microbiologia) e este trabalho foi considerado um dos marcos da epidemiologia e do saneamento básico. Pode-se dizer que o saneamento básico é uma das mais eficazes medidas de saúde pública. O grande potencial do saneamento está na sua capacidade de prevenir doenças. Há inúmeras estatísticas que relacionam a redução da mortalidade infantil e o aumento da expectativa de vida com a expansão do sistema de abastecimento de água tratada e de coleta de esgotos. 3
5 Figura 1 Relação entre mortalidade infantil e abastecimento de água. Fonte: notas de aula da disciplina PHD Saneamento Ambiental. Figura 2 Crescimento da expectativa de vida em São Paulo (a expansão do sistema de saneamento básico muito provavelmente foi um dos fatores que influenciaram positivamente no crescimento da expectativa de vida). Fonte: notas de aula da disciplina PHD Saneamento Ambiental. Estudos mostram que para cada US$ 1,00 investido em saneamento pode-se economizar outros US$ 4,00 em sistema de 4
6 saúde. Mostram ainda que, no Brasil, 65% das internações hospitalares poderiam ser evitadas caso o país apresentasse adequada estrutura de saneamento. (XVII Jornada de Biologia, 2003). Cvjetanovic (1986) prevê que o sistema de abastecimento de água e coleta de esgotamento sanitário proporciona benefícios sobre a saúde da população de duas formas: direta e indireta, dependendo do grau de desenvolvimento da localidade atendida. Em anexo está apresentado um diagrama que resume o estudo deste pesquisador. 5
7 3. O SANEAMENTO NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO No Estado de São Paulo, a necessidade de implantação de infraestrutura de saneamento surge como uma das principais preocupações da administração pública a partir de meados do século XIX, quando se tem início um processo acelerado de crescimento das aglomerações urbanas, que resultou na formação de uma das maiores regiões metropolitanas do planeta. Com localização em área de cabeceiras de cursos d água, tal região metropolitana apresentava escassez relativa de recursos hídricos, o que acabou exigindo, desde o início, gerenciamento integrado e recursos financeiros significativos. Em 1893 existiam duas adutoras na cidade de São Paulo: a do Ipiranga, que captava águas do córrego de mesmo nome, represadas no atual Jardim Zoológico, e a da Cantareira, que captava nos mananciais localizados na serra; já no ano seguinte, era concluída a adutora do Guaraú, construídos vários reservatórios de distribuição e reforçado o manancial do Ipiranga, com a captação de outros córregos. Em 1941, a cidade então com uma população superior 1,3 milhão de habitantes, recebia água dos sistemas Cantareira, Cabuçu, Cotia, Santo Amaro e Rio Claro, num total de quase 470 milhões de litros diários. Em 1954, foi criado o Departamento de Águas e Esgotos - DAE, responsável pela administração direta dos serviços de água e esgotos da Capital, Osasco, São Caetano, Santo André e São Bernardo do Campo. O DAE foi peça fundamental para o saneamento básico e o primeiro sinal de organização de uma região metropolitana. 6
8 Ao longo dos anos 70 a população da Região Metropolitana de São Paulo - RMSP passa de para habitantes, concentrando 50% da população do Estado, e passando a exigir uma atuação mais integrada por parte dos agentes intervenientes no seu processo de crescimento urbano. Em 1970 foi elaborado o 1º Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado PMDI, para a Região, e em 1974, foi criado o Sistema de Planejamento e Administração Metropolitano SPAM considerando como serviços comuns de interesse metropolitano, entre outros, o aproveitamento dos recursos hídricos, o controle da poluição e o saneamento básico. Em 1973 o processo de centralização dos serviços de saneamento culmina com a criação da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo Sabesp, que entra em operação em 1974 e que atualmente é responsável pelos serviços de água e esgotos da Capital e de mais 365 municípios, e distribui água tratada para cerca de 22 milhões de pessoas. Na década de 80, foi elaborado um Programa Emergencial para Destinação dos Resíduos na RMSP, que propunha a implantação de soluções conjuntas, mediante a implantação de aterros sanitários regionais, tendo sido implantados pelo menos dois desses aterros. Outros aspectos que vêm assumindo importância crescente nas concepções mais recentes de políticas para o setor, dizem respeito à necessidade de uma visão integrada das ações de saneamento e à participação da sociedade civil organizada no planejamento e controle dos serviços e obras de saneamento. É preciso lembrar que a população atual do Estado de São Paulo é estimada em habitantes (projeção SEADE para 2000) com 94% morando em áreas urbanas de 645 municípios. Cerca de 63,5% desta população está concentrada em apenas 9,2% da área total do 7
