Proposta de reformulação da Pós-Graduação em Teatro e Comunidade ESMAE-IPP (aumento para 60 créditos)
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- Maria das Dores Antunes da Fonseca
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1 Proposta de reformulação da Pós-Graduação em Teatro e Comunidade ESMAE-IPP (aumento para 60 créditos) Claire Binyon, Hugo Cruz e Sónia Passos 1. Evolução da Pós-Graduação em Teatro e Comunidade na ESMAE É com base na origem e evolução das premissas base do Curso de Teatro que surgem as primeiras aproximações ao que hoje se enquadra na escola como a área de formação em Teatro e Comunidade. O plano de estudos actual da Pós-graduação em Teatro e Comunidade resulta de uma série de impulsos que geraram percursos até ao formato actual formativo que se pretende ampliar e ajustar às necessidades dos alunos de uma melhor preparação para as exigências profissionais. A criação desta Pós-Graduação surge do reconhecimento da existência de lacunas nesta área de formação específica no Porto e norte do país; a identificação de necessidades sentidas pelos ex-alunos e recém-licenciados quando confrontados com experiências reais de trabalho com necessidade de formação complementar no domínio das práticas artísticas comunitárias; O primeiro passo formalizado, no acto lectivo , nos percursos nesta área foi a introdução no Curso de Teatro (Interpretação) de um projecto como parte integrante do 6º semestre do plano de estudos. Este projecto visa conectar os alunos com contextos profissionais futuros. Este projecto designado Teatro em Contexto seguiu inicialmente a lógica anglo-saxónica do Teatro Aplicado (Applied Theatre). Mais recentemente tentou-se definir o campo do Teatro Aplicado como um amplo leque de práticas teatrais e processos criativos que levam os participantes e os públicos para além do teatro convencional e mainstream para o mundo de um teatro que responde a pessoas comuns, às suas histórias, aos seus locais e prioridades. O trabalho que acontece, quase sempre, em espaços informais, em lugares não teatrais, numa variedade de ambientes geográficos e sociais: escolas, rua, prisões, centros comunitários, conjuntos habitacionais, ou qualquer outro lugar que possa ser específico ou relevante para os interesses da comunidade (Prentki & Preston, 2009). Este primeiro passo fundamental foi evoluindo ao longo dos últimos quase nove anos. Desde logo, do ponto de vista conceptual, a visão alargou-se passando a contemplar outras
2 abordagens, nomeadamente as influências oriundas da América Latina com forte produção nesta área. Desde sempre procurou-se enriquecer as experiências dos indivíduos dos contextos e dos alunos, numa lógica de se constituírem como experiências para as duas partes envolvidas promotoras de desenvolvimento. Nesta primeira abordagem os alunos foram distribuídos por diferentes contextos onde desenvolveram os seus projetos com os mais diversos formatos. Mais tarde a proposta evolui para uma formação intensiva em Teatro do Oprimido que culminava na construção de um Teatro-Fórum a ser apresentado em escolas locais. A introdução deste projecto no Curso de Teatro (Interpretação) inserida no contexto de um projecto que aborda as saídas profissionais foi enquadrada como uma oportunidade de desenvolvimento de competências transversais específicas úteis no trabalho de actor. A improvisação, a generosidade, a escuta, a flexibilidade, a capacidade de reacção são competências básicas no trabalho de actor que se assumem como centrais numa experiência em Teatro-Fórum quer na sua construção, quer na interacção com o público. Esta técnica concreta e específica requer uma flexibilidade do actor, que naturalmente, pode ser transferida e útil em diferentes contextos. Uma das conclusões fundamentais desta primeira experiência foi que o tempo previsto era extremamente escasso para o desenvolvimento de um projecto consistente nesta área e, mais do que isso, para o desenvolvimento de competências adequadas nos alunos para se confrontarem com uma experiência real desta natureza. Por outro lado, os alunos revelavamse muito centrados no trabalho exclusivamente de interpretação numa óptica mais tradicional. O que não deixa de ser relevante é que ao longo dos últimos anos os alunos recém-licenciados começaram a desenvolver trabalho nesta área de uma forma mais sistemática e intensa o que obviamente revela uma resposta à procura de profissionais com este perfil. É clara hoje uma maior abertura a este campo de acção pelos mais diversos intervenientes. De destacar a título de exemplo o facto das mais variadas linhas de financiamento na área da cultura terem passado a incluir esta área como factor de majoração nas candidaturas. Após a inclusão destes projectos na Licenciatura durante quatro anos e perante as conclusões enunciadas, a proposta foi a criação de uma formação específica em Teatro e Comunidade direccionada para esta abordagem e campo de acção com todas as idiossincrasias que envolve. Desta forma, direccionou-se a formação para um outro perfil de aluno, com contacto
