Jornal do Commercio - PE 10/04/ :17. As idas e vindas da gripe H1N1 Vírus se torna mais letal no Brasil

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1 As idas e vindas da gripe H1N1 Vírus se torna mais letal no Brasil A explosão dos casos da gripe H1N1 em alguns Estados do Brasil este ano e a volta do registro de pacientes que adoeceram por causa desse subtipo de vírus da influenza em Pernambuco, que passou dois anos sem notificações do vírus, fizeram a população relembrar a aflição trazida pela pandemia da doença em 2009, batizada inicialmente de gripe suína. Naquele ano, o mundo assistiu à disseminação rápida de um vírus desconhecido que chegou a matar mundialmente 18,5 mil pessoas, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). A entidade havia feito alerta no fim de 2015 sobre uma reemergência do H1N1, com a mesma cepa de Naquele ano, a pandemia chegou no Brasil em abril. No mês seguinte, o País já anunciava o primeiro caso de contágio interno de H1N1 e, em junho, Pernambuco tinha o caso de número um do vírus. Este ano, o Estado já tem 32 casos de gripe por H1N1, em suas formas leves e graves. Claro que, em termos de vigilância, ficamos preocupados porque se trata de um vírus que tem uma característica de desenvolver formas graves da doença em pessoas com fatores de risco. No momento, contudo, a situação de Pernambuco não merece uma preocupação maior. Como temos identificado mais casos, estamos mais alerta e preparando a rede de vigilância, diz a sanitarista Ana Antunes, gerente de Vigilância Epidemiológica das Doenças Imunopreveníveis da Secretaria Estadual de Saúde (SES). Desde a pandemia de 2009, responsável por pelo menos 200 casos graves de H1N1 em Pernambuco, a população não escutava falar com tanta ênfase do H1N1 como agora. Este ano (até 26 de março) já são oito casos graves de H1N1 um a menos do que o volume registrado em todo o ano de 2013, a última vez em que o Estado registrou circulação do ví-rus antes de passar por dois anos em silêncio (2014 e 2015 sem casos confirmados pela vigilância). No ano passado, não houve registro, mas a gente acredita que o H1N1 circulava, supõe Ana Antunes. A hipótese da falta de notificação pode ser explicada pelo fato de a mesma cepa pandêmica tão assustadora de 2009 ter se propagado em tímida escala no ano passado. Acredito que tanto H1N1 como H3N2 (outro subtipo de influenza A) são endêmicos no Estado. Provavelmente tivemos H1N1 em 2015, mas casos podem não ter sido registrados porque o H3N2 predominou. No ano passado, também houve amostras positivas para o influenza B, segundo a SES. O diferencial deste ano é que, entre 143 amostras coletadas em unidades sentinela de síndrome gripal (quadro mais brando de influenza) até 26 de março, 24 foram positivas para vírus respiratórios e todas elas para H1N1, diferentemente do mesmo período do ano passado, quando as amostras positivas identificaram influenza B, vírus sincicial

