PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA

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1 / *, PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA kc csfidão APELAÇÃO CRIMINAL N / 001 SOLÂNEA Relator : Juiz convocado Eslu Eloy Filho Apelante : Francisco de Assis Ferreira da Silva (Adv. Antônio Quirino de Moura) Apelada : A Justiça Pública FURTO QUALIFICADO Chave falsa Concurso de pessoas Desclassificação para furto simples Impossibilidade Pena - Redução Regime prisional Adequação do fechado para o semi-aberto Provimento parcial do apelo. 1. Demonstrando a prova ter o réu usado chave falsa na ignição do veículo automotor subtraído, não há como excluir-se a qualificadora do uso de chave falsa. 2. A existência de processos em andamento, por si só, não justificam a apenação muito acima do mínimo cominado para o tipo, tampouco a fixação de regime mais gravoso, máxime se, condenado por furto, a res furtiva foi devolvida à vítima 411 VISTOS, relatados e discutidos estes autos de apelação criminal, acima identificados: ACORDA a Câmara Criminal do Tribunal da Paraíba, à unanimidade, em negar provimento ao apelo. Trata-se de apelação criminal interposta por FRANCISCO DE ASSIS FERREIRA DA SILVA contra sentença prolatada pelo M.M. Juiz de Direito da comarca de Solânea que, julgando procedente a denúncia ministerial, condenou o ora apelante à pena de quatro anos e seis meses de reclusão, em regime fechado, e pagamento de vinte dias-multa, pela prática do crime de furto qualificado pelo emprego de chave falsa art. 155, 4, III, CP), fls. 76/79.

2 4 R..:Ig.. * :"».:-... PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARMBA Alega, em suma, às fls. 88/95, que não há prova concreta do uso da chave falsa, razão por que pede o decote da qualificadora respectiva. Além disso, diz exacerbada a pena e rigoroso demais o regime prisional fechado para início do cumprimento da pena. Em suas contra-razões, o Ministério Público manifesta-se pela manutenção da r. sentença guerreada, fls. 97/99. A d. Procuradoria de Justiça, em parecer da lavra do Dr.. Wandilson Lopes de Lima, opina pelo não provimento do recurso, fls. 104/108. É o relatório. V O T O -- Consta da denúncia que, em 13 de abril de 2006, o apelante subtraiu para si, mediante o emprego de chave falsa, uma moto Honda CG 125, Titan KS, placa KKZ 9343/PE, de propriedade de Luciene Mendonça de Azevedo Consta, ainda, que pouco mais tarde, o réu foi localizado peios irmãos da vítima, com a moto furtada, no Distrito de Taboleiro, município de Bananeiras, tendo sido dominado e entregue à polícia. Em sede de apelo, busca a defesa o decote da qualificadora, considerando que não há prova concreta do uso de chave falsa. Inicialmente, cumpre esclarecer que, conforme a definição dada por Cezar Roberto Bitencourt, chave falsa "(...) é qualquer instrumento de que se sirva o agente para abrir fechaduras, tendo ou não formato de chave. Exemplos: grampo, alfinete, prego, fenda, gazua etc." (in "Tratado de Direito Penal, Parte Especial", vol. 3, Ed. Saraiva, São Pa (.1o/2003, p A 35). / _ \.4. 2 "

3 1,,V PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA No mesmo sentido é a lição de. Mirabete, verbis: "A utilização de chave falsa também qualifica o furto. Seu conceito inclui não só a imitação da chave verdadeira como qualquer instrumento, com ou sem forma de chave, de que se utiliza o agente para fazer funcionar o mecanismo da fechadura ou dispositivo análogo. São as gazuas, 'michasi, grampos, tesouras, arames e outros instrumentos que substituem, com maior ou menor eficiência, a chave verdadeira." (in "Código Penal Interpretado", Ed. Atlas, São Paulo/1999, p. 931). Não é outro o entendimento jurisprudencial: "Considera-se chave falsa todo instrumento, com ou sem forma de chave, que o agente utiliza para fazer funcionar, em lugar da verdadeira, o mecanismo de uma fechadura ou dispositivo análogo, possibilitando ou facilitando, assim, a execução do furto." (RT 744/663). Nessa mesma linha: "No sentido da lei penal, chave falsa é todo o instrumento, com ou sem forma de chave, de que se utiliza o ladrão para fazer funcionar, em lugar da chave verdadeira, o mecanismo de uma fechadura ou dispositivo análogo, possibilitando ou facilitando, assim, a execução do furto." (RT 479/352). In hipothesi, ao contrário do que afirma o il. patrono do a- cusado, a qualificadora se fez presente no furto perpetrado pelos agentes, pois, ele próprio confessou no inquérito que "(...) usou uma chave de um armário que encontrava-se no bolso e utilizou a mesma para ligar a referida Moto", fl. 10. É certo que, em Juízo, o réu negou ter usado chave falsa para ligar a moto. Mas, a sua afirmação não encontra respaldo na prova amealhagka. 3

