Boletim. Contabilidade Gerencial. Manual de Procedimentos. Previsões empresariais - O método Delphi. Temática Contábil e Balanços 1.

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1 Boletim Manual de Procedimentos Contabilidade Gerencial Previsões empresariais - O método Delphi SUMÁRIO 1. Introdução 2. Previsões empresariais - Tipos e eficácia 3. O método Delphi 4. Conclusão 1. INTRODUÇÃO Sabe-se que decidir - o ato de escolher entre duas ou mais alternativas de ação em condições de incerteza ou de risco - é uma atribuição constante no dia a dia de empresários e administradores. Tanto é assim que a função de bem administrar identifica-se de forma inelutável com a arte de decidir acertadamente. Por outro lado, toda decisão, quer de negócios quer de qualquer outra natureza, depende de previsões referentes ao objetivo a ser alcançado e aos efeitos esperados de cada uma das diferentes alternativas tendentes a concretizar esse objetivo. Assim, caracteriza-se a sequência previsão correta - decisão acertada - administração competente, na qual o primeiro elemento, que viabiliza os elementos que o seguem, é, pela sua própria condição de base do processo, o mais importante e, quase sempre, o mais difícil. O presente texto enfatiza a importância das previsões empresariais, destacando o método Delphi, que, desde a década dos anos 60 do século passado, constitui-se em um instrumento de real ajuda para empresários e administradores empenhados na construção de previsões. É conveniente que, de início, o leitor recorde que as previsões de interesse das empresas podem Sabendo que previsões e adivinhações nada têm em comum, a não ser o detalhe de referirem-se ao futuro, devemos, com toda tranquilidade, opornos determinadas conclusões, sempre baseados no fato de que adivinhações podem, até, ser impossíveis, mas, previsões, não. ser divididas em duas categorias: as quantitativas e as qualitativas. São quantitativas as previsões que buscam antecipar fatos e eventos obrigatoriamente expressos em números e comumente baseados em séries numéricas, como é o caso, por exemplo, das estimativas de volumes e valores de vendas futuras; as previsões qualitativas, por sua vez, são aquelas que dispensam expressão numérica, como ocorre quando se busca identificar as condições futuras que tenderão a influenciar o desempenho da empresa em todas as suas atividades, como, por exemplo, mudanças das preferências do cliente e expectativas concernentes ao lançamento de novos produtos ou ao surgimento de novos concorrentes. Algumas previsões podem ser consideradas mistas, quando se torna necessária uma projeção qualitativa prévia, para servir de base a uma previsão quantitativa a ela associada. Em qualquer desses casos, como adiante esperamos demonstrar, o método Delphi pode facilitar expressivamente a execução do trabalho, elevando o nível de qualidade da previsão. 2. PREVISÕES EMPRESARIAIS - TIPOS E EFICÁCIA Como disse um gaiato (citado no Guia dos Números do The Economist e o bastante esperto para esconder a sua identidade atrás de um prudente anonimato): fazer previsões é muito difícil, principalmente sobre o futuro. Assim sendo, não é à toa que Nostradamus e mais profetas pós bíblicos conseguiram granjear fama equivalente à dos modernos gurus da administração. Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Ago/ Fascículo 32 TC 1

2 Na verdade - e não há quem o negue - fazer previsões (mesmo dentro dos moderados limites de correção que caracterizam as melhores delas) é atividade difícil e cheia de percalços. Que o digam aqueles que se incumbem de estimar valores vindouros de vendas e de custos ou de selecionar fatores que tendem a exercer influência significativa sobre a evolução futura dessas e de todas as demais variáveis empresariais. Recentemente, talvez por influência das teorias do caos e da notável difusão do efeito borboleta, os administradores partidários de tendências marcadamente acadêmicas têm, até, defendido a tese de que previsões - sejam quais forem - não podem ser feitas. A nosso ver, esses teóricos estão confundindo previsão com adivinhação, de forma que não podemos intimidar-nos com as suas conclusões pessimistas. Sabendo que previsões e adivinhações nada têm em comum, a não ser o detalhe de referirem-se ao futuro, devemos, com toda tranquilidade, opor-nos determinadas conclusões, sempre baseados no fato de que adivinhações podem, até, ser impossíveis, mas, previsões, não. Outro detalhe relevante esquecido pelos que defendem a inutilidade das previsões empresariais é que, para efeitos administrativos, não é necessário estimar com precisão milimétrica as condições futuras de uma empresa e do mercado em que opera, sendo suficiente, para uma satisfatória orientação estratégica, construir um quadro apenas aproximado daquilo que se oculta nas possibilidades dos acontecimentos. Portanto, para dispormos de previsões empresariais úteis, não precisaremos adivinhar coisa alguma: será suficiente compormos um cenário coerente e racional da evolução do mercado, estritamente compatível com o que hoje conhecemos sobre as condições passadas e atuais desse mercado, bem como sobre as tendências que devem influir sobre o seu futuro. Assim, como bem o sabem os administradores experientes, é sempre melhor dispor de uma projeção imperfeita do que não contar com previsão nenhuma. Entretanto, mesmo perseguindo objetivos tão modestos em termos de conhecimento do futuro, devemos estar preparados para uma tarefa complexa e nada fácil. Assim, para viabilizar tal tarefa, a teoria da administração desenvolve continuamente procedimentos facilitadores da arte-ciência da previsão. Esses procedimentos variam de simples palpites executivos a complexos e elaborados métodos matemáticos. Todos têm a sua utilidade quando usados de forma combinada; mas nenhum ajuda muito se usado isoladamente. Sempre que se trata de assunto cujos indicadores passados e presentes são disponíveis, os profetas empresariais tendem a simplificar o seu procedimento, limitando-se a extrapolar as séries históricas disponíveis, como se elas representassem a garantia de uma previsão confiável. Entretanto, na base desse procedimento encontra-se a ideia pouco realista de que as condições não mudam e de que os fatos tendem à repetição, presunção que contraria a verdade cada vez mais evidente de que tudo (e especialmente o mundo dos negócios) tende a mudar com uma velocidade crescente. Como consequência disso, a simples extrapolação de séries históricas não