LEIS DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL (Lei nº 9.099, de 26/09/95, alterada pela Lei /06 e Lei nº /01)
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- Bernadete Lídia de Mendonça Bastos
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1 LEIS DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL (Lei nº 9.099, de 26/09/95, alterada pela Lei /06 e Lei nº /01) Em decorrência da previsão contida no art. 98, I, da CF/88, a lei do Juizado Especial Criminal (Lei nº 9.099/95) foi erigida de modo a propiciar tratamento especial aos procedimentos em casos de infrações penais de menor potencial ofensivo. JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL Lei 9.099/95, alterada pela Lei nº , de ORGANIZAÇÃO(art.60) JEC provido por Juízes togados ou togados e leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência.(nr) Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de conexão ou continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da composição dos danos civis (NR) COMPETÊNCIA JEC competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo. A competência do JEC, de acordo com reiteradas decisões do STJ é ABSOLUTA. INFRAÇÕES PENAIS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO (art. 61 da Lei 9.099/95-NR Lei /06) Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa. JEC-Federal art. 2º da Lei , alterado pela Lei /06 Compete ao Juizado Especial Federal Criminal processar e julgar os feitos de competência da Justiça Federal relativos às infrações de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de conexão e continência. (Parágrafo único = repete o contido no parágrafo único do art. 60 da Lei 9.099/95) Definição da Competência do JEC Pena Máxima Cominada REFLEXOS Tentativa. Deve ser reduzida a pena pelo mínimo, ou seja, em 1/3, de acordo com o artigo 14, parágrafo único, do CP. Se o resultado não for superior a dois anos, a competência é do JEC. Qualificadoras e causas especiais de aumento de pena. São consideradas. O aumento deve ser no máximo previsto, esteja a previsão na parte especial ou geral. Se o resultado não for superior a dois anos, a competência é do JEC. Causas especiais de diminuição de pena. São consideradas. A diminuição deve ser no mínimo previsto, assim como na tentativa. Se o resultado não for superior a dois anos, a competência é do JEC. Circunstâncias agravantes e atenuantes. Não devem ser consideradas, pois não podem elevar a pena acima do máximo nem reduzi-la aquém do mínimo cominado. Crimes conexos. As penas dos crimes não devem ser somadas. Todavia, se um deles for da competência do juízo comum ou do tribunal do júri, os demais o acompanham, segundo nova regra introduzida pela Lei /06. Antes do contido no parágrafo único, do art. 60, da Lei 9.099/95, era o entendimento de Tourinho Filho. Já Ada P. Grinover entendia que a competência do JEC, por ser prevista na CF/88, deveria demandar a separação dos processos. Há precedente do STJ determinando a separação, pois considera a competência do JEC como absoluta (vide abaixo a 2ª ementa do STJ) 1
2 Reincidência. Não impede o processamento da causa no JEC. Impede, sim, a aplicação de transação penal (76, 2º) e a suspensão processual (89). Jurisprudência: 1) Processo RESP / SC ; RECURSO ESPECIAL 2004/ Relator(a) Ministro GILSON DIPP (1111) Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA Data do Julgamento 28/09/2004 Data da Publicação/Fonte DJ p. 285 CRIMINAL. RESP. INFRAÇÃO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO.PORTE ILEGAL DE ARMA E RESISTÊNCIA. COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS. CONCURSO MATERIAL. FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA. RESULTADO DA SOMA DAS PENAS. