RELATO DE EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA. 1Título da Experiência: Sementes do Amanhã. 2 Período em que a Experiência Ocorreu: Junho a dezembro de 2013.

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1 RELATO DE EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA 1Título da Experiência: Sementes do Amanhã. 2 Período em que a Experiência Ocorreu: Junho a dezembro de Resumo/ Introdução: Este trabalho foi desenvolvido com crianças de seis a doze anos, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Gaspar Barreto, localizada na Linha Astral, interior do Município de Paraíso do Sul RS, durante o período de junho a dezembro de Utilizando técnicas que contribuem para o desenvolvimento da inteligência, e a integração do ser desenvolvendo a capacidade de aprender música e tocar instrumentos, neste caso, flauta doce. Percebeu-se a necessidade de trabalhar a música de forma diferenciada, pois ela vem sendo aplicada nas escolas em forma de cantigas de roda ou em apresentações nas datas comemorativas nas séries iniciais, e que muitas vezes não apresenta uma metodologia com objetivos a serem alcançados. 4 Relato da Experiência: Na tentativa de melhorar e ampliar as metodologias de ensino nas práticas em sala de aula e contemplando com a Legislação Educacional do Brasil, que decreta a Lei de 18 de agosto de 2008, em que torna obrigatório o ensino da música como conteúdo obrigatório do currículo da educação básica foi inserido no currículo, aulas de flauta doce em uma turma Multisseriada constituída de cinco alunos no1º ano, três alunos no 2º ano e cinco alunos no 3º Ano do Ensino Fundamental. Minha trajetória na área da música começou na AMF Antônio Meneghetti Faculdade, com aulas de violão e flauta doce. Ministradas pelos Professores Viviane Portela e Glauber Benetti Carvalho que com muita dedicação e competência nos mostraram que é possível aprender a tocar qualquer instrumento baseado em métodos muito simples. Lembro até hoje e levo pra minha vida as palavras do

2 2 professor Glauber, que dizia que a habilidade de tocar instrumentos musicais é inerente ao ser humano, basta desenvolvê-la. Acreditando nestas palavras, comecei a me dedicar a cada dia nos estudos em casa e muitas vezes não apresentavam resultados esperados, mas com muita dedicação e disciplina alcancei meu objetivo. Aprendi rápido porque desejava muito aprender a tocar tanto a flauta quanto o violão e quando queremos muito alguma coisa, é preciso muita dedicação e persistência. Acredito muito no trabalho do professor como agente transformador da realidade em que se encontra inserido. Mas para ser educador é preciso em primeiro lugar paixão pelo que faz e acreditar no seu potencial e no potencial dos alunos, encorajá-los de que são capazes de realizar muitas coisas na vida se houver amor, vontade, persistência e disciplina e não desistir diante do primeiro obstáculo. E todas essas atribuições não precisam ser impostas ou trabalhadas em sala de aula, muitas vezes é percebido pela criança no dia a dia com exemplos e atitudes que propiciam o desenvolvimento dessas habilidades. De acordo com Meneghetti (2014), (...) as crianças são o reflexo dos adultos que estão em interação, portanto, para modificar as crianças é preciso modificar os adultos que educam as crianças. Já dizia Freire (1999) Ensinar exige a convicção de que a mudança é possível. Os anos foram passando e aprimorando meus conhecimentos em música, foi então que surgiu uma proposta de aplicar as aulas de flauta nas escolas. A metodologia dos professores foi totalmente voltada a atividades com músicas e brincadeiras que envolvessem a flauta para despertar o interesse no aluno e o gosto pela música. Desse modo, levei a proposta aos pais dos alunos juntamente com a diretora da escola que apostaram positivamente no projeto, adquiriram as flautas e a partir daquele momento, iniciaram-se as aulas dois dias semanalmente.

3 3 Fotos 01 e 02: Aulas de flauta. Foto 02. Desde o primeiro dia de aula, os alunos demonstraram interesse e nos divertíamos muito com as brincadeiras. Pouco a pouco os alunos foram conhecendo as notas, praticando na flauta e em pouco tempo já adquiriram competência e habilidade para tocar músicas, uns com mais dificuldades outros nem tanto porque sempre tive apoio e colaboração de alguns pais em auxiliar nos estudos em casa. Gardner (1995) afirma que as inteligências são herdadas geneticamente e que se manifestam em algum grau em todas as crianças, independentes da educação ou apoio cultural. Por isso, o ser humano possui capacidades essenciais em cada uma das inteligências, mesmo que ele possua grande potencial biológico para certa habilidade, o indivíduo precisa de oportunidades para explorar e desenvolvê-las.