conduz a previsões de satisfatória segurança. Muito ao contrário: considerando a aceleração vertiginosa das mudanças que experimentamos no mundo de hoje, as rupturas de tendência tornam-se cada vez mais frequentes, situando as previsões empresariais em um terreno crescentemente dependente de métodos menos racionais, como, por exemplo, a intuição dos administradores. Obviamente, essa situação gera outro tipo de risco, decorrente da retomada de um procedimento muito próximo do velho e pouco eficiente método de prever com base em palpites executivos - terreno propício à proliferação de preconceitos e caprichos que são, sem dúvida, dois dos mais perigosos predadores de uma previsão empresarial satisfatória. Alguma coisa tinha de ser feita e, como a necessidade é a mãe da invenção, fez-se o método Delphi - que certamente não é a solução definitiva para todos os problemas da profecia empresarial (mesmo porque essa solução só existiria caso a previsão virasse adivinhação confiável, o que não existe), mas que é, sem favor algum, um indiscutível aperfeiçoamento do procedimento de construção das projeções de interesse das empresas. 3. O MÉTODO DELPHI O futuro sempre intrigou as pessoas. Poucos são aqueles que enfrentam a vida com filosofia baseada 2 TC Manual de Procedimentos - Ago/ Fascículo 32 - Boletim IOB

3 na aceitação desprendida e incondicional de um futuro totalmente desconhecido. Independentemente de estarmos ou não satisfeitos com as nossas condições atuais, a maioria de nós sempre procura arriscar um olho por trás da cortina do tempo, em uma tentativa de descobrir antecipadamente o que o futuro reserva. Isso tem feito o tormento de muita gente e a fortuna de muito adivinho de plantão, em todos os cantos do mundo e em todos os tempos da história da humanidade. Tanto é assim que, no mundo antigo, milênios antes do Cristo, já proliferavam oráculos, com seus sacerdotes, suas pitonisas, suas sibilas e demais profissionais da especialidade. Dentre os oráculos da época, um dos mais conhecidos é o de Delfos, situado no monte Parnaso, no Umbigo do Mundo, na Grécia antiga. Do nome desse oráculo dedicado ao deus Apolo, deriva a denominação de Delphi, atribuída ao método moderno de previsão que é o tema do nosso texto. 3.1 Origem Segundo os historiadores da administração, o método Delphi foi desenvolvido nos Estados Unidos, na década de 50 do século passado. Desenvolvido pela Rand Corporation com o objetivo inicial de previsões tecnológicas, teve o seu âmbito de aplicação rapidamente estendido a muitas outras áreas, nelas incluída a da administração empresarial, para a qual passou a trazer contribuições significativas à maior credibilidade da criação de cenários futuros. Dois cientistas - Norman Dalkey e Oliver Helmer, pesquisadores da Rand Corporation - são considerados precursores do método, com relevante participação na construção da sua estrutura teórica. A ideia fundamental sobre a qual o método Delphi se apoia na sua aplicação aos problemas decisórios das empresas deriva da convicção (já há muito consagrada) de que uma equipe pensa melhor e com mais segurança do que um pensador solitário. Assim, o método se caracteriza, logo à primeira vista, como um trabalho participativo, no qual são envolvidos os profissionais que, pelo alto nível do seu conhecimento especializado, sejam considerados qualificados para colaborar com o desenvolvimento das previsões necessárias. Subentende-se que o conhecimento desses profissionais permita que a observância estrita das tendências reveladas pelas séries históricas disponíveis (até então decisivas na elaboração das previsões das empresas) possa ser relegada, pela insegurança dos seus resultados, a uma função apenas secundária. 3.2 Descrição O método Delphi parte da composição de uma equipe de especialistas a serem consultados sobre as questões de interesse da organização, às quais deverão dar respostas fundamentadas nos seus conhecimentos especializados e, até, na sua intuição. Além do fato de partir da formação de um grupo de especialistas (também denominados peritos ), o método Delphi caracteriza-se, ainda, pela observância dos seguintes princípios: a) o princípio da consulta repetitiva (autorreferência); b) o princípio do anonimato; e c) o princípio do tratamento estatístico das respostas. 3.3 Funcionamento Em uma primeira etapa, selecionam-se as questões a serem formuladas à equipe de peritos, cuja atuação é orientada por um coordenador encarregado de encaminhar as questões e de supervisionar a análise estatística das respostas. Uma vez recebidas e analisadas as respostas iniciais, uma nova rodada de consultas é realizada, desencadeando o processo de consulta repetitiva. Na nova lista de questões distribuída no curso dessa segunda rodada, cada integrante da equipe de peritos toma conhecimento da síntese e da análise estatística das respostas da rodada anterior, o que estimula cada um deles a repensar o assunto sob um novo ponto de vista induzido pelas respostas dos demais participantes, aumentando a amplitude da sua percepção das questões formuladas e levando a uma eventual modificação das respostas originais. O objetivo desse procedimento repetitivo é promover uma uniformização gradual das opiniões originais, de forma a se obter progressivas aproximações de um eventual consenso. Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Ago/ Fascículo 32 TC 3

4 Imagina-se que, por efeito de um fenômeno ainda não totalmente esclarecido e que se convencionou chamar de convergência de opiniões, se esse processo fosse repetido indefinidamente, o consenso (ou qualquer resultado próximo dele) seria atingido. Em outras palavras: se uma pesquisa inicial, após ter os seus resultados adequadamente tabulados, servir de ponto de partida para uma nova consulta ou previsão, os resultados da segunda consulta tenderão a ser melhores e mais uniformes, melhorando e uniformizando-se ainda mais a cada vez que o processo se repetir. Esse fato levou algum matemático bem humorado a afirmar que se torturarmos os dados por tempo adequado, eles acabam por confessar. O problema é a conceituação do que pode ser considerado tempo adequado. De qualquer forma, como, no mundo real, nada pode ser indefinidamente prolongado, o número de consultas, quando da aplicação do princípio da consulta repetitiva às empresas, é, naturalmente, limitado pela disponibilidade dos recursos e do tempo que podem ser destinados à busca dos resultados pretendidos. No entanto, há uma particularidade muito