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. I - O art. 2º, parágrafo único, da Lei /01 derrogou tacitamente o art. 61 da Lei 9.099/95, em aplicação ao princípio constitucional da isonomia. II - Todas as infrações cuja pena máxima não exceda a dois anos, inclusive as de rito especial, passaram a integrar o rol dos delitos de menor potencial ofensivo, de competência dos Juizados Especiais. III - Havendo concurso material de crimes, a pena a ser considerada para a fixação de competência é o resultado da soma das penas máximas cominadas aos delitos. IV - Afastada a competência do Juizado Especial Criminal. V - Recurso conhecido e provido, nos termos do voto do Relator. *** ENTENDIMENTO ANTERIOR À LEI /06 *** 2) Processo RESP / RS ; RECURSO ESPECIAL 2003/ Relator(a) Ministro GILSON DIPP (1111) Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA Data do Julgamento 21/09/2004 Data da Publicação/Fonte DJ p. 235 CRIMINAL. RESP. INJÚRIA E CALÚNIA CONTRA PROCURADOR DA REPÚBLICA. COMPETÊNCIA. CONEXÃO. REGRA DE UNIDADE DE PROCESSO E JULGAMENTO. INAPLICABILIDADE. PREVALÊNCIA DA REGRA CONSTITUCIONAL. JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL. COMPETÊNCIA ABSOLUTA. RECURSO DESPROVIDO. I - Hipótese em que o recorrido foi denunciado por injúria e calúnia contra Procurador da República, no exercício de suas funções. II - Havendo conexão ou continência, a regra geral prevista no Código de Processo Penal é a unidade de processos e julgamento perante o juízo prevalente. III - A competência dos Juizados Especiais, de previsão constitucional, é absoluta. IV - Os crimes abrangidos pela Lei /01, dentre os quais inclui-se o delito de injúria, só podem ser processados e julgados perante o Juizado Especial Criminal. V - No caso de conexão ou continência com qualquer delito de competência do Juizado Especial, não se aplica a regra de unidade de processo e julgamento das infrações previsto no Código de Processo Penal, sob pena de ofensa à regra constitucional de competência. VI - Recurso desprovido. PRINCÍPIOS PROCESSUAIS(arts. 2º e 62) - oralidade; - informalidade; - celeridade; - economia processual; e - simplicidade. Citação. Não se admite citação por edital (art. 18, 2º). Local da citação. No próprio JEC, por ocasião da audiência preliminar (66). Se o autor dos fatos não estiver presente, a citação deverá ser feita pessoalmente, por mandado. Se não encontrado o autor dos fatos para ser citado, as peças devem ser remetidas para o juízo comum (66, parágrafo único). Intimação. Por qualquer meio de comunicação, preferencialmente por AR (18 e 67). PROCEDIMENTOS DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL 2
3 INÍCIO - TERMO CIRCUNSTANCIADO Substitui o inquérito policial. Pode ser elaborado por qualquer autoridade policial, seja civil ou militar, nos termos do art. 144 da CF. A autoridade, sendo o caso, deve requisitar os exames periciais, mas não fica impedida de encaminhar autor e vítima para a Secretaria do JEC, pois o processamento da causa não depende de tais perícias (arts. 69 e 77, 1º). Em caso de prisão em flagrante delito, se o autor do fato assumir o compromisso de comparecer à audiência preliminar no JEC, não se lavra auto de prisão em flagrante nem se arbitra fiança (69, parágrafo único). Se o crime depender de representação, o termo circunstanciado pode ser feito sem tal peça, pois a fase própria para fazê-la é depois da fase conciliatória no JEC (75). 1) AUDIÊNCIA PRELIMINAR Precede ao procedimento sumaríssimo. Presença do juiz, MP, autor e vítima, estes dois acompanhados de advogados (72). Na prática, a vítima comparece sem advogado, o que não causa nenhum problema, até porque não se admite assistência de acusação nesta fase. Duas fases da audiência preliminar - composição dos danos civis; - transação penal; 1ª fase - Composição dos danos civis (72 a 74). O assistente de acusação não atua nesta fase. Só existe esta fase nas infrações que tiverem acarretado prejuízo às vítimas, sejam prejuízos morais ou materiais. Se acordada a composição, deve o termo ser homologado pelo juiz, transformando-se em título executivo judicial, a ser executado no juízo cível (74). Sendo pena de multa, o pagamento é na própria secretaria do JEC (84). O acordo homologado, tratando-se de ação penal privada ou pública condicionada, resulta em renúncia ao direito de queixa ou representação, causando a extinção da punibilidade (75). Se não se viabilizar o acordo, a vítima, tratando-se de crime de ação penal pública condicionada, poderá fazer representação verbal na mesma audiência. Se não fizer no ato, ainda contará com o prazo decadencial para fazê-lo (75 e parágrafo único da lei; art. 38 do CPP; e Súmula 594-STF). 