Se o BC não piscar e o investimento fluir, expansão da economia este ano tende a 3,2% como piso
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1 Se o BC não piscar e o investimento fluir, expansão da economia este ano tende a 3,2% como piso Está em jogo uma disputa não só econômica, mas política, já que o PIB de 2013 praticamente definirá o de ano curto devido ao calendário eleitoral 6/3/ :04 - Antonio Machado A economia bipolar - caracterizada, de um lado da balança do PIB (Produto Interno Bruto), pelo aumento do emprego, do gasto social, dos salários e do consumo, e, de outro, pela queda da indústria e do investimento - foi a grande marca das contas nacionais de Não há razão objetiva, no entanto, para esperar que o crescimento econômico em 2013 repita o de 2012, quando o PIB avançou só 0,9%. O pessimismo ameaça sentar praça, disseminando-se a ideia de que o crescimento teria um teto em torno de 3% este ano, com viés de ser ainda menor. Na média da centena de fontes auscultadas semanalmente pelo Banco Central, a projeção de alta do PIB foi revista de 3,10% para 3,09%, sugerindo descontos encadeados da taxa de crescimento. Tais apostas são tão precisas quanto os números do ministro Guido Mantega em seu declarado papel de levantador de PIB. O provável é que algo pouco acima da taxa de 3% de aumento do PIB este ano seja o piso, não o teto, não obstante o desbalanceamento entre o consumo e a oferta, mediada pelas importações, tenha todo indício de ter se tornado estrutural, conforme razões expostas nas últimas colunas. Como sequela, a frequência do para-anda da economia deve aumentar, com BC (via política monetária) e Fazenda (com o orçamento fiscal) pisando e soltando o freio conforme a trajetória da inflação e dos déficits das contas externas. E todos condicionados pela fluência da economia externa em suas vertentes financeira e comercial. Sim, a vulnerabilidade da economia voltou à cena, embora em versão mais branda que nos tempos de escassez cambial. Mas o crescimento é apenas uma faceta desse constrangimento, que parte dos economistas está a omitir em seus cenários cavernosos sobre Com realismo, uma leve melhora dos números ruins do PIB de 2012 garante expansão discreta este ano, segundo exercício da corretora Tullet Prebon.
2 Os fatores para crescer O consumo das famílias e do governo ano passado, por exemplo, deu, em conjunto, uma contribuição de 2,5 pontos percentuais do aumento anual de 0,9% do PIB. Não é exagero supor que repita tal resultado. Na mão oposta, o volume de investimentos, 4% menor que o investido em 2011, subtraiu 0,8 ponto percentual da expansão do PIB. Que suba modestos 3,5% agora em 2013, e modestos considerando que o governo, desta vez, terá mais garra para tocar os projetos de infraestrutura sob sua guarda, e isso já garantirá 0,6 ponto percentual do PIB. A variação de estoques também sugou o crescimento, equivalendo ao que a economia produziu e não vendeu, e abateu 0,9 ponto percentual da expansão do PIB em A desova de estoques pode liberar mais 0,5 ponto de percentagem de crescimento, sobretudo da indústria. A contabilidade a favor O último item a impactar o crescimento econômico vem da interação entre as exportações e as importações, o componente que tira gás da produção interna, chamado de vazamento externo pelos economistas. Em 2012, a contribuição da balança comercial ficou no zero a zero. Este ano, com mais consumo não atendido pela deficiência estrutural da indústria de transformação, o vazamento deve voltar, desviando meio ponto da expansão do PIB para a produção de outros países. Agora é só consolidar as partes, medida em pontos percentuais, que formam o todo do desempenho do PIB: 2,5 do consumo de famílias e do governo, 0,6 do investimento e 0,5 de estoques. A soma leva a taxa de crescimento prevista do PIB para 3,6%. Subtrai-se desse total a estimativa de vazamento externo, 0,5 ponto percentual, e chegase à projeção preliminar: 3,2% de expansão, com arredondamento, contra 0,9% em 2012 e acima dos 2,7% em Isso está mais para piso.
3 Disputa também política Obviamente, tais simulações consideram algumas suposições. As duas mais relevantes, nesta altura, têm alguma margem de controle. Se a inflação mantiver trajetória comportada no mês e cadente na medida em doze meses a partir do meio do ano, como diz o BC, é improvável que a Selic, parada em 7,25%, seja acionada antes de dezembro. Sem aperto monetário, há espaço para o consumo fluir como em Se apertar, com dois meses de inflação alta, dando o dito pelo não dito, o BC comprometerá ainda mais sua credibilidade, embora também signifique reconhecer, ao abrir mão do crescimento, a gravidade do processo inflacionário. Espera-se que a ata da reunião do Copom de hoje, a ser divulgada na próxima semana, desfaça as incertezas, até para clarear o panorama do investimento, outro fator de crescimento condicionado à taxa de juro básica. Está em jogo uma disputa não só econômica, mas política, já que o PIB de 2013 praticamente definirá o de ano curto devido ao calendário eleitoral. Investidor ficou mimado Do espreme-estica da economia o menos recomendável é fazer marola, ou seja, o governo cogitar mais estímulos ao consumo (que acabarão capturados pelas importações) e ao investimento (depois de anunciar uma baciada de financiamento subsidiado). Mais um pouco e ficará a sugestão de que o governo até paga para o investidor investir. Foi isso o que se ouviu nos seminários organizados em Nova York e Londres pelo governo para promover as concessões. Parte da plateia pediu uma trava cambial, o que significa o governo assumir o risco das oscilações entre as moedas. Também se questionou o volume dos investimentos. O pessoal ligado ao tema no governo trabalha com a ideia de que há excesso de liquidez no mundo. Um estudo recente da consultoria McKinsey sustenta o oposto: que os fluxos de capitais interpaíses continuam 60% abaixo do seu pico no pré-crise e que a emissão de papéis segue estagnada. Já se defende no governo fatiar os leilões de concessões para sentir melhor a receptividade.
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