importante na utilização que o método Delphi faz do processo de consulta repetitiva: essa particularidade é a indispensável obediência ao princípio do anonimato. A importância desse princípio advém principalmente do intuito de substituir contactos pessoais por interação anônima. Essa interação tem por objetivo a eliminação das pressões psicológicas que caracterizam a grande maioria das reuniões executivas das empresas, nas quais a hierarquia ou, até mesmo, as simples diferenças de personalidade (mais agressiva ou menos agressiva) podem despertar inibições nas mentes predispostas. Nos meios empresariais, é fato constatado que muita ideia brilhante gerada nessas mentes predispostas a inibições deixa de ser exposta ou é derrotada por uma ideia medíocre trazida à discussão, no curso das tais reuniões executivas, por alguém de hierarquia superior, de personalidade mais forte ou, simplesmente, mais bem falante. Para evitar esse desperdício de percepção e criatividade, o método Delphi preconiza a impessoalidade dos formulários anônimos que vão e vêm entre os especialistas da equipe e o seu coordenador, sem identificar os autores de cada conjunto de respostas. Naturalmente, esse procedimento favorece, também, uma interação controlada e produtiva entre os membros do grupo de peritos, impedindo que discussões acaloradas - muito comuns nas reuniões convencionais - acabem por distorcer argumentos e desviar a consulta dos seus reais objetivos. O tratamento estatístico das respostas, por sua vez, utilizando medianas, médias e outros recursos matemáticos, facilitam o trabalho da equipe na identificação das respostas preferidas pela maioria ou pela minoria dos respondentes, sinalizando possíveis detalhes não apreendidos à primeira vista e orientando a eventual modificação de respostas iniciais. 4. CONCLUSÃO Segundo os especialistas em prospecção do futuro, o método Delphi tem alcançado progressos importantes na sua difusão e utilização tanto na iniciativa privada como em entidades governamentais, tendo a sua eficiência e a sua versatilidade sido comprovadas nos mais diversos setores de atividade nas quais uma antevisão do futuro é requerida. Apesar de alguns teóricos insistirem em qualificá-lo como um sistema de previsão exclusivamente qualitativa, a sua ajuda na elaboração de previsões quantitativas é crescentemente reconhecida. Esse fato expande expressivamente o seu campo de aplicação às empresas sempre interessadas na previsão de dados numéricos como, por exemplo, volumes e valores de vendas. Entretanto, como acontece com qualquer outra ferramenta de suporte administrativo, esse método está sujeito a adaptações mais ou menos significativas, na dependência não só da natureza e do porte da organização que o utiliza, como também da relevância e da complexidade do projeto ao qual se destina. Tais adaptações, todavia, deverão respeitar, no mínimo, os princípios básicos de consulta repetitiva, anonimato e análise estatística, sob pena de descaracterizar o sistema e comprometer a sua eficácia. 4 TC Manual de Procedimentos - Ago/ Fascículo 32 - Boletim IOB

5 Contabilidade Internacional Instrumentos financeiros - Pronunciamento Técnico CPC 38 SUMÁRIO 1. Introdução 2. Aplicação 3. Instrumentos financeiros para os quais não se aplicam as regras do Pronunciamento Técnico CPC Definição de derivativo 5. Definições de 4 categorias de instrumentos financeiros 6. Definição de contrato de garantia financeira 7. Definições relativas à contabilidade de hedge 8. Derivativos embutidos 9. Alguns conceitos importantes 10. Reconhecimento inicial 11. Exemplos de reconhecimento de ativos e passivos financeiros 12. Compra ou venda regular de ativo financeiro 1. INTRODUÇÃO Neste texto, abordaremos as disposições gerais sobre ativos e passivos financeiros e alguns contratos de compra e venda de itens não financeiros, tendo como base o Pronunciamento Técnico CPC 38 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração, aprovado pela Deliberação CVM n o 604/2009 e acatado pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) por meio da Resolução CFC n o 1.196/2009, que aprovou a NBC T APLICAÇÃO Dentro do alcance do Pronunciamento Técnico CPC 38, objeto deste texto, encontram-se: a) compromissos referentes a empréstimos que a entidade designa como passivos financeiros, ao valor justo por meio do resultado. A entidade que, de acordo com a prática, vende os ativos resultantes dos seus compromissos de empréstimo logo após a sua concessão aplicará o referido pronunciamento à totalidade dos compromissos referentes a empréstimos da mesma classe; b) compromissos referentes a empréstimos que podem ser liquidados pelo valor líquido em dinheiro entregando ou emitindo outro instrumento financeiro. Esses compromissos referentes a empréstimos constituem derivativos. Um compromisso referente a empréstimo não é considerado como estando liquidado pelo valor líquido simplesmente porque o empréstimo é pago em prestações (por exemplo, um empréstimo hipotecário para construção que, em decorrência da execução desta, seja pago em prestações); c) compromissos para conceder um empréstimo a uma taxa de juro inferior à do mercado. 2.1 Contratos de compra ou venda de item não financeiro As regras aqui tratadas devem ser aplicadas àqueles contratos de compra ou venda de item não financeiro que possam ser liquidados pelo valor líquido em dinheiro, por outro instrumento financeiro ou pela troca de instrumentos financeiros, como se os contratos fossem instrumentos financeiros, com exceção dos contratos celebrados e que continuam a ser mantidos para recebimento ou entrega de item não financeiro, de acordo com os requisitos de compra, venda ou uso esperados pela entidade Contrato de compra ou venda de item não financeiro - Liquidação pelo valor líquido Existem várias formas pelas quais um contrato de compra ou venda de item não financeiro pode ser liquidado pelo valor líquido em dinheiro, por outro instrumento financeiro ou pela troca de instrumentos financeiros. São elas: a) quando os termos do contrato permitem a qualquer das partes a liquidação pelo valor líquido em dinheiro, por outro instrumento financeiro ou pela troca de instrumentos financeiros; b) quando a capacidade de liquidar pelo valor líquido em dinheiro. com outro instrumento financeiro ou pela troca de instrumentos financeiros não está explícita nos termos do contrato, mas a entidade tem a prática de liquidação de contratos similares pelo valor líquido em dinheiro, por outro instrumento financeiro ou pela troca de instrumentos financeiros (quer seja com a contraparte, mediante a celebração de contratos de compensação ou a venda do contrato antes de este ser exercido ou de seu vencimento); c) quando, para contratos similares, a entidade tem a prática de aceitar a entrega do ativo subjacente e vendê-lo em curto período após a entrega, com a finalidade de obter lucro nas Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Ago/ Fascículo 32 TC 5