3 com o mundo do trabalho e com mais experiências acumuladas, assim como, uma formação base mais diversificada e transversal. É, desta forma, que foi criada a Pós-Graduação em Teatro e Comunidade na ESMAE que realizou a sua primeira edição no ano lectivo de Funciona, neste momento com a atribuição de 30 créditos perspectivando-se alargar o seu funcionamento para 60 créditos, no futuro, permitindo a equivalência ao primeiro ano do Mestrado em Teatro. 2. Proposta de ampliação da Pós-Graduação em Teatro e Comunidade Com base nas edições realizadas é possível elencar alguns pontos em forma de conclusões que podem indicar caminhos para o futuro da formação nesta área. Desde logo, a possibilidade de se trabalhar com um grupo de alunos focado na área de formação e que na sua generalidade devolveram, estão a desenvolver ou pretendem desenvolver trabalho no âmbito do Teatro e Comunidade, é uma mais valia do ponto de vista da motivação, dinâmica de grupo e concretização da ligação dos conteúdos aos contextos reais de criação. A diversidade de conteúdos e experiências dos professores são outro aspecto fundamental para uma abordagem aberta e promotora de desenvolvimento. Assumindo a hibridez desta área os contributos da Antropologia, Sociologia e Intervenção Comunitária aliados às práticas artísticas de Teatro do Oprimido, Clown, Música, Criação Colectiva, Intervenção em Espaço Público permitem um cruzamento rico e o desenvolvimento de olhares mais complexos sobre a realidade e as premissas da criação. Para além da aposta na diversidade, o estímulo da partilha de um número considerável de experiências nacionais e internacionais nesta área, através de convidados presenciais e/ou online é uma abordagem fundamental. O objectivo é dar a conhecer o maior número de experiências aos alunos para que eles possam aprofundar as que lhes podem fazer mais sentido de acordo com o ser percurso e interesses. Outro aspecto central e concreto da 1ª edição do curso foi o contributo para a produção científica nesta área daí resultante. Ou seja, alguns projetos finais deram origem a artigos publicados e comunicações em encontros e congressos que trabalharam estas temáticas (ex.: I Encontro Internacional de Reflexão sobre Práticas Artísticas Comunitárias). A presença de alguns alunos estrangeiros nas duas edições tem sido um contributo muito relevante e demonstra a procura deste tipo de formação ainda em expansão na Europa. Neste
4 domínio Portugal destaca-se pela quantidade e organização de formação nesta área específica, no entanto no panorama nacional é de ressaltar que a Pós-Graduação da ESMAE tem tido alunos de vários pontos do país e com uma grande diversidade de formações de base. Destaca-se ainda que da oferta nacional neste âmbito a Pós-Graduação da ESMAE foi a única a abrir este ano. Outro aspecto a destacar é a forte ligação do curso aos contextos reais de trabalho, ou seja, a possibilidade que vários alunos tiveram e tem de repensar as suas práticas e/ou desenhar projetos a implementar nos contextos onde já devolvem trabalho. 3. Propostas / Considerações: - necessidade de alargamento da duração do curso numa 2ª componente que permita a implementação do projecto no terreno devidamente orientado e acompanhado, dando inclusive origem à criação de espectáculos e permitindo assim concluir um ciclo que obedece a uma lógica de formação. Neste sentido, a evolução passará pela possibilidade de criar uma equivalência ao 1º ano de Mestrado em Teatro. Serão necessárias mais edições do curso para consolidar este percurso. - outro aspecto fundamental que se prende com o anterior é o caracter extremamente intenso em que se realiza o curso neste momento. Ou seja, a alargamento temporal poderá permitir uma melhor integração dos conteúdos e nomeadamente das componentes teórica e prática. Bibliografia Cruz, H. (coord.) (2015). Arte e Comunidade. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. Prentki, T. & Preston, S. (orgs.) (2009). The applied theatre reader. London; New York: Routledge.
5 PÓS-GRADUAÇÃO TEATRO E COMUNIDADE - Plano de estudos UC ECTS Semestre Área Conhecimento* Horas Contacto Horas Totais Princípios em Teatro e comunidade I 3 1 ESC Noções e experiencias em TC I 3 1 ET Seminário - Métodos de investigação em arte comunitária 4,5 1 ESC Oficinas de práticas artísticas comunitárias 9,5 1 PAT Pesquisa em práticas artísticas comunitárias 11 1 PAT Opcionais I 1,5 1 Vários Princípios em Teatro e comunidade II 3 2 ESC Noções e experiencias em TC II 3 2 ET Opcionais II 1,5 2 Vários Projecto em contexto comunitário 20 2 PAT TOTAIS: *Legenda: ESC - Estudos Socioculturais ET - Estudos Teatrais PAT - Prática Artística Teatral
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