PARECER Nº SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS. DISCIPLINA DA MATÉRIA: ART. 168 DA CLT
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- Melissa Paiva Carvalho
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1 PARECER Nº SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS. OS EXAMES ADMISSIONAIS PARA INGRESSO NAS EMPRESAS E ENTIDADES PRIVADAS NÃO SÃO DA COMPETÊNCIA DAS UNIDADES SANITÁRIAS INTEGRANTES DO SUS. DISCIPLINA DA MATÉRIA: ART. 168 DA CLT e NR7 - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, com o texto da Portaria nº 24, de , do Secretário de Segurança e Saúde do Trabalho do Ministério do Trabalho. O expediente teve origem em consulta da 1ª Delegacia de Saúde sobre a obrigatoriedade das Unidades Sanitárias fornecerem atestados admissionais, periódicos e demissionais para empregados das empresas privadas. A Assessoria Jurídica da Secretária da Saúde e do Meio Ambiente, através do Parecer nº 004/95, embora lembrando a determinação do artigo 168 da Consolidação das Leis do Trabalho de exame médico admissional por conta do empregador, concluiu que o Sistema não pode deixar de atender ao trabalhador, pois feriria o princípio da universalidade de atendimento, garantido no artigo 196 da Constituição Federal, embasado especialmente no artigo 6º da Lei nº 8080, de 19 de setembro de 1980, quando trata do campo de atuação do SUS. Posteriormente, a mesma Assessoria emitiu o Parecer nº 004/96, com posicionamento oposto, o que levou seu signatário a sugerir a ouvida desta Procuradoria-Geral.
2 É o relatório. 2. Ao tratar das medidas preventivas de medicina do trabalho, a Consolidação das Lei do Trabalho, no artigo 168, com a redação da Lei nº 7855/89, determina a obrigatoriedade do exame médico por conta do empregador, nas condições ali estabelecidas e nas instruções complementares a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho nos casos de admissão, demissão e periodicamente. Examinando o dispositivo, ensina VALENTIN CARRION que o exame médico obrigatório, quando da admissão ou anual (assim como os especiais mencionados, em menos tempo) não podiam ser praticados pelos médicos das empresas ou outros facultativos; só os da Previdência Social (INAMPS) ou dos sindicatos dos empregados; é o que determinava a Lei nº 6514, art. 3º, par. 2º. Entretanto, afirma ainda, a nova redação do art. 168 da CLT, restabelecendo a expressão exame médico por conta do empregador revoga aquela restrição, não obstante subordine a instruções ministeriais... (Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho, Ed. Saraiva, 1995, p. 164). 3. Presentemente vigora sobre a matéria o texto da Norma Regulamentadora NR7 - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, aprovado pela Portaria nº 24, de 29 de dezembro de 1994, do Secretário de Segurança e Saúde do Trabalho (DOU de ), estabelecendo a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, com o objetivo de promoção e preservação da saúde do conjunto de seus trabalhadores, com caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde, relacionados ao trabalho, além da constatação da existência de casos de doença profissional. Cabe ao empregador, nos termos dessa NR7, não só a implementação do PCMSO como o custeio de todos os procedimentos relacionados ao mesmo. Na hipótese de a empresa estar desobrigada de manter médico do trabalho, de acordo com a NR4, deve o empregador indicar médico do trabalho, empregado ou não da empresa, para coordenação do PCMSO. Ao médico coordenador do PCMSO, por sua vez, dentre outros procedimentos, compete: a) realizar os exames médicos previstos no item 7.4.1, ou encarregar os mesmos à profissional médico familiarizado com os princípios da patologia ocupacional e suas causas, bem como com o ambiente, as condições de trabalho e os riscos a que está ou será exposto cada trabalhador da empresa a ser examinado. Ademais, o PCMSO deve incluir, na forma do item , dentre outros, a 2
3 realização dos exames médicos: a) admissional; b) periódico; c) de retorno ao trabalho; d) mudança de função; e) demissional. 4. De onde se conclui que não satisfaz à exigência legal simples atestado de sanidade física e mental. O necessário Atestado de Saúde Ocupacional pressupõe o obrigatório conhecimento, por parte do médico responsável, do ambiente de trabalho ao qual será ou está exposto o trabalhador examinado, ou seja, o profissional deverá estar familiarizado com os princípios da patologia ocupacional do ambiente de trabalho e dos riscos de exposição, devendo, ainda, definir a função para a qual foi considerado apto o examinado. As despesas com esses procedimentos, como integrantesdo Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, correm à conta exclusiva do empregador. 5. Importa assinalar, por fim, que estas conclusões não afrontam à disposição constitucional de acesso universal e igualitário às ações e serviços (artigo 196 da Constituição Federal). Com efeito, o acesso universal e igualitário do trabalhador como cidadão está preservado. O que as regras trabalhistas afastam da Rede de Atendimento do SUS são tão somente as avaliações médicas que fazem parte desse Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, próprios de cada empregador enquanto no desenvolvimento de suas atividades e de sua responsabilidade pelos riscos que dela advém. Ao SUS incumbe, tal qual previsto na Lei nº 8080/90, a execução de ações de saúde do trabalhador, consistindo num conjunto de atividades que se destinam, através de ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições do trabalho, abrangendo, dentre outros procedimentos V-A informação ao trabalhador e à empresa sobre os riscos de acidente do trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalização, avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos e de demissão, respeitados os preceitos de ética profissional (art. 6º). Não que isso significar, como entendido no Parecer nº 004/95-SSMA, realizar exames de saúde, admissional, periódico e demissional, mas de providenciar nas informações sobre doenças profissionais e acidentes do trabalho a partir de resultados de fiscalizações, de avaliações ambientais, bem como dos referidos exames, daí a complementação respeitados os preceitos de ética profissional por envolverem a publicidade dos resultados dos mesmos. CONCLUO, portanto, pela inteira procedência das conclusões do Parecer nº 004/96 da Assessoria Jurídica da Secretaria da Saúde e do Meio Ambiente no 3
4 sentido de não constituir competência das unidades do sistema SUS o fornecimento de atestados médicos admissionais, periódicos e demissionais dos trabalhadores privados. É o parecer. Porto Alegre, 26 de abril de EUNICE ROTTA BERGESCH PROCURADORA DO ESTADO 4
5 Processo nº Acolho as conclusões do PARECER nº 11174, da Procuradoria de Pessoal, de autoria da Procuradora do Estado Doutora EUNICE ROTTA BERGESCH. Restitua-se o expediente ao Excelentíssimo Senhor Secretário de Estado de Saúde e do Meio Ambiente. Em 24 de junho de EUNICE NEQUETE MACHADO PROCURADORA-GERAL DO ESTADO 5
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