Para além m daquilo que se percebe: a/cor na saúde

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1 Para além m daquilo que se percebe: a importância da raça/cor a/cor na saúde Fernanda Lopes Programa de Combate ao Racismo Institucional DFID, OPAS, PNUD O direito à saúde De acordo com a OMS a saúde é o estado de bem-estar físico, mental e espiritual. Na perspectiva dos direitos humanos saúde é o conjunto de condições integrais e coletivas de existência, influenciado pelas condições políticas e sócio-econômicas Constituição Federal (1988) a saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

2 Saúde da população negra e o princípio da equidade Superação das desigualdades que, em determinado contexto histórico e social, são evitáveis e consideradas injustas, implicando que necessidades diferenciadas da população sejam atendidas por ações governamentais também diferenciadas (Whitehead, 1999). O peso da raça no quadro de iniqüidades Taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade: 7,7 para os brancos; 18,2 para os negros. Mais domicílios chefiados por negros apresentam condições indesejáveis para habitação. Proporção de pobres por raça/cor: 22,4% dos brancos e 46,8% dos negros. Dados IPEA (2002)

3 Quando falar de pobreza não basta... Proporção de internações SUS (1998) - 79% dos negros e 54,6% dos brancos (IPEA, 2002). Proporção de atendimentos SUS (1998) 76,2% dos negros e 66% dos brancos (IPEA, 2002). Diferença entre os níveis de mortalidade de negros e brancos com 1 ano ou menos: 21% em 1980; 40% em 2000 (Cunha, 2004) A esperança de vida ao nascer 74 anos para os brancos; 67,6 anos para os pretos (Paixão e col, 2004). Diversidade e Pluralidade Símbolos e Imagens Cultura Linguagem Ideologia Resolução de conflitos e ampliação do repertório de direitos

4 Preconceito idéia preconcebida, sem razão objetiva ou refletida. É uma posição psicológica que acentua sentimentos e atitudes endereçados a um grupo como um todo ou a uma pessoa por ser membro daquele grupo. Discriminação é a atitude ou ação de distinguir tendo por base idéias preconceituosas. É a manifestação comportamental que cria ou perpetua desigualdades e mantém privilégios. NÃO É UMA QUESTÃO DE OPINIÃO. O Racismo é um conjunto de crenças transmitidas pela linguagem cotidiana, mantidas e alimentadas pela tradição. Este conjunto de crenças atribui significados sociais negativos a determinados padrões de diversidade e opera contrário a nossa opinião.

5 Existe tratamento desigual na saúde??? Mulheres negras têm menos chances de... passar por consultas ginecológicas completas. passar por consultas de pré-natal. fazer exames ginecológicos no período pós-parto. (Perpétuo, 2000) Mulheres negras apresentam mais chances de... ter o primeiro filho com 16 anos ou menos estarem grávidas ainda que não quisessem (Chacham, 2000) Histerectomia em decorrência de miomatoses 2 vezes mais frequente entre mulheres negras (Souza, 1995,2001; Silva, 2002). Anemia falciforme direta ou indiretamente relacionada a 62% das causas de óbitos de crianças menores de 1 ano. (Zago, 1996) Diagnóstico tardio de diabetes mellitus e hipertensão arterial mais frequente entre negros. (Malerbi e Franco, 2000)

6 Maternidades do município do RJ Não receberam anestesia no parto normal: 5,1% das gestantes brancas e 11,1% das gestantes negras; Não foram informadas sobre os sinais de parto: 30% das gestantes brancas e 37,5% das negras. Leal e col., (2004) Ainda no Rio de Janeiro Mulheres Negras doentes de aids peregrinam mais em busca de internação e tratamento. (Guimarães, 2001)

7 É preciso ter sensibilidade para cuidar bem! Prática de sexo seguro (jovens de 16 a 24 anos) 53% dos homens negros e 52% dos brancos // 28% das mulheres negras e 42% das brancas (Pinho e col, 2002). Não uso do preservativo por implicações financeiras citado 2 vezes mais entre os negros (MS/IBOPE, 2003). Acesso ao teste anti-hiv - mais fácil para os brancos (França Jr e col, 2003). Mulheres negras e não negras vivendo com HIV/Aids em São Paulo - mais desvantagens socioeconômicas (escolaridade, renda individual e familiar, condições de habitação, nº de pessoas que cuidavam); - maiores dificuldades de acesso a informação; - maiores dificuldades em se comunicar com o infectologista e com o ginecologista - menores possibilidades em passar por consultas com nutricionista e outro médico que não infecto ou gineco. (Lopes, 2003)

8 Assumindo a diferença para reestabelecer a igualdade e promover a justiça. Alguns caminhos possíveis Considerar as desvantagens simbólicas e materiais como fatores determinantes das vulnerabilidades; Construir novos espaços de interlocução (respeito e valorização das diferenças religiosas, etárias, de gênero, orientação sexual, raça/etnia e estilo de vida); Efetivar ações intra e intersetoriais; Educar para o trabalho visando a construção e aperfeiçoamento de novas habilidades (formação e informação dos trabalhadores da saúde); Estabelecer indicadores precisos e sensíveis para avaliação e monitoramento de processos e de resultados; Agir de modo a promover e ampliar o repertório de direitos do usuário/a.