2ª fase Transação penal (art. 76) Feita entre o MP e o autor do fato. Consiste em disposição da ação penal, ato de mitigação do princípio da obrigatoriedade da ação penal pública. Decorre do princípio da oportunidade da ação penal. É hipótese de discricionariedade limitada, regrada ou regulada. Não há na ação penal de iniciativa privada, pois o titular, no caso, não tem o jus puniendi, mas apenas o jus persequendi in juditio. Na ação penal pública incondicionada, independe do acordo civil; na condicionada, depende da representação e da inexistência do acordo. Em caso de co-autoria, pode ser formulada em relação a um, e não a outro. Nada impede que um aceite e outro rejeite a proposta. Só pode ser proposta pena restritiva de direito ou de multa. Se a proposta for de multa, o juiz pode reduzi-la até a metade. A reincidência não impede a transação penal, desde que não tenha sido o autor punido com pena privativa de liberdade pela prática de crime. O prazo de cinco anos, para os efeitos da reincidência, como previsto no artigo 64, I, do CP, não influi no JEC, pois o artigo 76 não menciona temporariedade. Logo, o registro de imposição de pena privativa de liberdade em sentença definitiva afasta a transação penal, não importando o tempo decorrido. Há, contudo, opinião em contrário. (RHC /SC, Rel. Ministra JANE SILVA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/MG), QUINTA TURMA, julgado em 13/09/2007, DJ 01/10/2007, p. 294) 3
4 Se a reincidência for por contravenção, não há impedimento, pois a lei fala em crime(76, 2º, I). Pressupostos da transação penal (76, 2º): - ação penal pública, seja condicionada ou não. - se condicionada a ação, que haja representação da vítima; - não ter sido o agente beneficiado nos últimos 05 anos com o mesmo instituto; - não ter sido o agente condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade; - não ser caso de arquivamento do TC; - serem favoráveis as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP; - proposta feita pelo MP tem que ser aceita pelo autor e seu defensor. Procedimento da transação penal MP propõe oralmente, fazendo menção às circunstâncias do art. 59 do CP, escolhendo entre a pena de multa e a restritiva de direitos. Autor e seu defensor manifestam-se, aceitando ou não. Necessária a aceitação de ambos (76, 3º). Em caso de aceitação, juiz homologa, podendo reduzir até a metade se a pena for de multa. O juiz não pode mexer na proposta de pena restritiva de direitos. Se discordar da proposta, quanto ao mérito, o juiz, de acordo com entendimento do STJ, deve encaminhar os autos para o Procurador Geral de Justiça, aplicando por analogia o art. 28 do CPP. HABEAS CORPUS. DENÚNCIA. ART. 12 DA LEI 6.368/76. SENTENÇA. DESCLASSIFICAÇÃO ART. 16 DA MESMA NORMA. CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO. TRANSAÇÃO PENAL. RECUSA DO MINISTÉRIO PÚBLICO. APLICAÇÃO DE OFÍCIO PELO MAGISTRADO. IMPOSSIBILIDADE. ATO PRIVATIVO DO PARQUET. NECESSIDADE DE REMESSA DOS AUTOS AO PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA. INTERPRETAÇÃO DO ART. 28 DO CPP. SUPERVENIÊNCIA DA LEI Nº /06. AUSÊNCIA DE PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. NOVATIO LEGIS IN MELLIUS. APLICAÇÃO RETROATIVA. EXISTÊNCIA DE NOVAS PUNIÇÕES. APROVEITAMENTO DA PENA INDEVIDAMENTE CUMPRIDA PELO SENTENCIADO. PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO. ORDEM CONCEDIDA. 1. É possível o oferecimento da proposta de transação penal em momento posterior ao recebimento da denúncia quando ocorrer, por exemplo, a desclassificação da conduta atribuída ao réu. 2. O oferecimento da proposta transação é ato privativo do Ministério Público. Havendo recusa por parte do representante do Parquet, cabe ao Magistrado, entendendo ser caso de aplicação do benefício, remeter os autos ao Procurador-Geral, a teor do que estabelece o art. 28 do Código de Processo Penal. 