2 respiratório (VSR), parainfluenza e adenovírus. A predominância do H1N1 também se dá este ano (pelo menos, até agora) nos casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), que é a forma de gripe associada a maiores complicações. Dos 67 casos de SRAG que realizaram coleta até o momento, oito amostras foram positivas para vírus respiratórios e todas elas para H1N1. No mesmo período em 2015, 160 casos de SRAG realizaram coleta, sendo 22 positivas, mas distribuídas entre VSR e parainfluenzas. O fato de o H1N1 se sobressair este ano nas amostras realmente exige uma vigilância reforçada. Ainda assim, as autoridades de saúde reforçam que Pernambuco não vive uma situação com cará- ter de surto como em São Paulo. Depois da pandemia de 2009, o H1N1 passou a circular de forma cíclica como acontece com diversos vírus influenza ano após ano. É fato que o H1N1, por uma questão específica de patogenicidade (capacidade de o agente causar doença), pode ser mais grave por causar complicações em alguns casos, diz o médico Jailson Correia, secretário de Saúde do Recife, ao fazer referência a grupos de risco para infecção pelo vírus, como crianças abaixo de dois anos, idosos, gestantes e pessoas com problemas crônicos de saú-de, como asma. Essas são as situações em que o H1N1, ao invés de causar síndrome gripal, pode se apresentar como uma síndrome respirató- ria aguda grave (SRAG), que é a forma mais grave associada a complicações, explica Jailson. Imunização deve ser feita todos os anos Na rede pública, a campanha de vacinação contra a gripe se inicia no próximo dia 30 em Pernambuco e atinge a maioridade. É a 18ª mobilização para a imunização, que só era dirigida aos idosos até 2009, ano da pandemia causada pelo H1N1. Em 2010, o vírus entrou na composição da vacina. Desde então, houve ampliação do universo a ser contemplado com a vacinação e ocorreu a ampliação dos grupos prioritários, diz a coordenadora do Programa de Imunização da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Ana Catarina de Melo. Quem já foi imunizado em anos anteriores precisa ir novamente aos postos de saúde. A vacina tem validade de seis meses a um ano. Após aplicada, os anticorpos caem com o tempo. Por isso, é importante se vacinar anualmente. E quem já teve gripe por H1N1 também não pode deixar de se vacinar. A doença dá proteção contra uma nova infecção, mas não sabemos por quanto tempo essa imunidade dura, frisa a gerente de Vigilância Epidemiológica das Doenças Imunopreveníveis da SES, Ana Antunes. Outro detalhe é que os vírus da gripe são caracterizados pela velocidade com que sofrem mutações e, por isso, a composição da vacina muda a cada ano. A Organização Mundial de Saúde mantém uma rede de vigilância da gripe, a fim de definir a melhor composição do produto. MEDICAÇÃO As unidades de saúde de Pernambuco estão abastecidas da medicação oseltamivir (ou Tamiflu, nome comercial), indicada para casos de gripe que necessitam de internamento e quadros gripais em pessoas com fatores de risco para agravamento da doença. Para este ano, o Ministério da Saúde solicitou ao Instituto de Tecnologia em Fármacos

3 (Farmanguinhos) 15 milhões de cápsulas de oseltamivir (corresponde à demanda de 1,5 milhão de pacientes). Neste primeiro momento, serão produzidos 2 milhões de unidades do antiviral a ser entregues até o dia 25, o que significa 200 mil tratamentos. Para juntar distâncias e garantir direitos Mutirão ofereceu fisioterapia para 30 bebês, muitos vindos do interior A rede de solidariedade em torno das famílias e bebês com microcefalia está cada dia mais forte. Ontem, a clínica Pepita Duran, na Encruzilhada, Zona Norte do Recife, ficou cheia de gente que transbordava carinho. No local, ocorreu mutirão de avaliação de 30 crianças promovido pela Aliança de Mães e Famílias Raras (Amar) e o Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Cre-fit). Mais de 20 profissionais prestaram assistência. Foram recolhidas doações e as mães levaram para casa kits com fralda, leite e roupas infantis. A ação é pequena, mas o desejo é de fazer cada vez mais, principalmente quando se trata de alcançar quem mora longe, no interior do Estado. A Amar se mobiliza para levar atendimento especializado a bebês com a malformação que vivem em regiões distantes. A partir do dia 27 deste mês, um grupo, formado por integrantes da entidade e profissionais de várias áreas, vai viajar por 12 cidades do Sertão do Estado para fazer mapeamento de quem precisa de ajuda e, depois, solicitar à Secretaria Estadual de Saúde que promova os cuidados necessários. De acordo com a presidente da Amar, Pollyana Dias, a necessidade de ampliar a rede de apoio é grande porque as famílias do interior enfrentam muitas dificuldades. "No nosso grupo, temos 30 mulheres do interior que perdem sessões de tratamento porque a prefeitura não disponibiliza carros, por exemplo. Os centros de referência no Recife

