Coordenação-Geral de Tributação

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1 Fls. 2 1 Coordenação-Geral de Tributação Solução de Consulta nº Data 26 de setembro de 2014 Processo Interessado CNPJ/CPF ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ LUCRO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. PERCENTUAL. IÇAMENTO. Para fins de determinação da base de cálculo do lucro presumido, o percentual a ser aplicado sobre a receita bruta será de 8% no caso de prestação de serviços de içamento que integrem obrigatoriamente um contrato de transporte de carga e a receita auferida decorra exclusivamente do serviço de transporte contratado. A receita proveniente da prestação de serviço de içamento que não integrar um contrato de prestação de serviços de transporte de carga sujeita-se ao percentual de 32% para fins de determinação da base de cálculo presumida do Imposto de Renda. No caso de a empresa praticar atividades diversificadas, será aplicado o percentual referente a cada atividade. Dispositivos Legais: Lei nº 9.249, de 1995, art. 15, e Parecer Normativo CST nº 86, de Relatório A interessada, acima identificada, informando ter como ramo de atividade os serviços de operação e fornecimento de equipamentos para transporte e elevação de cargas e pessoas para uso em obras, dirige-se a este órgão para apresentar consulta nos seguintes termos: (XXXXXX) Sendo assim, esta empresa deseja saber se é possível, fazendo a distinção de contatos com seus clientes, utilizar a alíquota de 8% para os casos que envolvem transporte rodoviário com a utilização de (XXXX) (guindautos). 1

2 Fls. 3 Fundamentos 2 Os percentuais a serem aplicados sobre a receita bruta das empresas, para fins de determinação do lucro presumido, nos termos do art. 25, I, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, são os previstos no art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, que, com relação às atividades de transporte de carga e de prestação de serviços dispõe: Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do percentual de oito por cento sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o disposto nosarts. 30 a 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995.(Vide Lei nº , de 205)(Vide Medida Provisória nº 627, de 2013)(Vigência) 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de: II - dezesseis por cento: a) para a atividade de prestação de serviços de transporte, exceto o de carga, para o qual se aplicará o percentual previsto no caput deste artigo; III - trinta e dois por cento, para as atividades de:(vide Medida Provisória nº 232, de 2004) a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária Anvisa;(Redação dada pela Lei nº , de 2008) 2º No caso de atividades diversificadas será aplicado o percentual correspondente a cada atividade. 3 Da norma acima, verifica-se ser de 32% o percentual a ser utilizado sobre a receita bruta para apuração da base de cálculo do IRPJ no regime do lucro presumido na atividade de prestação de serviços em geral, exceto os serviços relacionados na letra a do inciso III do 1º do art. 15 da Lei nº 9.249, de No entanto, a receita proveniente da prestação de serviços de transporte sujeitar-se-á à alíquota de 16%, exceto o transporte de carga que deverá aplicar o percentual de 8%. 4 De acordo com a inicial, depreende-se que a interessada pretende esclarecer se é possível apurar o lucro presumido à alíquota de 8% quando a atividade de prestação de serviços de içamento, por ela realizada, envolver, também, o transporte rodoviário de carga. 5 Para solucionar a questão, torna-se oportuno destacar o entendimento exarado no Parecer Normativo CST nº 86, de 25 de outubro de 1976, o qual foi elaborado para esclarecer se os pagamentos efetuados para empresa transportadora, em razão da locação de guinchos 2

3 Fls. 4 usados para carga e descarga, sofriam a incidência do imposto de renda na fonte. O motivo da dúvida residia no fato de que, caso fosse considerado um serviço de transporte, haveria a incidência do imposto de renda na fonte (a título de fretes e carretos, conforme terminologia da época); em sentido contrário, não sendo considerado como serviço de transporte, não haveria a incidência na fonte. 6 Esclareça-se, por oportuno, que a tributação do imposto de renda incidente na fonte sobre os serviços de transporte rodoviário de cargas foi instituída pelo art. 10 do Decretolei nº 401, de 30 de dezembro de 1968, não importando que o beneficiário fosse pessoa física ou jurídica. Por força do art. 11 do Decreto-lei nº 1.642, de 7 de dezembro de 1978, a incidência passou a atingir somente o beneficiário pessoa física. Atualmente, não há previsão para retenção do imposto de renda na fonte sobre esses serviços quando o beneficiário for pessoa jurídica, excetuando-se os pagamentos feitos por órgãos públicos e empresas mencionados no art. 64 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de Feitas essas considerações, passa-se a apreciar o teor do PN CST nº 86, de 1976, com relação às questões de que trata mais diretamente a presente consulta: 4. Sobre a remuneração relativa ao aluguel de guinchos para carga e descarga de mercadorias no pátio do estabelecimento pode, ou não, incidir o imposto de renda na fonte, pois não se trata propriamente do transporte de mercadorias, mas de atividade que normalmente o acompanha e que pode estar incluída no valor do frete Assim, se além da locação de máquinas para carga e descarga, houver contrato de transporte entre o locador e o usuário, o uso de máquinas é parte do transporte e sobre seu preço incidirá o imposto na fonte Se, por outro lado, entre a proprietária das máquinas e a usuária for contratada a locação, apenas, sendo o transporte efetuado pela locatária ou por outra empresa, não se pode falar em frete, não ocorrendo, portanto, a hipótese de incidência prevista no art. 319 do RIR/75. 8 Pode-se depreender do citado Parecer Normativo que: 8.1 a operação de carga e descarga realizada por guinchos içamento não se caracterizam como transporte de carga, para fins de incidência de Imposto de Renda na Fonte. Muito pelo contrário, no próprio item 4 consta que a operação efetuada por guinchos no pátio do estabelecimento não se trata propriamente do transporte de mercadorias, mas de atividade que normalmente o acompanha e que pode estar incluída no valor do frete. Ou seja, o serviço transporte de mercadorias é uma coisa, enquanto os serviços efetuados por guinchos ou assemelhados são outra de natureza diversa; 8.2 as operações realizadas por guinchos poderiam compor a base de cálculo para incidência do imposto de renda na fonte quando incluídas de modo complementar ou subsidiário em um contrato de serviço de transporte, conforme teor do item 4.1 do referido PN. Portanto, não se confundiam um com o outro. Assim, se houvesse somente operações relativas às atividades realizadas por guinchos ou guindastes, sobre os pagamentos correspondentes não haveria a incidência do imposto de renda na fonte pelo simples fato de que tais operações não poderiam ser consideradas como de transporte. 3