6 flutuações de curto prazo no preço ou na margem do negociante; e d) quando o item não financeiro, que é o objeto do contrato, é imediatamente conversível em dinheiro. Notas (1) Um contrato ao qual se apliquem as letras b ou c não se celebra com a finalidade de receber ou entregar o item não financeiro de acordo com os requisitos de compra, venda ou uso esperados pela entidade e, por conseguinte, está dentro do alcance do Pronunciamento Técnico CPC 38, objeto deste texto. (2) Outros contratos aos quais se aplicam as regras estabelecidas no subtópico 2.1 são avaliados para determinar se foram celebrados e se continuam a ser mantidos com a finalidade de receber ou entregar o item não financeiro de acordo com os requisitos de compra, venda ou uso esperados pela entidade e, por conseguinte, se estão no alcance do referido pronunciamento. (3) A opção lançada de compra ou venda de item não financeiro que possa ser liquidada pelo valor líquido em dinheiro, por outro instrumento financeiro ou pela troca de instrumentos financeiros, de acordo com as letras a ou d anteriores encontra-se dentro do alcance do referido pronunciamento. Não se pode celebrar esse contrato com a finalidade de receber ou entregar o item não financeiro de acordo com os requisitos de compra, venda ou uso esperados pela entidade. 3. INSTRUMENTOS FINANCEIROS PARA OS QUAIS NÃO SE APLICAM AS REGRAS DO PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 38 O Pronunciamento Técnico CPC 38 estabelece que suas regras devem ser aplicadas por todas as entidades a todos os tipos de instrumentos financeiros. Contudo, o referido pronunciamento traz algumas exceções, dessa forma, relacionamos adiante os instrumentos financeiros para os quais não se aplicam as regras do Pronunciamento Técnico CPC 38. Portanto, para os casos específicos, não há que se falar em reconhecimento e mensuração de ativos e passivos financeiros. As exceções são: a) aqueles representados por participações em entidades controladas, coligadas e em empreendimentos conjuntos que sejam contabilizados segundo os pronunciamentos sobre Demonstrações Separadas, Demonstrações Consolidadas, Investimento em entidade Coligada e em Controlada e Investimento em Empreendimento Controlado em Conjunto (joint venture). Contudo, as entidades devem aplicar o Pronunciamento Técnico CPC 38 a uma participação em entidade controlada, coligada ou em empreendimento conjunto que, de acordo com as normas supramencionadas, seja contabilizada conforme o referido pronunciamento. As entidades também devem aplicar esta norma a derivativos de participação em entidades controlada, coligada ou em empreendimento conjunto, a não ser que o derivativo satisfaça a definição de instrumento patrimonial contida no Pronunciamento Técnico CPC 39 - Instrumentos Financeiros: Apresentação; b) direitos e obrigações relativos a arrendamentos mercantis (leasing) aos quais se aplica o Pronunciamento Técnico CPC 06 - Operações de Arrendamento Mercantil. Contudo: b.1) os valores a receber de arrendamentos mercantis reconhecidos por arrendador estão sujeitos às disposições de não reconhecimento e de irrecuperabilidade (perda por redução ao valor recuperável de ativos); b.2) os valores a pagar de arrendamentos mercantis financeiros reconhecidos por arrendatário estão sujeitos às disposições de desreconhecimento; e b.3) os derivativos que estejam embutidos em arrendamentos mercantis estão sujeitos às disposições deste Pronunciamento sobre derivativos embutidos; c) direitos e obrigações dos empregadores decorrentes de planos de benefícios dos empregados, aos quais se aplica o Pronunciamento Técnico CPC 33 - Benefícios a Empregados; d) instrumentos financeiros emitidos pela entidade que satisfaçam à definição de instrumento patrimonial do Pronunciamento Técnico CPC 39 - Instrumentos Financeiros: Apresentação (incluindo opções e obrigações). Contudo, o detentor de tais instrumentos patrimoniais deve aplicar esta norma a esses instrumentos, a não ser quer satisfaçam à exceção indicada na letra a ; e) direitos e obrigações decorrentes de e.1) contrato de seguro definido no Pronunciamento Técnico CPC 11 - Contratos de Seguro, exceto os direitos e obrigações de emitente decorrentes de contrato de seguro que respeita a definição de contrato de garantia financeira; ou 6 TC Manual de Procedimentos - Ago/ Fascículo 32 - Boletim IOB

7 Nota Contrato de garantia financeira consiste em requerer que o emitente efetue pagamentos especificados, a fim de reembolsar o detentor por perda que incorre devido ao fato de o devedor especificado não efetuar o pagamento na data prevista, de acordo com as condições iniciais ou alteradas de instrumento de dívida. e.2) contrato abrangido pelo Pronunciamento Técnico CPC 11 - Contratos de Seguro por conter característica de participação discricionária. No entanto, o Pronunciamento Técnico CPC 38 aplica-se a um derivativo embutido em contrato abrangido pelo Pronunciamento Técnico CPC 11 - Contratos de Seguro caso o derivativo não constitua contrato no alcance do Pronunciamento Técnico CPC 11 - Contratos de Seguro. Além disso, se o emitente de contratos de garantia financeira já tiver afirmado explicitamente que considera esses contratos como contratos de seguro e tiver usado contabilidade aplicável a tais contratos, o emitente pode escolher aplicar as regras do Pronunciamento Técnico CPC 38 ou do Pronunciamento Técnico CPC 11 - Contratos de Seguro a esses contratos de garantia financeira. O emitente pode tomar essa decisão contrato a contrato, sendo cada uma dessas decisões irrevogável; f) contratos a termo entre um acionista comprador e um acionista vendedor para comprar ou vender uma entidade que irá resultar em combinação de negócios em data futura. O prazo do contrato a termo não deve exceder o período normalmente requisitado para se obter qualquer aprovação necessária e para completar a transação; g) compromissos de empréstimo que não sejam os descritos no tópico 2. O emitente de compromissos de empréstimo aplica o Pronunciamento