ANÁLISE DO CUSTO DOS ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS: A CO- PARTICIPAÇÃO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE E DO MINISTÉRIO DA SAÚDE.
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- Maria das Neves Valgueiro Pinhal
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1 1 ANÁLISE DO CUSTO DOS ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS: A CO- PARTICIPAÇÃO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE E DO MINISTÉRIO DA SAÚDE. Katarina Melo Chaves 1, Aurigena Antunes de Araújo Ferreira 2, Gerlane Coelho Guerra 3, Francisco das Chagas Rodrigues 4, Magneide Diniz Pinto Cavalcante 5, George Antunes de Oliveira Aluna de graduação do curso de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN. 2. Professora Adjunta da disciplina de Farmacologia da UFRN. 3. Professora Adjunta da disciplina de Farmacologia da UFRN. 4. Professor Adjunto da disciplina de Medicina Clínica da UFRN. 5. Farmacêutica do Hospital Psiquiátrico Dr João Machado, responsável pelo setor do Alto Custo 6. Diretor geral da UNICAT/RN. Endereço: Katarina_chaves@yahoo.com.br Apoio Financeiro: DECIT/SCTIE/MS e MCT por intermédio do CNPq RESUMO Objetivo: Verificar a relação entre custo dos antipsicóticos atípicos no Sistema Único de Saúde no Estado do Rio Grande do Norte e Ministério da Saúde. Método: A coleta de dados foi realizada no Hospital Psiquiátrico Dr João Machado, Natal, Rio Grande do Norte/ RN, Brasil, nos anos de 2006 e 2007 no período de janeiro a agosto. Foram investigados os seguintes medicamentos: olanzapina 10mg, risperidona 2mg, ziprazidona 40mg/80mg, através do seu preço unitário, avaliando a participação do Estado no Programa de Alto Custo. Foi realizada uma correlação do consumo dos antipsicóticos, bem como do custo para o Estado, utilizando o Coeficiente de Correlação de Pearson com nível de significância de 5%. Resultados: Os resultados mostraram uma diferença estatisticamente significante entre o consumo do antipsicótico, olanzapina 10mg de 2006 para 2007 (r² = 0,5792, p 0,02). O Ministério da Saúde repassou o valor de R$ 6,51 para compra da olanzapina até outubro de 2006, a partir de novembro de 2006 e no ano de 2007 o valor aumentou, sendo repassado R$ 10,00. O preço unitário do comprimido de 10mg de olanzapina foi reduzido de R$17,04 para R$15,62 a partir de julho de 2007 A correlação entre o consumo da olanzapina e o custo desembolsado para a compra deste medicamento pelo Estado do Rio Grande do Norte no ano de 2006 foi estatisticamente significante (r² = 1, p 0,0001), no entanto em 2007 não foi verificada diferença significante (r² = 0,29, p 0,16).
2 2 Conclusão: O consumo dos antipsicóticos aumentou de 2006 para O Programa de Alto Custo exige uma co-participação de Estado, União e iniciativa privada. Através deste estudo pode-se vê a importância do incremento deste repasse de recursos da União, bem como a capacidade do Estado do RN em negociar com a indústria farmacêutica para redução do preço do medicamento de forma a incrementar o acesso aos pacientes assistidos na terapia dos antipsicóticos atípicos. PALAVRAS-CHAVES: Agentes antipsicóticos. Economia da saúde. Estado do Rio Grande do Norte. ABSTRACT Background: The purpose of this study is to examine the relation cost of antipsychotics atypical in State Rio Grande do Norte. Methods: The data is collected in the psychiatric hospital Doctor João Machado in the city of Natal, Rio Grande do Norte state/ Brazil from 2006 to The cost/consume between the antipsychotics is analyzed using the Pearson Correlation (p<0,05). Results: The difference of cost is significant between the olanzapina antipsychotic (p<0,0001). The Correlation Coefficient in the cost/consume analysis is significant at atypical antipsycothic (p<0,02). Conclusions: Our study corroborates an public health trend in Rio Grande do Norte State/Brazil that start supporting atypical psychotic therapeutics. Key-words: Antipsycotics medicaments; Health economics; State Rio Grande do Norte. INTRODUÇÃO A esquizofrenia é um importante problema de saúde pública e, corresponde a um terço de todas as admissões psiquiátricas, representando cerca de 3 % do total de gastos com hospitalização pelo Serviço Nacional de Saúde Brasileiro 1. Os dados epidemiológicos sobre psicoses no Brasil são escassos, mas estudos mostram que são da ordem de 0,2 a 2,0 % da população adulta 2. Os medicamentos antipsicóticos representam a base do tratamento farmacológico para pacientes com esquizofrenia 3. Estudos duplo-cegos e meta-análises demonstraram a
3 3 eficácia dos antipsicóticos típicos como a primeira alternativa para sintomas positivos da esquizofrenia 4. No entanto, a intolerância aos efeitos adversos, principalmente, extrapiramidais, pode justificar a substituição para os antipsicóticos atípicos 5. Atualmente, estudos na área da farmacoeconomia mostram que os antipsicóticos atípicos e típicos apresentam eficácia semelhante 4,5. Com relação à efetividade, os fármacos atípicos são superiores aos antipsicóticos convencionais 6. Quanto à disponibilidade, os antipsicóticos de nova geração são menos acessíveis à população, por se tratarem de medicamentos de alto custo 7. Assim o objetivo desse estudo é verificar a relação entre custo dos antipsicóticos atípicos no Sistema Único de Saúde no Estado do Rio Grande do Norte e Ministério da Saúde. MATERIAIS E MÉTODOS Esse estudo foi desenvolvido pela Disciplina de Farmacologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN. A instituição investigada, Hospital Estadual Dr. João Machado, na cidade do Natal, Estado do Rio Grande do Norte/RN, nordeste brasileiro. Coleta de dados Foi realizado um levantamento dos antipsicóticos atípicos dispensados nos meses de janeiro a agosto dos anos de 2006 e 2007, no Hospital Dr. João Machado. As planilhas do demonstrativo mensal de consumo foram consultadas, obtendo-se os valores totais de cada antipsicótico nos diferentes anos. Os dados referentes ao custo unitário de cada medicamento foram fornecidos pela UNICAT/RN.