4 estão sobrecarregados. No nosso mapeamento, vamos passar por Ouricuri, Salgueiro e Petrolina. Na região de Ouricuri, já identificamos 80 mães. Depois, apresentaremos o pleito ao governo", afirma. No próximo dia 13, uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Pernambuco, às 10h, contará com a presença de 120 mães de filhos com doenças raras e microcefalia. A dona de casa Bruna Cabral, 23 anos, conhece bem a rotina difícil agravada pela falta de apoio. Ela é mãe de Enzo, de cinco meses, o único bebê com diagnóstico da malformação confirmado em Paudalho, na Zona da Mata do Estado. Todo dia, gasta entre R$ 13 e R$ 20 para ir à capital pernambucana de ônibus, onde o filho recebe tratamento. "A prefeitura não disponibiliza carro para que eu leve Enzo ao médico. A procuradoria já determinou que o serviço seja oferecido, mas até agora nada", relata a jovem. O JC procurou a Prefeitura de Paudalho, mas não conseguiu contato para esclarecer a situação. A dona de casa Vera Lúcia da Silva não tem problema com transporte, mas todo dia tem que sair de casa, em Escada, também na Zona da Mata, às 3h40 para levar a filha Sofia Valentina, de 3 meses, ao tratamento no Recife. Vera e Bruna compareceram ao mutirão realizado ontem, em que os pequenos passaram por sessões de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e psicologia. Atualmente, Pernambuco tem 303 casos de microcefalia confirmados. Voz do Leitor Remédio em falta No Dia Mundial da Saúde, comemorado no último dia 7, nada tivemos a comemorar, pois o governo Paulo Câmara não tem fornecido insulina Lantus para diabéticos que conseguiram decisão judicial ordenando a Farmácia do Estado a entregar, mensalmente, o remédio. João Guilherme de Pontes, por Editorial Como encarar mais uma praga No próximo dia 30 e até 20 de maio o Ministério da Saúde vai desenvolver a 18a Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe, com a aplicação de 53,4 milhões de doses. De acordo com o Boletim Epidemiológico de Influenza, o Brasil já registrou neste ano 71 casos de morte por H1N1, o dobro do ano passado inteiro. Os números devem ser suficientes para alertar a população sobre a atenção que se deve dar a um mal que pode ser evitado com vacina e medidas simples de higiene. Veja-se, por exemplo, o que recomenda o Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis do

5 Ministério da Saúde: "Sempre que alguém espirra, ou tosse, é importante que cubra a boca e o nariz, de preferência utilizando o braço porque as pessoas têm muito contato das mãos com outras pessoas. No braço o contato é menor. As pessoas que não estão gripadas mas podem ter contato com as pessoas gripadas também devem lavar as mãos com frequência, com água e sabão, ou higienizar com álcool gel, também capaz de eliminar o vírus da gripe". Está claro, assim, que não se poderá amanhã, diante de mais um surto epidêmico da H1N1, jogar a responsabilidade sobre as autoridades da saúde pública. Fundamental, entretanto, é que sejam observados os ensinamentos difundidos hoje como matéria educativa permanente, para uso em todos os espaços, públicos e privados. Sabe-se que há grupos mais sensíveis à doença - como gestantes, idosos, crianças e pessoas com doenças crônicas - mas todos estamos vulneráveis, na medida em que partilhamos equipamentos coletivos onde facilmente se podem instalar as condições de expansão da influenza, se não forem tomadas as medidas preventivas necessárias. A matéria que trata desta ameaça recorrente na edição do JC de hoje mostra como uma nova explosão de casos da gripe chega também com a memória de o que ela representou num passado recente - uma pandemia em 2009, batizada de gripe suína - e em tempos mais remotos, quando ela chegou arrasadora ao Brasil em 1918, com o nome de Gripe Espanhola. Em 2 de outubro daquele ano o Jornal Pequeno do Recife publicava nota oficial da Diretoria de Higiene e Saúde Pública estabelecendo ações restritivas para impedir que se abatesse sobre os pernambucanos uma epidemia "que tantas vítimas já fez na Europa". No dia seguinte, o Diário de Pernambuco avisava aos leitores que a publicação estava comprometida e explicava: "Devido à moléstia reinante estamos com o nosso corpo de operários e auxiliares reduzido a menos da metade". Há, pois, um histórico de pânico em torno dessa gripe que - ao contrário de outras graves ameaças à saúde pública de que se tem notícia apenas pelos registros históricos - traz de volta a necessidade de mobilização maciça como se faz em relação ao mosquito da dengue, chicugunha e zika, de forma mais atenuada, contudo, pois pode ser contida pela vacinação e por cuidados higiênicos simples, que independem de poder econômico. Diario de Pernambuco - PE 10/04/ :05 O desafio de inovar, mesmo na crise Prefeitos pernambucanos estarão reunidos durante três dias para discutir o cenário atual dos municípios, que vêm enfrentando dificuldades As dificuldades enfrentadas pelos municípios pernambucanos em tempos de crise econômica e os desafios de se enfrentar o último ano de gestão estarão no centro do debate do 3º Congresso Pernambucano de Municípios. O evento, promovido pela Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), acontece de amanhã a quarta-feira, no Centro de Convenções. O tema deste ano é a Gestão inovadora: vencer desafios e criar oportunidades e a abertura ocorre às 10h30, no Teatro Guararapes, com a presença do governador de Pernambuco, Paulo Câmara. Temática principal do evento, a crise financeira ameaçou inclusive a realização da edição deste ano, devido ao alto custo do evento. "Tivemos que reduzir o tamanho do