Técnico CPC 25 - Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes aos compromissos de empréstimo não abrangidos pelo alcance do pronunciamento objeto deste texto. No entanto, a totalidade dos compromissos de empréstimo está sujeita às disposições de não reconhecimento; h) instrumentos financeiros, contratos e obrigações decorrentes de transações de pagamento baseado em ações aos quais se aplica o Pronunciamento Técnico CPC 10 - Pagamento Baseado em Ações, à exceção de contratos dentro do alcance dos subtópicos 2.1. e deste texto, aos quais se aplicam as regras do Pronunciamento Técnico CPC 38; i) direitos a pagamentos para reembolsar a entidade pelo dispêndio necessário para liquidar um passivo que ela reconhece como provisão de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 25, ou relativamente ao qual, em período anterior, ela tenha reconhecido uma provisão de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC DEFINIÇÃO DE DERIVATIVO Derivativo é um instrumento financeiro ou outro contrato com as 3 características seguintes: a) o valor altera-se em resposta à alteração na taxa de juros especificada, preço de instrumento financeiro, preço de mercadoria, taxa de câmbio, índice de preços ou de taxas, avaliação ou índice de crédito, ou outra variável, desde que, no caso de variável não financeira, não seja específica de uma parte do contrato (às vezes denominada subjacente ); b) não é necessário qualquer investimento líquido inicial, nem mesmo inferior ao que seria exigido para outros tipos de contratos dos quais se esperaria resposta semelhante às alterações nos fatores de mercado; e c) é liquidado em data futura. 5. DEFINIÇÕES DE 4 CATEGORIAS DE INSTRUMENTOS FINANCEIROS 5.1 Ativo financeiro ou passivo financeiro mensurado pelo valor justo por meio do resultado Ativo financeiro ou passivo financeiro mensurado pelo valor justo por meio do resultado é aquele que satisfaz qualquer das seguintes condições: a) é classificado como mantido para negociação. Um ativo ou um passivo financeiro é assim classificado se for: a.1) adquirido ou incorrido principalmente para a finalidade de venda ou de recompra em prazo muito curto; a.2) no reconhecimento inicial, parte de carteira de instrumentos financeiros identificados que são gerenciados em conjunto e para os quais existe evidência de modelo real recente de tomada de lucros a curto prazo; ou Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Ago/ Fascículo 32 TC 7

8 a.3) derivativo (exceto no caso de derivativo que seja contrato de garantia financeira ou instrumento de hedge designado e eficaz); b) à ocasião do reconhecimento inicial, é designado pela entidade pelo valor justo por meio do resultado. A entidade só pode usar essa designação quando previsto no subtópico 8.2 a seguir ou quando tal resultar em informação mais relevante, porque: b.1) elimina ou reduz significativamente uma inconsistência na mensuração ou no reconhecimento (por vezes, denominada inconsistência contábil ) que, de outra forma, resultaria da mensuração de ativos ou passivos ou do reconhecimento de ganhos e perdas sobre eles em diferentes bases; ou b.2) um grupo de ativos e passivos financeiros é gerenciado e o seu desempenho avaliado em base de valor justo, de acordo com uma estratégia documentada de gestão do risco ou de investimento, e a informação sobre o grupo é fornecida internamente ao pessoal chave da gerência da entidade nessa base, por exemplo, a diretoria e o presidente executivo da entidade. Nota No Pronunciamento Técnico CPC 40 - Instrumentos Financeiros: Evidenciação, os itens 9 a 11 e B4 exigem que a entidade forneça divulgação a respeito dos ativos financeiros e dos passivos financeiros por ela designados pelo valor justo por meio do resultado, incluindo a forma como satisfez essas condições. Para instrumentos que se qualificam de acordo com a letra b.2 imediatamente anterior, essa divulgação inclui a descrição narrativa de como a designação pelo valor justo por meio do resultado é consistente com a estratégia documentada da entidade de gestão do risco ou de investimento. Os investimentos em instrumentos patrimoniais que não tenham o preço de mercado cotado em mercado ativo, e cujo valor justo não possa ser confiavelmente medido, não devem ser designados pelo valor justo por meio do resultado. 5.2 Investimentos mantidos até o vencimento Investimentos mantidos até o vencimento são ativos financeiros não derivativos com pagamentos fixos ou determináveis e com vencimentos definidos, para os quais a entidade tem a intenção positiva e a capacidade de mantê-los até o vencimento, exceto aqueles: a) que a entidade designa no reconhecimento inicial pelo valor justo por meio do resultado; b) que a entidade designa como disponível para venda; e c) que satisfazem a definição de empréstimos e contas a receber. A entidade não deve classificar nenhum ativo financeiro como mantido até o vencimento se esta tiver, antes do vencimento, durante o exercício social corrente ou durante os 2 exercícios sociais precedentes, vendido ou reclassificado mais do que uma quantia insignificante de investimentos mantidos até o vencimento (mais do que insignificante em relação à quantia total dos investimentos mantidos até o vencimento), que não seja por vendas ou reclassificações que: a) estejam tão próximas do vencimento ou da data de compra do ativo financeiro (por exemplo, menos de 3 meses antes do vencimento) que as alterações na taxa de juro do mercado não teriam efeito significativo no valor justo do ativo financeiro; b) ocorram depois de a entidade ter substancialmente recebido todo o capital original do ativo financeiro por meio de pagamentos programados ou de pagamentos antecipados; ou c) sejam atribuíveis a um acontecimento isolado que esteja fora do controle da entidade, não seja recorrente e não tenha podido ser razoavelmente previsto pela entidade. 5.3 Empréstimos e recebíveis Empréstimos e recebíveis são ativos financeiros não derivativos com pagamentos fixos ou determináveis que não estejam cotados em mercado ativo, exceto: a) os que a entidade tem intenção de vender imediatamente ou no curto prazo, os quais são classificados como mantidos para negociação, e os que a entidade, no reconhecimento inicial, designa pelo valor justo por meio do resultado; b) os que a entidade, após o reconhecimento inicial, designa como disponíveis para venda; ou c) aqueles com relação aos quais o detentor não possa recuperar substancialmente a totalida- 8 TC Manual de Procedimentos - Ago/ Fascículo 32 - Boletim IOB