3. Em virtude da superveniência da Lei nº /06, a conduta apontada ao paciente porte de entorpecente para consumo próprio não mais prevê a aplicação de penas privativas de liberdade. Assim, deve retroagir em obediência ao princípio da retroatividade da norma penal mais benéfica. 4. No caso concreto, o paciente aceitou a indevida proposta de transação feita pelo Magistrado e cumpriu a obrigação de pagar cesta básica a instituição filantrópica. Considerando as penalidades previstas no art. 28 da Lei nº /06, é de se considerar que, bem ou mal, já se cumpriu a sanção aplicada, devendo ser reconhecida a extinção da pena por seu efetivo cumprimento. 5. Ordem concedida, para reconhecer extinta a pena por seu efetivo cumprimento. (HC /SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 17/03/2009, DJe 03/08/2009) Cumpre ao juiz, em caso de discordância, não acolher a proposta ( 4º do art. 76), cabendo apelação da decisão (76, 5º). Também cabe apelação em caso de acolhimento da proposta (76, 5º). Não cabe transação penal ex officio. Se ocorrer, deve ser impetrado mandado de segurança e/ou correição parcial. Em caso de trânsito em julgado da sentença homologatória, não cabe revisão nem revogação, pois é vedado ao juiz nova atuação no feito. Em caso de co-autoria, a transação pode ser feita com um, e não com os demais. Não se admite assistente de acusação na transação penal. 4
5 Se o autor dos fatos não aparecer na audiência, deve ser entendido que não tem interesse na conciliação e na transação penal (77). Há corrente que defende que o mesmo pode ser conduzido, com base no art. 80. **Se não houver cumprimento da transação a. Acordo homologado=predomina entendimento de que não é possível o oferecimento da denúncia veja STJ homologação faz coisa julgada formal e material ((HC /RJ, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em 18/12/2008, DJe 09/03/2009): Processo RESP / SP ; RECURSO ESPECIAL 1999/ Relator(a) Ministro FERNANDO GONÇALVES (1107) Relator(a) p/ Acórdão Ministro HAMILTON CARVALHIDO (1112) Órgão Julgador T6 - SEXTA TURMA Data do Julgamento 02/09/2003 Data da Publicação/Fonte DJ p. 393 RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL PENAL. CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO. TRANSAÇÃO PENAL. APLICAÇÃO DE PENA DE MULTA. INADIMPLEMENTO. OFERECIMENTO DE DENÚNCIA. DESCABIMENTO. 1. É segura a jurisprudência dos Tribunais Superiores na afirmação do incabimento de propositura de ação penal, na hipótese de descumprimento da transação penal (artigo 76 da Lei nº 9.099/95). 2. Ressalva de entendimento contrário do Relator. 3. Recurso especial não conhecido. b. Acordo NÃO HOMOLOGADO entende-se que é possível o oferecimento da denúncia STJ: Processo HC / SP ; HABEAS CORPUS 2004/ Relator(a) Ministro FELIX FISCHER (1109) Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA Data do Julgamento 19/10/2004 Data da Publicação/Fonte DJ p. 310 PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 147, DO CÓDIGO PENAL. TRANSAÇÃO PENAL. LEI Nº 9.099/95. DESCUMPRIMENTO DE ACORDO NÃO HOMOLOGADO. OFERECIMENTO DA DENÚNCIA. POSSIBILIDADE. Não tendo havido a homologação da transação penal, é cabível o oferecimento da denúncia em desfavor do autor do fato. (Precedentes). Ordem denegada. Requisitos da sentença homologatória de transação penal - descrição dos fatos; - identificação das partes; - descrição da pena acordada; - data e assinatura do juiz. Efeitos da sentença homologatória (76, 4º e 6º) - não gera reincidência; - não gera efeitos civis; - não funciona como antecedente criminal. 2) PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO (77 a 83) Se inviabilizadas as fases precedentes (acordo civil e transação penal), surge a denúncia oral ou queixa. Oferecimento de denúncia ou queixa - se não for caso de arquivamento de TC (art. 43 do CPP); - se não for o caso de realização de novas diligências; - se a causa não for complexa. Sendo complexa, os autos devem ser remetidos para o juízo comum (66 e 77, 2º). Requisitos da denúncia oral - descrição fática (tempo, lugar, prática etc); - qualificação do autor; 5