6 Congresso. Mas este é o momento que mais a gente precisa se reunir. Essa crise econômica do Brasil e a saída para isso serão debatidos no nosso encontro. Apesar de tudo, a gente fica feliz desse debate ter ocorrido. O Brasil está quase parando, mas aqui a gente não pode parar", disse o presidente da Amupe, José Patriota A importância da comunicação e do uso de ferramentas de internet para divulgação de ações e fiscalização também será abordada durante o evento na terça-feira. O vicepresidente institucional do Diario de Pernambuco, Maurício Rands, será um dos palestrantes na mesa As eleições e as mídias sociais. Também participam do debate sobre a comunicação dentro da gestão pública a editora-chefe da Folha de Pernambuco, Patrícia Raposo; o colunista do Diario Aldo Vilela; e o diretor regional do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) no Recife, Maurício Garcia. Amanhã acontecem duas palestras magnas, sendo a primeira, às 14h, com o tema A conjuntura brasileira e as perspectivas da gestão municipal. Ela será ministrada pelo doutor em Ciência Política e professor da Universidade Federal de Pernambuco, Adriano Oliveira. A partir das 15h30, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto e o desembargador eleitoral José Henrique Dias irão detalhar As novas regras das eleições municipais de A palestra Último ano de mandato e o controle externo será apresentada pelo ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), José Múcio Monteiro, na terça-feira, às 9h. No dia seguinte, às 12h, o congresso promove uma palestra magna internacional sobre a Municipalidade na América Latina e a operação nacional e internacional. O convidado é o consultor de gestão municipal para a América Latina, Marcelo Moreno. Na programação do congresso ganham destaque, ainda, oficinas e palestras como Plano Diretor; políticas para o financiamento da Educação Básica; financiamento, judicialização e os desafios da saúde pública, Pacto Federativo, Sistema Único de Assistência Social e o Legislativo e a pauta municipalista em A relação entre o campo e a cidade por meio das transformações da agricultura e do mundo rural também será abordada em mesa comandada pelo agrônomo e professor da Universidade de São Paulo (FEA/USP), José Eli da Veiga. Essa palestra tem como tema a Nova ruralidade e as políticas para o desenvolvimento. Práticas inovadoras O tradicional concurso de Práticas inovadoras de gestão municipal terá o resultado divulgado no último dia do congresso. A premiação tem por objetivo destacar atividades bem-sucedidas de gestores pernambucanos que visem a melhoria na qualidade dos serviços públicos e na vida das pessoas. Também será promovido o I Seminário Nacional de Consórcios Públicos Intermunicipais.

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