4 4 Análise dos dados A partir do consumo e valores unitários de cada antipsicótico foram verificados os custos de cada medicamento para a SESAP e Ministério da Saúde, sendo verificada a diferença de custo de financiamento do medicamento pelo Estado do RN. Foram investigados os seguintes medicamentos: olanzapina 10mg, risperidona 2mg, ziprazidona 40mg/80mg no ano de 2006, bem como estes, mais olanzapina, 5mg, quetiapina 100/200mg e clozapina 100mg no ano de Foi realizada uma correlação do consumo dos antipsicóticos, bem como do custo para o Estado, utilizando o Coeficiente de Correlação de Pearson com nível de significância de 5%. RESULTADOS Nos quadros (tabela 1 e tabela 2) foi possível verificar os antipsicóticos dispensados nos anos de 2006 e 2007, o preço unitário do comprimido, o consumo, e os valores de compra da SESAP e Ministério da Saúde, assim como as diferenças desembolsadas pelo Estado para a compra dos medicamentos consumidos. TABELA 1: TABELA DE CONSUMO E CUSTO DOS ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS NO ANO DE 2006, NATAL, RN, MEDICAMENTOS Valor de Compra por comp. Valor de compra ATÍPICOS SESAP MS Consumo em cp SESAP MS Desembolso/ RN RISPERIDONA 2 MG 0,09 0, , , ,2 1 CLOZAPINA 100MG * * * * * * OLANZAPINA 5 MG * * * * * * OLANZAPINA 10 MG 17,04 6, , , ,10 ZIPRAZIDONA 40 MG 5,91 4, , , ,00 ZIPRAZIDONA 80 MG 9,83 7, , , ,10 QUETIAPINA 100MG * * * * * * QUETIAPINA 200MG * * * * * * 1. Lucro
5 5 SESAP - Secretaria de Saúde Pública do Estado do Rio Grande do Norte M.S - Ministério da Saúde ( Valor de Reembolso ao Estado do RN ) TABELA 2: TABELA DE CONSUMO E CUSTO DOS ANTIPSICÓTICOS ATÍPICOS NO ANO DE 2007, NATAL, RN, MEDICAMENTOS Valor de Compra por comp. Valor de compra ATÍPICOS SESAP MS Consumo em cp SESAP MS Desembolso/ RN RISPERIDONA 2 MG 0,09 0, , ,00 0,00 CLOZAPINA 100MG 3,89 1, , , ,80 OLANZAPINA 5 MG 8,53 5, , , ,88 OLANZAPINA 10 MG 2 17,04 10, , , ,48 ZIPRAZIDONA 40 MG 5,91 4, , , ,40 ZIPRAZIDONA 80 MG 9,83 7, , , ,50 QUETIAPINA 100MG 6,00 4, , , ,20 QUETIAPINA 200MG 10,8 8, , , ,16 2. Nos meses de julho e agosto houve um reajuste no valor, onde este passou para R$ SESAP - Secretaria de Saúde Pública do Estado do Rio Grande do Norte M.S - Ministério da Saúde ( Valor de Reembolso ao Estado do RN ) Os resultados mostraram uma diferença estatisticamente significante entre o consumo do antipsicótico, olanzapina 10mg de 2006 para 2007 (r² = 0,5792, p 0,02)., vistos na figura Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Figura 1: Consumo da olanzapina de 10mg de jan a agosto de 2006 e 2007, Natal, RN. (p 0,02).