6 - classificação do crime; - rol de 05 testemunhas (art. 539 do CPP); - materialidade. Dispensa de IP e de exame de corpo de delito (77, 1º); Citação. Sempre pessoal, na forma dos arts. 66, 68 e 78, 1º. Se não for encontrado o denunciado, os autos devem ser remetidos para o juízo comum, pois não se admite citação por edital (18, 2º). Testemunhas de defesa. Também em número de cinco, o rol deve ser depositado na secretaria do JEC até cinco antes da audiência de instrução e julgamento (78, 1º). Pode o acusado levar suas testemunhas no dia da audiência, se quiser. Audiência de instrução e julgamento. Preliminarmente, abre-se nova oportunidade para conciliação e proposta de transação penal (79). Defesa prévia oral (81). Recebimento ou não da denúncia pelo juiz. Se recebida a denúncia (art. 81): - oitiva da vítima; - oitiva das testemunhas de acusação; - oitiva das testemunhas de defesa; - interrogatório do acusado; - debates orais por vinte minutos para cada parte; - sentença, dispensado o relatório. Sistema recursal Os recursos são julgados pela Turma Recursal do Juizado Especial, composta por três juízes togados, todos do primeiro grau de jurisdição (82). O MP atua como custus legis. Recurso de apelação (82) Prazo de dez dias. Petição e razões juntas (82, 1º). Cabível da rejeição de denúncia ou queixa, da sentença homologatória de transação e da sentença de mérito. Contra-razões no prazo de dez dias (82, 2º). Embargos declaratórios (83) Prazo de cinco dias. Suspendem o prazo de interposição de apelação. Podem ser interpostos por escrito ou oralmente. Erros materiais podem ser corrigidos de ofício. Recurso em sentido estrito Embora a lei não preveja, pode ser interposto, pois o CPP é aplicável subsidiariamente (art. 92 da lei). Ex: contra sentença que declara extinta a punibilidade (581, VIII, CPP). Recurso extraordinário. Cabível para o STF, desde que existente qualquer hipótese do art. 102, inciso III, da CF. Recurso Especial. Não cabe no JEC, pois o art. 105, inciso III, da CF, exige que a decisão recorrida emane de única ou última instância dos tribunais. Habeas corpus. É cabível, com base no artigo 5º, LXVIII, da CF. A jurisprudência define que a Turma Recursal do JEC é competente para apreciar HC contra ato do Juízo monocrático do JEC. 6
7 Se for contra a Turma Recursal, o HC inicialmente ia para o STF, nos termos da Súmula nº EC 22/99 (CF art. 102, I, i). Todavia, tal entendimento restou superado por decisões do STF, a partir do HC86.834/ ) (Rcl 5296, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Segunda Turma, julgado em 26/02/2008, DJe-074 DIVULG PUBLIC EMENT VOL PP RTJ VOL PP LEXSTF v. 30, n. 357, 2008, p ) Mandado de Segurança Contra ato do Juizado Especial cabe o mandado de segurança perante a Turma Recursal respectiva. Processo AgRg no MS / MG ; AGRAVO REGIMENTAL NO MANDADO DE SEGURANÇA 2005/ Relator(a) Ministro FERNANDO GONÇALVES (1107) Órgão Julgador S2 - SEGUNDA SEÇÃO Data do Julgamento 30/03/2005 Data da Publicação/Fonte DJ p. 191 AGRAVO REGIMENTAL. MANDADO DE SEGURANÇA. ATO DE TURMA RECURSAL DE JUIZADO ESPECIAL. INCOMPETÊNCIA DESTA CORTE. SÚMULA. 41/STJ. 1 - Sendo impetrado o mandado de segurança contra ato da Turma Recursal do Juizado Especial Cível e Criminal da Comarca de Sete Lagoas/MG, a incompetência desta Corte para apreciá-lo é manifesta, a teor do disposto na súmula 41/STJ. 2 - Agravo regimental não provido. Súmula 41 Data do Julgamento 14/05/1992 Data da Publicação/Fonte DJ p RSTJ vol. 38 p RT vol. 679 p. 188 Enunciado O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA NÃO TEM COMPETENCIA PARA PROCESSAR E JULGAR, ORIGINARIAMENTE, MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA ATO DE OUTROS TRIBUNAIS OU DOS RESPECTIVOS ORGÃOS. 