4 , e,..,. # * 11Z4*Pd... PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARA! BA Com efeito, a vítima enfatizou, em Juízo, que, "para acionar a moto foi usada uma outra chave, pois a chave da moto estava guardada com a depoente; que a depoente deixou a moto desligada e sem chave no local", fl. 66. Já as testemunhas José Hélio Santos Rodrigues e Onaldo Cosmo Miranda disseram haver tomado conhecimento de que, para levar a moto, o réu fez uso de uma chave falsa. ilk Logo, está provado que a introdução da chave "micha" na ignição do veículo, fazendo-o funcionar, foi o mecanismo de que se valeu o agente para cometer o crime em questão, de modo que, por ter a mesma função da chave verdadeira, a falsa prescinde de laudo de eficiência, até porque na maioria das vezes sua eficácia depende profundamente da habilidade de quem a maneja, sendo certo, por outro lado, que seu emprego não deixa vestígios. Sobre a dispensabilidade da perícia em chave falsa por não deixar a mesma vestígio, colaciona-se o seguinte julgado, verbis: "No crime de furto, quando admitida a qualificadora de emprego de chave falsa, não há necessidade de ' prova pericial, pois não há vestígio a ser verificado, bastando para sua comprovação a apreensão daquela em poder do agente do delito." (RT 738/595). Com tais considerações, não há como decotar a qualificadora do uso de chave falsa. 1 Busca, ainda, a combativa defesa, que a pena seja fixada no mínimo legal e que o regime prisional seja adequado. Examinando acuradamente a r. sentença monocrática, verific. que, no ponto, tem razão o imputado. \ 1. I1 4

5 ,...,,. *.., PODER JUDICIÁRIO, s o TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA 1-`,-' n;.. o... Assim o é porque o M.M. Magistrado a quo, ao fazer o exame das circunstâncias judiciais do apelante, entendeu que o fato dele responder a outros processos justificariam a determinação da pena-base na média da soma do mínimo com o máximo cominados para o furto qualificado. 010 No entanto, entendo que houve, de fato, um certo exagero por parte do zeloso e culto julgador. Ora, a existência de processos em andamento não autoriza o distanciamento da pena do mínimo legal, conforme iterativa jurisprudência: A propósito, já manifestou a jurisprudência pátria: "A simples informação constante da investigação policial, no sentido de que tem o réu inúmeros inquéritos policiais, não retira sua primariedade, e não basta, só por só, para agravar a pena além do mínimo legal." (TACRIMSP - Rel. Silva Franco - JUTACRIM 65/67). Por outro lado, é pacífico que: "O simples fato de ter o agente contra si outros processos penais em andamento não constitui indicativo 411,.:. de má personalidade bastante à exacerbada majoração da reprimenda." (TACRIMSP - Rel. Manoel Pedro Pimentel - Jurucrim n A) Além do mais, a própria vítima revelou, em Juízo, não ter sofrido qualquer prejuízo financeiro, porquanto a moto lhe fora devolvida no mesmo dia. E isso também é fator relevante e favorável ao réu, no momento da aplicação da pena. Dito isso, e considerando que militam contra o réu apenas a média censurabilidade de seu ato e a personalidade distorcida, porquanto afeita à prática de crimes, sou levado a reduzir a pena-base dos cinco anos de reclusão e trinta dias-multa, estabelecidos na sentença, para três anos de reclusão e vinte dias-multa. \ ( 5 I P'

6 ,, e, o e *.*...' ": PODER JUDICIÁRIO..,...,i,:.. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA -. :,..,,;«som ApCrim Por outro lado, tendo em conta a confissão espontânea, reconhecida na sentença guerreada, atenuo as penas carcerária e pecuniária até aqui apuradas de seis meses e cinco dias-multa, tornando-as definitivas em dois anos e seis meses de reclusão e vinte e cinco dias-multa, à base unitária mínima. Por outro lado, e pelas mesmas razões acima expostas, entendo que o regime prisional fechado também se mostra exagerado, pelo que o adequo para o semi-aberto. IIII, Ficam mantidas as demais determinações da sentença, mormente no que pertine à não substituição da pena corporal por restritivas de direitos, considerando a má personalidade do agente. É o voto. Presidiu o julgamento o Des. Leôncio Teixeira Câmara, sem voto, e dele participaram o Juiz convocado Eslu Eloy Filho, relator, e os Des. José Martinho Lisboa e Nilo Luis Ramalho Vieira. SALA DE SESSÕES "DES. M. TAIGY DE QUEIROZ ME- LO FILHO" DA CÂMARA CRIMINAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA 010, DA PARAÍBA, em 02 de agosto de f.. Juiz convo ado 9 1 ll Eloy Filho REL TOR 1. 6

7 ,.. tjnal D'1 JUSTIÇA Coo:si:ta:do:ia jet,,07.diejáda Regisirado 111