PREFEITURA MUNICIPAL DE VÁRZEA PAULISTA ESTADO DE SÃO PAULO
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1 Ofício GAB nº. 058/2006-CAN Várzea Paulista, 04 de setembro de Excelentíssimo Senhor Presidente, Servimo-nos do presente para encaminhar ao crivo dessa Colenda Câmara o incluso Projeto de Lei Complementar que institui o Plano Diretor do Município de Várzea Paulista e dá outras providências, para devida instrução e apreciação pela Edilidade. Sem mais, aproveitamos a oportunidade para renovarmos nossos protestos de elevada estima e consideração. Cordialmente, Eduardo Pereira Prefeito de Várzea Paulista Ao Exmo. Sr. EMERSON AFONSO Presidente da Câmara Municipal de Várzea Paulista
2 JUSTIFICATIVA Exmo. Sr. Presidente de Câmara Municipal, Temos a honra de encaminhar à apreciação desse Legislativo o incluso Projeto de Lei Complementar que institui o Plano Diretor do Município de Várzea Paulista e dá outras providências. O projeto ora proposto vem a preencher significativa lacuna do ordenamento municipal, uma vez que o Município, ao longo dos últimos anos, se ressente da ausência de um instrumento voltado especificamente para o planejamento de uma política de desenvolvimento, que ao mesmo tempo em que orienta a ocupação do seu território, é orientada por este e pelas suas potencialidades. Mais do que o cumprimento das disposições constitucionais, assim como do Estatuto da Cidade, a construção do Plano Diretor em nosso Município, proporcionou uma experiência única de participação popular, que, pretendemos, seja transformada em prática constante na gestão pública. O projeto que ora se apresenta é o resultado de diversas plenárias regionais e temáticas que permitiram uma leitura real da Cidade, de suas contradições, problemas e principalmente de suas potencialidades. É também o resultado de uma reflexão coletiva, que envolveu não só o Executivo, mas também a sociedade civil, os empreendedores e o Legislativo. Ao longo destes dez meses de trabalho foram realizadas doze plenárias, além de reuniões semanais de grupos de trabalho que permitiram o aprofundamento dos temas que deveriam orientar e compor o Plano Diretor e que permitiram a elaboração de diretrizes e proposições que ora compõe este Projeto de Lei. Todo o trabalho foi coordenado por um Conselho de Acompanhamento da Elaboração do Plano Diretor (CAE), composto por representantes dos diversos segmentos, e que, ao final deverá ser consolidada como o Conselho de Desenvolvimento Urbano a quem incumbirá, enquanto órgão consultivo e de acompanhamento, fiscalizar a implementação do Plano Diretor e da política urbana que ora se apresenta. A despeito da existência das sucessivas normas ordinárias já editadas
3 contemplando o uso do solo no Município - como a lei de parcelamento, uso e ocupação do solo e do perímetro urbano - estas não conseguiram acompanhar o dinamismo das transformações físicas das áreas urbanas já consolidadas, nem tampouco das áreas de expansão urbana. O resultado é perceptível: a ausência de critérios claros de ocupação e licenciamento das atividades produtivas não só resultam no número crescente de atividades não licenciadas como também na própria estagnação ou desenvolvimento insuficiente da capacidade produtiva, ao mesmo tempo em que contribuem para uma equivocada concepção das possibilidades de crescimento e desenvolvimento do Município. A finalidade maior do projeto de lei ora proposto é a instituição de um instrumento que permita conciliar os diversos interesses que possam levar ao desenvolvimento e crescimento das atividades sócio-econômicas, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da população moradora, além da construção de modelos democráticos de gestão deste território no qual se darão estas atividades. Fundamento principal deste processo é o resgate ao direito à cidade, com a união de todos os setores econômicos, sociais e políticos na construção dos critérios e condições que deverão ser observados para que a propriedade cumpra sua função social, garantindo-se o pleno desenvolvimento da cidade e a justa distribuição dos benefícios a todos os seus moradores. Assim, além de propor uma nova divisão territorial no qual serão desenvolvidas as atividades sócio-econômicas com o estabelecimento de novos critérios de permissibilidade mais claros e coerentes com a realidade existente o projeto ora proposto vem orientado pela possibilidade da coexistência entre os diversos usos, abandonando-se a idéia de espaços ou setores exclusivamente destinados a uma única função (seja ela residencial ou comercial). A única exceção é a preservação de uma área destinada a usos industriais, na qual, embora outros usos possam vir a ser tolerados, pretende-se fiquem reservados àquelas atividades industriais que por sua natureza apresentem-se com um potencial de incômodo mais intenso. Os critérios de licenciamento das atividades, por sua vez, vêm orientados pela compatibilidade do uso da propriedade com a infra-estrutura, equipamentos e serviços públicos já disponíveis, ou, se o caso, que venham a ser instalados para o seu
4 desenvolvimento. A proposta de uma gestão democrática do território vem expressa não só na consolidação do Conselho de Acompanhamento da Elaboração do Plano Diretor enquanto um órgão consultivo e fiscalizador da implantação do Plano, como também na consolidação do papel essencial dos Conselhos e Conferências Municipais na elaboração das políticas de inclusão social. Expressa-se também na consolidação da participação na elaboração do orçamento municipal com a obrigatoriedade da realização de debates, audiências e consultas públicas sobre as propostas do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e do orçamento anual e no processo de revisão do próprio plano diretor. Há que se destacar também que a preservação, proteção e recuperação do Meio Ambiente um dos eixos estratégicos das diretrizes do plano diretor orientaram não só a própria divisão territorial, com a instituição da Macrozona de Proteção e Preservação, com critérios de ocupação próprios a distingui-la das demais, como também o estabelecimento de dois planos estratégicos: a instituição de um Parque Linear ao longo do rio Jundiaí também demarcado por uma zona de uso específica e a elaboração do mapa de preservação de vegetação de interesse, no qual deverão ser identificadas as áreas com fragmentos de vegetação nativa atualmente existentes no Município. Os novos instrumentos jurídicos trazidos pelo Estatuto da Cidade assumem papel relevante na construção destas estratégicas: a preservação e recuperação do meio ambiente, por exemplo, tornam-se mais viáveis na medida em que o setor privado passa a contar com a possibilidade de transferir o potencial construtivo de áreas de interesse de preservação para outras regiões da cidade ou até mesmo de obter um acréscimo deste potencial com o desenvolvimento e implantação de projeto específico de recuperação de áreas degradadas. Por fim, há que se destacar que o processo de leitura coletiva da Cidade e da construção participativa do Plano Diretor, proporcionou a sucessiva legitimação das propostas que ora se apresentam: o resultado final que ora submetemos à apreciação dessa Casa, além de cumprir as diretrizes gerais estabelecidas no Estatuto da Cidade (Lei /2001), apresenta-se como o pacto que venha a garantir o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, resgatando
5 para seus moradores, a dignidade, a segurança e qualidade de vida que merecem. Estas, pois, as principais considerações que justificam a apresentação do presente projeto de lei. Trata-se de proposição de relevante interesse público, razão pela qual contamos com sua aprovação por essa Egrégia Câmara Municipal. Ao ensejo, renovamos a Vossa Excelência e ilustres Vereadores nossos protestos de estima e respeito. Várzea Paulista, 04 de setembro de Eduardo Pereira Prefeito de Várzea Paulista
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