3) EXECUÇÃO DAS DECISÕES DO JEC (84 a 86) Pena de multa As penas de multa são pagas na própria secretaria do JEC. Paga a multa, o juiz declara extinta a punibilidade. Tanto a multa decorrente da transação penal quanto a imposta na sentença são executadas pela própria secretaria do JEC. Prazo: dez dias (art. 50 do CP). Se a multa for cumulativa com outras penas, a execução vai para o juízo competente, saindo da esfera do JEC (86). Se não paga a multa, a mesma será considerada dívida de valor, devendo ser executada na esfera cível competente, nos termos do artigo 51 do CP, modificado pela Lei 9.268/96. Pena privativa de liberdade e restritiva de direitos A execução pertence aos órgãos competentes, nos termos da LEP e das leis estaduais (86). 4) SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO (art. 89) Só cabe em ação penal pública, seja condicionada ou não. Exige-se que a pena mínima seja igual ou inferior a um ano. Cabível em qualquer processo (JEC, justiça comum estadual, federal, eleitoral etc. Prazo: de dois a quatro anos. Réu não pode ter sido condenado nem estar sendo processado por outro crime. Se for contravenção, pode ser feita a proposta. Presença dos requisitos do artigo 77 do CP sursis. 7
8 Juiz não pode suspender o processo de ofício, se o Promotor não o fizer, pois é ato do MP. Há corrente que entende que o juiz deve, então, mandar os autos para o Procurador Geral de Justiça, com base no art. 28 do CPP (STF). Prevalece, atualmente, a Súmula 696 do STF, nesse sentido. Se o juiz suspender de ofício, cabe correição parcial e mandado de segurança. Em caso de carta precatória, as condições para suspensão devem ser impostas pelo juízo deprecante, ante a formulação do MP (STJ). A revogação da suspensão é obrigatória, se o réu, no curso do prazo, for processado por outro crime ou não reparar o dano causado. Poderá ser revogada (é faculdade) a suspensão, se o réu for processado por contravenção ou descumprir qualquer outra condição imposta. A suspensão do processo suspende também o curso da prescrição. Expirado o prazo da suspensão sem revogação, extingue-se a punibilidade, desde que cumpridas as condições, pois, se houve descumprimento, o STJ tem entendido que cabe revogação mesmo após o período de prova. A proposta de suspensão do processo deve ser feita no momento do oferecimento da denúncia, mas pode ser feita enquanto não transitar em julgado a decisão. Há entendimento no sentido de que o momento da proposta é o do oferecimento da denúncia, sob pena de preclusão para o MP. Em caso de concurso material de crimes, as penas devem ser somadas, não se computando isoladamente para fins de proposta de suspensão do processo (art. 69 do CP). Em caso de concurso formal e crime continuado (S. 723/STF), deve ser acrescido ao mínimo da pena prevista o aumento mínimo de 1/6 (arts. 70 e 71 do CP). Em caso de tentativa, deve ser aplicada a redução de 2/3 (máximo) sobre o mínimo previsto para o crime consumado. Em caso de causa especial de diminuição de pena, deve ser aplicada a redução no máximo previsto sobre o mínimo cominado. Em caso de causa especial de aumento de pena e de qualificadora, aplica-se o mínimo previsto sobre o mínimo cominado. O juiz deve receber a denúncia para, depois, analisar a proposta de suspensão processual. NOTA: O Superior Tribunal de Justiça (STJ), em 9 de maio de 2007, aprovou o seguinte verbete de súmula: É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva (Súmula 337). Descumprimento das Condições conseqüências - STJ: RESP / RS ; RECURSO ESPECIAL 2004/ Relator(a) Ministra LAURITA VAZ (1120) Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA Data do Julgamento 07/04/2005 Data da Publicação/Fonte DJ p. 406 RECURSO ESPECIAL. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. DESCUMPRIMENTO DOS REQUISITOS. REVOGAÇÃO APÓS O TÉRMINO DO PERÍODO DE PROVA. POSSIBILIDADE. 