9 de do seu investimento inicial, que não seja devido à deterioração do crédito, os quais são classificados como disponíveis para a venda. Um interesse adquirido em um conjunto de ativos que não seja empréstimo nem conta a receber (por exemplo a participação em fundo mútuo ou em fundo semelhante) não é empréstimo nem recebível. 5.4 Ativos financeiros disponíveis para venda Ativos financeiros disponíveis para venda são aqueles não derivativos, que são designados como disponíveis para venda ou que não são classificados como: a) empréstimos e contas a receber; b) investimentos mantidos até o vencimento; ou c) ativos financeiros pelo valor justo por meio do resultado. 6. DEFINIÇÃO DE CONTRATO DE GARANTIA FINANCEIRA Contrato de garantia financeira consiste em requerer que o emitente efetue pagamentos especificados, a fim de reembolsar o detentor por perda que incorre devido ao fato de o devedor especificado não efetuar o pagamento na data prevista, de acordo com as condições iniciais ou alteradas de instrumento de dívida. 7. DEFINIÇÕES RELATIVAS À CONTABILIDADE DE HEDGE 7.1 Compromisso firme É um acordo obrigatório à troca de quantidade especificada de recursos a um preço determinado em data(s) futura(s) indicada(s). 7.2 Transação prevista É uma transação futura não comprometida, mas antecipada. 7.3 Instrumento de hedge É um derivativo designado, (apenas para hedge do risco de alterações nas taxas de câmbio de moeda estrangeira) um ativo financeiro não derivativo designado ou um passivo financeiro não derivativo cujo valor justo ou fluxos de caixa se espera que compensem as alterações no valor justo ou nos fluxos de caixa de objeto de hedge designado. 7.4 Posição protegida Posição protegida é um ativo, passivo, compromisso firme, transação prevista altamente provável ou investimento líquido em operação no exterior que foi designada como estando protegida e que expõe a quantidade ao risco de alteração no valor justo ou nos fluxos de caixa futuros. 7.5 Eficácia de hedge É o grau segundo o qual as alterações no valor justo ou nos fluxos de caixa da posição coberta que sejam atribuíveis a um risco coberto são compensadas por alterações no valor justo ou nos fluxos de caixa do instrumento de hedge. 8. DERIVATIVOS EMBUTIDOS Derivativo embutido é um componente de instrumento híbrido (combinado) que também inclui um contrato principal não derivativo - em resultado disso, alguns dos fluxos de caixa do instrumento combinado variam de forma semelhante a um derivativo isolado. O derivativo embutido faz com que alguns ou todos os fluxos de caixa que de outra forma seriam exigidos pelo contrato sejam modificados de acordo com a taxa de juros especificada, o preço de instrumento financeiro, o preço de mercadoria, a taxa de câmbio, o índice de preços ou de taxas, a avaliação ou o índice de crédito, ou outra variável, desde que, no caso de variável não financeira, esta não seja específica de uma das partes do contrato. Nota Um derivativo que esteja anexo a um instrumento financeiro mas que seja contratualmente transferível desse instrumento ou que tenha uma contraparte diferente desse instrumento, não é um derivativo embutido, é um instrumento financeiro separado. 8.1 Separação do derivativo embutido do contrato principal O derivativo embutido deve ser separado do contrato principal e contabilizado como derivativo se: a) as características econômicas e os riscos do derivativo embutido não estiverem intimamente relacionados com as características econômicas e os riscos do contrato principal; b) o instrumento separado com as mesmas características que o derivativo embutido satisfizer a definição de derivativo; e Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Ago/ Fascículo 32 TC 9

10 c) o instrumento híbrido (combinado) não for medido pelo valor justo com as alterações deste valor reconhecidas no resultado (isto é, o derivativo que esteja embutido em um ativo ou passivo financeiro pelo valor justo por meio do resultado não é um derivativo separado). Se o derivativo embutido for separado, o contrato principal deve ser contabilizado de acordo com as regras aqui tratadas, se ele for instrumento financeiro, e de acordo com outras normas apropriadas se não for instrumento financeiro. 8.2 Contrato que contiver um ou mais derivativos embutidos Se o contrato contiver um ou mais derivativos embutidos, a entidade pode designar a totalidade de contrato híbrido (combinado) como ativo ou passivo financeiro mensurado pelo valor justo por meio do resultado, exceto se: a) o derivativo embutido não modificar significativamente os fluxos de caixa que de outra forma seriam exigidos pelo contrato; ou b) ficar claro, com pouca ou nenhuma análise que, quando um instrumento híbrido (combinado) semelhante for considerado pela primeira vez, a separação do derivativo embutido está proibida, por exemplo: opção de pagamento antecipado embutido em empréstimo que permita ao detentor pagar antecipadamente o empréstimo pelo seu custo amortizado. 8.3 Impossibilidade de separar o derivativo embutido Se for exigido que uma entidade separe um derivativo embutido do seu contrato principal e essa entidade não estiver em condições de medir separadamente o derivativo embutido, quer na data de aquisição quer na data de demonstração contábil posterior, ela deve designar todo o contrato híbrido (combinado) pelo valor justo por meio do resultado. Da mesma forma, se uma entidade não é capaz de mensurar separadamente o derivativo embutido que deveria ser separado na reclassificação de contrato híbrido (combinado) da categoria de mensurado ao valor justo por meio do resultado para outra categoria, essa reclassificação é proibida. Nessas circunstâncias, o contrato híbrido (combinado) permanece classificado como mensurado pelo valor justo por meio do resultado. 8.4 Impossibilidade de determinar o valor justo do derivativo embutido Se a entidade não estiver em condições de determinar, confiavelmente, o valor justo de derivativo embutido com base nos termos e condições deste (por exemplo: porque o derivativo embutido se baseia em instrumento patrimonial não cotado), o valor justo do deste é a diferença entre os valores justos do instrumento híbrido (combinado) e do contrato principal, se esses valores puderem ser determinados. Se a entidade não estiver em condições de determinar o valor justo do derivativo embutido usando esse método, aplica-se o estabelecido anteriormente, no subtópico 8.3, e o instrumento híbrido (combinado) é designado pelo valor justo por meio do resultado. 9. ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES Seguem os significados de alguns termos utilizados neste texto. a) custo amortizado de ativo ou passivo financeiro: é a quantia pela qual o ativo ou o passivo financeiro é medido no reconhecimento inicial menos os reembolsos de capital, mais ou menos a amortização cumulativa, usando o método dos juros efetivos de qualquer diferença entre as quantias inicial e a do vencimento, e menos qualquer redução (diretamente ou por meio do uso de conta redutora) quanto à perda do valor recuperável ou à incobrabilidade; b) método de juros efetivos: é o modo de calcular o custo amortizado de ativo ou passivo financeiro (ou grupo destes) e de alocar a receita ou a despesa de juros no período. A taxa efetiva de juros é aquela que desconta exatamente os pagamentos ou recebimentos de caixa futuros estimados durante a vida esperada do instrumento ou, quando apropriado, o período mais curto na quantia escriturada líquida do ativo ou passivo financeiro. Ao calcular a taxa efetiva de juros, a entidade deve estimar os fluxos de caixa considerando todos os termos contratuais do instrumento financeiro (tais como pagamento antecipado, opções de compra e semelhantes), mas não deve considerar perdas de crédito futuras. O cálculo inclui todas as comissões e parcelas pagas ou recebidas entre as partes do contrato que são parte integrante da taxa efetiva de juros (ver o Pronunciamento Técnico CPC 30 - Receitas), dos custos de transação e de todos os outros prêmios ou 10 TC Manual de Procedimentos - Ago/ Fascículo 32 - Boletim IOB

11 descontos. Existe um pressuposto de que os fluxos de caixa e a vida esperada de grupo de instrumentos financeiros semelhantes possam ser estimados confiavelmente. Contudo, naqueles casos raros em que não seja possível realizar essa estimativa os fluxos de caixa ou a vida esperada de instrumento financeiro (ou do grupo deste), a entidade deve usar os fluxos de caixa contratuais durante todo o prazo contratual do instrumento financeiro (ou do grupo deste); c) não reconhecimento: é a remoção de ativo ou passivo financeiro anteriormente reconhecido do Balanço Patrimonial da entidade; d) valor justo: é a quantia pela qual um ativo poderia ser trocado ou um passivo poderia ser liquidado entre partes conhecedoras e dispostas a isso em transação sem favorecimento; e) compra ou venda regular: são operações de ativo financeiro sob contrato cujos termos exigem a entrega do ativo dentro do prazo estabelecido por regulação ou convenção no mercado em foco; f) custo de transação: custo incremental que seja diretamente atribuível à aquisição, à emissão ou à alienação de ativo ou passivo financeiro; g) custo incremental: é aquele que não teria sido incorrido se a entidade não tivesse adquirido, emitido ou alienado o instrumento financeiro. 10. RECONHECIMENTO INICIAL A entidade deve reconhecer o ativo ou o passivo financeiro nas demonstrações contábeis destes quando ela se tornar parte das disposições contratuais do instrumento. Como consequência desse princípio, a entidade reconhece todos os seus direitos e obrigações contratuais segundo derivativos nas suas demonstrações contábeis como ativos e passivos, respectivamente, exceto no caso de derivativos que impedem a transferência de ativos financeiros de ser contabilizada como venda. Na medida em que uma transferência de ativo financeiro não se qualifique para desreconhecimento, os direitos ou obrigações contratuais daquele que transfere relativos à transferência não são contabilizados separadamente como derivativos se o reconhecimento tanto do derivativo como do ativo transferido ou do passivo decorrente da transferência resultar no reconhecimento dos mesmos direitos ou obrigações duas vezes. Por exemplo, uma opção de compra retida por aquele que transfere pode impedir que a transferência de ativos financeiros seja contabilizada como venda. Nesse caso, a opção de compra não é reconhecida separadamente como o ativo derivativo. Por sua vez, se a transferência de ativo financeiro não se qualificar para desreconhecimento, aquele que recebe a transferência não reconhece o ativo transferido como seu ativo. Portanto, na medida em que uma transferência de ativo financeiro não se qualifique para desreconhecimento, aquele que recebe a transferência não reconhece o ativo transferido como seu ativo. Ele não reconhece o dinheiro ou outra retribuição paga e reconhece uma conta a receber daquele que transfere. Se aquele que transfere possui o dinheiro e a obrigação de readquirir o controle da totalidade do ativo transferido por quantia fixa (por exemplo, conforme acordo de recompra), aquele que recebe a transferência pode contabilizar a sua conta como conta a receber ou como empréstimo. 11. EXEMPLOS DE RECONHECIMENTO DE ATIVOS E PASSIVOS FINANCEIROS Seguem-se exemplos de reconhecimento de ativos e passivos financeiros nas demonstrações contábeis: a) contas a receber e contas a pagar incondicionais são reconhecidas como ativos ou passivos quando a entidade se torna parte do contrato e, como consequência, tem, legalmente, o direito de receber ou a obrigação de pagar em dinheiro; b) ativos a adquirir e passivos a incorrer como resultado de compromisso firme de compra ou venda de bens ou serviços geralmente não são reconhecidos até uma das partes ter agido conforme o acordo. Por exemplo, a entidade que recebe uma encomenda firme de cliente geralmente não reconhece um ativo (e a entidade que faz a encomenda não reconhece um passivo) no momento do compromisso, mas, em vez disso, atrasa o reconhecimento Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Ago/ Fascículo 32 TC 11