4 Fls. 5 9 Por essa linha de avaliação, a interpretação dada pelo citado PN às operações realizadas por equipamentos tais como esteiras, guinchos, empilhadeiras ou guindastes é plenamente assente com o entendimento que é adotado pela SRF, e por outras instituições que tratam da regulamentação do transporte de carga no País, no sentido de que o transporte de carga é aquele que promove o deslocamento de mercadorias de uma unidade econômica (seja comercial, de construção civil, industrial, ou de armazenamento) para outra. Desse modo, os serviços de remoção ou movimentação de mercadorias dentro de uma mesma unidade (docas, fábrica, pátio de estabelecimento, armazém, canteiro de obras etc.), efetuados por equipamentos desse tipo, não são considerados serviços de transporte de carga. 10 Em assim sendo, pelos motivos apresentados, o PN CST nº 86, de 1976, não pode servir de suporte ao entendimento de que o lucro presumido, relativamente às receitas decorrentes da prestação de serviços efetuados por guinchos, guindastes e assemelhados, deve ser obtido pela aplicação, sobre a receita bruta, do percentual de 8% previsto na alínea a do inciso II do 1º do art. 15 da Lei nº 9.249, de 1995, em razão de que tais serviços, a teor do disposto no próprio Parecer, não são considerados como serviços de transporte de carga, salvo quando incluídos de modo complementar ou subsidiário em um contrato de serviço de transporte. 11 De outra parte, tem-se ser perfeitamente plausível a aplicação do percentual de 8% sobre as receitas referentes às atividades desenvolvidas por guindastes, guinchos e assemelhados, desde que as tarefas executadas por esses equipamentos sejam obrigatoriamente parte integrante de um contrato de transporte, com remuneração decorrente exclusivamente desse contrato de transporte. Nesse caso, não se aplica a segregação das receitas para efeito de determinação do lucro presumido, de que trata o 2º do art. 15 da Lei nº 9.249, de 1995, pois os serviços prestados por esse maquinário estariam compondo o serviço de transporte de carga. 12 Diante dessa constatação, pode-se concluir que a prestação de serviço de içamento, quando parte integrante de um contrato de transporte de cargas, de forma complementar ou subsidiária e com remuneração decorrente exclusivamente desse contrato de transporte, equipara-se à prestação de serviço de transporte de cargas para efeito de determinação da base de cálculo presumida do Imposto de Renda, aplicando-se o percentual de 8% para apuração da base de cálculo (art. 15, caput, da Lei nº 9.249, de 1995). 13 Por outro lado, a prestação exclusiva de serviço de içamento, sem envolver o transporte de carga, não se caracteriza como prestação de serviços de transporte de carga e o percentual a ser aplicado sobre a receita bruta para fins de determinação da base de cálculo presumida do Imposto de Renda será de 32%, nos termos do art. 15, 1º, III, a, da Lei nº 9.249, de Por fim, ressalta-se que no caso de a empresa praticar atividades diversificadas, será aplicado o percentual referente a cada atividade, conforme dispõe o 2º do art. 15 da lei nº 9.249, de Conclusão 15 Diante do exposto e com base na legislação citada, proponho que a presente consulta seja solucionada informando-se à consulente que para fins de determinação da base de cálculo do lucro presumido, o percentual a ser aplicado sobre a receita bruta será de: 4

5 Fls % no caso de prestação de serviços de içamento que integrem obrigatoriamente um contrato de transporte de carga e a receita auferida decorra exclusivamente do serviço de transporte contratado; % quando a prestação de serviços de içamento não integrar um contrato de prestação de serviços de transporte de carga; 15.3 no caso de a empresa praticar atividades diversificadas, será aplicado o percentual referente a cada atividade. Ordem de Intimação KEYNES INÊS M. R. SUGAYA AFRFB Matrícula: De acordo. À consideração do Chefe da Disit 07. LAURA ALVES PEREIRA MOREIRA CEZAR Auditora-Fiscal da RFB De acordo. Encaminhe-se à Coordenadora da Cotir. JOSÉ CARLOS SABINO ALVES Auditor-Fiscal da RFB-Chefe da Disit07 De acordo. Ao Coordenador-Geral da para aprovação. CLÁUDIA LÚCIA PIMENTEL MARTINS DA SILVA Auditora- Fiscal da RFB Coordenadora da Cotir Aprovo a Solução de Consulta. Publique-se e divulgue-se nos termos do art. 27 da IN RFB nº 1.396, de 16 de setembro de Dê-se ciência ao interessado. FERNANDO MOMBELLI Coordenador-Geral da 5