1. Constatado o descumprimento de condição imposta durante o período de prova do sursis processual, é perfeitamente cabível a revogação do benefício, ainda que a decisão venha a ser proferida após o término do período de prova. Precedentes do STJ e do STF. 2. Recurso conhecido e provido. Crimes de lesão corporal leve e culposa Passaram a depender de representação (88) (Ver exceção-lei /06-LMP) Lei nº 9.839/99 Acrescenta à Lei 9.099/95 o artigo 90-A, no sentido de que as disposições da Lei do JEC não se aplicam no âmbito da Justiça Militar Diante da nova definição de infração penal de menor potencial ofensivo, o que fazer caso corra ação penal por infração penal que anteriormente não se ajustava à noção ditada pelo artigo 2º, da Lei /01? 8
9 Processo HC / RJ ; HABEAS CORPUS 2005/ Relator(a) Ministro JOSÉ ARNALDO DA FONSECA (1106) Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA Data do Julgamento 19/04/2005 Data da Publicação/Fonte DJ p. 376 "HABEAS CORPUS ORIGINÁRIO. PORTE ILEGAL DE ARMA. CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO. COMPETÊNCIA. JUIZADO ESPECIAL. AÇÃO PENAL EM ANDAMENTO. A competência dos Juizados Especiais Criminais é absoluta, pois delimitada em razão da matéria, a teor do art. 98, I, da Constituição da República. Assim, não há como negar a possibilidade de se aplicar as disposições contidas na Lei 10259/01 a fatos anteriores a sua vigência, dada à retroatividade da lex mitior, mesmo que estejam sendo processados pela Justiça Comum." Ordem concedida para declarar a competência dos Juizados Especiais de Campos dos Goytacazes, anulados os atos decisórios eventualmente prolatados pelo outro Juízo. Com relação ao julgamento de ações constitucionais como mandados de segurança e habeas corpus STJ ato de Juiz Federal do Juizado será julgado pela Turma Recursal, não TRF. Processo RESP / RS ; RECURSO ESPECIAL 2004/ Relator(a) Ministro GILSON DIPP (1111) Órgão Julgador T5 - QUINTA TURMA Data do Julgamento 03/03/2005 Data da Publicação/Fonte DJ p. 361 PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. APLICAÇÃO DAS SÚMULAS 282 E 356/STF. JUIZADOS ESPECIAIS E TURMAS RECURSAIS. CRIAÇÃO. PREVISÃO CONSTITUCIONAL. LEI /01. JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. MANDADO DE SEGURANÇA. ATO ABUSIVO OU ILEGAL DE JUIZ FEDERAL. COMPETÊNCIA DAS TURMAS RECURSAIS PARA O JULGAMENTO DO "WRIT". GARANTIA CONSTITUCIONAL. PRECEDENTES. TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL. INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA. ARTIGO 41 DA LEI 9099/95. APLICABILIDADE AOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS. ARTIGO 3º DA LEI /01. NÃO INCIDÊNCIA. RECURSO DESPROVIDO. 5) IMPLICAÇÕES DA LEI /06 (Violência Doméstica c/mulher) Segundo artigo de Guilherme de Souza Nucci ( a ação penal pública decorrente de lesões corporais leves em cenário de violência doméstica, é incondicionada. Argumento:...não vemos sentido algum em se considerar a lesão leve, que sempre se referiu ao caput do art. 129, como atrelada à lesão qualificada do at. 129, 9º. Em suma, a lesão qualificada diversamente do que, antes, era previsto para a lesão leve, ou seja, simples tem como conseqüência a ação pública incondicionada. Não bastasse, o art. 41 da Lei /06, afastando por completo a Lei 9.099/95, deve ser cumprido. Já a regra do art. 16, da Lei /06, teria como foco outras infrações penais sujeitas à representação da ofendida (ameaça-147-cp). Assevera, então, Guilherme de Souza Nucci: Assim, em vista do disposto no artigo 16, da Lei /06: a) havendo representação da vítima, pode ocorrer a retratação antes de recebida a denúncia, em audiência especialmente designada para tal fim; b) não tendo havido representação, pode ocorrer a renúncia ao direito de representar, se for por termo expresso, antes do recebimento da denúncia, igualmente em audiência especialmente designada para tal finalidade. Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público. 9
10 Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa. Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei n o 9.099, de 26 de setembro de
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