9 Estado, nas Bacias do Alto Tietê, do Piracicaba/Capivari/Jundiaí e da Baixada Santista, que abrigam as 3 regiões metropolitanas do Estado. A esse padrão de concentração populacional se soma o crescimento desordenado das cidades, com grandes contingentes de população ocupando áreas de mananciais, margens de rios e encostas íngremes. Esse quadro configura um grande desafio à implementação de políticas eficazes de saneamento e demanda um grande esforço conjunto, União, Estado, Municípios e sociedade civil na busca de soluções. Para conter essa degradação ambiental causada pelo crescimento desordenado do município de São Paulo, a Sabesp investe na Capacitação em Planejamento, Gestão e Operação de Mananciais, além de inovação tecnológica para emprego nas ações. O objetivo é criar condições de sustentabilidade econômica e ecológica nos seus projetos, atuando na coleta e na devolução da água ao meio ambiente. A Sabesp produz cerca de 65 mil litros de água por segundo para atender os habitantes da região metropolitana de São Paulo. São 32 cidades operadas pela empresa, além outras 6 (Santo André, São Caetano do Sul, Guarulhos, Mogi das Cruzes, Diadema e Mauá) que compram água da Sabesp por atacado. Figura 3 Mananciais e captações de água da RMSP. Fonte: Notas de Aula da disciplina PHD Águas em Ambientes Urbanos. 8
10 Atualmente, a Sabesp opera cinco Estações de Tratamento de Esgotos na Região Metropolitana de São Paulo e trata 18 mil litros de esgotos por segundo, com benefícios diretos para 8,4 milhões de habitantes. Figura 4 Sistemas principais de esgoto da RMSP. Fonte: Outra medida adotada pela empresa é a de orientar a população a utilizar a água com economia, através de seus programas Sabesp Ensina e Programa de Uso Racional da Água. 9
11 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em um país como o Brasil, onde cerca de 24% da população não conta com água canalizada, ou seja, 35 milhões de pessoas, fica evidente a importância da aplicação de políticas sérias na questão do abastecimento de água e coleta (e tratamento) de esgoto, e em outras questões (fundamentais) associadas, como coleta e tratamento de resíduos sólidos, planejamento territorial e proteção de áreas de mananciais. A péssima distribuição de renda nesta nação, associada aos irrisórios investimentos na área social (políticas compensatórias insuficientes), fez com que aqui as cidades de modo geral ficassem caracterizadas por possuírem duas faces: a face formal, provida de estrutura e serviços públicos, e a face informal, desprovida de estruturas públicas fundamentais, principalmente as estruturas enterradas (o que inclui as redes de abastecimento de água e de coleta de esgoto), esquecidas pelos maus políticos brasileiros, preocupados em investirem apenas em obras vultuosas, acima do nível do solo, que despertem a atenção, e que lhes tragam os tão almejados votos. A realidade do saneamento paulista, abordada com mais detalhes por este relatório, apesar de mais animadora que a realidade do saneamento brasileiro de um modo geral, ainda exige enormes esforços para tornar-se adequada. Ampliações nas redes de esgoto (construção de interceptores, para que o esgoto chegue às já construídas ETEs), destino mais adequado aos resíduos sólidos urbanos e desocupação das áreas de mananciais são grandes desafios da atual e futura gerações do Estado de São Paulo. Nos países desenvolvidos, onde a questão do saneamento básico está bem mais resolvida, agora restam aos grandes centros 10
12 resolverem o grave problema da poluição difusa (poluição carregada pelo escoamento superficial), questão até pouco tempo desconhecida (ou ignorada), mas que impacta de forma significativa a qualidade dos corpos d água. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - XVII Jornada de Biologia (2003) - Notas de aula da disciplina PHD Saneamento Ambiental Notas de aula da disciplina PHD Água em Ambientes Urbanos
13 6. ANEXO Figura 5 Esquema conceitual dos efeitos diretos e indiretos do abastecimento de água e da coleta de esgoto sanitário na sociedade, proposto por Cvjetanovic (1986). 12
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