4 4 Em resumo, a cultura circundante desempenha um papel predominante na determinação do grau em que o potencial intelectual de um indivíduo é realizado. (GARDNER, 1995, p47). Iniciamos nossas aulas no mês de junho de 2013 e dia 20 de setembro foi a primeira apresentação com a música Tema da Nona Sinfonia de Beethoven, diante do palco das autoridades no Desfile Cívico do Município de Paraíso do Sul. Os pais estavam muito emocionados e orgulhosos de seus filhos artistas. Foto 03: Desfile Cívico em Paraíso do Sul Foto 04: Apresentação dos alunos diante das autoridades. No decorrer do ano letivo, os alunos se dedicavam tanto aos estudos da música que não os viam mais correndo pelo pátio da escola. Sentavam em baixo da varanda e tocavam as músicas que aprendiam. Muitas vezes, ao chegar à escola, era recebida com música e isso me deixava muito feliz e satisfeita, pois foi possível perceber que a música fazia parte da vida dessas crianças e que já era uma diversão para eles.

5 5 Os atributos que a música oferece podem auxiliar na riqueza dos estímulos para o desenvolvimento da criança. Dessa forma a convivência das crianças com as atividades musicais, como tocar, ouvir apreciar e imitar favorece o desenvolvimento do conhecimento e do intelectual. Foto 05: Alunos praticando na hora o recreio. Foto 06: Recepção dos alunos para chegada da professora. Observando os alunos praticando no pátio da escola, foi possível perceber quais possuíam a habilidade de conduzir os treinos e também os que respeitavam as ordens do líder porque o interesse em tocar as músicas era o desejo comum dentre os dois indivíduos. Dessa forma foi possível contribuir para o desenvolvimento da cooperação e a habilidade de trabalhar em grupo. Na turma havia um aluno que também freqüentava as aulas de violão no Recanto Maestro, na atual escola de música Impare Educação Musical, o que facilitou meu trabalho, pois era possível a troca de informações com o professor de música para que ele pudesse auxiliar no desenvolvimento da aprendizagem de músicas em que eu trabalhava para as apresentações.

6 6 Dentre os alunos, havia uma menina com paralisia cerebral com comprometimento parcial da coordenação motora e do cognitivo, sua aprendizagem em relação ao conteúdo (diferenciado) desenvolvido em sala de aula não era satisfatória. Mas nunca deixamos de acreditar e trabalhar da melhor maneira possível e contribuir para seu desenvolvimento. O professor deve responsabilizar o aluno pelo seu aprendizado, desafiando-o muitas vezes, criando mecanismos para que os alunos possam caminhar com as próprias pernas, pelo menos no que cabe a eles no momento que é estudar. A relação com o mundo, a aprendizagem a partir do movimento, da ação desenvolve na criança o conhecimento consigo mesmo, além de possibilitar que a aprendizagem seja facilitada. Nós enquanto educadores precisamos nos voltar para a criança, precisamos conhecê-las, entender como aprendem, entendendo que cada criança tem um ritmo e saber como e quando proporcionar atividades em que a criança interaja e aprenda. GIORDANI (2011). Como ela não conseguia tocar flauta, devido sua dificuldade motora, ofereci um chocalho para que ela pudesse acompanhar as músicas tocadas, percebia-se que ela se concentrava ao máximo e conseguia tocar dentro de suas limitações. Assim como alguns alunos não desenvolveram a habilidade de tocar flauta devido à falta de interesse e a não permissão dos pais para treinarem em casa alegado muito barulho. Para eles foi oferecido o pandeiro que passou a ser utilizado nas aulas para aprenderem a tocar dentro do ritmo da música. Gardner (1995) descreve que o professor deve respeitar a habilidades de cada indivíduo e propiciar contato com atividades que trabalhem as outras inteligências. Ao considerar as diferentes habilidades, o professor está dando oportunidade para que o aluno de destaque em pelo menos uma delas. Neste caso, a aprendizagem na flauta não foi satisfatória, mas foi possível oferecer outros instrumentos para o aluno desenvolver sua habilidade musical. Faziam-se necessárias apresentações de mês a mês, porque se percebia a necessidade de desenvolver outra habilidade que é a auto-regulação de suas emoções diante de grupos maiores de pessoas. Então a cada reunião de pais, apresentávamos as músicas trabalhadas para a comunidade e a equipe da Secretaria de Educação. Neste evento os alunos tocaram Asa Branca e Tema da Nona Sinfonia de Beethoven.