12 até que os bens ou serviços encomendados tenham sido despachados, entregues ou prestados. Se um compromisso firme de compra ou venda de itens não financeiros puder ser liquidado pelo valor líquido em dinheiro, com outro instrumento financeiro, ou pela troca de instrumentos financeiros, o seu valor justo é reconhecido como ativo ou passivo na data do compromisso (ver letra c a seguir). Além disso, se um compromisso firme anteriormente não reconhecido for designado como item coberto em hedge de valor justo, qualquer alteração no valor justo líquido atribuível ao risco coberto é reconhecida como ativo ou passivo depois do início do hedge; c) contrato a termo que esteja sujeito ao reconhecimento como instrumento financeiro é reconhecido como ativo ou passivo na data do compromisso e não na data em que a liquidação ocorrer. Quando a entidade se torna parte de contrato a prazo, os valores justos do direito e da obrigação são muitas vezes iguais, de modo que o valor justo líquido do contrato a prazo é zero. Se o valor justo líquido do direito e da obrigação não for zero, o contrato é reconhecido como ativo ou passivo; d) contratos de opção que estejam sujeitos ao reconhecimento como instrumento financeiro são reconhecidos como ativos ou passivos quando o detentor ou subscritor se tornar parte do contrato; e) transações futuras planejadas, independentemente de serem ou não prováveis, não são ativos e passivos porque a entidade não se tornou parte do contrato. 12. COMPRA OU VENDA REGULAR DE ATIVO FINANCEIRO A compra ou venda regular de ativos financeiros é reconhecida usando a contabilização pela data de negociação ou a contabilização pela data de liquidação, conforme descrito no subtópico 14.1, adiante. O método usado é aplicado consistentemente para todas as compras e vendas de ativos financeiros que pertençam à mesma categoria. Para essa finalidade, os ativos que são mantidos para negociação formam uma categoria separada dos ativos mensurados pelo valor justo por meio dos resultados Contrato que não se caracteriza como regular Não é regular o contrato que exija ou permita a liquidação de forma líquida da alteração em seu valor. Em vez disso, um contrato desses é contabilizado como derivativo no período entre a data de negociação e a data de liquidação. A data de negociação é aquela em que a entidade se compromete a comprar ou vender um ativo. A contabilização pela data de negociação refere-se ao: a) reconhecimento do ativo a ser recebido e do passivo a ser pago por ele na data de negociação; e b) não reconhecimento de ativo que seja vendido, ao reconhecimento de qualquer ganho ou perda no momento da alienação e ao reconhecimento de conta a receber do comprado pelo pagamento na data de negociação. De forma geral, os juros só começam a se acumular sobre o ativo e o passivo correspondente após a data de liquidação, quando se transmitir o título. A data de liquidação é aquela em que o ativo é entregue à (ou pela) entidade. A contabilização pela data de liquidação refere-se ao: a) reconhecimento de ativo no dia em que é recebido pela entidade; e b) não reconhecimento de ativo e ao reconhecimento de qualquer ganho ou perda, no momento da alienação, no dia em que é entregue pela entidade. Quando é aplicada a contabilização pela data de liquidação, a entidade contabiliza qualquer alteração no valor justo do ativo a ser recebido durante o período entre data de negociação e a data de liquidação da mesma forma que contabiliza o ativo adquirido. Em outras palavras, a alteração no valor não é reconhecida para ativos contabilizados pelo custo ou pelo custo amortizado; é reconhecida nos resultados para ativos classificados como financeiros pelo valor justo por meio do resultado; e é reconhecida como outros resultados abrangentes para ativos classificados como disponíveis para venda. 12 TC Manual de Procedimentos - Ago/ Fascículo 32 - Boletim IOB

13 Contabilização Devolução de mercadoria em períodobase posterior ao da venda SUMÁRIO 1. Introdução 2. Contabilização de mercadoria recebida em devolução após o período-base 1. INTRODUÇÃO As devoluções recebidas em período-base posterior ao da realização da venda, segundo entendemos, não devem ser registradas como dedução das vendas relativas ao período em curso, mas em Conta de Resultado. Isso porque a conta que registrou a receita correspondente às vendas devolvidas foi encerrada por ocasião do balanço do período-base anterior. Assim, a conta a ser utilizada poderá denominarse Prejuízos na Devolução de Vendas de Períodobase Anterior, classificável entre as Outras Despesas Operacionais. Nota É admissível o registro dessas devoluções como dedução das vendas realizadas no período-base em curso quando se tratar de valor pouco significativo. Esse critério encontra respaldo na Convenção Contábil da Materialidade, segundo a qual o contabilista deverá avaliar, sempre, a influência e a relevância da informação evidenciada ou negada para o usuário à luz da relação custo-benefício, levando em conta aspectos internos do sistema contábil. 2. CONTABILIZAÇÃO DE MERCADORIA RECEBIDA EM DEVOLUÇÃO APÓS O PERÍODO-BASE Admitamos que, em X1, a empresa Alfa Industrial Ltda. vendeu a prazo 100 unidades do produto X (de sua fabricação) para a empresa Comercial Beta Ltda. e que a nota fiscal emitida naquela ocasião apresentou os seguintes dados: Valor dos produtos (com ICMS incluso) R$ ,00 Valor do IPI (R$ ,00 x 10%) R$ 1.000,00 Valor total da nota fiscal R$ ,00 Nota A alíquota de 10% utilizada neste texto é ilustrativa. Vamos considerar que, em X2, a empresa vendedora ( Alfa Industrial Ltda.) recebeu em devolução 20 unidades do citado produto e que constaram os seguintes dados da nota fiscal de devolução emitida pela Comercial Beta Ltda. Valor dos produtos devolvidos (com ICMS incluso) R$ 2.000,00 IPI (R$ 2.000,00 x 10%) R$ 200,00 (=) Total R$ 2.200,00 Levando-se em conta um valor de ICMS de R$ 360,00 (R$ 2.000,00 x 18%), incluso no preço dos produtos devolvidos, teríamos: 1) Pelo recebimento das 20 unidades do produto X devolvidas D - Prejuízos na Devolução de Vendas de Período-Base Anterior (Conta de Resultado) R$ 2.000,00 D - IPI a Recolher (Passivo Circulante) R$ 200,00 C - Clientes - Comercial Beta Ltda. (Ativo Circulante) R$ 2.200,00 2) Pelo registro do ICMS incidente sobre a devolução dos produtos D - ICMS a Recolher (Passivo Circulante) C - Prejuízos na Devolução de Vendas de Período- Base Anterior (Conta de Resultado) R$ 360,00 Tratando-se de empresa que mantém registro permanente de estoques, é necessário o registro do retorno dos produtos devolvidos. Assim, considerando-se, por mera hipótese, que o custo unitário do mencionado produto X na ocasião da venda fosse de R$ 70,00, totalizando uma reentrada no estoque de R$ 1.400,00 (20 unidades R$ 70,00), teríamos, ainda, o seguinte lançamento: 3) Pelo registro do retorno dos produtos ao estoque D - Produtos Acabados (Ativo Circulante) C - Prejuízos na Devolução de Vendas de Período- Base Anterior (Conta de Resultado) R$ 1.400,00 Após os lançamentos anteriormente mencionados, a conta Prejuízos na Devolução de Vendas de Período-Base Anterior apresentaria o seguinte saldo (representativo do prejuízo apurado na operação): Boletim IOB - Manual de Procedimentos - Ago/ Fascículo 32 TC 13