6 Custo 6 O Ministério da Saúde repassou o valor de R$ 6,51 para compra da olanzapina 10mg até outubro de 2006, a partir de novembro de 2006 e no ano de 2007 o valor aumentou, sendo repassado R$ 10,00. O preço unitário do comprimido de 10mg de olanzapina foi reduzido de R$17,04 para R$15,62 a partir de julho de A correlação entre o consumo da olanzapina e o custo desembolsado para a compra deste medicamento pelo Estado do Rio Grande do Norte no ano de 2006 foi estatisticamente significante (r² = 1, p 0,0001), visto na figura R 2 = Consumo Figura 2: Correlação entre custo/consumo da olanzapina de 10mg de jan a agosto de 2006, Natal, RN. (p 0,0001). No ano de 2007 não foi verificada diferença significante entre o custo e o consumo da olanzapina de 10mg (r² = 0,29, p 0,16). Figura 3.
7 custo R 2 = 0, consumo RN. (p 0,16). Figura 3: Correlação entre custo/consumo da olanzapina de 10mg de jan a agosto de 2007, Natal, Discussão Em outubro de 1998 foi aprovado no Brasil a Política Nacional de Medicamentos nº3916 que estabelece em suas diretrizes a reorientação da assistência farmacêutica, incluindo a garantia de acesso da população aos medicamentos de custos elevados para doenças de caráter individual 7. O Ministério da Saúde definiu os medicamentos a serem contemplados pelo programa, abrangendo os medicamentos de elevado valor unitários, ou aqueles que se tornaram excessivamente caros pela duração do tratamento. Os medicamentos de alto custo são denominados excepcionais, entre eles, estão os antipsicóticos atípicos que tem seu uso regulamentado pela Portaria nº 846 de 06 de novembro de A Portaria nº 846 estabelece o Protocolo Clínico e as Diretrizes Terapêuticas para o tratamento da esquizofrenia refratária com antipsicóticos atípicos no Brasil. Observou-se nessa investigação uma variabilidade quanto aos novos antipsicóticos utilizados no tratamento da esquizofrenia. Em 2006 eram utilizados a olanzapina 10mg, risperidona de 2mg, ziprasidona de 40mg e 80mg. No ano de 2007, além desses
8 8 antipsicóticos foram inseridos na lista de padronização do hospital a olanzapina, 5mg, quetiapina 100/200mg e clozapina 100mg. Estas modificações, em relação aos antipsicóticos dispensados, demonstram que existe uma preocupação e compromisso do Estado Brasileiro em atender à Política Nacional de Medicamentos (PNM), que busca a contínua atualização e padronização de protocolos de intervenção terapêutica e dos respectivos esquemas de tratamento 9. O compromisso de ampliar o acesso do paciente na terapia aos antipsicóticos atípicos pode ser observado quando se verificam diferenças significantes do consumo da olanzapina de 10mg no ano de 2007, quando comparado com o ano de Existem vários fatores relacionados com a crescente migração do paciente da terapia dos antipsicóticos típicos para os atípicos, segundo Meltzer (10) e Hofer et al (11) demonstraram a maior efetividade e melhor tolerância dos medicamentos de nova geração, quando comparados aos antipsicóticos convencionais. O estudo de Gama (12) demonstrou que os pacientes tratados com medicamentos típicos ficam hospitalizados e a reintegração social é comprometida. Meltzer et al (13) e Aronson (14), mostraram que ocorre uma diminuição nos custos totais de pacientes com esquizofrenia, quando tratados com fármacos de nova geração, primariamente por reduzir as rehospitalizações. Embora o consumo da olanzapina tenha aumentado no ano de 2007, o custo do tratamento não apresentou uma correlação significante. Entre os fatores que podem estar relacionados destacam-se: a capacidade de negociação do Estado do RN, dentro de um contexto de políticas públicas de incrementar a lista de medicamentos atípicos, bem como pela intervenção do Estado ao procurar negociar com a indústria farmacêutica de forma a reduzir o preço e, conseqüentemente, aumentar o acesso aos medicamentos.
9 9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Alves, DSN. et al. Elementos para uma análise da assistência em saúde mental no Brasil. J Bras. Psiquiatr 1992; 41: Almeida FN. et al. Estudo multicêntrico de morbidade psiquiátrica em áreas urbanas brasileiras (Brasília, São Paulo, Porto Alegre). Rev ABP-APAL 1992; 14: Davies, LM; Drummond, MF. The economic burden of schizophrenia. Psychiatr. Bull. 1990; 14: Kane J, Honigfeld G, Singer J, et al. Clozapine for the treatment-resistent schizophrenia: a double-bind comparison with chlorpromazine. Arch Gen Psychiatry 1988; 45: Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Protocolo Clnico e Diretrizes Terapêuticas Esquizofrenia Refratária. Portaria núm 846 de 06/11/ Conley RR, Love RC, Kelly DL, Bartke JJ. Rehospitalization Rates of Patients Recently Discharged on a Regimen of Risperidone or Clozapine. Am J Psychiatry 1999;156 (6): Patel, A. The promises and pitfalls of pharmacoeconomics in schizophrenia. European Psychiatry 2003; 18 Supl 2: Keks N.A. Clinical Therapeutics. Elsevier Science. 1997;(1): Brasil, Conselho Nacional de Secretaria de Saúde. Para entender a gestão do Programa de Medicamentos de Dispensação em caráter excepcional/conselho Nacional de Secretários de Saúde. Brasília: CONASS, 2004.
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