7 7 Foto 07: Apresentação dos alunos na reunião de pais, na escola. Quando o Senhor Secretário da Educação teve oportunidade de apreciar o nosso trabalho, ele agendava apresentações em cada evento que acontecia no município. Em Outubro fizemos mais uma apresentação na Feira Pedagógica promovida pela Secretaria de Educação e realizada pelos professores da rede municipal e estadual. Fotos 08 e 09: Apresentação dos alunos na Feira Pedagógica em Paraíso do Sul.

8 8 Foto 09. As músicas apresentadas para este evento foram as duas citadas anteriormente e Carruagem de Fogo. Após os eventos do município, iniciamos os trabalhos para as apresentações de final de ano. A comunidade escolar já conhecia todas as apresentações dos alunos, então, pensei em fazer alguma coisa diferente para o encerramento do ano letivo. Buscouse contatar com os alunos egressos que tocavam instrumentos musicais. Duas exalunas aceitaram o convite e acrescentei um teclado e um violino na apresentação. Foto 10: Ensaio para apresentação de final de ano.

9 9 Os ensaios aconteciam naturalmente, os alunos cada vez mais empolgados e dedicados, eu cada vez mais apaixonada pelo meu trabalho com a música. As famílias sempre envolvidas auxiliando nos ensaios em casa. Em minha opinião, a apresentação de final de ano foi a melhor de todas. No repertório estavam as músicas: Noite Feliz, Bate o Sino, Imagine de John Lennon e uma música gospel com acompanhamento do teclado e violino, Quão Grande És Tu do Padre Marcelo Rossi. Os alunos tocaram a música Carruagem de Fogo para a entrada dos formandos da Educação Infantil. Após todas as apresentações, fomos muito aplaudidos e elogiados pelas autoridades presentes e comunidade em geral. O contrato com o município encerrou-se em dezembro, despedi-me desta comunidade com a sensação de meu dever cumprido como educadora. Jamais me esquecerei da minha primeira de muitas outras turmas de flauta doce. Nos finais de ano as comunidades religiosas e familiares também realizam festividades que caracterizam o encerramento do ano. As famílias dos alunos reuniram-se para celebrar o natal, então, organizaram algumas apresentações para receber o Papai Noel. As fotos abaixo foram enviadas pelos organizadores do evento. Foto 11: Apresentação das músicas natalinas.

10 10 Foto 12: Chegada do Papai Noel. Penso que a música poderá ser uma importante ferramenta para auxiliar no aprendizado da leitura e nos estudos da matemática, desenvolver a disciplina bem como ampliar seus conhecimentos culturais, pois a cada música trabalhada, também estudávamos a origem e um pouco da história do autor. Ainda encontramos muita resistência de professores em relação ao ensino da música nas escolas, alegam que não possuírem a formação acadêmica em música e não dispõe de habilidades e competências para aplicar em sala de aula. O objetivo deste trabalho não é especificamente formar músicos profissionais, mas possibilitar uma metodologia que possa contribuir para a aprendizagem e para o desenvolvimento do ser humano. Giordani (2011) comenta que A relação de ajuda do adulto à criança deve ser concebida antes de tudo, como uma capacidade de invenções de ações. Esta ação para ser realizada de forma ativa. Com este trabalho foi possível inventar, agir e comprovar que a mudança é possível, que sementes foram lançadas e bons frutos serão colhidos.

11 11 5 Referências BRASIL, Ministério da educação e do Desporto, Parâmetros Cuticulares Nacionais: ARTE/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, GARDENER, Howard. Inteligências Múltiplas. A teoria na prática. Trad. Maria Adriana Veríssimo Veronese. Porto Alegre: Artmed, GIORDANI, Estela Mais. A Pedagogia Ontopsicológica na formação do aluno como um ser responsável de sua aprendizagem MENEGHETTI, Antônio. Uma nova pedagogia para uma sociedade futura. Princípios práticos: princípios práticos/ Fundação Antônio Meneghetti Recanto Maestro, RS: Ontopsicológica Editora Universitária, p.