ENTRE FERAS CAPÍTULO 24 NOVELA DE: RÔMULO GUILHERME ESCRITA POR: RÔMULO GUILHERME

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1 ENTRE FERAS CAPÍTULO 24 NOVELA DE: RÔMULO GUILHERME ESCRITA POR: RÔMULO GUILHERME

2 CENA 1. APTO E. QUARTO. INTERIOR. NOITE Cíntia está mexendo no notebook, deitada em cima da cama. Deusdete entra. (MOSTRANDO) Esse aqui é o João Marcos, nossa próxima vítima. Ele até que é bem bonito, viu! Ele é uma criança, Cíntia! E o que isso tem haver? Eu não vou machucar uma criança. Minha dívida com Deus está ficando muito alta já, cheio de pecados... Não vamos machucar ninguém, Deusdete! Só vamos querer a grana, pra gente sumir no mundo! Assim é melhor. (PRA SI) Mas se for preciso eu machuco, até mato! CENA 2. HOSPITAL. SALA ESPERA. INTERIOR. NOITE Kléber está muito agitado, querendo saber notícias de Salustiana. Fernanda tenta o acalmar. Vai ficar tudo bem, Kléber. Você vai ver! Foi minha avó quem me criou. Ela é a única pessoa que eu tenho nesse mundo. Agora você tem a mim também, a sua irmã Cíntia... Eu não entendo como ela foi cair desse jeito. Acidente acontecem, Kléber. E foi tudo um acidente. O médico aparece. Kléber se aproxima dele. MÉDICO MÉDICO Então, doutor. Como minha avó está? Ela perdeu o movimento das pernas. Ela está paraplégica? Pelo que tudo indica sim. Precisamos fazer outro exames para diagnosticar melhor essa paralisia, que pode ser tanto momentânea, como também permanente.

3 (DESESPERA) Não pode ser! Minha avó paraplégica? Ela não vai suportar isso! Não vai! (ABRAÇANDO ) Pode contar comigo pro que você e sua avó precisarem! Se for preciso eu levo sua avó para os Estados Unidos, onde ela poderá ter um tratamento melhor... Obrigado, Fernanda. É bom saber que temos amigos ao nosso lado nesses momento. CENA 3. MANSÃO VISCOY. QUARTO. INT. NOITE João Marcos está terminando de escrever uma carta. Ele termina e arranca o papel, dobra e coloca em cima da sua cama. Pega uma foto em cima do criado, onde ele aparece com Fernanda e Mariano num lugar bonito, e fica olhando, enquanto fala: (CHORANDO CONTIDO) Fiz isso pro bem de vocês dois! Agora eu sou um criminoso, matei uma pessoa que merecia. Preciso fugir, ir embora dessa casa pra bem longe... João pega sua mochila, que já está cheia com roupas e outro objetos seu. Dá uma última olhada no quarto, fecha a porta e vai embora. CENA 4. HOSPITAL. QUARTO SALUSTIANA. INTERIOR. NOITE Salustiana está deitada. Kléber está do seu lado. SALUSTIANA Então a senhor não está paraplégica? (LEVANTANDO) É claro que não! Não está vendo? Por que o médico disse que a senhora tinha perdido o movimento das pernas então? SALUSTIANA Qualquer um nesse país se vende por uma boa grana. Eu paguei pra ele dizer isso, pra que a Fernanda ficasse com a consciência pesada, sabendo que foi o filho dela quem me deixou nesse estado. Com isso vamos ganhando mais tempo dentro da mansão, com direito a todas as mordomias, adiando o teste de DNA, a tempo de

4 você conquistá-la de uma vez, agora que ela está muito frágil, depois de ter pego o marido na cama com outra mulher. Entendeu, agora meu neto burrinho? SALUSTIANA Entendi agora, vó! A senhora é muito esperta! Pena que você não herdou essa esperteza de mim, né?! Se tivesse herdado já tinha se dado bem na vida há muitos anos, sem precisar de minha ajuda pra nada. CENA 5. MANSÃO VISCOY. QUARTO. INT. NOITE Mariano e Fernanda. (EXALTADA) Fugiu? Como assim fugiu? (ENTREGANDO BILHETE) Eu entrei no quarto e vi esse papel em cima da cama. Olhei no guarda-roupa, no criado e vi que ele levou algumas roupas. (DESESPERADA) Meu filho andando sozinho por aí... O que aconteceu pra ele ter ido embora assim, Fernanda? (FERINA) Volta pra sua vagabunda lá, Mariano. Deixa que do meu filho eu cuido. Nosso filho, Fernanda. Ele é nosso. Eu como pai dele também estou preocupado. E quero saber o que aconteceu aqui, pra ele tomar essa atitude. Eu vou te contar o que aconteceu no caminho até a delegacia. Não podemos perder nenhum segundo, pois o João está em perigo, nessa cidade tão violenta. CENA 6. RUAS. EXTERIOR. NOITE João Marcos caminha sem rumo, em meio as pessoas, aos carros. Em seus olhos é possível perceber o medo que está sentindo. Mesmo assim vai seguindo sem saber pra onde, apenas sabendo que tem que ir. CENA 7. RUA. SINAL. EXTERIOR. NOITE O sinal fecha para os carros e abre para os pedestres. João Marcos atravessa a rua. Um dos carros que está parado é o de Deusdete. Cíntia está do seu lado e vê João passando, reconhecendo-o de imediato. (GRITA) É o moleque!

5 Onde? (MOSTRANDO) É ele passando alí! O que ele tá fazendo andando sozinho uma horas dessas? Isso que vamos descobrir agora. O sinal abre e Deusdete acelera com o carro, parando um pouco a frente. Cíntia saí correndo de dentro do carro e vai atrás de João Marcos. João? Sou eu tia Cíntia! O que você tá fazendo na rua, sozinho, uma hora dessa? Eu fugi de casa. Eu matei uma pessoa! (SURPRESO) Você o quê? Empurrei a bruxa da Salustiana da escada da minha casa. Por isso eu tenho que fugir, sumir no mundo. Vem comigo, João. Você não pode ficar andando sozinho por aí não. É muito perigo. Você não vai me levar de volta pra casa não, né? Não se preocupe. Vou te levar pra um lugar muito melhor, mais seguro, onde ninguém vai te encontrar! CENA 8. CASA ISOLADA. FRENTE. EXTERIOR. NOITE O carro de Deusdete para perto da entrada da casa velha, simples. Deusdete saí e vai abri a casa. Cíntia também saí e abre a porta traseira para que João Marcos, que desce e estranha o local. Onde nos estamos? Você não queria ficar escondido? Pois então! Aqui é o local perfeito! Vamos entrar? CENA 9. CASA ISOLADA. SALA. INTERIOR. MADRUGADA Cíntia e Deusdete. E o moleque?

6 Tá lá no quarto, jogando no celular dele. (FELIZ) Que sorte a nossa cara, o peixe cair na nossa rede assim, de mãos beijada. Bota sorte nisso! Eu falo, que o Cara lá de cima gosta de mim, você não acredita. E agora? O que vamos fazer? Você vai naquela supermercado comprar comida, enquanto eu vou ligar pra Fernanda e fazer o terror nela. Quanto você vai pedir de resgate? Um milhão de reais! CENA 10. MANSÃO VISCOY. SALA. INTERIOR. MADRUGADA Fernanda e Mariano entram em casa. Agora temos que esperar alguma notícia. Eu só não te expulsei dessa casa ainda, Mariano, porque não estou com cabeça pra isso. Mas não pensa que eu esqueci do que eu viu. Eu sei que fui fraco. A tentação da carne foi mais forte e você está no seu direito de ficar magoada, decepcionada comigo novamente. O telefone fixo da casa começa a tocar. Fernanda atende. (TEL) Alô?... Quem tá falando? CENA 11. ORELHÃO. EXTERIOR. MADRUGADA Cíntia no telefone. (IRÔNICA) Não tá reconhecendo minha voz, querida? Sou eu, Cíntia, sua eterna rival. Sabe quem tá comigo aqui agora? Seu filhinho João Marcos! Ele é uma graça! (OFF) Sua desgraçada! O que você fez com meu filho?

7 Eu não fiz nada, ainda! Vai depender de você! Eu não sei se estou sendo muita clara, mas se trata de um seqüestro. Você só vai ter seu filho de volta, quando pagar o que eu quero. E o quanto você quer, Cíntia? Sua psicopata, seu demônio... Para de me elogiar, se não eu fico sem graça! Quero um milhão de reais pela vida do seu filho! FIM DO CAPÍTULO